Viaduto Catalão era um dos pontos preferidos por ilheenses para o ataque
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Após o jogo, assim que os ilheenses embarcam no trem para retornar a Ilhéus, diversas pessoas da torcida itabunense jogaram as tais laranjinhas dentro dos vagões, causando uma fedentina insuportável, além de manchar e rasgar as roupas.

 

Walmir Rosário

Dois fatos relevantes sobre a rivalidade no futebol entre Ilhéus e Itabuna ficaram marcados na memória do diretor do Banco Econômico da Bahia, Carlos Botelho: O primeiro foi o acidente sofrido por Clóvis Nunes de Aquino, centroavante da seleção de Itabuna, que apesar de reserva de Juca Alfaiate, que era mais impetuoso, e em determinadas partidas era escolhido em lugar do titular, considerado mais técnico.

E num desses jogos, no primeiro tempo, a seleção de Ilhéus ganhava, em casa, por 2X0, quando no segundo tempo o técnico Costa e Silva (à época gerente das Casas Pernambucanas, em Itabuna) tirou o trio atacante de Itabuna – Lubião, Juca Alfaiate e Macaquinho – e substituiu-o pelo trio atacante reserva – Mil e Quinhentos, Clóvis Aquino e Lameu – com o intuito de virar o placar.

Com apenas 15 minutos do jogo reiniciado, o Itabuna já empatava em dois a dois, com dois gols de Clóvis. Foi aí que o violento beque da seleção de Ilhéus, Pedro Fateiro, do Fluminense do Pontal, enlouquecido com o “baile” que tomavam, numa jogada eminentemente criminosa, desferiu um pontapé no rosto de Clóvis Aquino, causando fratura no nariz e no maxilar.

A segunda briga no estádio ilheense também foi terrível, no momento em que o itabunense Alberto Santana, ao defender os interesses de Itabuna, ficou sozinho e apanhou bastante dos ilheenses. A briga, que iniciou na arquibancada do Estádio Mário Pessoa, só terminou no meio do campo, tanto que o jogo não teve continuidade. Nesta partida, a torcida do Itabuna foi – mais uma vez – literalmente massacrada.

Os torcedores de Itabuna não deram o braço a torcer e prepararam a revanche, desta vez em um novo jogo entre os times das duas cidades, realizado no campo da Desportiva itabunense. Com antecedência, um prático farmacêutico de nome Andrade, que trabalhava na Farmácia Caridade, do Dr. Nilo de Santana, preparou umas “laranjinhas” (um tipo de bola de gude revestida de parafina) contendo um produto químico devastador.

Após o jogo, assim que os ilheenses embarcam no trem para retornar a Ilhéus, diversas pessoas da torcida itabunense jogaram as tais laranjinhas dentro dos vagões, causando uma fedentina insuportável, além de manchar e rasgar as roupas. No dia seguinte, o Diário de Ilhéus estampava em sua manchete: “Itabuna lança guerra química contra Ilhéus”. Mais uma vez as populações das duas cidades ficaram um bom tempo com as relações estremecidas.

Assim que era marcada a próxima partida, as duas torcidas se preparavam para dar continuidade à batalha campal nos estádios de futebol das duas cidades. Nos dias em que antecediam as partidas, os grupos se encarregavam de preparar “as armas” para irem à guerra. Os próprios meios de comunicação das duas cidades – à época os jornais – promoviam o acirramento dos torcedores, de acordo com os acontecimentos do último jogo.

Nessas batalhas Ilhéus sempre levava a melhor por ter pontos de passagem na estrada que facilitavam o ataque, como os morros e barrancos. Com a inauguração do Viaduto Catalão – em 31-03-1955 –, os ilheenses ganharam um local privilegiado para atirar pedras, paus e tudo que fosse possível nos itabunenses. E a desvantagem dos itabunenses era gritante, pois grande parte da torcida viajava em carrocerias dos caminhões, portanto desprotegida.

Em Itabuna, apenas dois pontos favoreciam os torcedores locais: na ponte em frente a reformadora de pneus Bendix, no bairro de Fátima, e os paredões do morro do Dr. Caetano, no Alto Mirante. Os ataques aos torcedores adversários se davam na entrada e saída das duas cidades, não importando qual o resultado do jogo. A palavra de ordem era promover a vingança do jogo anterior.

Em tempos mais recentes, no início da década de 1960, o zagueiro Itajaí, nascido em Itabuna, teve a oportunidade de jogar pelas seleções de Ilhéus e Itabuna. Era um zagueiro vigoroso e por isso contrariava as duas torcidas. Em algumas das várias partidas entre as representações das duas cidades, torcedores incentivavam que os adversários quebrassem a perna de Itajaí, considerado “vira folha” pelos adversários.

Foi nesse período que as contendas entre os times de Ilhéus e Itabuna, notadamente as seleções, passaram a ser consideradas inimigas viscerais, e como os itabunenses sempre venciam, os ataques da população praiana eram mais intensos. Devido a esse motivo, além de serem nomeados mutuamente de papa-caranguejo e papa-jaca, os ilheenses também passarem a ser chamados de cubanos, numa alusão à Cuba de Fidel Castro.

Se o “pau comia” fora dos campos de futebol, nas arquibancadas e dentro das quatro linhas não eram diferente. Apesar dos ilheenses terem bons craques, era difícil vencer os itabunenses, que rivalizavam em qualidade de atletas e jogavam pelo resultado, saindo vencedores nas guerras dentro das quatro linhas. Historicamente, os resultados podem ser contados pelo número de campeonatos vencidos pela Seleção Amadora de Itabuna, que chegou ao hexacampeonato em anos seguidos.

Walmir Rosário é radialista, jornalista, advogado e autor d´Os grandes craques que vi jogar: Nos estádios e campos de Itabuna e Canavieiras, disponível na Amazon.

Betinho fala sobre início do trabalho no Barcelona de Ilhéus || Foto Rede Sociais
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O técnico Gilberto Nascimento, Betinho, gostou do que viu no primeiro jogo-treino do Barcelona de Ilhéus sob o seu comando, nesta quinta-feira (14), contra a Seleção de Camacan, no Estádio Elias Ribeiro, casa do adversário. O Barça venceu por 2 a 1, mas o resultado pouco importa, afirma o treinador, já de olho na próxima partida da equipe. A Onça volta a campo neste domingo (17), às 15h, no Estádio Lourão, em Itapitanga, em amisto contra o Itabuna Esporte Clube.

“Será um jogo mais pesado”, prevê Betinho. Vamos acompanhar o comportamento do time. Mas, nesse primeiro teste, gostei da movimentação da nossa equipe, da busca por tentar fazer aquilo que trabalhamos em poucos dias de movimento”, acrescenta.

O jogo-treino contra a Seleção de Camacan foi dividido em três tempos de 30 minutos. Betinho diz estar satisfeito com as primeiras impressões do elenco do Barça. “Gostei bastante. Embora o adversário fosse um time amador, era uma seleção de um campeonato intermunicipal forte na região”.

ITABUNA TREINA NO LOCAL DA PARTIDA

O Itabuna antecipou a chegada em Itapitanga e está na cidade desde terça-feira (12). O clube aproveitou a estadia para intensificar os treinos, inclusive no local do amistoso contra o Barça.

Barcelona e Itabuna vão disputar a Série A do Campeonato Baiano 2024. As duas equipes mandarão seus jogos no Estádio Mário Pessoa, em Ilhéus. O Azulino estreia no domingo de 14 de janeiro, às 18h30min, contra o Atlético de Alagoinhas, no Mário Pessoa. O Barça também faz sua primeira partida em casa, diante do Juazeirense, no dia 17 de janeiro (quarta-feira), às 17h.

Ilheense sabotaram viagem de jogadores de Itabuna, escreve Walmir Rosário
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Esse espírito beligerante permaneceu por muito tempo, e cada torcida culpava o adversário pelo início da animosidade, que se transformou em grandes confrontos.

 

 

 

 

 

 

 

Walmir Rosário

As relações de amizade entre a população e autoridades de Itabuna e Ilhéus nunca foram das melhores e remontam desde o tempo em que Itabuna era Tabocas, distrito de Ilhéus. A inimizade foi ampliada com a autonomia político-administrativa e se tornou mais acirrada com as disputas futebolísticas entre as equipes das duas cidades, o que perdura até os dias de hoje, sem qualquer prazo para acabar.

No livro “Bahia, Terra, Suor e Sangue; lembrança do passado/História da Região Cacaueira, o autor José Pereira da Costa narra, com pormenores, a guerra travada entre as duas torcidas. Em 1920, jogaram em Ilhéus o Rio Branco Esporte Clube, de Itabuna, contra o Ypiranga Esporte Clube, de Ilhéus, partida que quase se transformara numa tragédia entre as populações das duas cidades.

Toda essa confusão remonta de 10 de maio de 1897, quando Itabuna solicita ao Conselho Administrativo de Ilhéus, através de um memorando, a sua emancipação de Ilhéus. O memorando foi esquecido numa gaveta qualquer e, novamente, em 1906, foi enviado, desta vez ao governador da Província da Bahia, José Marcelino, azedando ainda mais a frágil relação.

De outra feita, em 1907, por ocasião da inauguração do Palácio Paranaguá, Dr. Xavier, genro do fundador de Itabuna, Firmino Alves, fora convidado na qualidade de orador das festividades. No discurso, prometeu construir prédio ainda melhor de que o Paranaguá para a administração de Itabuna. Resultado, o orador foi apedrejado e teve que voltar para Itabuna escondido.

Mas voltando ao tema que nos interessa, em 1920, para a peleja entre o Rio Branco (Itabuna) e o Ypiranga (Ilhéus), a diretoria do time itabunense fretou um trem especial com 20 classes para atender aos torcedores ávidos para assistir à partida. No dia, saíram bem cedo com destino a Ilhéus, acompanhados da Filarmônica Minerva. Tinha tudo para ser uma grande festa de congraçamento entre as duas cidades.

Entretanto, o jogador João Rego, do Rio Branco, logo após de ter feito o primeiro gol e o único da partida, sofreu uma agressão do filho do Dr. Soares Lopes, e teve o nariz quebrado. Jogo paralisado e início de briga entre as duas torcidas. Para cessar o grande tumulto, pessoas das duas cidades pediram paz, embora alguns ilheenses passassem a jogar água quente nos itabunenses.

Não bastasse a briga em campo, pessoas influentes pressionaram a direção do Hotel Coelho para que fechasse as portas, não permitindo, sequer, que os jogadores pegassem suas roupas. Como a direção da estrada de ferro era de Ilhéus, tampouco permitiu que o trem fretado fosse liberado para retornar a Itabuna. Por onde passavam, laranjas podres, cebolas, ovos e outros objetos eram atirados nos itabunenses.

Após muitas discussões e promessas de morte, enfim, conseguem o compromisso para a liberação do trem, puxado pela máquina de número 12 e empurrada pela de nº 01 para subir com as 20 classes na serra da Baleia. Antes, porém, o trem parou e, para surpresa de todos, os maquinistas tinham sumido. Armaram uma emboscada para deixar os itabunenses no meio da estrada.

Diante do desespero, eis que surge um cidadão chamado Belmiro, que se encontrava em Itabuna a passeio e viera assistir ao jogo, e se apresenta como maquinista. E Belmiro conduz a máquina e os passageiros são e salvos a Itabuna, chegando por volta das 4 da manhã. Mas apesar das agressões sofridas pela grande comitiva de Itabuna, o jogo que não terminou estava com o placar de Rio Branco 1X0 Ypiranga, o que valeu para “lavar a alma” dos itabunenses.

Pelo que se sabe, esta foi a primeira das guerras no futebol entre os papas caranguejos e papas jacas de que se tem notícia. Mas não foi a única. A cada jogo entre os times ou seleções das duas cidades os torcedores se incumbiam de recepcionar a torcida alheia, se armando com pedras, paus e o que mais lhes aparecia às vistas. Bastava escolher um local em que os caminhões passassem devagar para iniciar a artilharia.

E esse espírito beligerante permaneceu por muito tempo, e cada torcida culpava o adversário pelo início da animosidade, que se transformou em grandes confrontos. Com o início do Campeonato Intermunicipal de Amadores da Bahia, as batalhas campais se perpetuaram, chegando à profissionalização dos times de futebol. Somente a partir de 1980 é que as torcidas de Ilhéus e Itabuna selaram um armistício e a paz voltou a reinar nos jogos de futebol entre as duas cidades.

Walmir Rosário é radialista, jornalista, advogado e autor d´Os grandes craques que vi jogar: Nos estádios e campos de Itabuna e Canavieiras, disponível na Amazon.

Guilherme, Andrey e Danilo (Da esquerda para direita) Foto IEC
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O Itabuna Esporte Clube anunciou, em suas redes sociais, vários reforços que estão chegando para a temporada do próximo ano, que começa no dia 14 de janeiro, quando a equipe estreia no Campeonato Baiano, contra o Atlético de Alagoinhas, no Estádio Mário Pessoa, em Ilhéus.

Na segunda-feira (4), na Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), a partir das 9h, o presidente do Itabuna Rodrigo Xavier fará apresentação oficial de todos os atletas e integrantes da comissão técnica. O time será treinado por Matheus Sodré, de 36 anos, que neste ano conquistou o Campeonato Paraense pelo Águia de Marabá (PA). Ele terá como auxiliar Gerson Sodré, que atuou como jogador do Itabuna na década de 70. Gerson é pai de Matheus.

Entre os reforços anunciados nesta semana estão os goleiros Andrey Ventura, relevado pelo Botafogo (RJ), e Jorge Meurer, que tem passagens pelo futebol Gaúcho, com atuação pelo Glória e Avenida. Outros jogadores que estão chegando são os zagueiros Diego Augusto, que passou pela Portuguesa (SP), São Bernado (SP), Oeste (SP) e Sergipe (SE), e Jonatan Vital, revelado pelo CSA-AL e que atuou pelo CRB, Bahia de Feira e Treze da Paraíba.

 

Alexandre, Railan e Rodrigo (Da esquerda para a direita ) Foto IEC

 

MAIS REFORÇOS

Para a lateral direita estão chegando Railan Reis, relevado pelo Bahia e com atuação pelo Fortaleza (CE), Red Bull (SP), Portuguesa (SP) e Campinense (PB); e Rodriguinho, que começou a carreira no Coritiba (PR), Chicago Fire (Estados Unidos), Juazeirense e Brasiliense (DF).

Para a lateral esquerda, o Itabuna confirmou a contratação de Caetano Pires, que tem passagens pelo CSA (AL), Atlético de Alagoinhas e Lages (SC), e Maikon Alexandre, que iniciou a carreira no ABC de Natal (RN) e tem passagens pelo Sergipe, Murici (AL) e Carajás (PA).

Lima, Diego Augusto e Vital (Da esquerda para direita) Foto IEC

Para a posição de volante, entre os contratados estão Guilherme Ivo e Danilo Cerqueira, que foi relevado pelo Ypiranga (PE), com passagem pelo Guarany de Sobral (CE) e Águia de Marabá (PA). Esses e outros nomes serão confirmados na segunda-feira .

Logo depois da apresentação oficial do elenco, o Itabuna inicia a preparação. O time fará pré-temporada em Itapitanga e fará amistoso contra seleção local. Além do Campeonato Baiano, a equipe disputará a Copa do Brasil e Série D do Campeonato Brasil. A tabela das duas competições nacionais ainda será divulgada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Goleiro Plínio de Assis foi dos grandes nomes do futebol itabunense || Acervo Walmir Rosário
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Reza a lenda que Pelé correu pra área, suspendeu Betinho puxando pela camisa e teria dito: “Levanta goleirão, vou lhe levar pro Santos!”.

 

 

 

 

 

 

Walmir Rosário

Recentemente recebi do colega radialista e advogado Geraldo Santos Borges, uma mensagem por WhatsApp me incentivando a mostrar os bons goleiros que passaram por Itabuna, desde os amadores até os profissionais. E mais, o Jurista, como nos tratamos, ainda catalogou bons nomes e informações dos que fizeram a alegria dos itabunenses, em seus clubes ou na brilhante Seleção de Itabuna amadora.

E como não poderia deixar de ser, Carlito, colega nosso de Ceplac, encabeça a lista. Em 4 de abril de 1957, titular da Seleção de Itabuna no Torneio Antônio Balbino, foi um dos responsáveis diretos pela conquista do título. À época, na disputa por pênaltis, que eram batidos por um só jogador. E nessa final foram cobradas três séries de cinco penalidades, cada. Pela Seleção de Itabuna Santinho marca todos os 15 e Carlito defende um. Classificada para a final contra Alagoinhas, Itabuna vence por 2X0 e é Campeã.

Esse mesmo selecionado, no segundo semestre, se sagra vencedor do Campeonato Intermunicipal Baiano de Amadores, desta vez com o goleiro Asclepíades (se revezava com Carlito). E Geraldo Borges ressalta que além de defender, Asclepíades era um excelente batedor de pênaltis, o que fazia com frequência no Flamengo, time em que jogava. E ele era o terror dos atacantes nas cobranças de escanteio contra o time que defendia, pois saia do gol pra socar a bola ou algum atacante que se descuidasse na tentativa de cabecear para o gol.

Outro merecedor de destaque é Plinio Assis, também do Flamengo. Tranquilo, frio, extraordinário. Diziam que o time era Plinio e mais dez. Na seleção de Itabuna, em um jogo na desportiva contra a seleção de São Felix, a bola já havia passado e ele a tirou com o calcanhar. Fatalmente entraria. Após o jogo, o narrador Geraldo chama de lance de pura sorte. Plínio ficou possesso e ressaltou que fez a defesa de forma consciente.

E tudo indica que foi mesmo. De outra feita, conta o Vasco da Gama, no campo da Desportiva, Delém chuta a bola na marca do pênalti e Plínio parte para a jogada, a bola bate no seu peito e não entra. Contra a seleção de Muritiba, o atacante cabeceia, Plínio foi vencido e levanta seu calcanhar como último recurso, conseguindo evitar o gol. E Geraldo Borges arremata: “Que Higuita que nada”, ao ver o goleiro da Colômbia fazer malabarismos e artes deste tipo, até em jogos de Copa do Mundo. Plínio já fazia antes.

Luiz Carlos foi outro goleiro inesquecível. Fechava o gol. Era uma segurança. Alto, esguio, elegante, preciso, seguro. Se ele não tivesse sido jogador antes de Leão – do Palmeiras e da Seleção Brasileira –, certamente não faltaria quem dissesse que ele imitava o Leão. Até o gesto que fazia quando a bola ia pra fora era semelhante ao do goleiro Leão. Luiz Carlos e Plínio se revezavam na Seleção de Itabuna.

– E o Betinho? Este tem uma história difícil de acreditar para quem não viveu àquela época – lembra Geraldo.

E Geraldo Borges continua: “Já ouviram falar em alguém que acertou na loteria e rasgou o bilhete? Pois foi quase isso que aconteceu com Betinho. Trazido a Itabuna para jogar no Janízaros de Gerson Souza, se superava a cada partida. Alto, bom porte, ‘como um gato’ (diria Tadeu Schimidt) pegava tudo e mais alguma coisa”.

O Santos – então melhor time do mundo – veio jogar um amistoso em Ilhéus, trazendo Pelé e o time completo. “Os ilheenses buscaram Betinho para jogar na seleção de Ilhéus que seria a equipe adversária do Santos. Betinho, fechou o gol. Pegou tudo. Mesmo assim o Santos ganhou pelo placar de 3X1.

Durante a partida, o ponta-esquerda Pepe, conhecido pelo chute forte como o canhão da Vila Belmiro, era o cobrador de faltas do Santos. Chovia, campo molhado, bola pesada. Falta na intermediária de Ilhéus e Betinho desafia Pepe, mandando abrir a barreira. Pepe cobra forte, como sempre. E Betinho segura e cai com a bola. A mão ficou em frangalhos, mas a bola não passou e ele continuou no jogo como se nada tivesse acontecido.

Reza a lenda que Pelé correu pra área, suspendeu Betinho puxando pela camisa e teria dito: “Levanta goleirão, vou lhe levar pro Santos!”. Betinho foi. Mas não ficou. Com saudades dos amigos e das farras itabunenses, pegou um ônibus e voltou pra Itabuna. De nada adiantou as recomendações de Claudio, então titular no gol do Santos. “Calma baiano, você vai jogar no gol do melhor time do mundo!…”.

Daqui de Itabuna o Betinho foi para o Vitória. E segundo me disseram, morreu em Jequié, sua terra, trabalhando como carregador de caminhão – uma pena!… Ressalta o escritor esportivo Tasso Castro, que nunca viu um goleiro segurar (sem encaixar) chutes fortes de fora da área como Betinho. Ele era diferente.

– Sua colocação e segurança eram impressionantes. Parecia que a bola o procurava. Tinha poucos defeitos como nos cruzamentos para área, por exemplo. Vi um jogo do Itabuna contra o Bahia no estádio da Graça. No empate de 1 x 1, que deu o título do segundo turno ao Itabuna, ele fechou o gol. Eu estava lá –, comenta Tasso Castro.

Também passaram outros bons goleiros por Itabuna, a exemplo de Ivanildo, do Fluminense, que tinha bastante colocação e segurança ao disputar as bolas na área. Pelo Itabuna Esporte Clube também jogaram grandes goleiros, como Geraldo (do Rio de Janeiro), que morreu afogado no rio Cachoeira, próximo ao Salobrinho; Zé Lourinho, Laércio e Getúlio, cada um deles dando conta do recado.

Wagner Rosário é radialista, jornalista, advogado e autor d´Os grandes craques que vi jogar: Nos estádios e campos de Itabuna e Canavieiras, disponível na Amazon.

Matheus Sodré é novo treinador do Itabuna || Foto Redes Sociais
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O Itabuna Esporte Clube anunciou Matheus Sodré, de 36 anos, como novo treinador para temporada do ano que vem. Embora seja muito jovem, o técnico acumula experiência e chega ao time do sul da Bahia após conquistar, no início do ano, o Campeonato Paraense pelo Águia de Marabá.

Matheus Sodré chega para substituir Sérgio Passos, campeão da Série B do Campeonato Baiano de 2022 e semifinalista do estadual deste ano. Passos pediu demissão em outubro, logo após a saída do grupo liderado pelo empresário Leonardo Amoedo, até então principal investidor no futebol azulino.

Matheus Sodré terá como auxiliar Gerson Sodré, que atuou como jogador do Itabuna na década de 70. Matheus também foi atleta do azulino, mas entre 2009 e 2010. Pelo Águia Marabá, além de campeão, levou a equipe a terceira fase da Copa do Brasil. O treinador foi ainda auxiliar técnico na China e Portugal. Atuando também como auxiliar, Gerson tem passagens pelo Botafogo, Coritiba, Ceará e São Caetano.

Outro que chega ao time do Itabuna é o treinador de goleiros Vandré Neves, de 42 anos. Ele tem passagens pelo Grêmio, Joinville e Santa, Fluminense de Feira e Vitória da Conquista. Na próxima temporada, o Itabuna disputará o Campeonato Baiano, Série D e Copa do Brasil, competição que sonha em passar o máximo de fases para aumentar o faturamento visando à manutenção da equipe

Ipiaú e Itamaraju empataram no jogo de ida|| Foto Giro Ipiaú
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A seleção de futebol de Ipiaú tem um grande desafio neste final de semanal. Precisa vencer Itamaraju, no domingo (29), fora de casa, para classificar-se à semifinal do Campeonato Intermunicipal de Futebol. Na partida de ida, as duas equipes ficaram no empate de 1 a 1, no Estádio Pedro Caetano, no domingo passado.

A seleção de Ipiaú teve a chance viajar para o extremo-sul com vantagem no placar. Saiu na frente na partida de ida, mas teve um jogador expulso, no segundo tempo e não conseguiu segurar o adversário. Cedeu empate. Por isso, terá de derrotar o Itamaraju, neste domingo. A partida está marcada para começar às 15h.

Outros jogos de domingo são Quijingue x Itapetinga, Simões Filho x Porto Seguro, Castro Alves X Pirá. Quijingue e Castro Alves jogam pelo empate, pois derrotaram seus adversários, na ida, por 1 a 0. Como venceu o primeiro jogo por 2 a 0, a seleção de Porto Seguro fica com a vaga até se perder com a diferença de um gol.

Nocha em foto do jornalista Walmir Rosário
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Por muitos anos continuou a jogar os babas, sempre com a mesma categoria e virilidade de antigamente. Hoje critica o futebol jogado pra trás, sem arte, que não empolga os torcedores e nem produz grandes resultados.

 

Walmir Rosário

A célebre frase cunhada pelo zagueiro Moisés, em 1982, “zagueiro que se preza não pode ganhar o Belfort Duarte, aí perde o moral”, por certo não se aplicaria ao lateral direito itajuipense Nocha. Ele sabia como ninguém desarmar o adversário jogando o bom futebol, porém sabia ser viril quando a jogada merecia, muitas das vezes sem cometer falta, embora em alguns casos tivesse que parar o contrário com a energia necessária.

Nocha, que também atende por José Raimundo Freitas, do alto dos seus quase 81 anos, admite que sempre usou da habilidade e força necessárias para ganhar uma jogada nos clubes em que atuou, desde sua infância nos clubes de Itajuípe, até pendurar as chuteiras. E faz questão de ressaltar que nunca foi desleal com o adversário, pois sabia jogar futebol e não precisava recorrer à violência.

E foi justamente pela sua conduta em campo, destacando-se pelo futebol sério que jogava que foi descoberto pelos diretores do Bahia de Itajuípe, ainda menino, e levado para o time sensação do Sul da Bahia no final da década de 1950. E no Bahia de Itajuípe tanto fazia jogar no primeiro ou segundo quadro para ser reconhecido como um craque do futebol e cobiçado pelos clubes de Ilhéus, Itabuna e Salvador.

Seleção de Itabuna – Nocha, o penúltimo em pé, à direita || Arquivo Walmir Rosário

Na pujança do cacau, os cartolas do Bahia de Itajuípe – mesmo amador – iriam buscar um jogador que se destacava em qualquer cidade próxima, mantendo um verdadeiro “esquadrão de aço”. E como relembra Nocha, eles participavam da melhor vitrine do futebol do Sul da Bahia, recebiam constantes convites de outros clubes, na maioria das vezes bastante tentadores.

Ainda jovens, o que queriam eram jogar bola. E bem. Atrair a atenção dos amantes do bom futebol e ganhar presentes, fossem em dinheiro ou outros bens materiais como era praxe nos clubes amadores dirigidos por pessoas de grandes posses. Vencer uma partida era “bicho” garantido, um campeonato, então, o “carvão” caia direto. E na assinatura e renovação de contrato era só felicidade.

E assim Nocha recebe uma proposta tentadora do Janízaros, de Itabuna, e deixa o Bahia de Itajuípe. Com ele também mudam outros craques itajuipenses. No novo clube era uma garantia jogar na Seleção de Itabuna, que chegou ao Hexacampeonato ao vencer o Campeonato Intermunicipal Baiano por seis vezes seguidas. E Nocha era um desses craques vencedores.

Após vencer alguns campeonatos no Janízaros se transfere para o Flamengo de Itabuna, no qual também se torna vencedor de campeonatos. E Nocha nem se preocupa com a mudança de time, pois também jogava ao lado da “nata” do futebol itabunense, colegas na brilhante seleção de Itabuna. E era grande a rivalidade nesses clubes no campeonato de Itabuna, em que Janízaros, Flamengo e Fluminense se revezavam nos títulos.

E a rivalidade não era apenas nas torcidas. Dentro de campo, os colegas da seleção eram adversários e o lateral-direito Nocha tinha a obrigação de marcar o maior ponta-esquerda que se teve notícia em Itabuna, na Bahia e quiçá no Brasil, Fernando Riela. Mas essa contenda não abalava Nocha, que marcava seu oponente jogando o bom futebol. E a renhida disputa era equilibrada, com vantagens alternadas a cada jogo.

As décadas de 1950 e 60 foram notabilizadas pelo bom futebol, jogado por craques que prezavam a camisa que vestiam, principalmente na Seleção de Itabuna. E não era pra menos, a cada ano acumulava mais um título, vencido com galhardia, contra bons adversários, a exemplo de Ilhéus, Feira de Santana, Alagoinhas, Belmonte, Santo Amaro, São Félix, Jequié, dentre outros.

Merecem destaque a eterna rivalidade entre Ilhéus e Itabuna, duas das maiores seleções. E Itabuna sempre levou a melhor, desclassificando o selecionado ilheense, um timaço, como lembra Nocha, que faz questão de ressaltar nunca ter perdido uma partida para a seleção praiana. Outro destaque lembrado por Nocha foram as partidas contra os grandes times do Rio de Janeiro, em que jogavam de igual para igual. Sem medo.

Em 1967, com a fundação do Itabuna Esporte Clube, Nocha se profissionaliza e participa da primeira equipe que jogou o Campeonato Baiano de Profissionais, junto com outros colegas da Seleção de Itabuna. Quando sentiu que era chegada a hora de parar de jogar o futebol profissional, ainda no auge, deixa o Itabuna Esporte Clube. Poderia ter jogado mais um ou dois anos, mas preferiu sair por cima, deixando boa lembrança na memória dos torcedores.

Mas Nocha não abandonou o futebol e passou a atuar nos times amadores de Itajuípe, notadamente o Grêmio e o Santa Cruz, pelos quais disputou mais partidas. E por muitos anos continuou a jogar os babas, sempre com a mesma categoria e virilidade de antigamente. Hoje critica o futebol jogado pra trás, sem arte, que não empolga os torcedores e nem produz grandes resultados.

Prestes a completar 81 anos, Nocha mantém uma invejável forma física, passeia diariamente pelas ruas de Itajuípe, visita os amigos, faz compras e conversa sobre futebol. Com a simplicidade, diz não recordar muito do seu passado até a conversa fluir e relatar os bons tempos nos campo de futebol. Como diz o ditado: Quem foi rei nunca perde a majestade. E Nocha continua sendo uma referência no bom futebol do Sul da Bahia.

Walmir Rosário é radialista, jornalista, advogado e autor d´Os grandes craques que vi jogar: Nos estádios e campos de Itabuna e Canavieiras, disponível na Amazon.

Ricardo Xavier fala sobre decisões tomadas em reunião extraordinária || Foto Andreyver Lima/Seja Ilimitado
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O fim da parceria com o Grupo Amoedo pegou a torcida do Itabuna no contrapé. A expectativa de bom desempenho nas competições de 2024, justificada pelas duas últimas temporadas, deu lugar a dúvidas sobre o destino do clube. Menos de 24h após o anúncio do investidor Leonardo Amoedo, feito segunda-feira (9), o técnico Sérgio Passos também comunicou sua saída.

Ao PIMENTA, o conselheiro e diretor de Futebol do Itabuna, Ricardo Xavier, falou sobre a reunião extraordinária desta terça-feira (10), quando o Conselho Deliberativo do clube fixou os termos de uma contraproposta ao Grupo Amoedo. O objetivo, afirma o dirigente, é salvar a parceria no projeto da Sociedade Anônima de Futebol.

O colegiado decidiu manter o formato inicial do projeto, em que Amoedo entrou como parceiro e não um comprador do clube, explica Ricardo. Isso significa que o investidor, caso decida retomar a parceria, somente poderá vir a deter até 50% das ações da Sociedade.

“O conceito de parceria – e não de compra – foi discutido no projeto de formação da SAF”, sustenta o diretor. Para ilustrar a diferença, ele citou o exemplo do Fluminense de Feira de Santana, onde, diferente do Itabuna, os sócios aprovaram a venda de 90% das ações do clube.

NÚMEROS NA MESA

Os conselheiros também autorizaram a diretoria do Itabuna a oferecer um aumento da participação societária ao Grupo Amoedo. Na temporada de 2022, o clube recebeu pouco mais de R$ 700 mil do investidor, que, em contrapartida, passou a contar com 26,6% das ações da SAF, informa Ricardo Xavier. Agora, o Conselho propôs que o dinheiro colocado no time em 2023, R$ 1 milhão, eleve a cota do sócio a 40%.

Caso Amoedo aceite as condições, o investidor assumirá o controle do futebol do Itabuna com total autonomia, assegura Ricardo, ressalvando que isso implica em absorver eventuais lucros e prejuízos da empreitada. Os termos da proposta ainda serão apresentados formalmente ao empresário.

TEM VOLTA?

O PIMENTA questionou ao diretor de Futebol se o posicionamento detalhado acima contempla o que Leonardo Amoedo chamou de “divergências irreconciliáveis”. Ricardo respondeu que não tem elementos para determinar quais foram as divergências referidas, pois o comunicado do investidor não as especifica.

Com a ressalva de que se trata de uma suposição, o dirigente sugeriu que irreconciliáveis, neste contexto, podem ser as posições do Conselho do Itabuna e do Grupo Amoedo sobre a transferência de mais de 50% das ações da SAF ao sócio investidor, possibilidade vetada na reunião de ontem.

Sérgio Araújo deixa comando do Itabuna Esporte Clube || Foto Divulgação
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Depois de céu azul em quase dois anos, o Itabuna Esporte Clube começa a enfrentar turbulências com o anunciado rompimento do principal investidor, o Grupo Amoedo. Pouco menos de 24 horas após o comunicado do grupo liderado pelo empresário Leonardo Amoedo, outra baixa. O treinador Sérgio Passos anunciou a saída do projeto para 2024 em comunicado em suas redes sociais na madrugada desta terça-feira (10).

Sérgio lembrou da trajetória de campeão da Série B do Baiano de 2022 à vaga heroica na semifinal do Baianão de 2023 para, na sequência, anunciar a decisão de deixar o comando técnico do time que disputará o Campeonato Estadual, a Copa do Brasil e a Série D do Brasileirão em 2024.

– Ao Itabuna Esporte Clube, minha segunda família, minha gratidão é eterna. Continuarei torcendo pelo sucesso desse clube tradicional do futebol baiano – escreveu Sérgio Passos numa rede social.

Ontem, o CEO do Grupo Amoedo, Leonardo Amoedo, publicou comunicado sobre a saída do projeto do Dragão do Sul:

– É com pesar que compartilho a notícia de que, devido a divergências irreconciliáveis no modelo de gestão da SAF e composição dos investimentos futuros da mesma, tomei a decisão de me retirar do projeto de investimento da Sociedade Anônima do Futebol no Itabuna Esporte Clube. Esta não foi uma escolha fácil, mas acredito que é o melhor caminho à seguir, tanto para o clube quanto para mim.

O empresário não informou quais seriam essas divergências. Até agora, a direção do Itabuna, presidido pelo professor Rodrigo Xavier, ainda não se pronunciou sobre o rompimento com o grupo econômico e a saída do treinador. O Dragão do Sul se tornou SAF (Sociedade Anônima de Futebol) em dezembro do ano passado.

Orlando Cardoso, um exemplo sempre lembrado
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Orlando legislou por dois mandatos de 6 anos e se tornou um vereador conceituado nos 12 anos em que passou no legislativo. Não barganhou votos, não negociou favores, mas se empenhou nas reivindicações da população.

 

Walmir Rosário

Se o sucesso do narrador esportivo Orlando Cardoso multiplicava a cada dia, assim que passou a criar e apresentar programas de músicas e variedades, então, crescia exponencialmente. E a cada vitória da magnífica Seleção de Itabuna no Campeonato Intermunicipal seu prestígio aumentava, em função do seu amor pela equipe e forma apaixonada de transmitir as partidas e apresentar os programas.

Orlando Cardoso não apenas narrava o caminho percorrido pela bola e os jogadores, ele sabia transmitir emoção ao ouvinte, sentimento que se tornava comoção com os gols marcados pelos craques que comandavam o ataque do selecionado itabunense. Nos programas de músicas e variedades não era diferente, pois sabia tocar o coração, o fundo da alma dos ouvintes, com palavras de conforto, carinho e alegria.

Comunicador de palavra fácil (não confundir com Luiz Mendes, o comentarista da palavra fácil), não precisava empolar o texto, engrossar a voz, forçar o grave. Bastava falar ao ouvinte como fazia em sua vida normal, manter sua identidade. E assim tocava uma música, contava uma piada, mandava um alô com bastante intimidade ao amigo. Com isso ganhou cadeira cativa nas residências, nas empresas, onde quer que estivesse o ouvinte.

E Orlando Cardoso passou a ser um membro das famílias, e não raro recebia convites para almoços, aniversários, festas em geral. E passou a visitar essas pessoas com mais frequência, como retribuição ao carinho que era tratado. Certa feita, ao visitar uma pequena comunidade na área rural, foi recebido por quase toda a população, que fazia questão de ver pessoalmente o amigo que chegava diariamente pelas ondas do rádio.

Sua popularidade era tamanha que era tratado nas ruas com os bordões que utilizava. Em vez do tradicional bom dia, era cumprimentado de forma carinhosa: “É gol itabunense, torcida grapiúna”, ou “O barbante estufou, o escore mudou”. Foi aconselhado a postular uma vaga na câmara municipal, pois teria mais condições de solucionar os problemas da comunidade, muito deles reivindicados pelo rádio.

E Orlando Cardoso aceitou o encargo, mas pautou sua campanha de forma diametralmente oposta aos outros candidatos, sem as costumeiras promessas de fazer e acontecer, como se fosse o guardião do cofre municipal. De maneira singela, dizia não prometer nada, a não ser o empenho político, pois como nunca tinha sido vereador, não sabia com precisão o que poderia realizar, cumprir as promessas.

Os parcos recursos da campanha se destinaram à confecção de santinhos, dentre outras pequenas despesas inerentes. O sucesso e a confiança obtida no rádio foi transmitida à campanha vitoriosa. Legislou por dois mandatos de 6 anos e se tornou um vereador conceituado nos 12 anos em que passou no legislativo. Não barganhou votos, não negociou favores, mas se empenhou nas reivindicações da população.

Enquanto exerceu os mandatos continuou narrando partidas de futebol, apresentando seu programa radiofônico com a mesma desenvoltura de antes, distinguindo e separando as obrigações assumidas com os ouvintes e eleitores. E fazia questão de revelar sua conduta antes de depois de eleito, com a mesma seriedade que sempre pautou sua vida. Continuou sendo o Orlando Cardoso alegre, festeiro, atencioso de sempre.

Certa feita o vereador Orlando Cardoso foi procurado por uma pessoa do bairro da Conceição, onde morava e mora, solicitando seus préstimos no legislativo para propor um projeto de lei de mudança de nome de rua. Coisa simples, um parente – também amigo de Orlando e com prestígio no bairro – teria morrido e poderia ser homenageado emprestando seu nome na rua em que morou por muitos anos.

Sem querer desagradar a pessoa, o vereador Orlando Cardoso agradeceu e disse que se sentia honrado pela sua escolha e com toda a sinceridade que Deus lhe deu, propôs uma simples condição. Como a rua já homenageava outra pessoa, ele sugeriu que a proponente elaborasse um abaixo-assinado subscrito por todos os moradores endossando a mudança do nome da rua, que ele apresentaria o projeto.

Dois dias depois foi procurado pela mesma pessoa, que agradeceu a atenção do vereador e pediu que não desse andamento à proposição, pois na primeira casa em que ela teria visitado era justamente a da família do atual homenageado. E mais, teria tratado a proponente com aspereza e prometeu ir às vias de fato caso houvesse a mudança no nome da daquela rua. E não se falou mais nisso.

Nas votações de projetos importantes a Câmara de Vereadores se transformava num fervedouro, com a movimentação de políticos dos mais variados partidos e bancadas, representantes do Executivo cabalando votos para a aprovação ou rejeição. Na maioria das vezes com vantagens eleitoreiras. Nessas ocasiões, o vereador Orlando Cardoso ouvia a todos com atenção e manifestava seu voto de acordo com a importância do projeto e sua consciência, sem qualquer alarde.

Ao deixar a política continuou exercendo seu trabalho diário na apresentação de seu programa, a gravação de publicidade e a divulgação por meio de carro de som, gozando do mesmo respeito de antes. Até hoje, sempre que no meio político ou na comunicação alguém tece comentários sobre o comportamento dos vereadores, seu nome é lembrado como um exemplo a ser seguido.

Walmir Rosário é radialista, jornalista, advogado e autor de Os grandes craques que vi jogar: Nos estádios e campos de Itabuna e Canavieiras, disponível na Amazon.

Walmir Rosário recupera história do duelo futebolístico entre Belmonte e Itajuípe
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Pires prometeu que nunca mais jogaria em Belmonte e abandonaria o futebol se tivesse que fazer outra partida naquela cidade.

 

 

 

 

 

 

 

Walmir Rosário

Quem jogou ou, pelo menos, acompanhou jogos do futebol amador em tempos passados sabe a dificuldade em disputar uma partida no campo adversário. Nas fazendas, então, era o parto da bezerra. O visitante era convidado a jogar, mas era impedido de ganhar. Para tanto, o árbitro era escolhido a dedo pelo mandante, com o dever de impedir, a qualquer custo, a vitória do time de fora. E não adiantava espernear.

Para não ficarmos falando só do passado, isso existe até hoje, não pela simples rivalidade entre as duas equipes, a exemplo de Itabuna e Ilhéus, que perdura aos dias atuais e não tem prazo para encerrar. Com as equipes profissionais convencionou-se dizer que nos seus domínios o adversário tem que agir com muita cautela, chegando a afirmar que o touro em pasto alheio não passa de bezerro. E os velhos alçapões estão aí.

Para não dizer que não saí da cozinha de casa, lembro bem das partidas entre os times brasileiros e argentinos nos estádios dos hermanos, que não respeitam a torcida, os árbitros e muito menos os adversários. Quando o resultado não já estava encomendado, eles o fabricavam, sem qualquer cerimônia ou receio das consequências legais que poderiam ser tomadas.

Não tenho base legal ou conhecimento para afirmar que os antigos dirigentes e torcedores da Seleção Amadora de Belmonte, no Sul da Bahia, herdaram esses costumes dos argentinos, mas que agiam parecido, isto é fato e não se pode negar. Que digam os atletas, dirigentes e torcedores das seleções amadoras de Canavieiras, Ilhéus, Itabuna nos velhos tempos do Campeonato Baiano de Amadores.

Pra início de conversa, assim que a seleção adversária chegava era recepcionada por uma comissão que tinha como objetivo atingir moralmente os adversários com palavras difamantes, ultrajantes e tudo o mais que a valha. Mas não ficava por aí, essas comissões se revezavam em frente a pensão que hospedava a delegação, e fazia muito barulho noite a dentro, evitando que dormissem o sono dos justos.

Uma solução encontrada por Itabuna foi viajar para Belmonte em aviões, os famosos teco-tecos, com a finalidade de chegar um pouco antes da partida. Os que se aventuravam ir de ônibus comiam o pão que o diabo amassou. Tinham que chacoalhar nas velhas “marinetes” da Sulba por quase 200 quilômetros. Aguentar a poeira os atoleiros, a depender da estação do ano.

No começo da década de 1960, a Seleção de Itajuípe tinha um compromisso com o selecionado de Belmonte pelo Campeonato Baiano de Amadores. Os dirigentes alugam um ônibus e saem no sábado bem cedo (um dia antes). No caminho desceram para empurrar o veículo várias vezes e conseguiram chegar com o sol caindo no horizonte. Foram ao estádio reconhecer o gramado e dali se dirigiram à pensão.

Por recomendação do presidente Jackson Hage e dos diretores Fernando Mansur e Tuffik, os jogadores não saíram da pensão para conhecer a cidade, por motivos óbvios. Mas não conseguiram dormir com a batucada na praça em frente, sob o comando da apaixonada torcida belmontense. E Itajuípe tinha que sair de Belmonte, no mínimo, com um empate, para disputar com a Seleção de Ilhéus. Mas o pensamento do grupo era ganhar o jogo.

E a partida não saia do 0X0. Mais ou menos aos 35 minutos do segundo tempo, o árbitro, do meio de campo, marcou um pênalti contra a Seleção de Itajuípe, sem qualquer motivo e fora de qualquer jogada. Não adiantaram as reclamações. O árbitro estava irredutível. Atrás do gol de Itajuípe, uma pessoa chegou para perto do goleiro Antônio Pires, tirou o revólver da cintura e disse: “Se você se mexer na área eu lhe encho de chumbo”.

Ao presenciarem a cena, os jogadores da Seleção de Itajuípe comunicaram o fato à diretoria, que por sua vez chamou a polícia, que confirmou a arma e a estranha ameaça. Não se sabe o motivo e o poder do agressor, já que os policiais não o prenderam. Apenas se dividiram em dois grupos, um junto ao ameaçador e outro ao lado da trave, no sentido de evitar que o crime se consumasse, caso o goleiro Pires pegasse o pênalti.

Confusão amainada, o jogador do selecionado belmontense chuta a bola e o goleiro Pires a encaixa com segurança. Mesmo com a proteção dos policiais, o ameaçador continua prometendo transformar Pires numa tábua de pirulito, pelos tiros que prometia dar. O árbitro é obrigado a interromper o jogo, pois todos os jogadores formaram um cordão de isolamento para proteger o goleiro ameaçado.

A única solução encontrada pelos dirigentes foi fretar um avião teco-teco e transferir Pires para Ilhéus. Embarcaram Pires em um jipe, na companhia de Fernando Mansur e Tuffik, além dos policiais, para levá-los ao avião, enquanto em outro jipe ficou o agressor cercado de policiais. Assim que o teco-teco levanta voo, o jogo é retomado, com o goleiro reserva no lugar de Pires, e o placar de 0X0 foi mantido, apesar do desespero dos itajuipenses.

Pires prometeu que nunca mais jogaria em Belmonte e abandonaria o futebol se tivesse que fazer outra partida naquela cidade. E não se falou mais nisso.

Walmir Rosário é radialista, jornalista, advogado e autor de Os grandes craques que vi jogar: Nos estádios e campos de Itabuna e Canavieiras, disponível na Amazon.

Jogador de Eunápolis assina contrato com o Santos || Foto Divulgação
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Nascido no interior da Bahia, o centroavante Arthur Manoel está realizando um sonha da família. O atleta acaba de assinar seu primeiro contrato profissional com o Santos. Com idade para o Sub-17, o menino disputou, recentemente, o mata-mata do Campeonato Brasileiro com a categoria Sub-20 do time da Vila Belmiro, que ficou pelo caminho ao ser eliminado pelo Flamengo, na semifinal.

O centroavante Arthur Manoel é natural de Eunápolis. Com 17 anos completos em abril, ele comemorou as oportunidades dentro de campo e falou da motivação no momento da assinatura do novo contrato, com extensão até 31 de julho de 2026.

“Estou muito feliz e agradeço a Deus por essas oportunidades que estou tendo. Busco sempre mais. É uma grande motivação assinar esse primeiro contrato profissional e vou sempre dar o meu melhor pra nossa torcida e pelo Santos Futebol Clube”, declarou.

Campeonato Interbairros de Futebol em Itabuna || Foto Pedro Augusto/Arquivo
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Com a implantação do campeonato, os times jogavam nos campos de bairro e disputavam a final no Estádio Itabunão. Praticamente todos os jogos eram transmitidos pelas emissoras de rádio e com cobertura nas TVs locais. O domingo era, realmente, um dia de festa.

Walmir Rosário

Pouquíssimos municípios brasileiros podem se orgulhar de planejar e executar políticas públicas para o setor esportivo. Os programas, por si só não bastam: precisam ser eficientes e eficazes para contemplar uma população de jovens cada vez mais longe do direito consagrado no artigo 217 da Constituição Federal: “É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada um…”.

E no quesito desporto não há como comparar o antes e o depois da chamada Constituição Cidadã. Desde antes os colégios públicos mais equipados conseguiam formar atletas nas diversas especialidades na disciplina educação física em suas quadras poliesportivas. Nada mais que isso. As prefeituras auxiliavam, quando muito, com um trator na abertura de um campinho nos muitos terrenos baldios existentes nos bairros.

Fora disso, a população se virava aproveitando a ausência do boom imobiliário. Era costume uma turma de garotos e homens formados pegar no pesado para dar forma a um campinho de pelada, ou babas, como queiram. Jogavam descalços, sem uniformes, como queriam e dava tempo. Era voltar da escola, colocar um calção, chegar ao campo e bater o par ou ímpar para escolher os times. Um jogava com camisas, outro com torso nu.

Mas o crescimento das cidades deu um basta na brincadeira dos meninos. Os bem mais aquinhoados financeiramente e que eram associados a clubes continuaram praticando o esporte, bem como os participantes dos times amadores. Os excluídos mudaram de esporte ou deixaram de praticá-los. Outra solução eram os campos que alugavam horário para as partidas.

Em Itabuna, lá pelo ano 1993, o desportista João Xavier – jogador e dirigente esportivo –, eleito vice-prefeito, tomou a incumbência de proporcionar à população os benefícios do esporte, como mandava a Constituição Cidadã. De pronto, escalou José Maria (Nininho, o Sputnik), ex-jogador profissional e ex-supervisor do Itabuna Esporte Clube para pilotar importante projeto desportivo.

De início implantaram diversas escolinhas esportivas nos bairros de Itabuna, cujos alunos participavam das atividades no contraturno da escola formal. Em pouquíssimo tempo, cerca de 700 crianças já se beneficiavam do projeto nos bairros, orientados por profissionais oriundos de diversas modalidades esportivas e supervisionados pelos profissionais de Educação Física do quadro da prefeitura.

E o sucesso do projeto ultrapassou limites e divisas geográficas, chegando em Brasília. De imediato, a então secretaria federal dos Esportes destacou um técnico para conhecer a ação. De cara, destinou R$ 600 mil (à época recursos consideráveis) para o desenvolvimento do projeto. Até hoje as escolinhas dos bairros Santa Inês, São Pedro, Daniel Gomes, Núcleo Habitacional da Ceplac e Ferradas não viram a cor do dinheiro.

Recentemente, o radialista e advogado Geraldo Borges Santos elaborou um projeto que poderia resgatar a formação de jovens nos diversos bairros da cidade. De acordo com o projeto, a prefeitura executaria as ações em parceria com as faculdades e universidades instaladas em Itabuna e empresas privadas. Para tanto, bastaria recuperar alguns equipamentos públicos esportivos, a exemplo de quadras e o complexo esportivo que reúne o Estádio Fernando Gomes e a Vila Olímpica professor Everaldo Cardoso.

Conclui-se, portanto, que a cidade tem uma estrutura básica de equipamentos públicos voltados para o esporte, grande contingente de jovens ávidos para envolvimento em atividades esportivas e de atletismo. Tudo isso aliado a uma população que gosta de esportes, com histórica tradição de sucesso, restando ao Executivo e Legislativo estabelecerem uma política pública que possa beneficiar a comunidade.

Obstinado, João Xavier apresenta e executa outro projeto esportivo de fôlego: o Campeonato Interbairros de Itabuna, considerado o maior certame do gênero no Brasil. De cunho social, mexia positivamente na educação dos jovens e adultos e na economia desses locais onde os jogos eram disputados. Fortalecia o comércio formal e informal nos dias dos jogos e autoestima da população, que se unia em torno de suas comunidades.

O Interbairros também atuou na mudança do comportamento das pessoas, que antes deixavam Itabuna aos domingos para curtir o lazer nas praias de Ilhéus, um verdadeiro êxodo de pessoas e recursos dispendidos nas viagens. Com a implantação do campeonato, os times jogavam nos campos de bairro e disputavam a final no Estádio Itabunão. Praticamente todos os jogos eram transmitidos pelas emissoras de rádio e com cobertura nas TVs locais. O domingo era, realmente, um dia de festa.

Em 28 julho de 2023 o Campeonato Interbairros de Itabuna completou 30 anos. Criado para se tornar uma fonte inesgotável do descobrimento de craques, que poderiam ter chances de jogar em grandes equipes profissionais do Brasil e do exterior, não possui o mesmo glamour. Apesar de estar em atividade, não chega a movimentar toda a comunidade dos bairros itabunenses. Quem sabe mereça um upgrade?

Por si só, o Campeonato Interbairros não forma atletas cidadãos, pois seu público-alvo é formado por jovens formados e adultos. Lembrando do ditado: É de menino que se torce o pepino”, os poderes executivo e legislativo deveriam ter maturidade suficiente para evoluir e privilegiar as políticas públicas e não as políticas de governo. Enquanto isso, os jovens ficam à mercê da sorte, enquanto a marginalidade campeia livremente.

Walmir Rosário é radialista, jornalista, advogado e escritor, autor do livro de crônicas Os grandes craques que vi jogar: Nos estádios e campos de Itabuna e Canavieiras, disponível na Amazon.

Abertura da competição será no Campo de Futebol Amador, às 8h
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O prefeito Augusto Castro abre oficialmente o Campeonato Interbairros de Futebol Amador de Itabuna, neste domingo (27), às 8h. O secretário de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia, Davidson Magalhães, também confirmou presença na abertura da competição. A rodada inaugural do torneio será no campo anexo ao colégio CAIC Jorge Amado, no Sarinha Alcântara.

Antes da abertura oficial, as 41 equipes receberão uniformes para usar durante toda a competição. Depois da cerimônia, se enfrentam Califórnia e São Roque, às 9h; e Sarinha e Novo São Caetano, às 11h.

O campeonato é organizado pela Secretaria de Esporte e Lazer  do município. Segundo o titular da Pasta, Alcântara Pellegrini, foi montado esquema de segurança para dar tranquilidade aos torcedores e atletas. “Ele foi definido com os comandos do 15º Batalhão da Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal. Além disso, a Secretaria Municipal de Saúde vai assegurar todo o atendimento médico necessário”, explicou.

SEGUNDA RODADA

A segunda rodada do Campeonato será no dia 10 de setembro, uma quinta-feira, com os jogos do Núcleo da Ceplac x Banco Raso, às 8h15min; e Mangabinha x Jaçanã, às 11h15min, no campo do Núcleo. Já o Itabunão vai receber Santa Catarina x Odilon, às 8h15min; Santo Antônio x Bananeira; e Nova Mangabinha x Vale do Sol.