Paulo dedica-se à capoeira angola há 22 dos seus 41 anos e abriu um espaço para o ensino da modalidade em Ilhéus, no sul da Bahia. As aulas ocorrerão às terças e quintas-feiras, sempre às 19h, na academia A.rrisca, localizada no Jardim Pontal.
Jornalista, mestre em Ciências Sociais e doutor em Cultura, Paulo Andrade Magalhães Filho é um estudioso da arte-luta que pratica. Elementos significativos das suas pesquisas estão registrados nos livros Jogo de Discursos: a disputa por hegemonia na tradição da capoeira angola baiana e Capoeira da Bahia, histórias, territórios e trajetórias, que foi lançado na última quarta-feira (24).
Paulo nasceu em Ilhéus, mas teve seu primeiro contato com a capoeira na vizinha Itacaré, em 1989, com o mestre Jorge Rasta, atual coordenador da Casa do Boneco, o Quilombo D’Oiti. Dez anos depois, foi morar em Belo Horizonte para estudar Comunicação Social na UFMG e passou a treinar com o professor Murcego, então aluno do mestre Zé Paulo, do Grupo Raízes – Cordão de Ouro.
“CONVERSÃO”
Ainda em Minas Gerais, Paulo Magalhães acompanhou Murcego no que chama de “conversão à capoeira angola”, iniciados pelo mestre João Bosco. Segundo o ilheense, esse é o estilo mais tradicional de capoeira, com ritmo mais compassado. “É um diálogo corporal de perguntas e respostas. Jogo, dança, luta, ritual, a capoeira angola potencializa condicionamento físico, autocontrole, musicalidade, além de uma conexão mais profunda com nossas raízes culturais, e pode ser praticada por pessoas de todas as idades”, acrescentou.
De volta à Bahia, Paulo treinou com o mestre Virgílio, lenda viva da Associação de Capoeira Angola Mucumbo, de Ilhéus. Há cinco anos, formou-se contramestre de capoeira angola pelas mãos do mestre Pelé da Bomba.
O apelido é um dos símbolos importantes do universo cultural da capoeira. O de Paulo é Sem Terra. Ganhou a alcunha em 2007, como referência à militância no núcleo de comunicação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).