Foto Tomaz Silva/Agência Brasil
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A população negra brasileira tem os piores indicadores relativos a emprego, renda, educação e participação política quando comparada ao grupo de pessoas brancas. Apresenta também índices desfavoráveis relacionados à vitimização pela violência. Quando são avaliadas as condições de saúde, mais uma vez os negros fica em posição desvantajosa, com piores incidências de determinados males e doenças. 

Dados do boletim Saúde da População Negra, apresentados na segunda-feira (23) pelos ministérios da Saúde e da Igualdade Racial, confirmam que questões como mortalidade materna, acesso a exames pré-natais e doenças infectocontagiosas se mostram mais severas na população negra.

No Dia Nacional de Mobilização Pró-Saúde da População Negra, celebrado em 27 de outubro, a Agência Brasiltraz a avalição de especialistas que dedicam esforços profissionais e acadêmicos para a promoção da saúde deste grupo, que representa mais da metade da população do país. De acordo com o IBGE, 56% dos brasileiros se reconhecem como negros – somatório de pessoas pretas e pardas.

DO NASCIMENTO À MORTE

Uma explicação para os dados considerados preocupantes é o racismo. Segundo Andrêa Ferreira, pesquisadora da Associação de Pesquisa Iyaleta, há várias evidências que colocam o racismo como “determinante social estrutural que condiciona a vida da população negra”. Para ela, o preconceito acompanha essa população desde antes do nascimento até a forma pela qual morre.

“Quando a gente olha os dados de mortalidade materna, a gente sabe que as taxas são maiores entre as mulheres negras. Quando a gente olha a mortalidade por causas externas, por exemplo, que inclui acidentes e por arma de fogo, ela se concentra na população negra. Então, o racismo faz todo esse percurso de interferir na possibilidade de nascer, crescer e viver”, afirma a pesquisadora que também faz parte do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs), da Fiocruz Bahia.

“O racismo condiciona a vida das pessoas negras em todas as suas fases, desde a possibilidade de terem um parto adequado, de nascerem vivas até a forma como morrem”.

Na avaliação da Andrêa, uma vez que a pessoa negra consegue romper barreiras que a afastam do serviço de saúde, começa outro problema. “Você tem um tratamento desigual quando a gente compara as pessoas brancas e as negras. Você tem o viés racial implícito, o preconceito e as discriminações pautando a forma como as pessoas negras são tratadas”. A pesquisadora considera que essa forma de racismo prejudica a forma de acolhimento, tratamento, oferta de exames e, consequentemente, o diagnóstico de doenças.

“Temos estudos que mostram como o racismo em suas manifestações retarda, por exemplo, o diagnóstico da sífilis gestacional no Brasil”, cita.

O estudo do Ministério da Saúde revela que 70% das crianças com sífilis congênita – transmitida para a criança durante a gestação – são filhas de mães negras.

Para Andrêa, a pandemia de covid-19 foi uma prova de como o racismo atua como determinante social. “A pandemia foi clara em mostrar como o racismo estava ali, determinando quem seriam as pessoas que precisaram sair do isolamento social para trabalhar, que moravam em casas densamente povoadas, sem acesso à água e saneamento. Eram as pessoas negras”, avalia.

RACISMO EM TODAS AS PARTES

Lúcia Xavier é fundadora da organização não governamental (ONG) Criola, defensora dos direitos humanos de mulheres negras. Ela concorda que um dos fatores que fazem com que negros tenham piores índices de questões relativas à saúde se dá por uma forma de racismo no atendimento de saúde. Para ela, há “um conjunto de procedimentos feitos de forma inadequada”.

“[A pessoa negra] recebe menos informação do que precisa. É atendida com rapidez quando precisa de um pouco mais de tempo para explicar, para reconhecer os problemas. As queixas não são admitidas como legítimas. Se ela acaba perdendo sua consulta, volta para o fim da fila de espera”.

Uma outra face do acolhimento e tratamento inadequados é, na avaliação de Lúcia, que a pessoa acaba sendo responsabilizada pelos problemas.

“Qualquer agravo que ocorra, o primeiro responsável é ela. Se ela se infectou com dengue, é porque ela não cuidou da água parada. Se ela pegou covid-19, é porque não utilizou os mecanismos de proteção necessários para cuidar da sua saúde”, exemplifica.

“DOENÇA DE NEGRO”

No país em que mais de 60% das mortes por aids são de negros – índice que era de 52% em 2011, Lúcia aponta que as doenças infectocontagiosas são também consequência dessa discriminação que acontece durante o que deveria ser um acolhimento.

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Doiane recebe prêmio nacional por sua contribuição profissional || Foto Divulgação
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A enfermeira Doiane Lemos Sousa recebeu, na noite desta terça-feira (24), em João Pessoa (PB), o prêmio Anna Nery, a maior honraria concedida pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). A profissional, indicada pelo Conselho Regional de Enfermagem da Bahia (Coren-BA) para esta edição, foi premiada por seu relevante trabalho e dedicação prestados à categoria. Ela recebeu a premiação das mãos da presidente do Coren-BA, Giszele Paixão, e da presidente do Cofen, Betânia Santos.

“A entrega desta premiação a Doiane é mais do que justa, pois esta mulher é guerreira, líder nata, conhecida por sua luta em favor dos profissionais da área da saúde e por suas ações sociais”, destacou Giszele. Doiane é enfermeira especialista em Terapia Intensiva sob a forma de residência pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), sanitarista e atua como subcoordenadora de Controle de Doenças Imunopreveníveis do Município de Salvador.

Além de Doiane, outros 31 profissionais da categoria foram com o prêmio Anna Nery. São enfermeiros, técnicos e auxiliares que atuam nas mais diversas áreas da profissão e contribuem para a qualidade da assistência e da formação, mesmo nos contextos mais adversos.

Criada em 2012, a premiação é destinada aos profissionais que, com trajetórias de dedicação e inovação, trabalham pelo desenvolvimento da profissão. Neste ano, a solenidade ocorreu durante o 25º Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem (CBCENF).

Funcionários da Santa Casa podem entrar em greve por salário || Foto PIMENTA
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A Santa Casa de Misericórdia de Itabuna está cobrando, da Prefeitura, o repasse de R$ 13 milhões por serviços já prestados e ainda não pagos pela Secretaria Municipal de Saúde. Os dois lados devem sentar à mesa, na manhã desta sexta-feira (20). A reunião deverá ter a participação do provedor Francisco Valdece e do prefeito Augusto Castro (PSD).

A situação é considerada crítica, pois o salário de setembro dos funcionários ainda não foi pago pela instituição filantrópica, que atribui o atraso à dívida não honrada pela Prefeitura.

De acordo com Raimundo Santana, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde de Itabuna e Região (Sintesi), não está descartada paralisação dos funcionários, caso o salário de setembro não seja pago até esta sexta-feira.

“A situação financeira dos trabalhadores é crítica e parar os serviços é a única alternativa. Devemos definir sobre esse movimento conversando com os trabalhadores amanhã mesmo”, afirma Raimundo Santana. A Santa Casa tem cerca de 1,6 mil funcionários e é responsável pelos hospitais São Lucas (100% SUS), Calixto Midlej Filho e o pediátrico Manoel Novaes.

Dos quadrinhos para os palcos, heróis infantis fazem a festa da criançada || Fotos Pedro Augusto
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Passeios na Carreta da Alegria, apresentações culturais com atrações infantis, estande de leitura com o projeto Letras que Voam, pintura facial, escultura de balões, brincadeiras interativas e vacinação foram algumas das atrações do Circuito Kids. O evento para a criançada foi promovido, neste domingo (8), pela Prefeitura de Itabuna e Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (FICC), na Arena Zé Cachoeira, no Banco Raso.

A secretaria Daiane Vila Nova levou a pequena Analu ao circo e ficou encantada com as atrações e a animação do evento. “Chegamos aqui às 14h, fomos a alguns brinquedos e viemos ao circo. O Circuito Kids está maravilhoso e o mais importante ela está se divertindo muito” comemorou a mãe da criança.

“Nosso objetivo foi que as crianças tivessem um momento de diversão, mas que os pais também se preocupassem com a proteção delas. Ou seja, é bem-estar com proteção”, disse a secretária municipal de Saúde, Lívia Mendes Aguiar, que cooperou com a realização do Circuito Kids. Ela afirmou que a adesão à vacinação está baixa em todo país o que pode causar o retorno de doenças que estavam erradicadas, como catapora e varíola.

A copeira Verônica Santos levou o filho para atualizar o cartão de vacina. “Na correria do dia a dia, a gente acaba não tendo tempo de ir a um posto de saúde. Mas, hoje, tive a oportunidade de regularizar a vacinação dele”.

Já o estudante João Pedro Marcelino, 14 anos, tomou a vacina e depois foi aproveitar a sessão do Arena Circus. “O evento está ótimo. Agora vou par o circo curti muito”, disse. O circuito Kids também teve distribuição de brinquedos e um grande palco, onde personagens infantis se apresentaram fazendo a alegria de crianças e adultos.

Pirulito e Paçoca é das atrações que mais divertem a criançada – e o público adulto também

MAIS DE 10 MIL PESSOAS

Segundo a Prefeitura, o evento atraiu 10 mil pessoas. O presidente da FICC, Aldo Rebouças, já celebrava os primeiros números da festa ainda no início. “O evento está só começando e a arena já está lotada”, disse por volta das 14h.

O prefeito Augusto Castro percorreu vários espaços da Arena Zé Cachoeira, na companhia de secretários e do presidente da FICC, e tirou fotos com pais e filhos e fez muitas selfies e vídeos. Augusto Castro agradeceu o envolvimento de todas as secretarias municipais e órgãos da gestão para o sucesso do evento.

– Com certeza o Circuito Kids entrou para a história de Itabuna como uma grande oportunidade de alegrar crianças de todas as idades, promover o lazer e o entretenimento e a interação. Graças a Deus tudo aconteceu como planejado – disse.

Augusto faz selfie com público durante o Circuito Kids

Na frente do palco, uma multidão se aglomerou para participar do sorteio de brindes, presentes, brinquedos e até uma bicicleta para as crianças com. O público também quis ver a apresentação de personagens e fazer imagens, com personagens como Batman, Homem-Aranha, Homem de Ferro e Incrível Hulk, além das princesas.

A Carreta da Alegria foi uma das atrações mais disputadas no Circuito Kids. Cada passeio pelas ruas da cidade levou 180 pessoas. Outra atração foi o Espaço Letras que Voam, da FICC. A coordenadora Geny Xavier disse que o projeto retorna com algumas mudanças, entre elas a participação de alunos de escolas públicas nas oficinas que ocorrem no Teatro Candinha Doria. Já no Circuito Kids, a iniciativa ofereceu mediação de leitura com livros da Biblioteca Municipal Plínio de Almeida.

Fundação se posicona contra PEC do Plasma, que pode transformar sangue em mercadoria || Foto Davidyson Damasceno/ABr
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O Conselho Deliberativo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) se posicionou contra a proposta de emenda à Constituição nº 10, de 2022, (PEC 10/2022), a chamada PEC do Plasma. Ela tramita na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado e tem por objetivo permitir que a iniciativa privada colete e processe o plasma humano.

A Constituição brasileira proíbe todo tipo de comercialização de órgãos, tecidos e substâncias humanas. Atualmente, a coleta e o processamento do sangue ficam a cargo da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), estatal criada em 2004. A PEC do Plasma altera o artigo 199 da Carta Magna, que dispõe sobre as condições e os requisitos para coleta e processamento de plasma para permitir que isso seja feito pela iniciativa privada.

Pela proposta seria acrescentado no artigo 199 o parágrafo: § 5º A lei disporá sobre as condições e os requisitos para coleta e processamento de plasma humano pela iniciativa pública e privada para fins de desenvolvimento de novas tecnologias e de produção de biofármacos destinados a prover o Sistema Único de Saúde.

RISCOS

A Fiocruz disse que “a aprovação da PEC pode causar sérios riscos à Rede de Serviços Hemoterápicos do Brasil e ao Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Hemoderivados. A comercialização de plasma pode trazer impacto negativo nas doações voluntárias de sangue, pois há estudos que sugerem que, quando as doações são remuneradas, as pessoas podem ser menos propensas a doar por motivos altruístas”.

Além disso, segundo a Fiocruz, esta prática traz riscos para a qualidade e segurança do plasma e pode aumentar as desigualdades sociais.

“Estudos sugerem, por exemplo, que a comercialização pode atrair pessoas em situações financeiras difíceis, dispostas a vender seu plasma, além de facilitar o acesso a pessoas que podem pagar, em detrimento daquelas que não têm condições”, acrescentou a fundação.

PREJUÍZOS

Atualmente, o plasma doado no país atende exclusivamente às necessidades da população brasileira e traz retorno na forma de acesso a medicamentos. “A comercialização do plasma poderia suscitar ainda movimentos de exportação, o que prejudicaria os brasileiros, deixando o país vulnerável diante de emergências sanitárias”, informou a Fiocruz, que destaca que hoje o Sistema Único de Saúde (SUS) presta atendimento a 100% dos pacientes que necessitam de hemoderivados.

“Para o aprimoramento da política nacional de sangue, referência mundial pela sua excelência e capacidade de atender a todos os brasileiros, a Hemobrás precisa ser fortalecida para que possa produzir no máximo da sua capacidade. É importante também fortalecer a Coordenação-Geral de Sangue e de Hemoderivados do Ministério da Saúde, encarregada da execução da política de atenção hemoterápica e hematológica que regula da coleta ao processamento e a distribuição de sangue e hemoderivados no Brasil”, finalizou a Fiocruz.

Cerimônia reuniu alunos de oito cursos da área da Saúde || Foto Divulgação
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Momento definido como marcante na formação profissional, a Cerimônia do Jaleco reuniu, no Teatro Candinha Doria, em Itabuna, estudantes do primeiro e segundo semestres de oito cursos da área de saúde da Unex Itabuna. Familiares e padrinhos também participaram do evento, na última segunda-feira (25). O evento reuniu cerca de 200 alunos.

A entrega do jaleco também evidencia a importância desse Equipamento de Proteção Individual (EPI) durante a execução das práticas e na futura vida profissional de quem, em alguns anos, estará atuando em Biomedicina, Odontologia, Medicina Veterinária, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Psicologia ou Nutrição. Também reforça, na avaliação de educadores, o compromisso ético e a responsabilidade firmada com a instituição, os docentes, os estabelecimentos de saúde e, principalmente, os pacientes que serão atendidos nessa jornada.

A coordenadora do Curso de Farmácia, Carolina Tavares, enxerga o evento como sinalização de responsabilidade. “Hoje se concretiza todo compromisso que o aluno vai ter durante o seu curso para que chegue ao mercado de trabalho munido do espírito de responsabilidade que é preciso ter para atuar em qualquer área”.

Nísia Trindade, ministra da Saúde || Reprodução
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Ao comentar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que autoriza o processamento do plasma por empresas privadas – em tramitação no Senado – a ministra da Saúde, Nísia Trindade (foto), disse, nesta terça-feira (26), em Brasília, que o governo trabalha para evitar que o sangue humano se torne mercadoria. A declaração foi dada durante participação no programa Conversa com o Presidente, transmitido pelo Canal Gov.

“Existe uma PEC de comercialização do plasma. O plasma é fundamental para o desenvolvimento de produtos que são usados para tratamentos de doenças importantíssimas. Mas o sangue não pode ser comercializado de modo algum, não pode haver compensação aos doadores e isso foi uma conquista da nossa Constituição”, afirmou.

Acompanhada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Nísia lembrou que, atualmente, a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) já trabalha no desenvolvimento de insumos derivados do sangue. Segundo ela, a instituição passa a entregar este ano, por exemplo, o fator 8 para tratamento de pessoas com hemofilia.

“E, em 2025, [a Hemobrás] fará a entrega de outros produtos derivados do plasma. Estamos trabalhando para que o sangue não seja uma mercadoria”, concluiu a ministra da Saúde.

ENTENDA A PEC

A PEC 10/2022 prevê o processamento de plasma humano pela iniciativa privada para o desenvolvimento de novas tecnologias e a produção de medicamentos. O texto entrou na pauta da Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal no último dia 13, mas foi retirado de pauta a pedido da relatora, senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB), que solicitou mais tempo para construir uma proposta de consenso com senadores e com o governo.

A votação da PEC já foi adiada sete vezes na comissão por ser considerada polêmica. A relatora havia incluído no projeto original a proposta de pagamento ao doador em troca da coleta do plasma, o que gerou reações contrárias de diversos senadores e também de órgãos públicos. Não há uma nova data para a análise da proposta na CCJ.

O plasma é a parte líquida do sangue, resultante do processo de fracionamento do sangue total, obtido de doadores voluntários dos serviços de hemoterapia. Ele pode ser usado para a produção de medicamentos hemoderivados, como albumina, imunoglobulina e fatores de coagulação utilizados por pessoas com doenças como a hemofilia. Informações d´Agência Brasil.

Procedimento coincidiu com o Setembro Verde, campanha de doação de órgãos
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O Hospital Regional Costa do Cacau (HRCC) anunciou, nesta terça (19), a terceira captação de múltiplos órgãos feita neste ano. O procedimento foi executado no início deste mês, que é marcado Setembro Verde. A campanha visa conscientizar a sociedade sobre a importância da doação de órgãos para a vida das pessoas que aguardam nas filas de transplante.

Também no âmbito da campanha, a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes fez uma blitz para sensibilizar e informar os pacientes do Hospital sobre o impacto positivo da decisão de ser um doador ou doadora de órgãos. Para que essa escolha seja respeitada, é fundamental que as pessoas a manifeste aos seus familiares.

O grupo de trabalho também distribuiu materiais informativos e expôs peças de comunicação visual na entrada e nos lugares de maior fluxo no Hospital. “Todas essas ações conjuntas aconteceram no intuito de intensificar a conscientização e incentivo para a doação de órgãos”, assegurou Naama Ramos e Silva, enfermeira da Comissão.

RETOMADA

Comissão faz blitz do Setembro Verde no Costa do Cacau

A Comissão do HRCC atua em parceria com a Central Estadual de Transplantes, a Coordenação do Sistema Estadual de Transplantes e a Secretaria de Saúde da Bahia. Neste ano, o lema da campanha interinstitucional é “Transforme a dor em amor. Seja também um doador de órgãos e avise a sua família”. Segundo Naama Ramos, no próximo dia 27, Dia Nacional da Doação de Órgãos, o HRCC terá novas atividades do Setembro Verde.

Neste ano, além dos procedimentos com múltiplos órgãos, o Hospital Costa do Cacau já fez cinco captações de córneas, maior número entre as unidades da Sesab no sul da Bahia, ressalta a enfermeira. “Com muito trabalho e dedicação, estamos alcançando índices anteriores aos de 2020, quando foi decretada a emergência sanitária [da Covid-19]”.

Vacina contra hepatite B é primeira a prevenir contra tipo de cãncer || Foto Dênio Simões/Agência Brasília
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O vírus HBV, causador da hepatite B, é um antígeno silencioso, que pode demorar anos até ser notado pelo hospedeiro. Quando isso acontece, entretanto, muitas vezes o estrago provocado já resultou em uma cirrose ou um câncer de fígado. Disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para crianças, adolescentes e adultos, a vacina contra a hepatite B é a principal forma de prevenir essa doença, que pode ser transmitida sexualmente, pelo contato com o sangue e durante a gestação, da mãe para o bebê.

Infectologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, Raquel Stucchi destaca que a vacina contra a hepatite B foi a primeira vacina contra algum tipo de câncer a ser disponibilizada, porque o vírus da hepatite B é o principal causador de câncer de fígado.

“A vacinação diminuiu drasticamente os casos de hepatite B e o risco de cirrose e câncer de fígado. Por isso, a vacina é importante. E por que na infância? Primeiro, a adesão na infância é mais fácil. Ela é feita com outras vacinas nos primeiros meses de vida e pode ser feita no berçário, assim que a criança nasce. E a resposta das crianças contra a hepatite B é de 100%, e, com a criança se mantendo saudável depois, essa proteção é para a vida toda.”

DESDE O NASCIMENTO

A hepatite B é frequentemente lembrada como infecção sexualmente transmissível (IST), mas a vacinação contra a doença após o parto é considerada fundamental para garantir que não haja transmissão do vírus da mãe para o bebê, o que é chamado na medicina de transmissão vertical.

Integrante do calendário do adulto e da gestante, a vacina contra a hepatite B deve ser administrada também nos bebês logo após o nascimento. O Programa Nacional de Imunizações, que completa 50 anos em 2023, recomenda que os recém-nascidos recebam essa vacina nas primeiras 24 horas de vida, e, preferencialmente, nas primeiras 12 horas, ainda na maternidade.

O pediatra Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explica que essa agilidade garante que o bebê não seja contaminado pelo vírus da hepatite B, caso sua mãe viva com a infecção.

“Ao vacinar logo ao nascer, a gente elimina essa possibilidade, e, consequentemente, a de termos no futuro portadores crônicos deste vírus. Essa é a razão de se vacinar ao nascer”, explica Renato Kfouri.

Ele acrescenta que impedir a formação de um quadro crônico é também contribuir para o bloqueio do vírus.

O calendário vacinal da criança prevê que a proteção contra a hepatite B também se dá por meio da vacina pentavalente, que deve ser aplicada aos 2 meses, aos 4 meses e aos 6 meses. Além dessa forma de hepatite, a vacina previne contra difteria, tétano, coqueluche, e Haemophilus influenzae B, causador de um tipo de meningite.

Já a partir dos 7 anos completos, quando não houver comprovação vacinal contra a hepatite B ou quando o esquema vacinal estiver incompleto, a recomendação é completar três doses com a vacina específica da hepatite B, com intervalo de 30 dias da primeira para a segunda dose, e de 6 meses entre a primeira e a terceira. Essa recomendação inclui adolescentes, adultos e, especialmente, gestantes.

EFEITOS E EVENTOS ADVERSOS

A Sociedade Brasileira de Imunizações informa que, em 3% a 29% dos vacinados, pode ocorrer dor no local da aplicação. Já endurecimento, inchaço e vermelhidão acometem de 0,2% a 17% das pessoas.

O pós-vacinação também pode ter febre bem tolerada e autolimitada nas primeiras 24 horas após a aplicação, para de 1% a 6% dos vacinados. Cansaço, tontura, dor de cabeça, irritabilidade e desconforto gastrintestinal são relatados por 1% a 20%.

Eventos adversos mais graves que isso são considerados raros ou muito raros. Púrpura trombocitopênica idiopática foi registrada em menos de 0,01% dos vacinados, de modo que não foi possível estabelecer se foi coincidência ou de se fato tinha relação com a vacinação.

A bula da vacina contra a hepatite B também prevê uma frequência muito rara de anafilaxia em adolescentes e adultos vacinados, na proporção de um caso a cada 600 mil. Essa ocorrência é ainda mais rara ainda em crianças.

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Vacinação contra pólio não será mais por meio da "gotinha" || Foto Marcelo Camargo/ABr
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Na América Latina, 14 países, pelo menos, já fizeram a mudança

Vinícius Lisboa || Agência Brasil

As gotinhas que entraram para a história da imunização ao eliminarem a poliomielite no Brasil ganharam uma previsão de aposentadoria, e a substituição da vacina oral contra a doença pela aplicação intramuscular significará uma proteção ainda maior para os brasileiros.

No último dia 7 de julho, o Ministério da Saúde anunciou que vai substituir gradualmente a vacina oral poliomielite (VOP) pela versão inativada (VIP) do imunizante a partir de 2024. A decisão foi recomendada pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI), que considerou as novas evidências científicas que indicam a maior segurança e eficácia da VIP.

Apesar da novidade, o Ministério da Saúde fez questão de destacar que o Zé Gotinha, símbolo histórico da importância da vacinação no Brasil, vai continuar na missão de sensibilizar as crianças, os pais e responsáveis, participando das ações de imunização e campanhas do governo.

A poliomielite é uma doença grave e mais conhecida como paralisia infantil, por deixar quadros permanentes de paralisia em pernas e braços, forçando parte dos que se recuperam a usar cadeiras de rodas e outros suportes para locomoção. A enfermidade também pode levar à morte por asfixia, com a paralisia dos músculos torácicos responsáveis pela respiração. Durante os períodos mais agudos em que a doença circulou, crianças e adultos com casos graves chegavam a ser internados nos chamados “pulmões de aço”, respiradores mecânicos da época, dos quais, muitas vezes, não podiam mais ser retirados.

A PARTIR DOS 2 MESES

A vacinação contra a poliomielite no Brasil é realizada atualmente com três doses da VIP, aos 2, 4 e 6 meses de idade, e duas doses de reforço da VOP, aos 15 meses e aos 4 anos de idade.

A partir do primeiro semestre de 2024, o governo federal começará a orientar uma mudança nesse esquema, que deixará de incluir duas doses de reforço da vacina oral, substituindo-as por apenas uma dose de reforço da vacina inativada, aos 15 meses de idade. O esquema completo contra a poliomielite passará, então, a incluir quatro doses, aos 2, 4, 6 e 15 meses de idade.

A facilidade de aplicação e o baixo custo contribuíram para que as gotinhas tivessem sido a ferramenta para o Brasil e outros países vencerem a poliomielite, explica a presidente da Comissão de Certificação da Erradicação da Pólio no Brasil, Luíza Helena Falleiros Arlant. A comissão é uma entidade que existe no Programa Nacional de Imunizações (PNI) junto à Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Em 2023, o programa completa 50 anos.

“Em 1988, havia mais de 350 mil casos de pólio no mundo. Crianças e adultos paralisados. Naquela época, o que era preciso fazer? Pegar uma vacina oral que pudesse vacinar milhões de pessoas em um prazo curto para acabar com aquele surto epidêmico. Eram muitos casos no mundo todo, uma tragédia”, contextualiza Luíza Helena.

CIÊNCIA EVOLUIU

O sucesso obtido com a vacina oral fez com que a pólio fosse eliminada da maior parte dos continentes, mas pesquisas mais recentes, realizadas a partir dos anos 2000, mostraram que a VOP era menos eficaz e segura que a vacina intramuscular. Em casos considerados extremamente raros, a vacina oral, que contém o poliovírus enfraquecido, pode levar a quadros de pólio vacinal, com sintomas semelhantes aos provocados pelo vírus selvagem.

“Crianças com desnutrição, com verminoses ou doenças intestinais podem ter interferências na resposta à vacina oral. Já a vacina inativada, não. Ela protege muito mais, sua resposta imunogênica é muito mais segura, eficaz e duradoura. Há uma série de vantagens sobre a vacina oral. Tudo isso não foi descoberto em uma semana, foram estudos publicados que se intensificaram a partir de 2000.”

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Dirigentes do Hospital e distrito sanitário durante assinatura de documento || Foto Maurício Maron
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O Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio (HMIJS) deve se tornar a primeira unidade médico-hospitalar da Bahia e a segunda do Brasil a ofertar atenção especializada para os povos originários. Nesta semana, foi assinado o Plano de Metas e Ações do programa (IAE-PI) pela diretora-geral do HMIJS, Domilene Borges, pelo coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena da Bahia (DSEI Bahia), Flávio de Jesus Dias; e pelo Presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena da Bahia (Condisi), Sérgio Utiarite Bute.

Agora o documento segue para análise final da Secretaria Estadual da Saúde e do Ministério da Saúde. De acordo com a instituição, a iniciativa visa avançar na qualificação da prestação do serviço aos Povos Originários da Bahia, respeitando contextos interculturais, cuidados tradicionais e a presença de atividades de educação permanente nas aldeias, dentre outros importantes eixos, conforme previsto em Portaria do Ministério da Saúde.

O IAE-PI também vai incrementar acessos a serviços de saúde de média e alta complexidade na rede SUS, garantindo a complementariedade da atenção.

CONFORTO E TRADIÇÃO

Segundo o documento assinado hoje, as diretrizes gerais que norteiam os objetivos vão desde a melhoria no acesso das populações indígenas ao serviço especializado; adequação da ambiência de acordo com as especificidades culturais; ajuste de dietas hospitalares considerando os hábitos alimentares de cada etnia; acolhimento e humanização das práticas e processos de trabalho dos profissionais em relação aos indígenas e demais usuários do SUS, considerando a vulnerabilidade sociocultural e epidemiológica de alguns grupos.

Estão previstos ainda o estabelecimento de fluxo de comunicação entre o serviço especializado e a Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena, por meio das Casas de Saúde Indígena (CASAI) e a qualificação dos profissionais que atuam nos estabelecimentos que prestam assistência aos povos indígenas quanto a temas como interculturalidade.

Tanto Sérgio Bute, que representa o controle social, quanto o cacique Flávio Dias, que é vereador licenciado no município de Euclides da Cunha e representa a gestão do DSEI, elogiaram a estrutura do hospital. Eles visitaram as instalações e asseguraram que o modelo a ser implantado em Ilhéus deve servir como referência e exemplo para todo o Brasil. “Vamos levar o que vocês estão propondo executar para debate em todo o Brasil. É um modelo inovador”, assegurou o cacique.

ATENÇÃO E CUIDADO

Nas últimas semanas a direção do HMIJS tem intensificado ações nas comunidades dos Povos Originários. Direção e técnicos já visitaram as aldeias Itapoã e Acuípe do Meio, dialogaram com os técnicos e enfermeiros do Distrito Sanitário Especial Indígena da Bahia e convidaram lideranças indígenas para uma visita-guiada ao hospital. Esta última ação deve ocorrer nos próximos dias.

O Brasil tem quase 1,7 milhão de indígenas, segundo os dados de 2022 divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Com 229.103, a Bahia conta com a segunda maior população indígena no país, o que representa 1,62% dos habitantes do estado. No ranking das 50 cidades do Brasil com maior comunidade do grupo étnico, a Bahia ainda conta com Porto Seguro, em 14°, e Ilhéus, 21°, com pouco mais de 12 mil pessoas que vivem tanto na zona urbana quanto na zona rural.

Os Tupinambá estão situados em uma área de 47 mil quilômetros quadrados entre os municípios de Ilhéus, Buerarema e Una, no Território Litoral Sul. São 23 aldeias tradicionais e, pelo menos, 90% desta área ficam localizados no município de Ilhéus. De uma população de 8 mil pessoas aldeiadas, aproximadamente 5 mil são mulheres.

Samuel, no colo da mamãe Analícia, com Domilene Borges, diretora do HMIJS || Foto Maurício Maron
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Menos de dois anos após inaugurado, o Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio (HMIJS), em Ilhéus, alcançou a marca de 5 mil partos realizados, na noite desta terça-feira (8). Bebê de número 5 mil da maternidade, Samuel nasceu às 21h36min, de parto natural. E veio ao mundo com 51,5 centímentros e 3 quilos e 530 gramas.

O recém-nascido é o primeiro filho da dona de casa Analícia Campos, de 21 anos, e do ajudante de pedreiro Isaac dos Santos. O casal mora na zona rural, no limite entre os municípios de Ilhéus e Uruçuca, no Sargi.

Ao sentir as contrações, a família de Analícia acionou o Samu. Ela elogia a forma acolhedora com que foi recebida pela equipe do Hospital Materno-Infantil. “Não foi só quando cheguei, mas todo o atendimento feito”, assegura. “Foi uma sensação diferente”, reforça a mãe de Analícia, dona Eulice. A filha dela nasceu em casa e com um ano de vida foi diagnosticada como sendo uma PCD (Pessoa com Deficiência) física.

“Ter Samuel era um sonho. Estou muito feliz com tudo”, resumiu Analícia. Hoje, logo cedo, Samuel e Analícia receberam uma lembrança de boas-vindas da direção do HMIJS, em nome do estado da Bahia, Sesab e Fesf, entidade gestora do hospital em parceria com a Secretaria estadual da Saúde desde a sua inauguração.

Samuel ocupa o alojamento conjunto 13. Colaboradores programam para ainda hoje uma comemoração na porta da unidade para marcar o feito. A diretora-geral do HMIJS, Domilene Borges, afirmou que este número expressivo é fruto da dedicação da equipe, que desde a fundação do hospital tem por missão dar o melhor tratamento nesse momento tão importante na vida da mãe e do pai”.

Primeira maternidade 100 por cento SUS da região, o HMIJS já é uma referência no atendimento a obstetrícia e pediatria. O hospital tem 105 leitos de internação, sendo 10 de Terapia Intensiva Neonatal (UTI Neo) e 25 de semi-intensiva; capacidade para atender urgências e emergências de toda a região; além de cinco leitos no Centro de Parto Normal Intra-hospitalar. Projetado para atender a oito municípios da região de Ilhéus e mais 12 da região de Valença, o Materno-Infantil fechou ao ano de 2022 com atendimento a 110 municípios, sendo 90 da Bahia e 20 de outras regiões do País.

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Lino Sieiro, coordenador-geral dos cursos de Medicina da Unex
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Dos dias 31 de julho a 3 de agosto, o curso de Medicina da Unex promoveu a Semana Pedagógica 2023.2 com atividades nos três turnos. A programação ocorreu conjuntamente com a unidade de Medicina de Feira de Santana nas modalidades online e presencial nos dois últimos.

Na noite de quarta-feira (2), os docentes foram recepcionados pelo coordenador do curso, Eric Ettinger Júnior, e participaram de palestra com o tema O manejo na sala de aula com o aluno do século XXI, que teve como conferencista a psicóloga Cira Vieira, do Núcleo de Assistência Psicopedagógica (NAP) da Unex Itabuna.

Houve, ainda, palestra com o coordenador de Laboratórios e Inovações Tecnológicas, Tiago Veltri, sob a temática A nova formação do médico generalista: a importância da interação dos ciclos básico e clínico, no campus de Medicina. Na quinta-feira (03), ele ministrou oficina com os professores do Eixo Básico.

Cira Vieira aborda manejo na sala de aula com o aluno do século XXI

NOVOS DOCENTES

Ainda na quinta-feira, último dia de atividades, a programação da Semana Pedagógica seguiu com a participação do coordenador-geral de Medicina da Rede Unex, Lino Sieiro Netto, que conduziu a reunião de colegiado do curso nota máxima concedida pelo MEC. Na atividade, foram recepcionados dois novos professores, os médicos Maria Carolina de Carvalho e Júlio Cezar Diaz, que passam a integrar a equipe de docentes do curso de Medicina da Unex Itabuna.

A programação, enfatiza o médico Eric Ettinger Júnior, é importante momento de atualização para os professores do colegiado, no qual foram revisitados os planos de ensino das matérias que serão cursadas e direcionadas aos alunos de 1º e 2º semestre. “Capacitamos nossos professores para tirar dúvidas, além da incorporação de novas tecnologias nas matérias e alinhamento do conteúdo que será passado aos estudantes”, explicou.

Brasil registra alta em número de infartos || Imagem Artmed
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Dados do Sistema Único de Saúde (SUS) mostram aumento de 25% no total de internações por infarto no Brasil, nos últimos seis anos. Passando de 81.505 casos, em 2016; para mais de 100 mil, em 2022. Para discutir possibilidades para reverter esse cenário, especialistas participam nesta semana, aqui no Rio de Janeiro, do Encontro Internacional de Cardiologia Intervencionista, maior evento na América Latina dedicado ao tema.

Para o cardiologista Roberto Botelho, diretor de comunicação da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, a saúde do coração é um dos maiores desafios na área da saúde.

“Há um estudo feito em 60 países que mostrou que quanto menor a renda per capita e o nível educacional de uma população, pior os indicadores da saúde cardiovascular, maior a mortalidade por infarto, maior a hipertensão, maior epidemia. Por isso por isso fica quase que automático a gente supor – e dados mostraram isso – que a saúde cardiovascular do brasileiro vai mal e vem piorando.

PREVENÇÃO E TRATAMENTO

O especialista avalia que é urgente investir em recursos tecnológicos como forma de prevenção e tratamento. E ressalta a importância de um olhar mais atento para os efeitos das doenças cardiovasculares. “Não só pelo gasto de saúde direta, consumo com remédio, UTI, como pelo pelo gasto com medicamentos, mas como o gasto das economia, por causa do custo secundário. A pessoa que tem a doença trabalha menos, produz menos. O impacto de um PIB no país é bastante afetado

A boa notícia, de acordo com Roberto Botelho, é que 85 por cento dos riscos que levam a doenças cardiovasculares podem ser evitados com hábitos saudáveis.

“Só 15% que a gente não consegue modificar. Você consegue modificar o fato de ter na família uma genética de doença cardiovascular. Então qual é a melhor prática? Aí vem uma notícia muito boa: se você pratica exercícios, toma cuidado com seu intestino e procura uma comida mais saudável, se aplica  técnicas para diminuir o estresse, isso são medidas baratas que dependem muito mais da vontade de disponibilizar um tempo para aquilo e priorizar.. Com isso, a gente consegue uma transformação muito impactante na saúde populacional e individual.”

O Sistema Único de Saúde oferece atendimento gratuito para a prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças cardiovasculares, em Unidades Básicas de Saúde. De acordo com o Ministério da Saúde, em caso de necessidade, o paciente é encaminhado para a Atenção Especializada, onde terá toda assistência para o acompanhamento com especialista, exames, tratamento e os procedimentos necessários, ambulatoriais ou cirúrgicos.

Formada na UFRJ, a psicóloga Laura Fernandes faz residência externa em Ilhéus
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A psicóloga Laura Fernandes, formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, dedica a sua residência, espécie de pós-graduação em serviço, à saúde mental. Durante dois anos, ela vai circular pela rede de atenção psicossocial do Rio de Janeiro e conhecer a sua realidade. No entanto, além dos serviços obrigatórios, a residência lhe permite um estágio externo. É nesse contexto que Laura entra para a história do Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus, tornando-se a primeira residente da unidade.

Na graduação, Laura teve grande interesse na saúde materno-infantil. “Todo o processo de gestar, de se tornar mãe, puerpério, saúde mental, sempre interessaram”, explica. Mas ela também trazia uma outra vontade aliada a este interesse: conhecer essa mesma realidade em uma população de mulheres nas aldeias e ver de perto as suas principais dificuldades. Foi pesquisando na internet que ela encontrou reportagens sobre o hospital e passou a conhecer detalhadamente a proposta do HMIJS de ser, em breve, a primeira maternidade da Bahia a executar um programa de incentivo da atenção especializada para os povos originários do estado.

A ideia consiste em qualificar a prestação do serviço, respeitando contextos interculturais, cuidados tradicionais e a presença de atividades de educação permanente nas aldeias, conforme previsto em Portaria do Ministério da Saúde. “Fiquei encantada com isso. Muita coisa me chamou a atenção”, assegura a residente.

ESFORÇO

Laura decidiu então manter contato com o hospital, considerando, inclusive, o aspecto de ser a única maternidade 100 por cento SUS do sul da Bahia. Para a diretora Domilene Borges ela explicou qual era a proposta do seu trabalho. No entanto, para ser acolhida pelo hospital era preciso vencer mais uma condição burocrática: ter a aprovação da Escola de Saúde Pública da Bahia, por onde passa a formalização dos estágios nas unidades hospitalares públicas do estado. Ela conseguiu.

Laura permanecerá no HMIJS nas próximas três semanas. Além de atuar no hospital ela irá acompanhar ações implantadas pela direção, a exemplo da roda de conversa em bairros da cidade, o apoio psicológico aos casos de violência contra a mulher, contribuir dando suporte psicológico às mães que amamentam como reforço à campanha do Agosto Dourado e ajudar no desenvolvimento da proposta de implantação de serviços para a comunidade trans. Laura ainda vai visitar, junto com a direção do hospital, aldeias da etnia Tupinambá.

Domilene Borges (de rosa) e equipe acolhem a primeira residente do Hospital

“Vim com a ideia de pensar como é esta articulação da rede. Em apenas um dia já vi que é muita informação. São muitas propostas que vocês estão apresentando. Mas o que mais me chamou a atenção é esse pensamento territorial que a direção traz. Penso que isso é um diferencial e inovador”, afirmou. A ideia de sua participação, segundo Laura, é de conversar e entender o que a população está precisando, o que pode melhorar no serviço. O fato de ser a primeira residente a atuar na unidade é destacado pela profissional. “Feliz de que este momento esteja acontecendo comigo e quando for retornar para o Rio de Janeiro vou poder apresentar o resultado disso tudo. Espero que outros (profissionais) também possam passar por esta experiência”, comentou.

PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO

No perfil de hospital-escola, o HMIJS já trabalha com o internato de 49 estudantes de medicina (Uesc, UFSB e Fasa) e com estágio para os cursos de Enfermagem e Técnico de Enfermagem (Centro Estadual de Biotecnologia e Saúde). “Essa articulação da assistência com a educação é fundamental, é uma troca rica devolvendo para a sociedade o que ela paga de imposto”, resume a primeira residente do Materno-Infantil.