O cacauicultor e fabricante de chocolate Gerson Marques afirmou, em vídeo publicado nesta sexta-feira (24), que prédios históricos e espaços culturais de Ilhéus foram abandonados pela gestão do prefeito Mário Alexandre, Marão (PSD). Ele entrou no assunto ao se posicionar contra a entrega do prédio do antigo General Osório para a Polícia Militar.
– Eu fui um dos apoiadores do prefeito em sua primeira eleição [em 2016] e acreditava que as propostas dele contemplariam a recuperação do patrimônio histórico. Espero que o prefeito tenha um pouco mais de responsabilidade com o patrimônio histórico da cidade. O prefeito tem se caracterizado por um profundo desprezo à cultura. Os prédios históricos e espaços culturais da cidade estão todos abandonados – disparou.
Na declaração, também lembrou que apoiou o mandatário nas eleições de 2016, depois da qual viria a ocupar cargo de confiança no primeiro Governo Marão.
Para Gerson, o ex-aliado deu as costas ao rico patrimônio histórico de Ilhéus e citou como exemplos a Casa de Jorge Amado, a Concha Acústica, o General Osório e o Teatro Municipal.
“É de uma irresponsabilidade, de uma indelicadeza, de uma falta de sensibilidade com a cultura, com as artes, com um dos principais elementos da nossa vida, da vida social dessa cidade. Essa é a cidade de um dos maiores escritores do Brasil. Então, ter responsabilidade com a arte e com a cultura, aqui, é mais do que obrigação”, emendou, fazendo referência a Jorge Amado (1912-2001). Confira.
O QUE DIZ A PREFEITURA DE ILHÉUS
O PIMENTA entrou em contato com o secretário de Cultura de Ilhéus, Geraldo Magela, para obter posicionamento do Governo sobre as afirmações de Gerson Marques. Quando falou com a reportagem, Magela já havia assistido ao vídeo acima e se pôs a contestá-lo.
Conforme o secretário, Gerson omite a responsabilidade de gestões anteriores no que diz respeito à conservação do patrimônio público. “Ele não falou o que foi feito nos governos passados, que só pitaram [os prédios históricos]”.
Além disso, acrescentou Magela, o Governo Marão reformou o Teatro Municipal, a Casa de Jorge Amado, as esculturas do Cristo e da poetiza Sapho e o Obelisco ao Dois de Julho. Segundo o secretário, alguns equipamentos do Teatro não eram substituídos há mais de 30 anos. No entanto, sua reabertura ainda depende de testes do novo ar condicionado. A previsão é de que seja reaberto em março.
Já a Biblioteca Adonias Filho, ainda conhecida pelo nome do antigo Grupo Escolar General Osório, não será “militarizado” – expressão do secretário. Ele explicou que a Polícia Militar propôs que parte do prédio seja utilizada pela 68ª CIPM, responsável pelo policiamento do Centro. Contudo, disse que não há nada decidido sobre a proposta, que foi submetida ao Conselho de Cultura. O colegiado será consultado, mas não tem poder de veto.
Caso a PM venha a utilizar o prédio, assegura Magela, isso não inviabilizará a realização de atividades culturais naquele espaço, que também passaria a receber ações sociais da corporação. Outro destino possível para o patrimônio será transformá-lo em uma unidade da Escola Olodum, como as de Salvador. O próprio secretário considera essa segundo possibilidade remota, e a Secult oferecerá espaços alternativos ao grupo.
Ainda sobre o General Osório, Magela disse que o município não tem condições de arcar com uma reforma estruturante, orçada na casa dos milhões. O mesmo vale para o Palácio Paranaguá, antiga sede da Prefeitura. Nos dois casos, argumenta o secretário, Ilhéus precisa da ajuda dos governos Federal e do Estado.