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Através da Terapia Sistêmica e da Psicologia do Nascimento, podemos desvendar os segredos e padrões ocultos que moldam nossas vidas.

 

Rava Midlej Duque || ravaduque@qmail.com

A jornada do autoconhecimento é, por natureza, um mergulho profundo em nossas origens e vínculos familiares.

O que chamamos de coincidências pode, na verdade, ser um reflexo de fidelidades inconscientes, conexões profundas com o passado de nossa família que permanecem influenciando diretamente nossas escolhas e caminhos. E nesse contexto que a Terapia Sistêmica, em especial a Psicologia do Nascimento, revelam-se como ferramentas essenciais para explorar e transformar os vínculos ocultos que permeiam as histórias familiares, antes mesmo de você nascer.

Muitas vezes, carregamos em nosso interior as dores e angústias de familiares que não tiveram a chance de expressar suas emoções, de enfrentar seus traumas e de curar suas feridas emocionais. Essas experiências não resolvidas podem se transformar em um legado de dor que ecoa através das gerações, moldando nossas vidas de maneiras sutis e muitas vezes desconhecidas. Com a Psicologia do Nascimento, mergulhamos profundamente nessas questões, desvendando os segredos que foram passados adiante, os padrões repetitivos que permeiam nossas relações e os traumas que ainda ecoam em nossas almas.

As transmissões de memórias nem sempre vêm por meio de narrativas orais. O grande material que trazemos em nossa psique, sem saber, são as memórias reprimidas, os conteúdos escondidos, velados e não resolvidos por nossos ancestrais! As memórias transgeracionais referem-se à transmissão de informações emocionais de uma geração para outra, às vezes de forma consciente, como a narrativa oral, e outras vezes de forma inconsciente.

Não à toa, no caminho do autoconhecimento, nos deparamos frequentemente com uma resistência interna, um muro invisível que nos impede de avançar. Essa resistência muitas vezes se manifesta como um medo profundo, uma relutância em enfrentar as verdades dolorosas sobre nós mesmos e nossa vida. Mas cada momento de sofrimento e cada dificuldade que enfrentamos carrega consigo a semente da transformação ao alcance da minha e da tua mão.

Os mistérios da mente humana estão frequentemente enraizados em histórias familiares. Revisitar o passado familiar nem sempre é uma tarefa fácil; muitas vezes é encarado com medo, temendo descobrir verdades desconfortáveis ou enfrentar dores antigas. No entanto, essa exploração é crucial para entendermos os padrões comportamentais e traumas transmitidos através das gerações. Ao compreendermos os padrões comportamentais e os traumas transmitidos através das gerações, abrimos espaço para a cura e o desenvolvimento pessoal. E um processo desafiador, mas profundamente recompensador.

Nossa história familiar é parte integrante de quem somos, molda nossas crenças, valores e comportamentos. Ao reconhecermos e explorarmos os vínculos transgeracionais que nos ligam ao passado, abrimos caminho para uma transformação profunda e duradoura. A terapia sistêmica aliada à psicologia do nascimento oferece um espaço seguro e acolhedor para essa jornada de autoconhecimento e cura, guiando-nos na superação dos medos relacionados ao passado e na construção de um futuro luminoso.

É nesse sentido que a terapia sistêmica apoia-se na ideia de que ao integrar as experiências vividas por nossos antepassados, podemos curar feridas antigas e promover renovação.

Não permita que as dores do passado continuem a influenciar seu presente e qualquer possibilidade de futuro. Não se trata de ser vítima de maldições ancestrais, mas de reconhecer a força e a resiliência transmitidas por seus antepassados. A cura verdadeira começa com a aceitação de onde viemos, – as histórias familiares têm um sentido profundo para nossa alma.

Nas histórias de nossa família, encontramos muitas vezes dores e desafios. Mas as adversidades não são por acaso, e nos lembram de que, não importa quão sombrias sejam essas histórias e narrativas, há sempre a promessa de algo que pode ser transformado. Há uma força que se apresenta nas adversidades, uma força que reside dentro de todos nós, mesmo quando não percebemos. Ao tomar posse dessa força somos convidados a encarar os desafios familiares não como barreiras intransponíveis, mas como ponte para um crescimento luminoso, transformando as faltas, as perdas, as dores herdadas, em força para a construção de uma história diferente.

Podemos sempre escolher: utilizar as heranças familiares como um alicerce para nosso crescimento e oportunidade para florescermos além das circunstâncias, ou, podemos simplesmente ficar presos em ciclos viciosos que nunca nos levam a lugares diferentes, repetindo tudo de novo, sem sair do lugar.

O convite que faço é o seguinte: por mais difícil, doloroso e cruel que tenha sido sua história até aqui, não ignore suas raízes. Use-as como força para crescer. Deixe que elas a ensine olhar para a vida de nova perspectiva e consciência. Observe os desafios familiares não como obstáculos intransponíveis e sentenciais, mas como oportunidades diferentes a serem construídas daqui para frente. uma nova história familiar construída a partir de você.

Este caminho de autoconhecimento a partir do seu Nascimento e a reconciliação com a sua história, é essencial para seguir com autenticidade e confiança para a vida. Sem isso, é bem possível que você nunca avance.

Reconhecer e explorar nossas raízes familiares é fundamental para a jornada do autoconhecimento e desenvolvimento emocional. Através da Terapia Sistêmica e da Psicologia do Nascimento, podemos desvendar os segredos e padrões ocultos que moldam nossas vidas, permitindo-nos transformar dores antigas em fontes de força e crescimento. Ao compreendermos e aceitarmos nossas histórias familiares, abrimos caminho para um futuro mais luminoso e autêntico, livre das amarras do passado. Cada desafio enfrentado, cada dificuldade superada, carrega consigo a promessa de uma transformação profunda e significativa. Sugiro que experimente.

Rava Midlej Duque é comunicadora, mestra, terapeuta sistêmica, consteladora familiar e especialista em Psicologia Perinatal.

Julio Gomes escreve sobre o genocídio em curso na Palestina || Foto Fepal/Facebook
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Em razão do genocídio praticado pelo exército e pelos líderes de Israel, todo o carinho, a visão afetiva, o respeito que um dia tive por este país e, especialmente, pelos Judeus ao longo de sua milenar história, simplesmente desapareceu. Foi sepultado em vala comum de corpos anônimos junto com as mulheres e crianças que eles mataram e continuam matando sistematicamente.

 

Julio Gomes

Sempre, desde criança, aprendi a ter um carinho especial pelo povo Judeu, com um olhar de admiração e desejo sincero de que prosperassem e encontrassem a paz e a felicidade, e isso tem uma explicação simples e lógica.

Quem estudou um pouquinho que seja de História sabe o que os judeus ou israelitas passaram, sobretudo no Século XX, quando da ascensão do nazismo ao poder na Alemanha: perseguições, segregação racial, confisco e invasão de suas propriedades, demonização, segregação com base em leis absurdas e, por fim, confinamento nos campos de concentração, trabalhos forçados e extermínio em massa nas câmaras de gás de Treblinka, Auschwitz, Dachau e inúmeras outras fábricas da morte, onde foram consumidas as vidas de seis milhões de judeu, homens mulheres e crianças.

Terminada a 2ª Guerra Mundial com a derrota do nazismo e do fascismo, a ONU, guiada pelos países vencedores, teve a feliz ideia de criar um território onde a nação, o povo judeu, pudesse constituir um estado próprio, formando aquilo que aqui no Brasil chamamos popularmente de um país, e assim nasceu Israel no ano de 1948, plantado no território denominado Palestina.

Os anos passaram. O estado de Israel, sempre apoiado pelos Estados Unidos por representar uma presença dos EUA no conturbado e rico em petróleo Oriente Médio, se consolidou como um país próspero e como uma potência militar, passando a tomar sucessivamente faixas de território que pertenciam à nação palestina devido ao poderio de suas forças militares, terminando por anexar territórios até que não restasse aos palestinos muito mais do que uma estreita faixa em que sobreviviam cerca de dois milhões de palestinos: a Faixa de Gaza.

Talvez como reação às agressões de Israel, talvez insuflado por radicais fundamentalistas ou em razão das condições subumanas de boa parte da população palestina, em 1987, surgiu o Hamas, que se consolidou como força política e acabou cometendo os odiosos atos terroristas que assistimos no final do ano de 2023, matando centenas de israelenses, sobretudo civis.

Entretanto, a resposta que Israel deu e está dando aos palestinos é de uma desproporção e crueldade que supera qualquer argumento de justiça ou de autodefesa. Já são cerca de 30 mil palestinos mortos e 10 mil desaparecidos, além da expulsão em massa da população civil, da destruição sistemática das habitações, hospitais, universidades, indústrias, escolas, enfim, das cidades palestinas e da morte de cera de 8.000 crianças em um genocídio que choca o mundo a cada dia pela brutalidade, estupidez e impunidade com que é feito.

Em razão do genocídio praticado pelo exército e pelos líderes de Israel, todo o carinho, a visão afetiva, o respeito que um dia tive por este país e, especialmente, pelos Judeus ao longo de sua milenar história, simplesmente desapareceu. Foi sepultado em vala comum de corpos anônimos junto com as mulheres e crianças que eles mataram e continuam matando sistematicamente em cada bombardeio, na destruição de cada prédio, vítimas também da proposital falta de alimentos, de medicação, de água e, sim, pelo genocídio que neste momento praticam contra o povo da Palestina.

Oh, Israel, que fizeste para passar de vítima a algoz, de violentado a assassino, de flagelado a genocida impiedoso? Que fizeste do holocausto sofrido, de tua história milenar? Que fizeste dos exemplos que Jesus deu há dois mil anos, ao pisar nestas mesmas terras e ensinar as lições que agora, mais do que nunca, não queres escutar? Afasta-te de mim, Israel.

Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela Uesc.

Jerberson Josué escreve sobre as movimentações dos atores políticos ilheenses
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Nos bastidores, a pedra mais cantada para disputar a sucessão, pelo grupo do alcaide, é o secretário de Gestão, Bento Lima.

 

 

 

 

Jerberson Josué

Ao se aproximar o período da troca de legenda, que, neste ano, será de 7 de março a 5 de abril, data final do prazo de filiação para quem pretende concorrer às eleições de 2024, alguns nomes ganham força nos bastidores da política ilheense. Entre eles, o da secretária de Educação da Bahia, Adélia Pinheiro, que já anunciou filiação ao Partido dos Trabalhadores, do presidente Lula e do governador Jerônimo Rodrigues.

As próximas pesquisas serão cruciais para aferir o interesse do eleitor no nome da médica, professora e ex-reitora da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc). Conversas com o prefeito Mário Alexandre, reuniões com o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, e o deputado Rosemberg Pinto, líder do Governo na Assembleia Legislativa da Bahia, bate-papos que vão de lideranças comunitárias a empresários, além do corpo a corpo com os eleitores/foliões no Carnaval, estiveram na agenda da pré-candidata.

Outro ator político que fez movimento importante foi o ex-vereador Makrisi Angeli, que anunciou sua saída do PT, após décadas de militância e atuação, para cerrar fileiras no Partido Socialismo e Liberdade, como pré-candidato a prefeito de Ilhéus, se colocando como alternativa para o eleitorado ilheense, caso o PSOL lhe dê guarida oficialmente.

O vereador Augustão é outro postulante com grande destaque nos holofotes da pré-campanha. Nas últimas semanas, também não saiu da mídia especializada, seja por suas andanças no meio do folião/eleitor, ou por questionamentos sobre seu futuro partidário, já que seu atual partido, o PT, não demonstra interesse em sua candidatura. Com isso, a pergunta que não quer calar: para onde vai Augustão?

Nos bastidores, indícios de que ele pode ir para o Partido Democrático Trabalhista, a saber no fechamento da janela de filiações partidárias. Importante ressaltar que o PDT é aliado do União Brasil no estado, partido de Valderico Reis Júnior, também postulante ao Palácio Paranaguá (saudosismo que ainda prefiro escrever em vez de Centro Administrativo de Ilhéus), o que leva a outra pergunta inevitável: Augustão pode ser vice de Valderico Reis Júnior ou vice-versa? A ver.

Outra incógnita importante é o nome do pré-candidato que terá o apoio do prefeito Mário Alexandre. Nos bastidores, a pedra mais cantada para disputar a sucessão, pelo grupo do alcaide, é o secretário de Gestão, Bento Lima. Porém, todavia, entretanto, nem um sinal da fumaça branca do habemus candidato. Só quando o prefeito Mário Alexandre decidir anunciar quem será ele ou ela. O que foi dito é que até o final do mês de março teremos a resposta. Será?

Eu, no meu humilde observar, me pergunto: teremos um único candidato na base do governador Jerônimo em Ilhéus? Por enquanto, resta esperar fluir o rio das articulações políticas do campo governista estadual.

Jerberson Josué é ativista social.

Juca Alfaiate, sentado: craque da bola em epopeia com final feliz
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Juca Alfaiate se considera um homem de sorte por chegar em Itabuna vivo e não perder seu compromisso, o jogo de logo mais, embora estivesse bastante cansado.

 

Walmir Rosário

O garoto José Correia da Silva, ou simplesmente Juca, como chamado, era um apaixonado por futebol. Mas também pudera, sabia tudo de bola e desde pequeno fazia gato e sapato dos colegas nos babas em que jogava. “Nasceu para jogar bola”, comentavam. Seus pais eram quem não gostavam nada disso, pois preferiam ver seu filho estudado, formado e estabelecido numa boa profissão.

Assim que parou os estudos, sua mãe, uma exímia costureira, combinou com ele que poderia continuar a jogar bola, mas tinha que dividir o horário com o aprendizado de uma profissão. E assim continuou sua vida dividindo seu tempo entre a alfaiataria em que aprendia a profissão e os campos de futebol. A formação foi mais rápida do que esperava e já se notabilizava no meio de tesouras, linhas, agulhas e máquinas.

Como tinha uma namorada em Santa Rosa – hoje Pau Brasil –, foi tentar a vida por lá. Abriu uma alfaiataria e continuou sua vida na nova localidade, embora não perdesse o vínculo com Itabuna. Por aqui parara de jogar pelo São José e jogava esporadicamente pelo São Cristóvão, embora fosse seduzido pelo Grêmio, um time maior, o segundo mais conceituado de Itabuna.

Um certo dia, na virada da década de 1930/40, Juca, já tendo o Alfaiate incorporado ao seu nome, recebeu um recado da direção do São Cristóvão, que sua presença era imprescindível no próximo domingo. Não contou conversa e se arrumou para a viagem de mais de 20 léguas (medida nordestina), cerca de 120 quilômetros, viagem que seria feita em cinco dias num cavalo bom, igual ao que possuía.

Pois bem, na madrugada da terça-feira, debaixo de muita chuva, Juca Alfaiate sela o cavalo e toma a direção de Itabuna, num caminho bem escorregadio, perigoso, mesmo para um animal forte e conhecedor da estrada como o dele. No início da tarde parou para almoçar numa fazenda e começou a prosear com um trabalhador, que lhe ensinou um caminho mais curto, já que tinha compromisso no domingo.

Juca Alfaiate não conta conversa e segue pelo caminho indicado, que embora mais curto era mais íngreme e perigoso, principalmente com o toró de água que caía dia e noite. Em alguns trechos teve que descer do cavalo e puxá-lo pela rédea. Mais abaixo a situação ficou ainda pior, justamente na travessia de um rio cheio. Amarrou na sela o alforje em que carregava sua roupa, o uniforme do São Cristóvão, a comida que preparara e um revólver para se defender de qualquer malfeitor na estrada.

Travessia feita, parou para dormir no meio da mata e ao raiar do dia continuou seu caminho em busca de Itabuna, até chegar em uma fazenda, na qual parara para descansar, fazer uma boquinha com a comida que ainda restava e tomar novas informações. Continuou sua viagem por mais um dia e uma noite e já estava agoniado com possibilidade de não chegar a tempo para a partida no campo da Desportiva.

Na noite de sexta-feira pede rancho para pernoitar numa fazenda e é aconselhado, se quisesse chegar a tempo em Itabuna, a largar o cavalo e alugar uma canoa para descer rio abaixo. O rio era bastante estreito e sinuoso, embora fundo, com a vegetação alta e cheia de espinhos, da qual tinham – ele e o canoeiro – de se desviarem constantemente. Embora a viagem tenha adiantado estavam todos com ferimentos feitos pelos espinhos.

Pararam para dormir perto do rio Cachoeira, e no dia seguinte – o domingo do jogo – seguiriam para Itabuna. Só que Juca Alfaiate não contava com mais um percalço: logo depois que passaram da Burudanga a canoa vira e ele quase morre afogado com as câimbras. É salvo pelo canoeiro e finalmente chegam ao arruado da Mangabinha, hoje próspero bairro de Itabuna.

Juca Alfaiate se considera um homem de sorte por chegar em Itabuna vivo e não perder seu compromisso, o jogo de logo mais, embora estivesse bastante cansado. Mas nem se importava com isso, o que valeria era entrar em campo e ganhar o jogo. Na Mangabinha, parou na casa do técnico para avisar de sua chegada, e foi recebido com broncas pelo seu atraso, por, sequer, ter participado dos treinamentos.

Sem se preocupar com o cansaço, Juca Alfaiate entra em campo, dá um show de bola e marca os três gols da partida, vencida por 3X1. A diretoria e torcida em delírio, se juntam e fazem uma “vaquinha” para premiá-lo. Recebe uma grande quantia em dinheiro e repassa para os colegas Macaquinho e Lubião, e vai participar da festa até o dia amanhecer, quando descansa para retornar à Santa Rosa.

Pouco tempo depois, Juca Alfaiate retorna a Itabuna, desta vez para jogar no Grêmio, no qual ficou uma temporada até ser “vendido” para a Associação Athletica Itabunense (AAI), equipe em que foi pentacampeão em Itabuna. Centroavante titular, tinha como reservas os craques Clóvis Aquino e Elísio Peito de Pomba, que possuíam futebol para jogar em qualquer equipe da Bahia ou Rio de Janeiro.

Centroavante e goleador, era conhecido pelos belos gols que marcava. Altamente disciplinado, de estatura baixa e magro, era bastante arisco com a bola, driblava com perfeição, o que talvez tenha contribuído para parar de jogar, de tanto os zagueiros baterem em seus joelhos. Bom mesmo era apreciar seus treinamentos, quando amarrava um jereré (pequena rede de pesca circular) nas “gavetas” da trave para treinar os gols espetaculares que marcava.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado e autor d´Os grandes craques que vi jogar: Nos estádios e campos de Itabuna e Canavieiras, disponível na Amazon.

Julio Gomes opina sobre a volta do Carnaval organizado pela Prefeitura de Ilhéus || Foto PMI
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Não há como comparar a quantidade de foliões de Carnavais passados com os gatos pingados que neste ano fizeram o Carnaval de Ilhéus parecer uma festa de largo melhorada.

 

 

 

 

Julio Gomes

Voltamos a ter Carnaval em nosso município de Ilhéus neste ano de 2024, após alguns anos sem que tal festividade ocorresse ou sendo ela relegada ao mínimo do mínimo. Mas neste ano teremos eleições para prefeito e vereadores, e isso explica o porquê de aquilo que deveria ser comum voltar como se fosse uma grande novidade.

Vamos à análise do Carnaval.

Primeiro, vale destacar a força e presença da festividade momesca no imaginário popular, mesmo sendo propositalmente esquecida pelos gestores municipais durante anos. Apesar de todas as influências culturais estrangeiras, da condenação por parte de setores religiosos diversos, da violência onipresente e crescente em nossa sociedade, o brasileiro, e especialmente o baiano, ainda é o Carnaval!

Assim, blocos como as Muringuetes e o Zé Pereira contaram com ampla e admirável participação popular, o primeiro turbinado por um palco onde se apresentaram artistas contratados pelo Poder Público estadual e/ou municipal e o segundo lamentavelmente atingido por uma chuva forte que, neste ano, esvaziou um pouco o evento, que mesmo assim não deixou de acontecer com o brilho, a alegria e a paz dos antigos Carnavais.

Também merece destaque o empenho do município/estado da Bahia em patrocinar atrações para turbinar o Carnaval na ainda pacata Olivença, que mantém os ares da estância hidromineral que foi um dia, como se fosse uma mulher do interior, de bela origem mestiça e indígena e que consegue preservar os encantos da sua mocidade.

Quanto ao Centro de Ilhéus, mais especificamente na parte da Avenida Soares Lopes, onde as festividades ocorrem com mais foco, há uma coletânea de acertos e erros a ser considerada, ficando os primeiros por conta da redução do circuito que assim teve um tamanho proporcionalmente mais adequado; da eficaz presença de policiais e bombeiros militares, da Guarda Municipal e da Polícia Civil, que em conjunto proporcionaram uma boa segurança; e do horário também reduzido das festividades, algo em torno das 18h à 00h, quando as atrações e as forças de segurança se retiravam e, consequentemente, o público também, evitando os episódios de maior violência que costumam ocorrer a partir da meia-noite e pela madrugada.

Entretanto, como ponto mais negativo a ser anotado no que diz respeito a nossos administradores locais, destaco a ausência dos blocos afros, afoxés e congêneres; e o notório enfraquecimento do Carnaval de Ilhéus como fruto direto de anos sem Carnavais, com Carnavais muito fracos e também sem a definição antecipada acerca da ocorrência ou não da festa, o que prejudica muito sua realização e a vinda de turistas.

O povo de Ilhéus como que se acostumou a não ter Carnavais, a não ter São João, ou a só desfrutar de festividades exclusivamente quando convém ao prefeito, como ocorreu neste ano eleitoral de 2024.

O resultado é que, embora se façam presentes, não há como comparar a quantidade de foliões de Carnavais passados com os gatos pingados que neste ano fizeram o Carnaval de Ilhéus parecer uma festa de largo melhorada.

Para terminar, lembro o patético encontro de dois mini trios elétricos ocorrido na noite de segunda-feira (12), na parte central do circuito. Apesar dos visíveis esforços dos artistas para dar o melhor de si aos presentes, os dois pequenos trios rodeados de apenas algumas dezenas de pessoas foi o retrato vivo de uma tradição que a administração municipal, por incrível que pareça, aos poucos está conseguindo matar.

Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc).

Pé de cacau no sistema cabruca || Foto Ana Lee
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Nossos dirigentes parecem esquecer que, em nossa tradição local, o cacau floresce na sombra da mata, e que a preservação de outras espécies é fundamental! Adotemos essa sábia lição da natureza na execução das políticas públicas municipais.

 

Paulo Mesquita Magalhães || paulomagalhaes80@gmail.com

Toda monocultura é nociva! Desequilibra a diversidade da natureza, diminui a fauna e a flora, empobrece o solo e a alimentação humana. A cultura do cacau parece ter sido uma honrosa exceção: a cabruca, sistema de plantação em que o cacaueiro cresce à sombra de árvores nativas, preservou parte da riqueza da nossa Mata Atlântica.

O mesmo não pode ser dito no campo das relações econômicas e sociais: a riqueza do cacau, em seus tempos de fruto de ouro, se concentrou nas mãos de fazendeiros que dilapidaram fora da região grande parte de sua renda, ostentando luxo e riqueza, grilando terra e assassinando pequenos proprietários, enquanto trabalhadores rurais viviam em condições análogas à escravidão.

Pois bem, em um momento em que a cidade celebra parte de sua memória através do remake de uma novela televisiva global, nos deparamos novamente com a monocultura, dessa vez no Carnaval. O intitulado “Carnaval Cultural de Ilhéus” não pode ser acusado de não ser cultural, o que seria um contrassenso, dado que todas as relações humanas estão no campo da cultura. Ele parece, entretanto, ser quase monotemático: com poucas exceções, as contratações públicas se resumem a paredão, arrocha, pagode e axé. A maior parte da programação é feita pelas próprias comunidades e os blocos afro foram chamados de última hora, a uma semana da realização do evento, inviabilizando a produção de novas fantasias e o longo processo de ensaios que envolve suas comunidades.

Nada contra os ritmos acima citados! São legítimos e merecem respeito. Mas, parece haver uma simplificação populista do gosto popular: “é disso que o povo gosta, é isso que o turista quer ver”, como se a população da cidade e os nossos visitantes não fossem muitos, diversos, plurais. O Carnaval de Salvador é a maior festa de rua do mundo porque abraça a diversidade: além de axé, pagode, samba, guitarra baiana, frevo, se pode ouvir reggae, rap, rock, MPB e outros ritmos presentes na rica produção cultural baiana e nacional. E cadê os artistas de Ilhéus, de vários ritmos dançantes, que têm público durante todo o ano e movimentam o cenário local?

A programação do Carnaval monocultural reflete um impasse da política municipal: a total falta de articulação entre cultura e turismo. A Secretaria de Cultura parece ser o primo pobre e se restringe a gerenciar as verbas federais (Aldir Blanc, Paulo Gustavo) e o esquálido fundo de cultura. A esmagadora maioria dos eventos promovidos pela administração é promovida pela Secretaria de Turismo, e os critérios de contratação dos artistas, a curadoria, a concepção, não dialogam com o Conselho Municipal de Cultura, composto pela sociedade civil organizada.

Ou seja, Carnaval Cultural, Viva Ilhéus, Festival da Primavera, Novembro Negro, os principais eventos realizados com verba pública chegam prontos, são despejados como um pacotão fechado, sem qualquer participação da classe artística da cidade. Sabemos que a política é um campo de disputas, mas nessa briga de secretarias, quem perde é a cultura e seus protagonistas, impossibilitados de opinar, ajudar a construir, participar do processo.

Nossos dirigentes parecem esquecer que, em nossa tradição local, o cacau floresce na sombra da mata, e que a preservação de outras espécies é fundamental! Adotemos essa sábia lição da natureza na execução das políticas públicas municipais.

Paulo Mesquita Magalhães é jornalista, cientista social e membro dos conselhos municipais de Cultura de Ilhéus e de Itabuna, e do Conselho Gestor da Salvaguarda da Capoeira na Bahia.

Formação atual do 'Paroano Sai Milhó", que completa 60 Carnavais
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Imaginar que a Cidade de Salvador, com suas imensas e contínuas dificuldades em querer ser metrópole, se organiza, se enfeita e se ilumina para permitir que Afoxés, Trios Elétricos, Blocos, “pipocas” e a nossa roda de palhaços cumpram a benfazeja sina de colorir e alegrá-la!

 

Archibaldo Daltro Barreto Filho

Não chegamos ao apogeu. Estamos fazendo apenas 60 anos. Nosso apogeu está, como já nos indicou Eduardo Galeano, no horizonte onde se mantém viva a esperança que nossas coloridas e maviosas vozes perseguem, sem insistência, mas com consistência e tenacidade. Sem atalhos e sem patrocínios, seguimos com os que nos seguem. Com os que se afinam com o bom gosto, com nossa energia em produzir alegria com pretensões simples, como atingir corações.

Creiam: isso não resulta de mágicas nem de estratégias bem elaboradas. Nesses 60 anos o roteiro permanece: reunir Paroaneiros, escolher repertório, providenciar arranjos, organizar encontros e ensaiar, ensaiar, ensaiar… cantar, cantar, cantar… Imaginar que o Paroano Sai Milhó fez e faz isso ao longo da sua existência pode gerar perplexidade. Mas, voltando ao “como tudo começou”, pode-se imaginar Antônio Carlos Queiroz Mascarenhas, o Janjão, em 1964 a nutrir esforços pessoais para articular e organizar os resultados coletivos das tranças de vozes!

Imaginar que cerca de 100 Paroaneiros, até então (neste Carnaval são 18), já embarcaram na roda musical que todos os anos avisa “Eu te prometo Paroano Sai Milhó / Vou a lua, viro a Terra / Paroano Sai Milhó”! Imaginar que tudo tem sido feito com os mecanismos humanos de reunir, dar opiniões, trocar ideias, exacerbar egos e idiossincrasias, concluir a última apresentação entoando a Marcha da Quarta Feira de Cinzas e cumprir os agradecimentos com abraços e beijos do “até logo mais”!

Imaginar que a Cidade de Salvador, com suas imensas e contínuas dificuldades em querer ser metrópole, se organiza, se enfeita e se ilumina para permitir que Afoxés, Trios Elétricos, Blocos, “pipocas” e a nossa roda de palhaços cumpram a benfazeja sina de colorir e alegrá-la!

Imaginar que, por trás desse cenário de “loucura coletiva”, encontram-se músicos, compositores, abnegados e amantes dirigentes, coordenadores de blocos e organizadores dos espaços onde rolam concepções, preparativos e trabalho para que aconteçam, vale enfatizar, as expressões coletivas frutos das ideias e inspirações pessoais!

Imaginá-los implica em homenageá-los com reverências. Algumas belas figuras: João Jorge, capitaneando o Olodum, Vovô na frente do Ylê Ayê, Carlinhos Brow sacolejando a Timbalada, Margareth agitando com Os Mascarados, Rubinho e sua turma inventando Os Internacionais, o apaixonado carnavalesco e poeta Walter Queiroz, a Banda Eva puxada por Ivete Sangalo. Imaginar os que dão suporte aos foliões, nativos e visitantes: vendedores ambulantes, bares e restaurantes, que não são poucos, e se espalham pela cidade toda.

Imaginar tudo é saber que integrar as histórias do Carnaval da Bahia nos últimos 60 anos é motivação para imensa satisfação, pessoal e coletiva. Imaginar que isso não nos conduz a pensar em nosso longínquo apogeu, mas a seguir adiante sem se importar quando chegaremos no horizonte onde está a esperança. Assim, é possível afirmar: o canto do Paroano Sai Milhó permanecerá. Chi lo sa, per omnia saecula saeculorum… VIVA A VIDA!

Archibaldo Daltro Barreto Filho é integrante do grupo musical Paroano Sai Milhó.

Gérson Souza presidindo o Legislativo de Itabuna
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Gérson Souza é daquelas personalidades que nascem de 100 em 100 anos e que vêm à terra com a finalidade de servir, tornar o mundo melhor com sua colaboração e dos amigos que o cercam.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Walmir Rosário

Tabelião do Cartório do 1º Ofício de Itabuna (registro de pessoas e casamentos), Gérson Souza era uma das pessoas mais influentes nas instituições da cidade, pela dedicação com que tratava as obrigações assumidas. E no futebol não era diferente. Na seleção de Itabuna era considerado um dirigente insubstituível e que conduziu o selecionado ao hexacampeonato baiano de amadores.

Gérson Souza era homem de aceitar desafios, inclusive no futebol. Em 1947, época de poucas estradas e veículos, chefiou a delegação da Seleção de Itabuna na partida contra a Seleção de Valença. E não era fácil, pois as estradas eram péssimas e o transporte disponível era a carroceria de caminhão. Após 12 horas de viagem venceram, e a partida seguinte seria contra Santo Amaro, em Salvador, porém o campeonato foi cancelado.

Daí pra frente Gérson Souza não deixou mais a Seleção de Itabuna e foi um partícipe importante na criação do Itabuna Esporte Clube, o primeiro time profissional da cidade, em 1967. Mas até chegar lá, o “Marechal do Hexa” esteve presente em todos os momentos, simplesmente apoiando ou coordenando a seleção amadora, bem como a equipe de profissionais, sempre com bastante sucesso e determinação.

Com a bondade que fazia o afago quando necessário, era capaz de tomar decisões mais duras que o momento exigisse. E não precisava alteração, bastava uma conversa de pé de ouvido que tudo se acertava. Sua argumentação convencia, mesmo nos momentos mais cruciais. Sabia como ninguém motivar diretores, jogadores e comissão técnica, com palavras simples, porém bem colocadas.

Na última partida para a conquista do hexacampeonato, Gérson Souza não titubeou ao suspender uma das maiores estrelas da seleção, o ponteiro-esquerdo Fernando Riela, por não ter permanecido concentrado com os demais jogadores. Numa conversa franca entre ele, o técnico Gil Nery e Fernando, expôs os prejuízos do comportamento e os riscos de sua atitude. Resolveu arriscar e os itabunenses comemoraram o título.

Provavelmente, o sucesso da Seleção de Itabuna tenha sido a convocação de uma base permanente, com substitutos à altura. Craques não faltavam em Itabuna e muitos ainda ficavam de fora desta super equipe. Porém Gérson Souza não conseguia ver um craque de outra cidade jogar, que não o convencesse a vir fazer carreira no brilhante futebol de Itabuna. Na maioria das vezes dava certo.

Um desses “convocados” por Gérson Souza foi Albertino Pereira da Silva, o goleiro Betinho, que trouxe – junto com Zelito Fontes – de São Félix para Itabuna, primeiro para o Janízaros, e depois para o Itabuna Esporte Clube. Betinho se notabilizou ao participar de uma partida jogando pela Seleção de Ilhéus contra o Santos. Pela sua atuação, foi levado por Pelé para o time da Vila Belmiro, mas devido ao seu comportamento não fechou um vantajoso contrato.

Em 1970, com a renúncia do presidente do Itabuna Esporte Clube, o time entrou em decadência, e mais uma vez Gérson Souza se dispõe a colaborar com o amigo Gabriel Nunes, que condicionou presidir o Itabuna com a sua participação. Das cinzas, o Itabuna ressurge com um plantel sem grandes estrelas, mas conscientes do que poderiam fazer para dar a volta por cima.

Apesar do descrédito de muitos, o Itabuna ganhou o segundo turno e se sagrou vice-campeão baiano. Não fossem as forças poderosas do extracampo, por certo teriam alcançado o primeiro lugar. Graças à união e credibilidade dos dirigentes junto aos torcedores, o time conseguiu os recursos necessários para participar dos jogos, com o apoio pessoal da torcida, mesmo nas partidas mais distantes.

Gérson Souza é daquelas personalidades que nascem de 100 em 100 anos e que vêm à terra com a finalidade de servir, tornar o mundo melhor com sua colaboração e dos amigos que o cercam. Encarar os desafios era uma de suas especialidades. Desprendido, coordenava e secretariava instituições com a maior naturalidade, debatendo e assumindo responsabilidades para si e o seu grupo.

E a responsabilidade com que traçava planos e projetos transmitia segurança em todos os segmentos da sociedade civil, que abraçavam suas ideias, tornando uma causa em comum de Itabuna. Era impossível a ausência de Gérson Souza nos projetos sociais. Sempre procurado pelo Executivo, Legislativo – do qual foi presidente –, Judiciário e líderes da sociedade, solicitando seus experientes conselhos para novos empreendimentos.

Sabia encarar os compromissos com muita seriedade sem ser sisudo. Ao contrário, a alegria de Gérson Souza era inebriante e contagiava os que conviviam com ele. Daí, trabalhavam com afinco até atingir os objetivos em plenitude e comemoravam as vitórias com a mesma intensidade. Gérson Souza é daquelas figuras ímpares, sempre lembradas com carinho pelo que fez em vida, deixando saudosos os que ainda choram seu desaparecimento.

Walmir Rosário é radialista, jornalista, advogado e autor d´Os grandes craques que vi jogar: Nos estádios e campos de Itabuna e Canavieiras, disponível na Amazon.

Tempo de leitura: 3 minutos

Para o problema que a pessoa possa identificar, há sempre caminhos de soluções. Não é fácil, mas é possível e extraordinário.

 

Rava Midlej Duque

Há dias em que eu me sinto vulnerável. Há dias em que eu foco no que não tenho. Há dias em que eu sinto o vazio como um problema, confundo solitude com solidão. Há dias em que eu alimento pensamentos que só sabotam e enfraquecem o meu processo. Há dias em que eu choro sem motivos aparentes.

Dar espaço para sentir e reconhecer esses padrões é o que me transforma. A gente não aprende sobre o amor, sem amar, a gente não aprende sobre paciência, sem viver momentos que nos exijam paciência.

Ninguém passa ileso pela vida. Somos desafiados o tempo todo, de certa forma acredito que é tudo com propósito. Somos seres espirituais vivendo uma experiência física e material, não o contrário. Estamos todos aqui para aprender a viver neste plano terreno: aprender, ensinar, se relacionar, evoluir diante às adversidades e às circunstâncias. Por mais cruéis que possam nos parecer à primeira vista, a dor muitas vezes, nos torna pessoas melhores. Aqui não faço apologia à dor, não a desejo! Mas quando ela inevitavelmente nos encontra, há algo nesse acontecimento que podemos aprender. A dor é o incômodo que impulsiona a ostra a produzir pérolas. Diante das adversidades e situações dolorosas que viveu, quais pérolas você conseguiu produzir até aqui? Pense nisso.

Os desafios fazem parte da nossa existência, sobretudo, a oportunidade de aprender com eles. Os problemas existem e vão continuar a existir, só terão nomes diferentes: uma hora é dinheiro, outra é saúde, outra vez é a autoestima ou o relacionamento que não vai bem. Independente se é Ano Novo ou não, se é Verão ou Inverno, se é carnaval ou São João, problemas existem. Pode parecer um tanto utópico, mas a questão não é sobre ter ou não problemas. Uma pessoa bem resolvida consigo mesma, ela é próspera em seus pensamentos, comportamentos, tem brilho nos olhos, passa confiança na fala, suas atitudes são coerentes e elevadas. Ela transborda!

Mas atenção, essa pessoa também tem seus problemas e desafios, mas a postura dela faz toda diferença, é a forma como essa pessoa investe tempo, energia e dinheiro para encontrar recursos, ferramentas de autoconhecimento que lhe dê sustentação e autonomia para enfrentar e solucionar esses problemas e dificuldades. Então o que estou falando aqui é: não é sobre o que a vida faz de você ou para você, mas o que você faz com aquilo que recebe dela.

A intenção da evolução aqui na terra nada mais é do que evoluir a consciência. Não adianta Sermos se não formos na direção de encontrar Quem Somos. A questão humana é ser e existir de maneira coerente. E existir exige que tenhamos consciência de quem somos. Alguma vez na vida você já se fez a pergunta: Quem sou eu? Se ainda não fez essa pergunta, chegará a hora. E quando essa hora chega para você, o seu entendimento sobre a vida começa! Sábios e Mestres durante toda a história da humanidade apontaram um caminho para obtermos respostas sobre a vida: Conhecer a si mesmo e dominar a si mesmo. Aristóteles, filósofo da Grécia Antiga, em seus escritos uma vez disse: “Conhecer a si mesmo é o começo de toda a sabedoria”. Lao Tzu, filósofo chinês, disse algo semelhante: “Conhecer os outros é inteligência; conhecer a si mesmo é a verdadeira sabedoria. Dominar os outros é força; dominar a si mesmo é o verdadeiro poder”,

Existe algo para o qual somos todos convidados: A revolução interna!

Não é algo linear: você levanta, cai, levanta, depois cai de novo e levanta mais forte, depois vem algo que te mata, apaga, suga, aí você morre e depois de algum tempo, renasce. Depois cai de novo, rasteja, até que aprende a voar. E aprender a voar é algo empoderador! Você precisa experimentar. Eu sei que não é um caminho fácil, mas é possível. É por isso que existem profissionais como eu, Terapeutas, Psicólogos, profissionais de diversas áreas do Desenvolvimento Humano, capacitados a conduzir e ajudar efetivamente às pessoas que buscam conhecer a si mesmas, que buscam mudanças nas suas vidas.

Durante os atendimentos que realizo é recorrente eu receber pessoas que querem melhorar suas vidas de fora para dentro. Querem que as condições externas melhorem, independente da mudança interior. Mas as mudanças externas só acontecem depois da interna. Isso eu aprendi na prática! A minha função enquanto educadora, terapeuta e especialista na área de desenvolvimento humano, precisa ser mais do que cumprir um protocolo de atendimento e dar a receita de um bolo que nem existe. O meu compromisso é dar à pessoa que me procura, o acesso às forças necessárias para que ela sinta-se capaz de resolver o problema que lhe é prioritário. Ensino a reconhecer a capacidade que todo ser humano tem de mudar a sua vida. Para o problema que a pessoa possa identificar, há sempre caminhos de soluções. Não é fácil, mas é possível e extraordinário.

Rava Midlej Duque é comunicadora, mestra, terapeuta sistêmica, consteladora familiar e especialista em Psicologia Perinatal.

Na charge de Marcos Maurício, o encontro imaginário de Galdino e Nega Pataxó
Tempo de leitura: 3 minutos

 

 

Quando eu cantei essa música num encontro de povos indígenas em Brasília, em 2023, não imaginei que era uma premonição.

 

Daniel Thame

“Como esquecer daquela madrugada gelada em Brasília? Eu estava numa terra estranha, cercada de gente estranha, uns homens bem vestidos, que se diziam autoridades, mas, eu sabia, aqueles sorrisos todos eram falsos, porque eles prometiam demarcar terras que eram nossas e que foram invadidas por fazendeiros, mas assim que a gente voltava para o sul da Bahia, eles até esqueciam que a gente esteve lá.

As nossas terras em Pau Brasil e Itaju do Colônia tinham sido doadas a fazendeiros em troca de apoio político e o governador da Bahia naquela época que eu fui a Brasilia era dono de tudo, acho que até da Justiça. E nada de sair a demarcação.

Mas a gente era de luta, uma força que vinha dos nossos ancestrais e que eu sabia, iria ser mantida pelos nossos descendentes.

O que eu não sabia é que a maldade dos homens poderia ser tão grande, e olha que ao longo dos séculos nós sempre sofremos com a maldade daqueles que invadiram as nossas terras e tentaram matar a nossa identidade.

Como eu disse, fazia muito frio naquela madrugada em Brasília e eu estava dormindo na rua, porque a gente não tinha dinheiro nem pra pagar hotel, quando, de repente, eu senti um calor no corpo, achei que alguma alma boa tinha me oferecido um cobertor.

Mas não era um cobertor, era fogo. Isso mesmo, quatro meninos ricos, para se divertir, haviam ateado fogo no meu corpo. Eu senti uma dor imensa, até ver a lua se tingir de vermelho e aí eu não senti mais nada.

Quando meu espírito chegou aqui no ybaca, eu sabia que a nossa luta não iria parar.

De certa forma, minhas chamas seriam o fogo da esperança de que a gente pudesse produzir e viver em paz nas terras que, por direito, eram nossas”.

Índio pataxó Galdino de Jesus, queimado vivo no dia 19 de abril de 1997.

´Eu sou guerreira, mas meu trabalho é pra combater, eu entrego meu peito à lança, nossa batalha temos que vencer’.

“Quando eu cantei essa música num encontro de povos indígenas em Brasília, em 2023, não imaginei que era uma premonição.

A gente avançou muito nos últimos anos. Conseguimos a demarcação de várias áreas, nosso irmãos tupinambás hoje têm suas terras ainda que vivam sofrendo ameaças, mas mesmo assim é preciso lutar, porque existem muitas áreas indígenas que são ocupadas irregularmente pelos fazendeiros.

Dizem que o Brasil nasceu aqui no sul da Bahia em 1500. Às vezes, penso que quando o tal de Brasil nasceu o nosso povo começou a morrer.

E que só não fomos dizimados porque somos forjados na luta, não temos medo da batalha e porque nossa causa é justa.

Quando meu irmão Cacique Nailton Pataxó me chamou pra gente retomar uma área que, por direito, é nossa, lá perto do imenso Rio Pardo, eu aceitei, porque nunca fugi da luta e como eu mesmo já contei aqui, não tenho medo das lanças.

Eu só não esperava nem contava com as balas.

A brutalidade dos homens não tem mesmo limite. Em vez do diálogo, eles dispararam tiros.

Muitos tiros. E naquela explosão de violência, em meio aos gritos de medo, só lembro de uma coisa me atingindo, uma dor no corpo e o sol se tingindo de vermelho de sangue.

E me lembro que quando meu espírito chegou aqui no ybaca o companheiro Galdino veio me receber.

Lá embaixo, na terra, nesse solo que pra nós é sagrado, eu sei que nem o fogo nem as balas vão calar a nossa voz.

Porque nós somos e seremos semente e sempre vamos germinar em cada indígena e em cada pessoa que ainda consegue se indignar e combater as injustiças”.

Maria de Fátima Muniz, Nega Pataxó, foi assassinada no dia 21 de janeiro de 2024 por um grupo de fazendeiros em Potiraguá, centro-sul da Bahia.

Daniel Thame é escritor e jornalista.

Clóvis Aquino (à direita, embaixo) e família
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Após muitos anos, torcedores e adversários se mostram saudosos com o futebol praticado pela Associação, um elenco digno de respeito e que se perpetuou na história do esporte itabunense.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Walmir Rosário 

A cada dia o futebol contagiava os itabunenses e crescia em bons jogadores e torcida. No final da década de 1930, surge a equipe Associação Athletica Itabunense (AAI), considerado o “bicho-papão” do futebol. A proposta era apresentar um futebol amador de forma organizada, com técnica suficiente para ganhar partidas e campeonatos seguidos, com um elenco de fazer inveja aos adversários.

E a Associação, como carinhosamente era chamada, aterrorizava os adversários, principalmente pelo nível dos jogadores, em que titulares e reservas possuíam o mesmo potencial. Saía um entrava o outro e o time não caia de produção. Para isso, escolhiam uma zaga vigorosa, um meio de campo técnico e um ataque arisco, composto por jogadores que se movimentavam muito, sempre em direção do gol adversário.

A contratação de um jogador se baseava não apenas no talento com a bola. Eles tinham que primar pelo coletivo, fazer se respeitar dentro e fora de campo e cumprir as determinações técnicas para manter a tática imposta pelo técnico, entre eles, Costa e Silva. No período compreendido entre 1939 e 1946 a Associação Athletica se impôs no futebol de Itabuna e região se tornando pentacampeã.

Certa feita, numa entrevista concedida aos jornalistas José Adervan, Ramiro Aquino, Antônio Lopes e Walmir Rosário, no Jornal Agora, um dos remanescentes da Associação, o engenheiro agrônomo e produtor rural Clóvis Nunes de Aquino, lembrou sua passagem pela equipe. E ele apresentou algumas cadernetas, nas quais registrava, fielmente, todos os dados das partidas da Associação.

E Clóvis Aquino era um jogador fenomenal, um centroavante com talento e vigor suficiente para marcar os gols nas vitórias da Associação. Os seus predicados futebolísticos foram descobertos quando ainda estudante de agronomia na conceituada Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em Piracicaba (SP). Mesmo assim, amargava jogar no segundo quadro da Associação e ser reserva do também craque Juca Alfaiate.

Embora não gostasse da reserva, mostrava seu futebol ao entrar em campo, no primeiro ou segundo quadro, encantando os torcedores. E Clóvis Aquino recordava com alegria sua participação como titular da equipe principal em 1946, ano em que disputou o campeonato como dono da posição, o que lhe valeu o título de pentacampeão itabunense. Tudo registrado em suas cadernetas.

E as notícias do escrete “matador” chegam à capital baiana e a diretoria dos times de Salvador se interessam em excursionar no Sul da Bahia, notadamente para jogar contra a famosa Associação Athletica Itabunense. No campo da Desportiva jogavam de igual para igual, e na maioria das vezes, a Associação mostrava o seu magistral futebol, ganhando as partidas, sem se importar com os adversários.

Mais experta foi a Associação Desportiva Guarany, que veio ver de perto os propalados craques de Itabuna e resolveu levar o time inteiro para Salvador. Dos titulares, apenas Juca Alfaiate não aceitou a proposta e continuou na Associação. Mesmo assim, o Guarany contratou o segundo reserva de Juca, Elísio Peito de Pomba. Pela primeira vez, a equipe do Guarany se sagrou campeã baiana em 1946, único de sua história.

Alguns torcedores da Associação creditam o declínio da Associação à perda dos jogadores contratados pelo Guarany, a exemplo de Tombinha, Nivaldino, Amaral, Bolívar, Bacamarte, Quiba, Elísio Peito de Pomba, Elvécio, Tuta, Mangabeira, Juca e Zezé, sendo que estes três últimos se transferiram para o Flamengo local. Elísio Peito de Pomba foi o artilheiro do Guarany com 12 gols marcados no campeonato.

A Associação Athletica Itabunense possui uma história gloriosa, o que é inegável até pelos adversários. Se chegava a notícia de um grande jogador, a diretoria não media esforços para contratá-lo e assim formou a equipe mais temida do interior da Bahia. De início, um time de elite, no qual só jogavam atletas brancos; com o passar do tempo, passaram a aceitar pessoas de cor negra, sendo o primeiro deles, o zagueiro Ruído, de Jequié.

Nas cadernetas de Clóvis Aquino estão anotados jogadores famosos da Associação Athlética Itabunense (AAI) como Balancê, Niraldo, Mota e Victório na posição de goleiros, Bolivar, Álvaro, Bacamarte, Dircinho, na posição de zagueiros, na chamada linha intermediária Amaral, Mangabeira, Zecão, Helvécio e ainda os atacantes Tombinha, Puruca, Juca, Clóvis, Nivaldino, Tuta, Zezé e Nandinho.

E após muitos anos, torcedores e adversários se mostram saudosos com o futebol praticado pela Associação, um elenco digno de respeito e que se perpetuou na história do esporte itabunense. Alguns remanescentes daquela época não pensam duas vezes em escalar as equipes da Associação, com titulares e reservas, além dos gols e momentos importante de cada partidas que jogavam.

E a Associação permanece na saudade dos itabunenses.

Walmir Rosário é radialista, jornalista, advogado e autor d´Os grandes craques que vi jogar: Nos estádios e campos de Itabuna e Canavieiras, disponível na Amazon.

Jerberson Josué escreve sobre a novela da política em Ilhéus
Tempo de leitura: 6 minutos

O poder da máquina é fundamental para que o nome ungido tenha êxito, porém não garante nada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jerberson Josué

Iniciamos, enfim, o tão desejado 2024 para o mundo político, focado na eleição municipal que se aproxima. Uma nova janela de possibilidades para quem deseja conduzir os rumos administrativos da terra de Gabriela e seu Nacib. Quem se habilita? Esta é a pergunta da hora. Diversos candidatos em vários partidos estão na estrada da sucessão na terra onde a novela Renascer é gravada pela segunda vez, agora com novos atores em cena, mas contando também com alguns experientes artistas da primeira edição.

Assim como o remake global, as eleições de Ilhéus têm novos atores, mas conta com antigos protagonistas do poder local. O ator Marcos Palmeiras, que fez parte da primeira edição da novela, em 1993, está no remake de 2024. Na política, o professor Jabes Ribeiro, prefeito de Ilhéus por quatro mandatos, sendo o primeiro de 1983 a 1988, se apresenta, agora, como pré-candidato. Uma quinta vitória poderia transformá-lo em um dos mais vitoriosos e longevos políticos baianos. Na primeira, Jabes tinha 28 anos. Hoje, 72. Ele é o último representante competitivo de uma geração de políticos que marcou época na Bahia, com estilo próprio de governar.

Representante da geração seguinte é o vice-prefeito Bebeto Galvão (PSB), que, em 1993, era um dos protagonistas do Poder Legislativo ilheense. Hoje, o ex-deputado federal também é suplente do senador Jacques Wagner (PT) e conselheiro da República. O vereador Augustão, a exemplo de Bebeto, forjou-se no movimento sindical. Além da cadeira na Câmara, preside o Sindicato dos Trabalhadores na Movimentação de Mercadorias em Geral do Sul e Extremo Sul da Bahia (SintraSul), é empresário e palestrante.

Um dos homens fortes do governo Mário Alexandre ou, na verdade, o homem forte do governo, é o secretário Bento Lima. Ele goza da total confiança do prefeito. É um nome com todas as condições para dar seguimento aos projetos e ações do atual gestor. Tem o respeito da classe política por seu poder de articulação e dialoga bem com o Governo do Estado. Também é visto com bons olhos por segmentos empresariais. Muitos o apontam como candidato ideal, depois da deputada Soane Galvão.

Sobre a parlamentar, o prefeito a tem como porto seguro de sua continuidade política e não pretende mudar sua posição nesse tabuleiro. Até porque, a partir de janeiro de 2025, ao lado da deputada, Marão poderá continuar tendo acesso às atividades e articulações políticas, mesmo sem o mandato de prefeito. Ele não seria atingido pelo famoso estado de político sem mandato ninguém encosta.

Ainda no entorno do grupo do prefeito, dizem que o ex-secretário municipal de Saúde André Cesário ainda sonha com a chance de ter o seu nome escolhido, pois segue prestigiado. Resta-nos saber se o Dr. André Cesário terá vontade e ímpeto de se colocar como opção real do gestor. A secretária de Educação, Eliane Oliveira, popularmente conhecida como “Lôra”, tem sido citada no governo como um nome apto, por também ser de muita confiança de Marão.

O fato de o prefeito não ser candidato abre espaço para todos sonharem. Assim como o remake de Renascer, que deu oportunidade a novos protagonismos, o tabuleiro da eleição de 2024 pode trazer novidades.

O ex-vereador Marcos Flávio é filho do saudoso ex-prefeito de Ilhéus Antônio Olímpio, que rivalizava na época da primeira edição de Renascer com o professor Jabes Ribeiro. O advogado Marcos Flávio foi presidente da OAB em Ilhéus e é o secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação do município. Herdeiro de um dos últimos “coronéis” da política ilheense, é sempre lembrado na disputa eleitoral.

Moisés Bohana Neto tem sobrenome na sociedade ilheense e goza da amizade e confiança do protagonista político da cidade. Atualmente, ocupa o cargo de secretário de Pesca e Agricultura. Conhecido pela alcunha de “100%”,  tenta ser postulante ungido por seu primo e diretor-geral, o prefeito Mário Alexandre.

O jovem empresário Valderico Reis Junior é outro postulante desta pré-campanha e faz parte da nova geração de políticos de Ilhéus. Quando da primeira edição do folhetim, tinha apenas 7 anos. Nas suas veias pulsam o sangue do “coronel” dos ônibus, o controverso e popular Valderico Reis, que, além de ex-proprietário de empresas de ônibus, elegeu-se prefeito de Ilhéus em 2005, 12 anos após a estreia de Renascer.

O médico Francisco Sampaio foi eleito vereador várias vezes na década da primeira edição de Renascer, inclusive, presidiu a Casa Legislativa ilheense. É um ator que teve protagonismo e se afastou das urnas por um bom tempo, mas está empolgado com a nova edição eleitoral e se coloca como pré-candidato.

O vereador Aldemir Almeida é um pré-candidato que, apesar de ser da geração de cidadãos que à época da primeira Renascer já tinha condições de atuar, só se apresentou anos depois e conquistou quatro mandatos na Câmara. É médico, assim como Francisco Sampaio e Paulo Medauar, que tem sido visto rondando a cidade também como pré-candidato a prefeito. Com longa experiência em gestão desde a década de 90, consta do currículo de Medauar o cargo de secretário municipal de Saúde.

Outro ex-vereador e ex-presidente da Casa Legislativa ilheense que se coloca aos quatro cantos como pré-candidato a prefeito é Dinho do Gás. O boa praça que teve uma atuação protagonista meteórica na Casa das Leis, agora se lança ao Executivo, ao menos na pré-campanha. Outro ex-presidente do Palácio Teodolindo Ferreira que se apresenta na pré-campanha para o Centro Administrativo é o edil Jerbson Moraes. Do mesmo partido do prefeito Mário Alexandre, o PSD, o vereador busca protagonismo e é um ator da nova geração de políticos na cidade.

O ex-vereador Makrisi, também ator da nova geração, que à época da primeira edição de Renascer, estava nos movimentos juvenis de estudantes, agora se apresenta para o Executivo e tem como referência a excelente atuação do mandato como vereador, de atividades sociais e sindical, e no seu currículo consta a função de servidor público. Ednaldo Azevedo é um experiente profissional e ativista social que se apresenta na pré-campanha, inclusive, com passagens por gestões em outros municípios, e sua carteira de apresentação tem como base a luta por justiça social.

Com larga experiência acadêmica e profissional de saúde, além de ocupar a terceira pasta no palco da administração estadual, a médica e professora Adélia Pinheiro, que foi por oito anos reitora da Universidade Estadual de Santa Cruz, a nossa Uesc, se apresenta pela primeira vez como possível candidata a um cargo eletivo no meio político. A professora, que já passou pelas secretarias de Ciência e Tecnologia e de Saúde do Estado, é secretária estadual de Educação e, até o momento, a única mulher na pré-campanha ao Executivo ilheense.

Reeleito recentemente, o reitor da Universidade Estadual de Santa Cruz, professor Alessandro Fernandes, tem o seu nome citado em qualquer conversa sobre sucessão, seja em Ilhéus ou Itabuna. Isso é óbvio por sua capacidade administrativa e pelo protagonismo que tem como reitor de uma das melhores universidades do País, inclusive, por esse status quo já tivemos o remake de pré-candidaturas de reitores desde Soane Nazaré de Andrade, Renée Albagli e Joaquim Bastos. Justo protagonismo para quem ocupa um cargo com tamanha relevância. A saber quem seguirá os passos do saudoso reitor Soane Nazaré. Normalmente, todos os reitores se tornam prefeituráveis. Vale ressaltar que a fundação da Uesc é dos idos dos anos 90, pouco antes da primeira Renascer.

Um ator de bastidores que tem externado o desejo de ser protagonista é o consagrado empresário Nilton Cruz. Ele quer repetir na política o sucesso da vida empresarial. Tem como padrinhos figuras proeminentes do PT, como o líder do governo na Assembleia Legislativa da Bahia, o deputado Rosemberg Pinto, com quem nutre amizade pessoal e fraterna relação. A importância de Nilton se faz presente e reconhecida a ponto de o líder maior da nação se hospedar em sua residência, como fez Luiz Inácio Lula da Silva. Resta saber se o nobre empresário conseguirá transformar o prestígio e gabarito político pessoal em articulações e votos. Nos bastidores, a estreia de Nilton Cruz no cenário eleitoral sempre é cogitada.

Reivindicando ser o representante do bolsonarismo na sucessão municipal de Ilhéus, o Coronel Resende se apresentou com as mesmas pautas do ex-presidente. O militar busca captar na campanha os seus seguidores e defensores, como única opção de contraponto aos demais e aos governos estadual e federal.

Porém, ainda falta saber quem será uma personagem de relevância fundamental, quem será o candidato do protagonista atual da política ilheense, o prefeito Mário Alexandre, e se terá o apoio do ator principal do estado, governador Jerônimo Rodrigues. Mário e o governadora ainda não definiram quem eles vão ungir. Se fosse no estúdio da novela, é como se faltasse o grito de “ação” do diretor.

O poder da máquina é fundamental para que o nome ungido tenha êxito, porém não garante nada, principalmente, porque temos uma eleição bem complexa, em que o elenco precisa estar afiado, seja na sucursal local, ou na estadual. Como o ano está apenas começando, muitas cenas veremos no decorrer da novela eleitoral 2024. Eu serei um atento telespectador.

E você, que lê este humilde texto, qual será seu papel no remake eleitoral de 2024? Participe!

Posso ter omitido outros possíveis pré-candidatos, aos quais peço desculpas por não os conhecer, por enquanto. Prometo citá-los num próximo capítulo.

Jerberson Josué é ativista social.

Propaganda do BC exalta disseminação do PIX || Foto Reprodução
Tempo de leitura: 4 minutos

Preciso me atualizar, passando pelo Artigos para Beber e o ABC da Noite, para saber se José Eduardo e o Caboclo Alencar já aderiram ao PIX.

 

 

 

 

 

 

 

Walmir Rosário

Se tem uns serviços prestados aos brasileiros que temos que tirar o chapéu são os bancários, mas somente em termos de avanço tecnológicos, que fiquem bem claro, para que eu não tenha problemas no futuro com bate-bocas inexplicáveis. Longe de mim perder tempo e gastar meus nervos com altercações que não levam a nada a não ser no desgaste físico e emocional com bobagens.

Dadas as devidas explicações, leio sempre que o Brasil – ou melhor, os bancos brasileiros – estão na vanguarda internacional quando o assunto é informática e segurança bancária na prestação de serviços aos clientes. Não poderia deixar de esclarecer, de pronto, que custam os olhos da cara – do cliente, é claro – para o gáudio dos riquíssimos banqueiros, sempre ávidos pelo nosso escasso dinheiro.

E aí, de forma desavisada, vem o Banco Central e cria o PIX, meio de transferência rápida, imediata, na mudança de t

itularidade dos nossos reais, desde que se encontrem dormitando nas contas bancárias. Melhor de tudo, de graça, sem as pesadas taxas e prazos decretados pelos bancos, sob a complacência do Banco Central, um aliado de todas as horas do sistema bancário, antes de sua autonomia.

E o PIX caiu em cheio no gosto do povo, apesar dos golpes aplicados pelos larápios cibernéticos. Uma ameaça aqui, outra acolá e o PIX seguiu seu caminho, mesmo a contragosto dos banqueiros, que não viam a hora de começar a cobrar pesadas taxas. Como o Banco Central não se amofinou, os banqueiros trataram logo de inventar serviços agregados ao PIX, oferendo dinheiro emprestado para quem não tinha a essencial provisão de fundo para a transferência.

Pela primeira vez os clientes aplicaram e encaixaram socos certeiros no queixo do sistema bancário. Se o pagador gostou do serviço, mais ainda os donos de estabelecimentos comerciais, que poderiam receber o pagamento sem destinar uma polpuda parte aos cartões, com a vantagem imediata de ter o resultado da venda creditado na sua conta bancária, ampliando o saldo bancário.

O PIX caminhou com suas próprias pernas (?) e podemos ver as plaquinhas de “aceitamos PIX” não só nos estabelecimentos comerciais, sejam qual o tamanho, mas e também nos empreendedores pelas diversas ruas e cruzamentos da cidade. Dando uma busca pela internet, consegui ver – até mesmo – pedintes exibindo suas placas de adesão ao serviço de transferência criado pelo Banco Central, com a finalidade de evitar a desculpa de “não tenho trocado”.

No mês passado, em Florianópolis, uma senhora de idade bastante avançada nos abordou no carro oferecendo uns docinhos, por três reais, cada. Agradecemos e recusamos a compra e ela não se deu por vencida: “Se não tem trocado, não tem problema, eu recebo pelo PIX”. Mas eis que chega nosso filho e partimos para outra avenida sem completarmos a relação de negócio com a empreendedora.

Não é comum eu circular por aí com dinheiro no bolso, a depender de onde vou e o que vou fazer. De acordo com minhas visitas, levo alguns trocados no bolso para o devido pagamento em dinheiro, reais em espécie. E um desses locais sempre foi o ABC da Noite, para minha satisfação e gozo das conceituadas batidas elaboradas pelo alquimista do Beco do Fuxico, Caboclo Alencar.

Como não tenho ido com frequência a Itabuna e, consequentemente, ao Beco do Fuxico, para o devido reconhecimento, preciso me atualizar, passando pelo Artigos para Beber e o ABC da Noite, para saber se José Eduardo e o Caboclo Alencar já aderiram ao PIX. Somente a título de lembrança, o Caboclo já frequentou escola de informática, em busca de conhecimentos cibernéticos. Daí para o PIX é um pulo.

Outra pesquisa que pretendia fazer – também in loco – seria na Confraria d’O Berimbau, onde o assunto ganhou destaque anos passados em relação aos cartões de crédito, isso, ainda, na administração de Neném de Argemiro e que ganhou destaque no jornal Tabu. De início, Neném não disse que sim nem que não, o que resultou numa assembleia, na qual nada ficou definida.

Com o fechamento d’O Berimbau, perdemos uma ótima fonte de pesquisa para saber da satisfação do cliente e do comerciante sobre o PIX como meio eficiente no pagamento de cachaças, cervejas e outras iguarias etílicas. Mesmo com minha pesquisa incompleta, poderei ter uma base da aceitação pelos donos de botequins, que hoje simplesmente deixaram de ouvir aquele sonoro aviso do cliente ao ir embora: “Some minha conta e tome no assento”.

Traduzindo: “Veja quanto devo e anote no caderno que pago depois, quando Deus mandar um bom tempo”. Com o PIX os cadernos de fiado vão deixando de existir e cairá por terra mais uma cultura popular. Dia desse cheguei num tradicional bar em Canavieiras e na hora de acertar a conta, o proprietário me apresentou uma folha de papel-ofício com um desenho chamado “QR code” e mandou que apontasse a câmera do celular para pagar com o competente PIX.

Walmir Rosário é radialista, jornalista, advogado e autor d´Os grandes craques que vi jogar: Nos estádios e campos de Itabuna e Canavieiras, disponível na Amazon.

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Uma das coisas que mais gosto no programa é sua capacidade de otimizar recursos já existentes na máquina pública em benefício da comunidade.

 

Jerônimo Rodrigues

As férias escolares na Bahia estão ganhando um novo significado com o lançamento do projeto “Férias na Escola com mais Sabor e Saber”, uma iniciativa do Governo do Estado, realizada pela Secretaria de Educação (SEC).

Famílias, comunidades do entorno escolar, voluntários e equipes técnicas envolvidas com o propósito de enriquecer o dia a dia dos estudantes da rede pública durante esse período. Entre os dias 10 e 31 de janeiro, será oferecida a milhares de jovens uma combinação de diversão, aprendizado e descontração, além de um mergulho nas manifestações culturais tradicionais de cada região da Bahia. As atividades ocorrerão nas unidades da rede estadual de educação.

Todos os inscritos poderão fazer duas refeições diárias na escola. Para que a participação dos alunos seja ampla, garantindo inclusão e acessibilidade ao programa, serão disponibilizados também ônibus de transporte escolar. A expectativa é que mais de 120 mil estudantes de 27 Núcleos Territoriais de Educação (NTEs) sejam beneficiados com esta iniciativa. É um programa que não parte do zero. Na realidade, é uma expansão do bem-sucedido “Educa Mais Bahia”, que realiza oficinas educativas durante o ano letivo.

O “Férias na Escola com mais Sabor e Saber” oferece oficinas em cinco eixos principais: Cultura Corporal, Arte e Cultura, Saúde e Bem-Estar, Esporte e Lazer e Recomposição de Aprendizagem. Cada uma dessas áreas é projetada para não só entreter, mas também educar e inspirar. Os estudantes terão a oportunidade de participar de uma variedade de atividades, desde esportes e jogos até formas de arte como dança, teatro, artesanato e cinema, refletindo as ricas tradições culturais da Bahia.

O programa tem a intenção de ocupar o tempo ocioso dos jovens com atividades artísticas, esportivas e científicas. Esse acolhimento do estado contribui para o fortalecimento de uma cultura de paz, favorecida pelo envolvimento das famílias, da comunidade e dos mais de quatro mil voluntários participantes. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) também se integrará com atenção especial no entorno das cerca de 500 unidades escolares que farão parte do projeto.

É importante ressaltar que este modelo de projeto só é possível, hoje, devido à requalificação da estrutura física das escolas públicas baianas, na qual o governo vem fazendo um dos seus maiores investimentos. Os novos colégios são espaços muito mais atrativos para os estudantes com seus teatros, bibliotecas, laboratórios, quadras poliesportivas, campos de futebol, entre outros equipamentos.

A importância desse projeto vai além da simples oferta de atividades de férias. Representa um investimento na formação integral dos jovens, oferecendo-lhes oportunidades de aprender e crescer de maneira divertida e intensa. Ao promover a recuperação de aprendizados em áreas acadêmicas essenciais e ao mesmo tempo enfatizar o bem-estar físico e emocional, o “Férias na Escola com mais Sabor e Saber” surge como uma medida educacional inovadora e útil na vida escolar dos jovens.

Ao fazer a inscrição, os estudantes têm a liberdade de escolher as atividades que mais lhes interessam, garantindo que cada participante tenha uma experiência única e enriquecedora. A iniciativa não só mantém os jovens engajados e ativos durante as férias, mas também os conecta com sua comunidade e herança cultural de maneira profunda e duradoura.

Uma das coisas que mais gosto no programa é sua capacidade de otimizar recursos já existentes na máquina pública em benefício da comunidade.

É assim, priorizando o bem-estar das pessoas, que estamos construindo a nova Bahia do presente e também para o futuro.

Jerônimo Rodrigues é governador da Bahia e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana.

Mark Wilson recorda passagem do Velho Lobo por Itabuna, na década de 70
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Fiquei muito feliz por aquilo e, durante algum tempo, falava com meus amiguinhos que meu pai era amigo de Zagallo.

Mark Wilson Teixeira

Vi Zagallo quando eu era criança, aqui em Itabuna. Sei que foi depois da Copa de 74, da Alemanha, mas não me lembro do ano. Acho que foi em 75. Ele era técnico do Botafogo, que veio jogar em Itabuna contra o Vitória de Salvador. O Vitória ganhou por 1 x 0, gol de pênalti batido pelo baixinho Osni, grande craque da época.

No final do jogo, meu pai, que era titular de cadeiras cativas do estádio, tinha direito de acesso ao gramado do Itabunão e foi conversar com Mario Jorge Lobo Zagallo. Os dois conversando e eu, na mais pura e ingênua atitude da minha infância, de meus talvez 10 anos, peguei no braço de Zagallo, como que puxando para chamar-lhe a atenção, olhando para cima direto em seus olhos e perguntei: “seu Zagallo, seu Zagallo, o senhor é amigo de meu pai?”. Ele se virou para mim e respondeu: “sou sim”.

Fiquei muito feliz por aquilo e, durante algum tempo, falava com meus amiguinhos que meu pai era amigo de Zagallo. Jamais me esquecerei disso em minha vida.

Mark Wilson Teixeira é formado em Administração de Empresas.