Marco Wense
O movimento em defesa do voto regional, tendo como alvo principal o eleitorado do sul da Bahia, especificamente de Itabuna e Ilhéus, é coisa do passado.
Com o intuito de fortalecer a representatividade política da região cacaueira, elegendo deputados federais e estaduais comprometidos com a terra, o movimento foi logo denominado de “Bancada do Cacau”.
O receio de magoar o forte carlismo, nitidamente contrário ao voto regional, fez com que as entidades, clubes de serviços, OAB, CDL, ACI e muitos outros órgãos começassem um processo de boicote contra a “Bancada do Cacau”.
Como não bastasse o então Partido da Frente Liberal (PFL), as agremiações partidárias de esquerda, com destaque para o PCB e PC do B, eram contra o movimento, já que dependiam dos votos de Itabuna e Ilhéus para eleger seus deputados.
O carlismo e os comunistas, com uma parcela significativa de petistas, se uniram para derrubar o voto regional. Os jornais da época até que ensaiaram uma defesa do movimento, mas logo desistiram.
A “Bancada do Cacau” foi marcada por muito cinismo. Lideranças políticas e empresariais davam declarações públicas de apoio. Mas, nos bastidores, na calada da noite, tramavam contra a iniciativa do voto regional.
Hoje, a “Bancada do Cacau” é apenas uma lembrança de um tempo de muito romantismo político, quando se tinha uma verdadeira preocupação com a próxima geração. Tudo desprovido de demagogia e hipocrisia.
Por culpa dos “nossos” parlamentares, que preferem direcionar os recursos provenientes das suas emendas para outras bandas da Bahia, o voto regional sucumbiu para sempre.
ESQUECERAM DE TUDO!
Os tucanos, obviamente do PSDB, cometeram uma injustiça com Paulo Souto, então candidato (reeleição) ao governo da Bahia na eleição de 2006, quando foi derrotado por Jaques Wagner logo no primeiro turno.
O tucanato dizia que Souto e o soutismo eram sinônimos de atraso. Pregava por todos os cantos que a Bahia precisava de uma urgentíssima mudança. Essa mudança era Jaques Wagner (PT).
O ex-prefeito de Salvador e presidente estadual da legenda, Antonio Imbassahy, diz agora que “a Bahia precisa avançar”. De repente, o petista Wagner é o atraso e o democrata Paulo Souto a solução de todos os problemas.
Como a falta de memória é ingrediente inerente ao eleitor brasileiro, os políticos deitam e rolam.
Marco Wense é articulista do Diário Bahia.