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A candidatura do prefeito de Itajuípe, Marcone Amaral, em chapa única, aponta uma melhoria no nível de compreensão do valor regional por parte dos prefeitos e prefeitas e traz esperança de superarmos as ilhas de poder que constituíram o nosso modelo de atuação política ao longo dos anos.

Rosivaldo Pinheiro

O Litoral Sul da Bahia vem, sistematicamente, sofrendo as consequências da falta de uma ação política coletiva. Essa tática de ação conjunta possibilitaria melhor dinâmica socioeconômica das cidades e regiões, sendo, portanto instrumento decisivo para o processo da construção de saídas aos problemas apresentados.

A região detém grande importância para a economia baiana. Historicamente, temos no cacau a nossa principal identidade. O produto já ditou o nosso modelo econômico e ainda é uma marca forte, geradora de riqueza. Mas, hoje, esse modelo não é mais essencialmente tocado por ele. Nosso perfil econômico encontrou outros nichos: turismo, comércio e serviços se integraram ao nosso portfólio, melhorando o nosso desempenho.

Se ao longo do tempo tivéssemos voz uníssona para cobrar do governo federal, a nossa região seria melhor escutada e as nossas múltiplas pautas ganhariam força, ajudando a destravar importantes ações, como os macro vetores de desenvolvimento, que já estariam em outras fases de implantação. O Porto Sul, a Ferrovia Oeste-Leste, a duplicação da BR-415 e o novo aeroporto possivelmente já seriam realidades.

Destaque-se que, nos últimos anos, a região ganhou uma maior atenção do governo do estado. Prova disso é que importantes obras foram realizadas e entregues nesse período. Essa atenção é oriunda do arco de alianças que chegou ao poder na Bahia a partir do governo de coalisão, tendo em Rui Costa, Jaques Wagner, Otto Alencar e João Leão seus principais expoentes, privilegiando, inclusive, a nossa região com a liderança do governo na Assembleia Legislativa da Bahia, representada pelo deputado Rosemberg Pinto, natural do Médio Sudoeste e que se transformou no principal interlocutor político da região cacaueira.

Nesta sexta-feira teremos a eleição da Amurc (Associação dos Municípios da Região Cacaueira da Bahia), que integra três territórios: Litoral Sul, Extremo Sul e Médio Sudoeste. A candidatura do prefeito de Itajuípe, Marcone Amaral, em chapa única, aponta uma melhoria no nível de compreensão do valor regional por parte dos prefeitos e prefeitas e traz a esperança de superarmos as ilhas de poder que constituíram o nosso modelo de atuação política ao longo dos anos. É preciso compreender que a luta municipalista e a configuração do valor dos territórios são componentes de grande impacto que impõem respeito aos governos centrais.

A frente ampla, pluripartidária, demonstra ser o caminho mais seguro para garantir uma luta política mais coesa e, por consequência, vitoriosa, em favor das providências necessárias para a superação dos nossos principais problemas. Estar alicerçada por uma instituição como a Amurc é também sinal de um novo momento da política regional, que é reflexo da chegada ao poder de novos nomes, e esse é um combustível que alimenta a nossa esperança.

Rosivaldo Pinheiro é economista e especialista em Planejamento de Cidades (Uesc)

Vítima de AVC, Luis Roberto completaria 80 anos na próxima quinta-feira (4)
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O ex-jogador de futebol Luis Roberto de Oliveira, conhecido como “Boca”, faleceu ontem (27), em Ilhéus, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC). Ele jogou profissionalmente nas décadas de 1950 e 1960. Atuou no Fluminense (RJ) e Colo-Colo de Ilhéus, entre outros clubes.

Em fevereiro de 1966, quando jogava na ponta esquerda do Grêmio de Maringá, fez um gol em Lev Yashin, goleiro lendário da antiga União Soviética, que visitou o time paranaense para jogo amistoso. Nessa quinta-feira (28), o ex-vice-prefeito José Nazal (REDE) publicou relato sobre uma cena protagonizada por Boca, que completaria 80 anos no próximo dia 4. Leia.

 

Lá “pras folhas tantas”, começaram a cantar um sambinha animado e, entusiasmado, eis que se alevanta Dêlibri, iniciando um samba no pé ao lado da mesa de pista onde estava. Queria apenas curtir, dançar como ele gostava.

José Nazal || nazalsoub@gmail.com

Triste com a notícia do passamento de Luis Roberto de Oliveira, Boquinha, Boca Boca, Dêlibri – dentre tantas maneiras como era conhecido. Eu me lembrei de um famoso episódio ocorrido em uma festa no Clube Social de Ilhéus. Quem estava presente deve recordar; quem não estava, passa a saber o que ocorreu.

Final dos anos 70, a dupla Antonio Carlos e Jocafi fazia enorme sucesso nas paradas musicais, com agenda concorrida para apresentação em shows por todo o Brasil, inclusive aqui em Ilhéus, terra já famosa e conhecida como a “terra do cacau”, onde havia riqueza e fartura.

Numa festa no Clube Social de Ilhéus, a dupla veio se apresentar. O salão cheio, as mesas todas vendidas para a festa dançante, com uma orquestra de baile. No meio da noite, a apresentação da famosa dupla.

Quando o relógio bateu 1 hora da manhã, a orquestra parou e foi anunciado o show, com todos os presentes sentados para assistir. Com banda própria, os dois cantores foram alegrando os presentes com seus hits mais famosos. Lá “pras folhas tantas”, começaram a cantar um sambinha animado e, entusiasmado, eis que se alevanta Dêlibri, iniciando um samba no pé ao lado da mesa de pista onde estava. Queria apenas curtir, dançar como ele gostava.

Percebendo que os olhares dos presentes estavam mais voltados para a mesa de Boca Boca do que para o palco, Jocafi, incomodado com o fato (mesmo tentando não demonstrar), parou o show e disse educadamente: “peço ao batera para ir aumentando o ritmo, para o amigo fazer o show dele e depois continuamos o nosso”. O baterista foi aumentando o ritmo e então Boca foi no embalo, gesticulando com as mãos, pedindo mais (imaginem a cena porque com palavras não consigo descrever a velocidade). Ao ver que o baterista não conseguia derrubar Boquinha, Jocafi se rendeu e disse: “companheiro, se quiser, suba para dançar no palco ou então dance aí mesmo. Você é fera no samba no pé”.

Muita gente ainda deve se lembrar dessa maravilhosa cena no Clube Social.

Essa é minha singela e sincera homenagem ao amigo Luis Roberto. Afirmo, sem a habitual complacência post mortem: das pessoas que conheci, ele foi uma daquelas que mais viveram e encararam a vida, em seus altos e baixos, com simplicidade, resiliência e alegria de viver.

José Nazal é fotógrafo, memorialista e autor do livro Minha Ilhéus (Via Litterarum); foi vice-prefeito de Ilhéus entre 2017 e 2020.

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Com os rumores de impeachment e a queda da sua popularidade nas pesquisas de opinião, o presidente atenuou o discurso. Em mensagem publicada no Twitter, fez as vezes de estadista e informou que a China está prestes a enviar os insumos da CoronaVac ao Brasil. “Agradeço a sensibilidade do Governo chinês”, escreveu um Bolsonaro afável.

Thiago Dias || diasalvest@gmail.com

Em setembro de 2018, a jornalista Malu Gaspar, da revista Piauí, publicou reportagem sobre o economista Paulo Guedes, atual ministro da Economia. A menos de um mês das eleições, o “Posto Ipiranga” era o fiador de Jair Bolsonaro junto ao mercado financeiro.

Naquela altura, acenando para “a elite brasileira”, Guedes  enfatizou a viabilidade eleitoral de Bolsonaro. De quebra, xingou o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), além dos ex-presidentes Michel Temer e José Sarney. “Quer dizer: todo mundo aí trabalhou para o Aécio, ladrão, maconheiro. Trabalhou para o Temer, ladrão. Trabalhou pro Sarney, ladrão e mau-caráter que aparelhou o Brasil inteiro. Aí chega um sujeito completamente tosco, bruto e consegue voto como o Lula conseguiu”.

Em seguida, tratou o estilo verborrágico do candidato como problema menor. Na opinião dele, ao invés de impor obstáculos contra Jair por causa da sua língua solta, a elite econômica deveria amansá-lo. Aproveitando a deixa, a repórter perguntou se isso era possível. “Acho que sim, já é outro animal”, respondeu o economista.

Diferente do que previa Guedes, no comando do país, Bolsonaro não amansou a retórica beligerante. Enquanto era possível, esticou as cordas contra o Judiciário e o Legislativo. Nas relações internacionais, em atitude de subserviência ao ex-presidente dos EUA, Donald Trump, zombou da China, principal destino das exportações brasileiras. Na pandemia, menosprezou a importância das vacinas contra a Covid-19, o que inviabiliza o acesso rápido do Brasil ao volume necessário de doses para imunizar sua população.

Nesta semana, com o crescimento dos rumores sobre a possibilidade de impeachment e a queda da sua popularidade nas pesquisas de opinião, o presidente atenuou o discurso.

Ontem, em mensagem publicada no Twitter, fez as vezes de estadista e informou que a China está prestes a enviar os insumos da CoronaVac ao Brasil. “Agradeço a sensibilidade do Governo chinês”, escreveu um Bolsonaro afável.

Até parece “outro animal”.

Thiago Dias é repórter do PIMENTA.

Este comentário não reflete, necessariamente, a opinião do blog.
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Temos um clima e terras férteis favoráveis a diversas culturas. Temos a tecnologia da Ceplac, da Uesc e outros órgãos governamentais. Mas nos falta, sobretudo, vontade política de todos os demais envolvidos para conduzir este processo de desenvolvimento regional.

 

Mark Wilson

Estamos numa crise econômica agora também agravada pela pandemia. Porém, muitas crises econômicas mundo afora acabaram com planejamentos estratégicos, com pesados investimentos governamentais, como foi o caso do “New Deal” (Novo Acordo) no pós guerra. Itabuna e região têm este dever de não deixar ser diferente.

Temos pujança no comércio, turismo e em serviços, mas esta mesma renda se esvai no consumo de muitos itens básicos da população (como hortifrutigranjeiros, alimentos industrializados, etc.) produzidos em outras regiões. O que deve ser objeto de maior atenção para que possamos produzir mais do que consumimos. É como fazer uma análise da balança comercial municipal ou regional em um modelo importação x exportação.

Riqueza é gerada com excesso de produção, seja agregando valor no beneficiamento para comercialização, seja com poupança. Praticamente tudo que consumimos vem de fora. E o pouco que produzimos em sua maioria é beneficiado em outras regiões, o que nos faz perder a grande oportunidade de agregar valor aos nossos produtos e gerar esta riqueza que tanto necessitamos.

Há muitas vertentes ou segmentos econômicos a se trabalhar visando o desenvolvimento econômico social do município e região, mas vamos citar como exemplo o segmento da agricultura familiar, que pode ser uma base norteadora para repensar os demais setores econômicos tendo como parâmetro esta simplória e modesta análise empírica.

Itabuna possui uma população com mais de 213 mil habitantes consumindo diariamente dezenas de toneladas somente com hortaliças, legumes, verduras e frutas a um preço já adicionados fretes, impostos, mão-de-obra, lucros e outros, que são pagos diretamente aos municípios produtores, e que pouco nos contribuem financeiramente nesta cadeia produtiva, uma vez que produzimos menos de 8% destes alimentos que comemos. Vamos tentar imaginar quantas toneladas por semana, por mês, por ano, que compramos de fora, uma vez que poderíamos comprar aqui mesmo.

Uma conta simples é a gente ver o custo por quilo no prato de nosso almoço diário o que poderíamos produzir aqui no município e multiplicarmos por cada habitante. É um dinheiro gasto que deixamos de gerar emprego, renda e divisas para nossa cidade e região, além de que o preço unitário na mesa de cada cidadão sairia bem mais barato.

A mudança para este tipo de política governamental passa pela mudança de mentalidade para o também produzir, para o também beneficiar, além do somente comercializar. Temos que mudar urgentemente este paradigma. No sul do país há uma grande qualidade de vida para todos pois praticamente não existem municípios pobres. Acredito que um dos fatores é o espírito de organização cooperativista para a agricultura familiar que supre aquelas populações, além de gerar renda e receitas fiscais.

Temos um clima e terras férteis favoráveis a diversas culturas. Temos a tecnologia da Ceplac, da Uesc e outros órgãos governamentais. Mas nos falta, sobretudo, vontade política de todos os demais envolvidos para conduzir este processo de desenvolvimento regional.

Mark Wilson é graduado em Administração, com especializações em Administração Pública & Gerência de Cidades; Elaboração & Gestão de Projetos Sociais e em Gestão Pública Municipal.

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Diante da dificuldade de muitos para lidar com a frustração e a relação direta desse sentimento com a ansiedade no Enem, listamos algumas sugestões que podem ser úteis nesses momentos. Confira:

Carolina Loureiro

A terapia ajuda a ter equilíbrio emocional, trabalhar a autoestima e evitar que o estresse e a ansiedade prejudiquem o desempenho nos estudos. A psicoterapia pode amenizar a pressão para que a vivência do vestibular não seja traumática, pois, por meio do autoconhecimento, o estudante desenvolve habilidades que podem auxiliá-lo no manejo dos seus próprios conflitos.

Devido à pressão psicológica causada pelos impactos da pandemia de Covid-19 em diferentes aspectos da vida da população, o Ministério da Saúde realizou uma pesquisa sobre a saúde mental do brasileiro. Os resultados apontaram a ansiedade como o transtorno mais presente durante os cenários de crise. Na preparação para o ENEM, a situação é bem semelhante.

Geralmente, esses quadros surgem em situações novas e em eventos que geram muita expectativa. Principalmente para os mais jovens, o momento do vestibular chega carregado de incertezas. Por ser uma fase de mudanças significativas, comumente surgem dúvidas, medo e insegurança, que levam à frustração, depressão e ansiedade.

Porém, até mesmo os estudantes bem preparados podem ser dominados pela ansiedade de não passar. Além do peso da responsabilidade de encarar um processo seletivo concorrido, a competição com amigos e colegas — e a expectativa dos pais e professores — também contribuem para elevar os quadros de instabilidade psicológica.

Sentir essa pressão faz parte do processo, pois os estudantes estão preocupados com a resposta que darão aos familiares e à sociedade. Assim, é preciso buscar alternativas que fortaleçam a saúde emocional deles. Nesse momento, é importante fazê-los perceber que não estão sozinhos e que, caso não alcancem o resultado esperado, novas oportunidades virão.

Devido ao grau de complexidade das provas, o estudante se torna apreensivo em relação à concorrência, sobretudo, em cursos que exigem pontuação alta e universidades públicas mais conceituadas. Todavia, ter certa preocupação com o exame é normal, mas não se pode permitir que a autocobrança provoque crises de ansiedade que levem aos desequilíbrios emocionais.

Quando isso acontece, o candidato não consegue a concentração necessária para se manter focado nas disciplinas mais difíceis e a rotina fica comprometida. Por conseguinte, isso pode atrapalhar gradativamente o rendimento dele ao longo do processo e comprometer a performance no dia da prova.

Para controlar essa situação e evitar problemas assim ao longo da trajetória de preparação para o ENEM, o ideal é conversar com os pais sobre as eventuais dificuldades e sentimentos gerados pela autocobrança. Igualmente relevante é ter a consciência de que é preciso respeitar as limitações e projetar expectativas mais realistas quanto à aprovação.

A organização dos estudos e o planejamento são fundamentais para atingir o sucesso da preparação para o ENEM. Os estudantes devem elaborar um cronograma de acordo com o grau de dificuldade de cada disciplina e o tempo disponível para os estudos. Manter a organização ajuda a evitar o esgotamento mental e os riscos que ele representa para a saúde integral.

Porém, quando essa situação sai do controle, alguns sinais que indicam a necessidade de buscar ajuda profissional se tornam mais evidentes. Nessas circunstâncias, o cansaço mental e o desânimo não devem ser vistos como sinônimos de fracasso, mas como indicativos de que pode ser necessário ter mais organização e disciplina para não comprometer os resultados.

Confira, agora, como reconhecer as evidências de esgotamento mental

Apatia e irritabilidade;
Episódios de depressão;
Isolamento e fobia social;
Desinteresse pelos estudos;
Insônia ou excesso de sono;
Alergias e alterações na pele;
Mau funcionamento do intestino;
Queda drástica no desempenho escolar;
Medo de fazer provas e simulados do ENEM;
Falta de apetite, excessos na alimentação e compulsão por doces;
Crises de ansiedade, acompanhadas de falta de ar, tontura, taquicardia e dor de estômago.

O vestibular é um dos grandes fatores de desequilíbrio da saúde mental dos participantes. A avaliação psicológica foi centrada em ansiedade, depressão, estresse, comprometimentos das habilidades sociais e desesperança. (Clique em leia mais, abaixo e confira a íntegra do artigo.)

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Sabemos que os estudantes que forem aprovados nesse certame não estarão iniciando as aulas presenciais e até mesmo remotas nesse primeiro quadrimestre, logo, deveria o Ministério da Educação tê-lo adiado, deixando-o para ser realizado logo após a aplicação da vacina e a diminuição da curva pandêmica.

Rosivaldo Pinheiro

Estamos num país dividido. Todos os temas acabam sendo politizados sob o manto ideológico que logo despenca à intolerância. Nenhum tema, por mais ou menos relevante ou obviedade que tenha, escapa a essa contaminação, dificultando que a própria sociedade encontre uma saída para os nossos graves problemas. Questões ligadas à pandemia jamais deveriam fazer parte dessa conjuntura, mas acabaram sendo o terreno mais fértil para esse comportamento e manifestação dos grupos antagônicos.

Primeiro, foi incorporado como tábua de salvação para o enfrentamento da covid o uso da cloroquina, atualmente rejeitada e retirada dos debates dos grupos pró-governo federal. Mas o Brasil possui estoque para abastecer as cidades brasileiras por 100 anos, segundo levantamento do portal Metrópoles. Atualmente, ganharam notoriedade as discussões em torno da necessidade da vacinação em massa, tendo clara resistência por parte de alguns segmentos que se deixam pautar pela corrente negacionista, tendo no presidente da República seu principal difusor.

A vacina CoronaVac passou a ser descredenciada e uma rede de informações contrárias sistematicamente socializada, tudo em função da sua origem chinesa e por ser ela divulgada e defendida pelo governador de São Paulo, João Dória, hoje claro desafeto do presidente Bolsonaro, já que eram parceiros políticos unidos pelo ódio ao PT até o segundo turno das eleições o presidenciais em 2018.

Brasileiros e brasileiras que nunca buscaram saber as origens das nossas vacinas (BCG, Poliomielite, Varíola, Sarampo, Gripe etc) passaram a se apropriar do discurso contrário ao seu uso como se fossem verdadeiros infectologistas, estudiosos da sua eficácia e das relações internacionais que cercam a geopolítica.

Os resultados dos testes feitos pelos cientistas do Instituto Butantã foram desmerecidos, e a margem de segurança e eficácia, desconsiderada, por entenderem, os seus detratores, que se trata de um subproduto, colocando a vacina quase como um placebo. Vejam que esses mesmos negacionistas não se opunham ao uso da cloroquina, mesmo após os cientistas comprovarem a sua ineficácia para covid, ficando claro que a manifestação desses grupos visa apenas dar voz à tese patrocinada pelo presidente da República.

Diante de todo esse desencontro de informações, o país já registra mais de 204 mil mortes e uma calamidade humanitária em Manaus, mas nada disso parece ganhar um olhar de maior análise por parte dos seguidores do negacionismo. Neste domingo teremos o Enem, que só será realizado pela falta de sensibilidade do MEC diante desse momento de extrema vulnerabilidade por que passamos no aspecto epidemiológico e, por consequência, os desdobramentos psicológicos por que passam as famílias e parte dos estudantes que farão a prova nessa primeira etapa.

Sabemos que os estudantes que forem aprovados nesse certame não estarão iniciando as aulas presenciais e até mesmo remotas nesse primeiro quadrimestre, logo, deveria o Ministério da Educação tê-lo adiado, deixando-o para ser realizado logo após a aplicação da vacina e a diminuição da curva pandêmica. Resta agora às famílias e aos participantes buscarem cumprir os protocolos necessários e mitigar os riscos das exposições e aglomerações nos locais de prova.

Que a nossa sociedade saia desse divisionismo nocivo à vida e que possamos respirar – literalmente. Para isso, que cheguem as doses das vacinas e a civilidade.

Rosivaldo Pinheiro é economista e especialista em Planejamento de Cidades.

O professor e comunicador Odilon Pinto e dois de seus filhos
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Aos 72 anos, com a diabetes aperreando, morreu vítima de infarto, deixando um legado importante para a comunicação e a educação do Sul da Bahia. Mais um exemplo de vida que nos deixa fora do combinado.

 

Walmir Rosário || wallaw2008@outlook.com

Até parece que foi combinado: Na terça-feira (12) o jornalista Tyrone Perrucho nos deixa aqui neste mundo, e na quarta-feira (13), sem qualquer aviso-prévio, toma o mesmo caminho o radialista, jornalista e professor Odilon Pinto. Além da tristeza e saudade, passo a me considerar um estranho obituarista – função que existe numa redação – essencial para informar os que partem.

Mas como dizia Odilon Pinto: “Rosário, o jornalista é o grande secretário da sociedade, o encarregado de lavrar a ata dos feitos deste mundo, sejam eles bons ou ruins, não importam, têm que ser anotados”. Há alguns anos que não via e nem tinha notícia de Odilon, que há muito se transformou numa pessoa caseira, com o ofício de cuidar da diabetes que lhe acometia e da Língua Portuguesa.

Odilon Pinto era uma artista nato, um homem show, que dedilhava o violão, tocava “sanfona” ou outro tipo de instrumento, amparado por sua voz a cantar músicas de todos gêneros, como já fizera em bandas regionais. A partir dos anos 70, se dedicou às músicas para o homem do campo, como uma extensão do programa De Fazenda em Fazenda, produzido pela Divisão de Comunicação da Ceplac (Dicom).

Narrar, em poucas palavras, a que se prestava o De Fazenda em Fazenda é essencial para conhecermos mais Odilon e sua atuação para agregar todo o pacote tecnológico da Ceplac às fazendas de cacau, convencendo produtores e trabalhadores rurais. Era a comunicação de apoio dos extensionistas, com uma linguagem apropriada para que as práticas agrícolas fossem feitas em sua plenitude. Esse era o nosso mister.

E Odilon chegou à Ceplac com uma bagagem importante: saber se comunicar de forma simples, direta, de igual para igual com os homens que permaneciam no campo e aqueles que se mudaram para a cidade. Esse traquejo vinha da sua larga militância no PCdoB, o que lhe rendeu, além de um grande conhecimento sociológico e antropológico, alguns dissabores, a exemplo do convívio no xadrez por ordem das autoridades militares.

E a necessidade da Ceplac – ainda nos anos de chumbo – e o cabedal de conhecimento de Odilon casaram-se perfeitamente. Com o programa radiofônico em alta, foram aparecendo seus subprodutos, como o “Forró do Mata o Veio” e o programa radiofônico Namoro no Rádio, que encantava a todos. Lembro bem que recebíamos até 700 cartas por semana, correspondências estas enviadas das roças por pessoas pouco alfabetizadas.

E a finalização do De Fazenda em Fazenda era a apoteose com o quadro “Vida na Roça”, tirado das singelas cartas, com toda a verve de Odilon, fazendo com que muitos chorassem. Chegaram as mudanças políticas em nível nacional, eis que a nova direção da Ceplac resolve trocar a veiculação do programa, tirando-o da Rádio Jornal de Itabuna e levando-o para a Rádio Difusora de Itabuna.

Nadando contra a correnteza, Odilon se nega a apresentar o programa na nova emissora e cria o programa Na Fazenda do Odilon, continuando na Rádio Jornal, apesar da ameaça do desemprego. Enquanto isso, continua dando suas aulas de português em diversos colégios de Itabuna, na atual Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc). Odilon era diplomado em Letras e mestre e doutor em Literatura e Linguística.

Sem perder a simplicidade, continuou apresentando seu programa das 4 às 6h40min, dando aulas nos colégios e universidade, por muitas vezes fazendo esse périplo a pé e de ônibus, numa demonstração de como administrar seu tempo. Volta e meia a diabetes lhe consumia, e ele resolvia tocar o barco pra frente, com mais uma atividade, a exemplo de uma assessoria de comunicação e até ingressar na política.

Esse seu conceito e densidade eleitoral chega aos ouvidos do então candidato a governador Pedro Irujo, que o filia ao PRN e o faz candidato a deputado estadual, com a possibilidade de estar entre os mais votados, conforme as pesquisas. Como não poderia apresentar seus dois programas, substituo-o, mantendo o mesmo estilo, enquanto ele viajava dia e noite para manter o contato com os eleitores.

Disparado nas pesquisas, Odilon comete o pecado de não planejar a famosa boca de urna, e no dia da eleição sai de casa apenas para votar e aguardar a apuração. O resultado não poderia ser dos piores, todas as suas intenções de voto foram providencialmente trocadas nas entradas das cidades, comandadas pelos prefeitos e seus cabos eleitorais, com polpudas ofertas em dinheiro ou outros bens de consumo.

A fragorosa derrota não abalou Odilon, que continuou seu labor no rádio e nas salas de aula. Anos depois, retorna ao seu antigo partido, o PCdoB, porém não se aventura a outra candidatura. E assim esse piauiense tocava sua vida, sem reclamar da sorte, nem mesmo dos períodos em que passou fugitivo trabalhando na zona rural, ou na prisão, onde sofreu todos os tipos de tortura.

Assim como o colega Tyrone Perrucho, Odilon Pinto de Mesquita Filho era agnóstico, mas convivia com as crenças. Sonhava com o delta do Parnaíba, no qual passou parte de sua vida, que levava na esportiva. Numa das nossas muitas viagens, uma delas à Amazônia, não perdia a fleuma em nos acompanhar – a mim e ao fotógrafo Águido Ferreira – nas incursões aos bares e restaurantes, mesmo que tivesse de tomar duas doses de insulina.

Com o tempo, passou a apresentação do programa na Fazenda do Odilon para o filho Rivamar e se dedicou exclusivamente à educação, aos livros e aos artigos que escrevia para o Diário Bahia. Aos 72 anos, com a diabetes aperreando, morreu vítima de infarto, deixando um legado importante para a comunicação e a educação do Sul da Bahia. Mais um exemplo de vida que nos deixa fora do combinado.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado e mantém o blog walmirrosario.blogspot.com.br

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Os últimos acontecimentos revelam que nada será como antes no uso das mídias na política e quem quiser se eleger, terá que se adaptar.

Andreyver Lima || andreyver@gmail.com

Nesta semana o Whatsapp surpreendeu, quando fez um anúncio dando um prazo aos usuários para aceitar ou não os novos termos de privacidade. Ou seja, quem não aceitar até lá, é convidado a apagar o aplicativo.

Em 2014, quando comprado pelo Facebook, o aplicativo fez uma grande revisão e atualizou os termos de uso, compartilhando dados como localização e contatos. O debate sobre quando e como as redes sociais podem utilizar nossos dados está só começando.

Sem dúvida, as plataformas de mídias sociais podem desestabilizar países e tanto poder na mão de empresas representa um sério risco para a democracia. Entretanto, a presença digital nunca foi tão importante para o sucesso de comunicação de uma marca ou figura pública.

Como exemplos do bom uso da presença digital na política temos Barack Obama, Trump e Bolsonaro. O fato é que os dois últimos souberam utilizar a linguagem dos memes, do Twitter e Whatsapp muito antes de outras vertentes políticas se apropriarem.

Os memes são peças de comunicação da internet com poder de síntese. Uma frase ou imagem pode representar mensagens e ideias. Um artigo, por exemplo, não tem como competir com o efeito viral do meme. Daí, o motivo das fake news invadirem os celulares.

Os últimos acontecimentos revelam que nada será como antes no uso das mídias na política e quem quiser se eleger, terá que se adaptar.

O fato das redes sociais banirem Trump, após convocar grupos em direção ao Capitólio, pode indicar que muita coisa anda mudando na internet e na política.

Andreyver Lima é comentarista político no Jornal Interativa News 93,7FM e editor do site sejailimitado.com.br
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Odilon, eu fiquei na roça. De teimoso, porque aqui é meu chão. Virei meeiro, trabalho muito e divido os ganhos com o dono da fazenda. Pra você eu posso contar; dois filhos meus foram pra Itabuna. Um trabalha no comércio,  casou, leva uma vida simples, mas é uma pessoa de bem.

Daniel Thame (para Odilon Pinto)

“Querido Odilon,   essa carta chega até você molhada pelas lágrimas de saudade, mas também de gratidão.

Ah, Odilon. Você nem imagina quantas e quantas vezes nós sentava em torno do rádio, tomando o café,  pra ouvir seu programa e

principalmente o quadro Vida na Roça.

Eram histórias de amor, de tristeza, da vida dura no campo, mas também de momentos felizes que só você sabia contar. Porque você era um de nós, Odilon.

Nós só ia pras roças de cacau depois que seu programa terminava  e já ficava esperando o dia seguinte.

A vida na roça nunca foi fácil para o trabalhador,  mas nós vivia com dignidade, fome ninguém passava. E tinha as festas, de Reis, de São João, de Natal, o povo todo das fazendas se reunia e era uma alegria de dar gosto…

Uma vez no Natal eu levei um leitãozinho pra você lá na Rádio Jornal, você me recebeu na maior simplicidade e ainda me agradeceu na rádio.

E todo mundo ouviu, Odilon, porque não tinha fazenda nesse mundão de Deus que não tivesse um rádio só pra ouvir você.

Ah Odilon, que saudade desse tempo.

Depois veio essa desgraçada da vassoura de bruxa e tudo mudou pra pior. O cacau praticamente acabou, nós ficou perdido porque pra nós o cacau nunca iria acabar.

Odilon, muitos companheiros perderam o emprego, famílias inteiras ficaram sem rumo. Teve até Tonho, pai de cinco filhos, trabalhador retado, que mergulhou na cachaça e um dia se atirou no Rio Pardo, pra nunca mais voltar.

Teve Zeca, que pegou a família e foi pra São Paulo com quase nenhum dinheiro e não mandou mais notícias. Teve Maria, que foi abandonada pelo marido, se trancou em casa com os três filhos pequenos e passou a viver do pouco que nós conseguia levar.

Tanta gente que partiu, Odilon.

Odilon, eu fiquei na roça. De teimoso, porque aqui é meu chão. Virei meeiro, trabalho muito e divido os ganhos com o dono da fazenda. Pra você eu posso contar; dois filhos meus foram pra Itabuna. Um trabalha no comércio,  casou, leva uma vida simples, mas é uma pessoa de bem.

O outro, Odilon, se meteu com uma tal de droga, já foi preso, vive  em confusão e só de falar dá um aperto no coração. Minha véia é só que chora e ora o tempo todo pra Deus tirar ele desse caminho.

Odilon, acho que tô me alongando demais.

Quero encerrar essa carta dizendo uma coisa do coração.

Você nos deixou, a vida na roça tá em silêncio, mas nós tem certeza de que a partir de agora os anjos, santos e até Deus vão parar todas as manhãs pra ouvir  você contando causos da  Vida no Céu.

Daniel Thame é jornalista.

Tyrone faleceu vítima da Covid-19
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Choramos muito, mas devemos homenageá-lo com alegria, como costume na sua vida. 

Walmir Rosário

Véspera de Natal – pelos meus cálculos, o menino Jesus nasceu à meia-noite – e nesta quinta-feira (24) teríamos uma série de atividades a cumprir antes das obrigações com os familiares, em casa. Mas nada deu certo. Nem mesmo nos preocupamos de marcar o encontro num dos muitos bares de Canavieiras que abrigam, semanalmente, a costumeira reunião do Clube dos Rolas Cansadas e da Confraria d’O Berimbau.

É que ainda nos sentimos desorientados, desde o dia 16 de dezembro, com o sumiço do nosso coordenador mor, o jornalista aposentado Tyrone Perrucho, que se encontra lá pras bandas de Ilhéus numa missão deveras importante e ainda sem data aprazada para o retorno nesta foz do rio Pardo. De uma hora pra outra ele resolveu cumprir uma missão importante, desmoralizar – de vez – este tal de Coronavírus, mais conhecido como Covid-19.

Enquanto trava por lá sua guerra particular, aqui andamos torcendo para que ele vença logo mais uma batalha e dê por encerrada essa contenda, digna de um Hércules ou outros mitos que o valham. Destemido, aproveitou os momentos possíveis e imaginários no planejamento da contenda, assim como fez recentemente a pelejar com outro desses males que campeiam o mundo, o câncer: e venceu.

Dono de um currículo invejável, desde menino Tyrone Perrucho se revelou um ser diferente, tipo aquele “Capeta em forma de guri” descrito na música do mesmo nome, cantada pela banda Os Incríveis. Em certos momentos fico em dúvida se a letra da música foi feita exatamente para ele ou se o dito cujo se apoderou dos termos descritos para fazer uma espécie de breviário, uma bíblia…sei lá.

Peraltices tantas que se destacou no colégio e nas aulas de saxofone, tornando-se um dos músicos da briosa Philarmonica Lyra do Commercio, abandonando o quadro musical da vetusta em troca de incursões nas casas mal-afamadas da rua da Jaqueira. Perdemos um saxofonista, embora ainda poderemos recuperar o instrumento no qual está cravado o seu nome, na cidade de Feira de Santana, inativo como o ex-dono.

Embora tivéssemos perdido um músico, ganhamos um jornalista, fundador – com amigos – da revistinha Tabu, posteriormente transformada o jornal. E o nome Tabu foi dado para quebrar o tabu das publicações – todas de vida efêmera –, vivendo altaneira até os 50 anos e morta de morte matada, pois o jornalista aposentado da Ceplac desejava ardentemente se tornar um vagabundo, na essência da boa palavra. Parar de vez.

Se irreverente na escrita, gozando das benesses da aposentadoria sua verve precisava de mais agitação. Não satisfeito de ser um dos fundadores da Confraria d’O Berimbau e do Troféu Galeota de Ouro, fez valer sua inatividade ao criar o Clube do Rola Cansada, com a finalidade de aumentar e justificar as farras das quintas-feiras com os colegas que nada têm o que fazer.

Astucioso como só ele, marcou pelo Tabu a data e horário conclamando os “velhinhos” para a assembleia de fundação do Clube dos Rolas Cansadas, a ser realizada pela manhã, no bar Sombra da Tarde. Pelos meus afazeres profissionais não pude estar presente, embora soubesse posteriormente pelas páginas de o Tabu que teria manifestado meu voto pela internet, através de um orelhão da OI, há muito desativado.

Como acreditava ser Canavieiras uma cidade de vida bucólica, chegando às vias de pachorrenta, passou a realizar encontro etílicos sociais nos bares do centro e da periferia, em locais desconhecidos pelos turistas. Aliás, ocupar seu tempo diariamente em mesa de bar foi uma determinação que tomou assim que foi agraciado com a merecida aposentadoria, após 30 anos de batente na Ceplac.

E cumpriu à risca. Nem mesmo quando um câncer resolveu tentar derrubá-lo cedeu um só milímetro de sua determinação, suspendendo o consumo de cerveja por apenas 20 dias no pós-operatório. Para evitar mais delongas, refutou o tratamento com quimioterapia ou radioterapia, preferindo as rodas de bar com os amigos, o que lhe deixava mais satisfeito e feliz da vida.

Nesses tempos de pandemia – quando parou mais em casa – resolveu escrever um livro sobre fatos históricos e pitorescos importantes que noticiou nos 50 anos de existência de o Tabu. Antes mesmo que o livro chegasse aos finalmente, foi acamado com uma gripe, combatida com medicamentos populares encontrados em farmácias, chás e outras beberagens da cultura canavieirense.

Ao lembrar de uma crônica que escrevera em o Tabu, noticiando a própria morte, narrada com todos os pormenores e que promoveu uma comoção entre amigos e conhecidos, que, sabedores de suas “safadezas”, resolveram acreditar, resolveu ir em busca de conselhos médicos. Cientes da gravidade da infecção e da idade do ancião, nem mesmo o deixaram sair do hospital.

Nos dois primeiros dias de internamento, por meio do whatsapp, caçoava do tratamento por só ter tomado uma injeção, até ser recolhido a uma unidade de tratamento intensivo, conhecida popularmente como UTI. Nesse tempo em que passou sedado, não sei o que passou por sua cabeça, mas soubemos da corrente de oração encabeçada por sua mulher Yolanda com amigos tantos.

Próximo a completar 15 dias de entubado, os médicos tentaram acordá-lo, em vão, e resolveram tirar o tubo e realizar uma traqueostomia. Pouco lhe incomodou, pois continuou a dormir o sono dos anjos. Sinceramente, não quero nem saber o que ele pensou sobre o que seus amigos fizeram aqui na torcida por sua volta, uma grande corrente de orações, expressas num grupo de whatsapp, por se considerar ateu.

Infelizmente, nesta terça-feira (12), após quase um mês de internado, nosso amigo Tyrone Carlos de Carvalho Perrucho deixa órfãos todos os seus amigos. Desta vez, para sempre e sem direito a manchete de sua morte em o Tabu, feita por ele mesmo, como outrora. Sei que ele deixou todo o roteiro de seu sepultamento escrito – como um testamento –, mas na verdade impossível de ser cumprido pelo protocolo da Covid-19.

Choramos muito, mas devemos homenageá-lo com alegria, como costume na sua vida.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

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Se, por um lado, muita gente não vê a hora de transitar com liberdade; por outro, um parcela se sente cada vez mais coagida a se expor a um realidade que considera perigosa.

Carolina Loureiro

A Síndrome da Cabana não é considerada uma doença. Trata-se de um fenômeno natural do nosso corpo que está relacionado a mudanças bruscas na rotina ou no comportamento. Tal síndrome surge quando a pessoa precisa se adaptar a uma nova realidade de forma rápida e, geralmente, sem que ela tenha total controle da situação. Ou seja, o indivíduo se vê em uma circunstância na qual é obrigado a sair da sua “zona de conforto” de maneira abrupta, adequando-se a um contexto diferente e, muitas vezes, incerto.

Essa transformação causa alterações significativas nas emoções e no modo de agir. Entretanto, a Síndrome da Cabana não pode ser confundida com problemas como depressão, ansiedade e consumo de álcool ou outras substâncias afins. Por tal razão, sempre que você sentir uma alteração intensa no seu comportamento ou no de pessoas próximas, a recomendação é buscar o suporte de um profissional da saúde.

Apenas uma avaliação neuropsicológica poderá identificar se você está vivenciando a Síndrome da Cabana ou se existem outras patologias e diagnósticos associados à sua situação.

Que sintomas estão relacionados à Síndrome da Cabana?

Alguns especialistas da área de saúde relacionam a Síndrome da Cabana com a Síndrome do Pânico. A diferença fundamental é que, na segunda, o indivíduo só se sente seguro isolado, enquanto que, na primeira, é o isolamento que leva a pessoa a ficar angustiada.

Entre os principais sintomas de quem está com Síndrome da Cabana, alguns chamam mais atenção. A seguir, destacamos os principais relatos vinculados ao problema:

Sentimento de angústia;
Perda ou ganho de apetite;
Inquietação;
Falta de motivação;
Irritabilidade;
Dificuldade de concentração;
Dificuldade para dormir ou excesso de sono;
Desconfiança das pessoas;
Tristeza persistente;
Taquicardia;
Sudorese;
Tontura; e
Falta de ar.

Vale destacar que muitos desses sintomas podem indicar outros problemas relacionados à saúde mental. Por isso, é fundamental reconhecer o que você está sentindo e o quanto tais sentimentos estão afetando a sua vida

Qual é a relação entre a síndrome da cabana e a pandemia?

A pandemia da Covid-19 pegou todas as pessoas de surpresa. Muito embora circulassem notícias pelo mundo, ninguém imaginou que a situação chegaria a tal ponto. O isolamento social foi imposto em vários países, e o Brasil foi um deles. Pessoas tiveram de mudar a sua rotina de um dia para o outro, deixando os escritórios e se isolando em suas residências, envoltos de incertezas sobre o que aconteceria a seguir.

Nesse cenário, a Síndrome da Cabana se manifestará quando a pessoa, mesmo sem uma ameaça próxima ou imediata, já não se sentir segura fora de casa. Ainda protegida ela tem dificuldade de voltar à rotina. Uma angústia e um medo paralisante a impedirão de manter o seu dia a dia, o que intensifica o problema.

Como procurar ajuda?

Se você identificar que os desafios estão sendo complicados demais e simples atividades estão mais difíceis de superar no seu cotidiano, então é hora de buscar a ajuda de um psicólogo.

Além de fazer um diagnóstico adequado, os profissional vai acompanhar a sua evolução, mostrando como lidar com sentimentos e pensamentos que o paralisam.

O momento é delicado para todas as pessoas, e os efeitos da pandemia ainda devem ser sentidos por um longo período de tempo. Precisamos nos adaptar à realidade que nos foi imposta e estabelecer formas de conviver com a situação.

Como você pôde ver, junto à pandemia vieram muitos desafios, inclusive a Síndrome da Cabana. Esse é um problema que pode atingir qualquer pessoa, mas é possível de ser tratado. Se você tiver sentimentos paralisantes ou dificuldade de lidar com este momento, busque o apoio de um profissional. Lembre-se de que você não está sozinho

Enquanto as cidades se planejam para uma reabertura gradual de suas atividades, tentando conciliar a retomada da economia com a segurança da população, parte das pessoas que têm vivido meses confinadas em casa se vê agora invadida pelo temor de voltar ao convívio social. Tomadas por uma sensação de vulnerabilidade, para elas o novo normal não é só um conjunto de medidas de prevenção, mas uma realidade cheia de ameaças e, consequentemente, uma grande preocupação sobre como seguir em frente com suas vidas.

Se, por um lado, muita gente não vê a hora de transitar com liberdade; por outro, um parcela se sente cada vez mais coagida a se expor a um realidade que considera perigosa.

A saída do confinamento está anexada a contínuos informes sobre a expansão do contágio e do número de mortos e constantes informes sobre uma segunda e até mesmo de uma terceira onda. Resumindo, o chamado novo normal está nascendo em meio a uma confusão de expectativas de mudanças e inseguranças coletivas. Toda a vivência determinada pela pandemia é muito estressante, e essa saída é um item a mais na pauta desse estresse.

No contexto atual, o medo da contaminação também se agrega à necessidade de viver em uma realidade profissional e econômica, que entrou em um período de acentuada mudança.

Nem todas as pessoas se adequam a um uso massivo de insumos cibernéticos, muitas pessoas estão profundamente machucadas pelo confinamento, muitas relações sofreram pesados estremecimentos pela mesma razão, muitos foram economicamente afetados. Esses aspectos desafiadores não são superáveis por decreto, precisam de um ambiente mais tranquilo e seguro que garanta à todos nós um tempo de recomposição, restauração e recuperação.

O mal-estar causado pela retomada das atividades tem até colocado em evidência o termo ‘Síndrome da Cabana’, utilizado desde o início do século passado, com origem nos Estados Unidos, para falar da angústia e receio diante da ideia de sair às ruas após ficar isolado. Criado para explicar um problema que acometia trabalhadores que passavam longos períodos em cabanas, esperando o inverno passar.

Profissionais de saúde preferem não generalizar e nem transformar essa expectativa em uma doença, apesar de reconhecerem que a sensação aflige hoje grande parte da população.

É natural sentir ansiedade. Foi uma mudança brusca, precisou de todo um período para as pessoas se adaptarem ao papel do isolado. A gente sofreu com isso, mas não teve como fugir. Agora a dificuldade é inversa. Como dar conta de fazer as coisas que nos esperam? O medo é natural. Ele nos protege. Quem tenta negar isso acaba sendo negligente com a própria segurança. Afinal, vamos ter que nos reinserir, dar conta, correr atrás do prejuízo. Nossa tendência é sempre se acomodar na segurança. É inevitável sentir isso, mas o que vai nos ajudar nessa hora é não dar apenas um sentido negativo para esse medo, mas sim, entender que ele não é uma doença, mas que faz parte de um processo de transição. Lembrar que com qualquer mudança a gente também pode aprender e crescer.

Caroline Loureiro é psicóloga.

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A vacinação é um bem coletivo que pertence a humanidade. Ela pode ser até vendida em prateleiras, mas os governos do mundo não podem negá-la às gerações atuais e as futuras gratuitamente.

Efson Lima || efsonlima@gmail.com

O Brasil tem um histórico polêmico quando o assunto é vacinação. Talvez, o mais marcante seja a Revolta da Vacina, em 1904, no Rio de Janeiro, quando a vacinação foi proposta de forma obrigatória pelo médico-sanitarista Osvaldo Cruz em favor da modernização do Rio de Janeiro, que era a capital do país. Somente agora diante dos embates para a vacinação massiva em face do coronavírus que o tema é relembrado. E quem diria, uma parte considerável da população mesmo diante do risco de morte e das sequelas da COVID-19 teme em tomar a vacina.

A experiência humana com a vacina é datada do século XVIII, foi o médico inglês Edward Jenner que adotou a técnica da vacina para prevenir a contaminação por varíola. A varíola é considerada a primeira doença infecciosa que teve sua erradicação alcançada por meio da vacinação em massa.

Quiçá, seja justificável, na virada do século XIX para o XX, o receio sobre a vacinação, afinal, o debate sobre cientificismo e a própria afirmação da ciência eram perenes e as dúvidas sobre a produção de vacinas e fármacos eram elevadas. Mas em pleno século XXI, depois de uma longa trajetória das vacinas e os protocolos clínicos, a “explicação” para tamanha resistência esteja pautada na polarização em torno de uma ideologia fundada na pequenez humana. As explicações podem ser várias para a recusa em tomar a vacina, mas nenhuma delas encontra no plano da moralidade justificativa plausível para torcer contra o sucesso das vacinas e muito menos que as autoridades não assegurem com eficiência o acesso ao serviço de humanização e que a vacina não esteja gratuita ao povo. É dever do gestor público e das pessoas públicas sinalizarem a favor da vacinação.

O acesso à vacina deve ser pleno, que seja rápido para que possa respeitar os grupos prioritários e os indivíduos que queiram tomar a vacinar possa fazer em um prazo razoável. O governo federal não pode com base na estrutura e na operacionalização do maior programa nacional de humanização público do mundo desdenhar e apostar nos mais de 25 mil postos de vacinação e na experiência do SUS, corremos risco de grave agitação social.

Estamos diante do maior desafio de nosso tempo. A sociedade conseguiu deter duas guerras mundiais, acalmou as potências com suas ogivas nucleares e convive com os dissabores da crise imobiliária-financeira de 2008, mas não temos certeza se as sequelas física, psíquica e financeira de uma geração que enfrenta a pandemia de COVID-19 será amenizada. A vacinação é um bem coletivo que pertence a humanidade. Ela pode ser até vendida em prateleiras, mas os governos do mundo não podem negá-la às gerações atuais e as futuras gratuitamente.

Efson Lima é doutor em Direito (UFBA), especialista Gestão em Saúde (Fiocruz), professor universitário e advogado.

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A água deve ficar sempre disponível, mas a alimentação deve ser retirada horas antes da queima de fogos, para que não haja complicações como torção gástrica e vômitos.

Hannah Thame || hannahthame@hotmail.com

É importante que os animais estejam identificados, se possível com coleiras com o nome e telefone do proprietário, para que, no caso de fuga, ele seja identificado e devolvido aos proprietários;

Se o proprietário for sair e precisar deixar o animal sozinho, é muito importante que o animal fique dentro da casa, em um compartimento com o cheiro do dono, um lugar onde ele possa se esconder, com as janelas e portas fechadas, luz ligada e, se possível, deixar alguns brinquedos e objetos que os animais gostem. É importante retirar objetos que possam ser derrubados no ambiente em que ele ficará, principalmente os objetos cortantes e de vidro;

Caso o dono fique em casa, ele pode também ficar próximo do animal e tentar chamar a atenção pra algo que seja bom ao animal, como um petisco ou brinquedo que goste, é importante que não se demonstre medo para o animal. O proprietário também pode fazer o que foi dito no caso de o animal ficar sozinho em casa;

A água deve ficar sempre disponível, mas a alimentação deve ser retirada horas antes da queima de fogos, para que não haja complicações como torção gástrica e vômitos;

Não deixar o animal preso em coleiras, pois dependendo da reação do animal, ele pode se machucar ou até mesmo se enforcar.

A técnica da amarração em tecido, muito difundida atualmente, pode funcionar, pois faz com que o animal se sinta abraçado. Mas é necessário executar a amarração com cautela, sempre com um pano macio e maleável, que o animal consiga se movimentar sem problemas.

É importante não deixar nenhuma ponta do pano pendurada para que não tenha a possibilidade de alguém ou o próprio animal pisar ou se prender em algo. Há vários tutoriais e cartazes na Internet que explicam como a amarração é feita, por onde deve passar e tudo mais. Lembrando que a técnica pode ajudar a amenizar o medo do animal, mas não vai fazer desaparecer esse medo.

Hannah Thame é médica veterinária e mestre em Ciência Animal com ênfase em Sanidade Animal pela Uesc e diretora do Centro de Especialidades Veterinárias em Vitória da Conquista.

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Nossa geração foi colocada à prova e percebeu que não está tão protegida quanto imaginava a nossa vã filosofia do senso comum. Portanto, procuremos contribuir com um ciclo novo onde desacelerar signifique avançar na direção de aproveitar as oportunidades que a vida nos oferece.

 

Rosivaldo Pinheiro || rpmvida@yahoo.com.br

Estamos concluindo mais um ano. Não foi como imaginávamos que seria no momento em que nos despedíamos de 2019 e dávamos boas-vindas para o ano de 2020.

Esse está sendo um ano único. Podemos chamá-lo de um ano de desarrumação, de reinício, desafiador para a ordem econômica mundial e para a comunidade científica, de grande doação para os trabalhadores do setor de saúde e de outros segmentos que estão fazendo a engrenagem funcionar. Enfim, de superação para toda a sociedade.

Os defensores do liberalismo econômico tiveram que sair de cena por um instante, e o estado interventor de Kaynes voltou a ser chamado a dar as cartas para salvaguardar o ambiente econômico. Os recursos públicos foram aportados para a manutenção do ciclo do capital e novos arranjos socioeconômicos surgiram.

O ano de 2021 só iniciará de fato a partir da vacinação em massa no Brasil e no mundo, nos devolvendo a liberdade de circular num ambiente de maior segurança imunológica, mas com uma certeza: o mundo conforme experimentamos até o ano de 2019 não será mais possível nem individualmente, tampouco coletivamente.

O ano de 2021 se estabelecerá e a odisseia do homem na Terra exigirá cada vez maior atenção aos riscos decorrentes da sua constante exposição e dos hábitos da vida moderna. A ciência precisará de mecanismos cada vez mais integrados como forma de redução das vulnerabilidades diante das mutações dos vírus, das doenças diretamente surgidas a partir do padrão de consumo e mesmo dos avanços tecnológicos.

Que o próximo ano seja repleto de novas atitudes, que tenhamos consciências mais leves diante das nossas decisões diárias. Que a ciência seja ainda mais exercida e proativa, que a sociedade seja menos reativa e mais unida. Que sejamos mais humanos na construção de uma sociedade com maior equilíbrio entre as classes sociais para que possamos manter a nossa jornada na busca por um mundo melhor. Nossa geração foi colocada à prova e percebeu que não está tão protegida quanto imaginava a nossa vã filosofia do senso comum. Portanto, procuremos contribuir com um ciclo novo onde desacelerar signifique avançar na direção de aproveitar as oportunidades que a vida nos oferece.

Atitude!

Rosivaldo Pinheiro é economista e especialista em Planejamento de Cidades (Uesc).

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O governo Augusto e Guinho não pode falhar. Não pode ceder às pressões do toma lá dá cá, que tanto fez Itabuna parar no tempo.

Mark Wilson

Itabuna tem com Augusto Castro e Enderson Guinho outra grande oportunidade de retornar aos trilhos do desenvolvimento, pois são jovens sintonizados entre si, bem articulados e conhecedores dos problemas com propostas viáveis representando o clamor de mudanças. É um governo que promete harmonia, lisura, transparência, competência técnica e inovação.

Gestões anteriores infelizmente não observaram que secretarias-fim (como educação, saúde, esporte, obras e serviços, assistência social, etc.) deveriam obter apoio irrestrito das secretarias-meio (como administração, finanças e procuradoria) e das secretarias-assessoria (como planejamento, controladoria, e gabinete do prefeito). Foi isto que ao longo dos últimos anos resultou em balbúrdias políticas e administrativas sendo todas elas rejeitadas pelo voto popular.

A história nos mostra que com organização e diálogo surgem boas alternativas de soluções em contraponto às bajulações ou desmandos.
Vale lembrar que Augusto Castro se criou em um bairro periférico, se formou em administração e que hoje é a própria imagem de competência em assessorias na administração pública municipal, podendo se tornar agora em um dos principais líderes para a criação de nossa tão sonhada região metropolitana.

Acredito que após breve diagnóstico no governo de transição irá acontecer um grande planejamento estratégico municipal aproveitando o cabedal intelectual e científico da Uesc, Ufsba, Ceplac, e dos grandes profissionais da prefeitura, servidores efetivos que já trabalham com maestria na elaboração de projetos e captação de recursos.

Assim sendo, uma ótima gestão tem que começar com ótimos propósitos, planejamento e equipe competente que esteja unida e atenda aos anseios populares numa equação razoável entre governabilidade, e principalmente, governança, pois esta última é quem realmente traz resultados práticos para a sociedade.

Enfim, o governo Augusto e Guinho não pode falhar. Não pode ceder às pressões do toma lá dá cá, que tanto fez Itabuna parar no tempo. Acredito que Augusto e Guinho irão fazer uma gestão competente visando a felicidade do itabunense que clama por desenvolvimento e melhoria na qualidade de vida. Nisto acredito e ponho fé.

Mark Wilson é graduado em Administração e possui especializações em Administração Pública & Gerência de Cidades; Elaboração & Gestão de Projetos Sociais; e em Gestão Pública Municipal.