O médico ilheense Ruy Carvalho compareceu ao Hospital Geral Luiz Viana Filho, no último sábado (29), numa solenidade de inauguração de novos equipamentos. Publicamente, recebeu um afago do governador Jaques Wagner. “Ruy, sei que você está no PV, mas nós aqui não somos restritivos”.
O médico estava ao lado do Galego. E sorriu com o gracejo. Carvalho concedeu uma rápida entrevista. E não economizou críticas à área política de Wagner. Nem ao próprio. Nem à direção nacional do seu atual partido. “O PV é igual biruta de aeroporto. Não tem identidade política”.
As desilusões com o PT e, agora, com o PV, fizeram com que ele repensasse o desejo de, novamente, disputar uma vaga à Assembleia Legislativa. Sobre o seu destino no PV, diz apenas que sua decisão não passa desse mês. Acompanhe a entrevista.
O sr. continua no PV, sai candidato a deputado?
Olha, eu vi o PT se desvirtuando. Então, fomos para o PV, porque imaginávamos que havia compromisso com o ser humano, com as suas conseqüências. Eu disse “vou pro PV porque a gente tem condições de estar mais perto dos cidadãos”.
Decepcionou-se?
No PV, não há confronto de ideias, diálogo, negociação. Ou você reza na cartilha de quem tem a caneta na mão ou você fica no escanteio.
E tem que rezar na cartilha de quem?
Quem tem a caneta na mão são os presidentes nacional [França Penna], estadual [Ivanilson Gomes] e municipal[Robson Melo]. E o diálogo é daquele jeito… Então, se eles acham que tem de fazer aliança com Paulo Maluf, com o DEM, fazem. Eu acho que não é assim.
Quando o sr. chegou ao PV, logo defendeu que o partido apoiasse a reeleição de Wagner. Aquilo não desgastou a relação, criou esse atrito?
Quando eu conversei com Juliano [Matos, ex-secretário estadual de Meio Ambiente]… Olha, eu discordo, inclusive, da condução política do governador [Jaques Wagner]. Em dois anos e meio no PT, ele nunca nos prestigiou para nada. Nunca fui chamado para nada. Ele nunca me chamou para uma discussão sobre a região. Então, quando eu conversei com Juliano, eu perguntei se o PV iria apoiar a direitona. Por que, dos três, o menos ruim seria o Wagner. Continua sendo.
E Juliano?
Ele me assegurou que não. Agora, eu acompanho um bom grupo. Juliano, Beth Wagner, Juca Ferreira, professor Jorge Portugal, Ari da Mata, essa turma histórica. Só que a caneta do PV não está com eles. Nós fomos batidos, enxovalhados. Por exemplo: Beth tá se lançando candidata ao Senado e eles dizendo que não. Já tem acordo do PV para apoiar o PMDB no segundo turno.
Se não for o PMDB, o PV apoiará o DEM, mas não apoia o PT.
E o senhor acredita que o PMDB vai para o segundo turno?
Se não for o PMDB, o PV apoiará o DEM, mas não apoia o PT. É isso: não apoia. O PV é igual biruta de aeroporto. Não tem identidade política. Eu achei que podia contribuir para dar identidade política, mas não aconteceu. O que é que eu posso fazer?
E o senhor, como fica?
Até junho [a entrevista foi concedida no sábado, 28], eu decido.