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Emílio Gusmão | emilio.gusmao@gmail.com
Em 2012, o Brasil vai comemorar o centenário de Jorge Amado, escritor que, segundo João Ubaldo Ribeiro, deu “forma, expressão e identidade” à cultura baiana.
“A Bahia não pode ser compreendida — e, por via de consequência, o Brasil não pode ser inteiramente compreendido — sem Jorge Amado e Dorival Caymmi”, escreveu João Ubaldo, após ser informado sobre o falecimento do amigo (clique aqui).
É do conhecimento de todos (até mesmo das pessoas que nunca o leram), que Ilhéus fez parte da vida e é um referencial importante na obra do escritor, que viveu aqui grande parte de sua infância.
Este blogueiro está preocupado. Que tipo de homenagem o atual governo municipal pensa em fazer para Jorge Amado? Estou receoso, pois uma administração que não consegue recolher o lixo, diariamente, tudo indica, não terá condições de preparar nada à altura do romancista.
A Fundação Cultural de Ilhéus, por mais que o presidente seja uma pessoa atenta e de bons propósitos, está perdida em meio ao baixo orçamento e ações equivocadas, como a Caravana Cultural, que se propõe a levar “cultura” para as localidades. Ué! As localidades não têm cultura?
Está na hora do prefeito Newton Lima criar uma comissão que envolva diversos atores sociais da cidade (incluindo também a Uesc e as escolas públicas e particulares) para começar a planejar ações relacionadas à data. Os principais veículos de comunicação (principalmente a Globo, que bebeu da obra e se lambuzou) provavelmente darão grande ênfase. Sendo assim, está mais do que na hora de manter contato com a família, de refletir e idealizar.
Em 2008, ano em que se comemorou 50 anos da publicação do romance “Gabriela, Cravo e Canela”, a prefeitura fez uma singela homenagem, ao promover a exibição do filme “Gabriela”, do diretor Fábio Barreto.
Jorge Amado odiava essa adaptação, a qual chamava de “pornozinho”, por se prender apenas à sensualidade da protagonista. Quem leu sabe a diferença, não só de linguagem (cinema e literatura), como também da opção do diretor, que apelou ao erotismo para lotar as salas de exibição.
Em 2012, não teremos o direito de cometer o mesmo erro, nem muito menos algo parecido.
Emílio Gusmão é comunicólogo e editor do Blog do Gusmão.

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Inspirados no “ame-o ou deixe-o”, os locutores bradavam que estes “maus brasileiros” deveriam deixar o país. A mãe de Bené entrou em pânico.

Marival Guedes | marivalguedes@yahoo.com.br
Na década 70 e início dos anos 80, a maioria dos militantes de esquerda torcia contra a seleção brasileira. Acreditavam que os militares golpistas  tirariam proveito político, já que os marqueteiros orientaram o presidente Médici a buscar maior envolvimento com o futebol. Naquele período só um membro do Estado tinha direitos, o governo.
Do outro lado, Fernando Gabeira- quem te viu, quem te vê- exilado na Argélia, discutia com os companheiros qual seria o posicionamento do grupo. Na copa de 82, realizada na Espanha, as discussões eram iguais, mas  em Itabuna um protesto se diferenciou. No dia do jogo Brasil x União Soviética, quatro jovens compraram alguns metros de tecido vermelho e saíram pelas ruas defendendo o país comunista, num momento em que os partidos comunistas estavam na ilegalidade.
Os jornalistas Ederivaldo Benedito e Joel Filho juntamente com os atores Carlos Betão e Emiron Gouveia exibiam a “bandeira” russa e os dois últimos declamavam e faziam discursos. Houve reações, mas escaparam  ilesos. A notícia se espalhou através das emissoras de rádio, principalmente dos programas esportivos. Inspirados no “ame-o ou deixe-o”, os locutores bradavam que estes “maus brasileiros” deveriam deixar o país. A mãe de Bené entrou em pânico.
Não satisfeitos, os quatro foram ouvir a transmissão do jogo na casa de Joel. Logo no primeiro tempo a Rússia surpreendeu e fez 1×0. O silêncio nas redondezas foi quebrado pelos gritos e murros na mesa dos quatro torcedores. A Festa durou pouco. No segundo tempo o Brasil virou o jogo e venceu por 2×1.
Joel decidiu ficar em casa, mas os outros precisavam ir embora. E aí surgiram as pedras no caminho. Os vizinhos, ávidos por vingança, ficaram de plantão na rua esperando os “quintas-colunas”. Eufóricos, xingavam eles e suas genitoras. Até as crianças participaram do linchamento verbal indo até a porta dos refugiados e gritando em coro: “comunistas descarados, comunistas descarados, comunistas descarados”… Um torcedor mais exaltado, aos berros, sugeria o local onde a bandeira deveria ser introduzida.  Betão, Emiron e Bené ficaram confinados até altas horas quando, cansada, a vizinhança foi dormir.
Marival Guedes é jornalista e escreverá no Pimenta sempre às sextas-feiras.

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Do Política Etc:
Imagine a situação: uma casa está com grande vazamento de água e o proprietário, com o objetivo de resolver o problema, manda aumentar o abastecimento, sem fechar o rombo por onde o recurso é desperdiçado.
É mais ou menos o que o governo procura fazer, quando tenta criar um novo tributo num país como o Brasil, onde os rombos da corrupção continuam provocando megavazamentos de dinheiro público. Antes de estabelecer novo imposto, ou contribuição – como agora se pretende com a ressurreição da CPMF em nova roupagem – o correto e honesto seria combater a roubalheira.
O Brasil tem notoriamente uma das maiores cargas tributárias do mundo, combinada com serviços públicos vergonhosos. Por fora, a voracidade do estado. Por dentro, a fome dos larápios que infestam o poder público (federal, estadual e municipal).  Embaixo, um povo assaltado.
Dizem que a Contribuição Social para a Saúde (CSS), sucessora da CPMF, é absolutamente necessária para pagar as contas do SUS. Quem conviveu com a CPMF deve se lembrar que o dinheiro desta contribuição, criada para reforçar o caixa da saúde, serviu bem pouco ao seu objetivo. E certamente, como parte da arrecadação do Estado, serviu muito a objetivos inconfessáveis.
Cabe uma pergunta: faltam recursos para a saúde no Brasil ou o setor é mais uma vítima da corrupção e ineficiência do poder público?
Um “baianim” amigo deste blogueiro passava temporada numa cidade do interior de Santa Catarina, quando teve um problema de saúde e acabou num pronto-socorro. Atendimento da melhor qualidade, diagnóstico de labiritinte, exames agendados para o laboratório mais próximo do endereço onde o paciente estava hospedado… Alguns dias depois, aparece uma pessoa à procura do baiano na recepção do hotel: era uma assistente social do município, querendo saber se ele havia feito todos os exames, se estava tomando os medicamentos, como estava de saúde etc.
Pense em algo do tipo numa cidade como Itabuna, onde a incúria administrativa se junta a vícios dos mais nocivos e sabota qualquer possibilidade de um serviço de saúde de qualidade. Os recursos que chegam são os mesmos, mas a cultura de não levar a coisa pública a sério é o grande problema.
Mas todos os problemas se acabaram: para salvação geral, vem aí mais um tributo.

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Do Política Etc:
O espetáculo de patacoadas que a Câmara de Vereadores de Itabuna apresenta nestes dias sombrios não é nada diferente do que aquela casa vem exibindo há tantos anos e não sei quantas legislaturas. Com a escusa dos saudosistas, naquela casa sempre imperou a bandalheira, com variações de intensidade e as exceções de praxe.
Nesta sexta-feira, acompanhei a novela de perto e troquei ideias com outros desiludidos observadores do cenário. Falamos sobre a Comissão Especial de Inquérito (CEI) e sobre a possibilidade da instauração de uma Comissão Processante para punir os envolvidos nas falcatruas. Eis que um sujeito experiente e atilado, com a autoridade que lhe conferia sua alva cabeleira, fez observação lapidar: “mas, se for instaurar a Comissão Processante, quem vai integrá-la se estão quase todos comprometidos?”.
É nessas horas que você percebe que o fundo do poço é ainda mais embaixo ou que o esgoto entupiu pela superprodução de matéria pútrida.
Começamos a pensar em nomes para a Comissão, pelos quais colocaríamos “a mão no fogo”, e encalhamos no segundo, ainda com algum medo de ficar  com a mão sapecada. Daí não conseguimos mais sair para lugar algum e constatamos que a verdadeira solução para a bandalheira política de Itabuna seria deveras traumática e, portanto, entra no rol das utopias.
O presidente Clóvis Loiola, que escondeu as chaves do plenário e mudou a data da leitura do relatório da CEI (instalada a partir de denúncias feitas pelo próprio), não tem do que se envergonhar, pois está agindo de acordo com a sua natureza e com as regras que têm determinado o rumo dos acontecimentos daquela casa. Que, há muito, é mais de sem-vergonhices que de leis.
Um adendo: ontem (dia 05), um vereador disse com certa veemência que todos os 13 membros da Câmara Municipal estão no legislativo por eleição. É o óbvio, mas às vezes este precisa ser enfatizado e, no caso, para que o cidadão-leitor-eleitor-contribuinte compreenda a responsabilidade que tem diante de toda essa desfaçatez. Em síntese, só a consciência e a educação políticas, que envolvem o voto responsável e a cidadania exercida em todas as instâncias, será capaz de evitar que os calhordas continuem atuando como protagonistas da vida pública.

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Na Emasa, o imbróglio é de alto coturno. O presidente é nomeado e confirmado pelos acionistas, mas o prefeito recebe um grupo de poder paralelo denominado de G20.


Walmir Rosário | wallaw2008@hotmail.com
A situação na Prefeitura de Itabuna beira a irresponsabilidade administrativa. Um caos seria a expressão mais adequada para avaliar o atual estágio da Administração Pública Municipal. Um prefeito que não governa e se esquiva dos problemas, delegando-os a pessoas de sua confiança, mas sem qualquer traquejo ou conhecimento administrativo.
As finanças vão de mal a pior, não só na Administração Direta, pois as descentralizadas também não dão bons exemplos. O Hospital de Base é um eterno campeão de notícias negativas e, a bem da verdade, não se pode culpar a direção atual. Faltam apenas recursos para impedir mortes, dar manutenção à vida de pessoas que pagam impostos e que deveriam receber serviços como contrapartida.
Mas o dinheiro não chega. E isso não é exclusividade do Hospital de Base. A Fundação Marimbeta sobrevive a duras penas, como se diz, respaldada no prestígio pessoal do seu presidente, Geraldo Pedrassoli. O pouco que faz é com dignidade e bem feito. Poderia fazer mais, mas a Fundação não está nas prioridades do prefeito e sua entourage.
Na Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (FICC), não é diferente, já que cultura não é a praia do ilustre alcaide. Recursos somente para pagar a folha e mais uns “garangaus” para tapear meia dúzia de pessoas ligadas às artes. O que está sendo feito é resultado de esforço hercúleo para não deixar a cultura passar em brancas nuvens. Mas é fato.
Entre as secretarias a situação chega a ser escandalosa: como já disse aqui neste espaço em outras oportunidades, ninguém se entende. E não é por falta de sequência de procedimentos burocráticos e sim por falta de cumprimento das ações planejadas. Como serão fechadas as contas do município no exercício de 2010 pouco se sabe, embora alguns digam, com propriedade, que as ferramentas mais apropriadas serão martelos e talhadeiras.
Por determinação do próprio prefeito, a desobediência civil foi instalada no seio de várias secretarias. Foram delegados superpoderes aos ocupantes de cargos hierarquicamente inferiores, no sentido de “minar” os ocupantes dos cargos superiores. Essa prática está na secretaria de Desenvolvimento Urbano, com o mestre de obras Pascoal dando ordens a torto e a direito, inclusive aos engenheiros e arquitetos, para não mencionar o próprio secretário da pasta.
O funcionalismo público municipal recebe tratamento de morcego, conhecido “morde e assopra”. A Administração prepara folha, manda para a Fazenda, que não paga. Tem outras prioridades, desconhecidas e inconfessáveis.
Se com a folha de pagamento o procedimento é de “arrasa orçamento dos servidores”, uma “tabelinha entre a Fazenda e a Procuradoria (pai e filha) é ainda mais devastadora. As informações sobre o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e as contribuições à Previdência (patronal e do empregado) não são informadas à Receita Federal e ao INSS através da Gfip. Tudo com a complacência desses órgãos federais.
Na Saúde, as circunstâncias sempre foram mais graves. Há desautorização expressa do secretário em diversas situações, através da nomeação de “feitores” e grupos de comando paralelos. Mais visível impossível: saúde básica não funciona; alta e média complexidade, em constante conflito com o Governo do Estado.
Na Emasa, o imbróglio é de alto coturno. O presidente é nomeado e confirmado pelos acionistas, mas o prefeito recebe um grupo de poder paralelo denominado de G20. A empresa demonstra que é viável, mas o prefeito usa os recursos da empresa, uma Sociedade Anônima (SA), em outras obras que não de saneamento.
Como os culpados não se apresentam, paga a conta o tão sofrido povo. Enquanto a população terá que aturar mais dois anos de desmandos, a vida em Itabuna vai perdendo a qualidade, a cidade sua pujança, a economia perdendo espaço para outras.
Enquanto isso, dentro da Prefeitura, o estacionamento se transforma em camping, com funcionários municipais acampados em barracas à espera do pagamento pelo mês trabalhado. Fora os funcionários tentam se comunicar com o prefeito, dentro se tornou impossível, haja vista o “potente alicate” da OI ter cortado os fios da comunicação telefônica por falta de pagamento, coisa de vários meses.
Como se nada disso bastasse, o prefeito também pretende, quer dizer, já dominou a Câmara de Vereadores, mantendo seus tentáculos também no Legislativo. Tudo para bancar as imoralidades praticadas pelo presidente Loiola, que hoje se mostra servil ao Executivo, de onde emanam as ordens, inclusive para a CEI que apura o caso “Loiolagate”.
Convenhamos: Itabuna não merece tanta baixaria.
Walmir Rosário é jornalista, advogado e editor do site Cia da Notícia.

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Do Política Etc:

A ex-professora Jaqueline Carvalho que, após uma catarse rebolativa de forte apelo sexual passou a atender pela alcunha de “Pró Jackie”, pretende agora se destacar como ativa militante em defesa das mulheres contra a violência doméstica.
Pró Jackie, que virou dançarina da dispensável banda de pagode O Troco, levou uns sarrafos do ex-namorado, que vem a ser um dos proprietários da tal banda. A pancada foi dura e a maior divulgadora do “Todo Enfiado” acabou, ora veja!, toda enfaixada.
Homem que bate em mulher é sujeito que não aprecia a fruta, disso não se tem dúvida. Mas a pró, que já revelou outros dotes, agora esbanja oportunismo ao pretender transformar suas ataduras em uma bandeira de luta.
É de se perguntar se a professora Jaqueline não imaginou onde estava se enfiando quando subiu naquele palco e quase se deixa pendurar pela calcinha diante de um público voraz por espetáculos que tanto exibem quanto desqualificam a mulher.
Se tivesse aprendido a lição, a professora entenderia que a causa na qual ela milita é outra: exatamente a da vulgarização e caracterização da mulher como objeto. Transmudar-se agora em militante contra a violência que atinge a mulher é justo, mas – para Pró Jackie – bastante incoerente.
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Do Política Etc:

Amanhã é o “Dia D” para a Câmara de Vereadores de Itabuna. Nas mãos do respeitado vereador Claudevane Leite (PT), está o relatório da Comissão Especial de Inquérito que apurou uma série de desmandos cometidos no legislativo municipal. E, se há desmandos, é preciso que se apontem os responsáveis por eles. Quem são?
O vereador-relator já admitiu ter recebido pressões para aliviar o parecer, mas a um jornalista amigo deste blogueiro ele assegurou que agirá corretamente. Sendo assim, o relatório promete…
Ao punir aqueles que têm usado o dinheiro público para se locupletar e dado enorme contribuição para desmoralizar a política,  a CEI do chamado “Loiolagate” ajudará a reverter esse processo de deterioração moral que atinge a Câmara de Vereadores de Itabuna. Mas talvez a comissão de inquérito não vá tão longe, pois já se falou que ela apenas entregará suas conclusões ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas dos Municípios, sem condenar ninguém.
Serão outras instâncias, novas batalhas e talvez alguma frustração. Mas que ao menos a divulgação do relatório, sendo este correto e preciso, permita carimbar os larápios para que a sociedade os identifique e não os perca de vista. Livra-nos, assim, de estar como inocentes próximos a gatunos.
Que o relatório também possua um valor didático para mostrar que a política não deve ser caminho de enriquecimento e benefício próprio, mas de serviço à coletividade. E aqueles que assim não pensam devem ser banidos da vida pública, o que certamente não ocorrerá de uma hora para outra, mas haverá de acontecer com um processo de depuração lento e paciente, no qual a própria sociedade – com sua consciência e capacidade de vigilância cada vez maiores – será protagonista.
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Não é de hoje que o prefeito Capitão Azevedo tem dado demonstração de sua falta de intimidade com a administração pública.

Walmir Rosário | wallaw2008@hotmail.com
Há uma diferença enorme entre o planejamento de uma operação militar e a administração de uma cidade. Infelizmente, os patrocinadores e os marqueteiros de sua campanha esqueceram de dizer isso ao então candidato a prefeito de Itabuna, Capitão Azevedo. Passados quase dois anos e ele, sequer, se apercebeu das diferenças, o que o faz cometer alguns desatinos que a política não costuma perdoar.
Enquanto numa operação de guerrilha as ações são planejadas para demonstrar ao inimigo conhecimento do terreno, situação privilegiada de controle do domínio no sentido de amedrontá-lo, minando o adversário aos poucos, na política a inteligência trabalha de forma bem diferente. A ideia na primeira situação é espalhar, diminuindo forças, enquanto na política a “ordem” é juntar todos no mesmo terreno. “Ciscar pra dentro”, dizem os experts.
Tal e qual numa operação de guerra, Capitão Azevedo continua amealhando desafetos, criando inimigos (muito mais do que adversários), enquanto poderia construir colaboradores, atropelando os ensinamentos deixados pelo pensador florentino Nicolai Machiavelli (ou Maquiavel, como o chamamos por aqui). Dizia com muita propriedade o filósofo italiano que, caso o político queira praticar uma “maldade”, faça-a de imediato, de uma vez só, para não dar tempo à reação, bem como para que o próprio tempo se encarregasse de fazê-la ser esquecida.
Aqui pelas bandas de Itabuna, não. O prefeito faz de modo inverso ao pregado por Machiavelli. Pratica suas maldades aos poucos, ameaçando suas vítimas, fazendo com que eles se unam e possam criar defesas. O mais esquisito disso tudo é que as vítimas são os próprios servidores públicos municipais, ocupantes de cargos comissionados, nomeados pelo prefeito para ajudá-lo a governar a cidade.
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O nosso sistema, da forma como é hoje praticado, além de afugentar da política partidária excelentes quadros, faz com que se elejam apenas aquele que têm melhor bolso e não a melhor proposta.

Allah Góes | allah.goes@hotmail.com
Apuradas as urnas, o que mais chama a atenção na chamada eleição proporcional não é a questão de quem se elegeu, mas a forma como se dá a vitória, pois, diferentemente do que ocorre em outras democracias, na brasileira, para vencer, o candidato a deputado federal, estadual ou vereador tem que ser o mais votado dentro de sua coligação ou partido, e não na comunidade que representa.
Por aqui, se aplica nas eleições proporcionais o chamado “quociente eleitoral”, que nada mais é que o método pelo qual se distribuem as cadeiras entre os participantes da contenda, utilizando-se o quociente partidário e a distribuição das sobras. Não entendeu nada? Não se assuste, nem se ache burro, pois o sistema é mesmo muito complicado.
Neste sistema, primeiro obtem-se o quociente eleitoral dividindo-se o número de votos válidos apurados, pelo número de lugares a preencher, desprezada a fração, se igual ou inferior a meio; equivalendo a um, se superior. E aí, determina-se para cada partido ou coligação o quociente partidário, dividindo-se pelo quociente eleitoral o número de votos válidos, dados sob a mesma legenda ou coligação de legendas, desprezada a fração. Ufa! Confuso, hein?
Em resumo, e para facilitar a nossa vida, podemos dizer que: apurado o número de votos válidos, divide-se este número pela quantidade de vagas colocadas em disputa e, a cada vez que o partido ou coligação atingir esse numero, elege um representante. A partir daí, se observará as “sobras”, que são os votos desprezados para a eleição daquele primeiro representante (isto se observando partido por partido, coligação por coligação), preenchendo-se as demais vagas.
E assim, por este louco sistema (que em nada ajuda a representatividade das comunidades), quem melhor souber “arrumar” a sua coligação, ou melhor souber cooptar candidatos “bons de urna”, ou “eleitoralmente viáveis”, conseguirá eleger o maior número de representantes.
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Ricardo Ribeiro | ricardoribeiro@pimentanamuqueca.com.br
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O uso intensivo da internet e, principalmente, das redes sociais, colaborou muito para a vitória do primeiro presidente negro da história americana. E a experiência daquela eleição se tornou uma espécie de marco de um novo momento na concepção das campanhas eleitorais e da comunicação.
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De olho nessa revolução do “www”, já na pré-campanha a candidata Dilma Rousseff mostrava que usaria a receita Obama, principalmente com a formação de uma grande frente de simpatizantes na web, propagando mensagens favoráveis e repetindo à exaustão as virtudes do governo Lula e da eleição de sua sucessora.
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O jornalista Marcelo Branco foi contratado para recrutar os soldados da web-campanha e rodou o Brasil, falando do poder descomunal da internet e do seu crescimento no país, onde a rede se popularizou e superou as publicações impressas. “Usem seus twitters, facebooks e orkuts para fortalecer a imagem da Dilma”, essa era a palavra de ordem do jornalista. Mas os “Dilmaboys” não surfavam sozinhos nessa onda.
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Ao longo da campanha, quem se esmerou no uso da web foram os “Serraboys” (aqui não nos referimos àquele grupinho sem graça da terra da garoa). A partir de bases espalhadas por todo o país, numa ação de guerrilha, o exército tucano disparou mensagens contra a candidata do PT, alardeando falhas reais, espalhando defeitos inventados e velhas piadinhas desconcertantes, explorando o estilo durão da petista para caracterizá-la como uma mulher cruel, desumana e inimiga dos religiosos, numa verdadeira reedição da cartilha da TFP (Tradição, Família e Propriedade).
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Todo esse viés taleban das últimas semanas do confronto resultou na “fuleirização” da campanha, que acabou empobrecida e desviada de temas mais importantes para o país, e foi decisivo para levar o pleito ao segundo turno.  O interessante é que Dilma perdeu terreno na web, exatamente onde  saiu na frente.
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Será que deu branco?

Ricardo Ribeiro é um dos responsáveis pelo blog Pimenta na Muqueca.

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Allah Góes | allah.goes@hotmail.com

Passadas as eleições, mesmo que ainda tenhamos um segundo turno pela frente, já é possível fazer algumas ilações, tanto sobre o resultado verificado nas urnas, como sobre o novo quadro que se observa para as eleições de 2012.
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Antes do pleito se tinha uma “certeza”, que se mostrou equivocada, de que “Geraldo Simões era imbatível em Itabuna”, e que daqui sairia com mais de 40.000 votos. Urnas abertas, observa-se que Geraldo ainda é muito forte, mas está longe de ser o absoluto líder grapiúna de outrora.
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O excesso de confiança “geraldista”, aliado à desproporção entre a votação obtida em 2006 e a quantidade de emendas parlamentares mandadas para Itabuna, fizeram com que houvesse uma desidratação em seu eleitorado, que acabou migrando para candidatos que, mesmo sendo considerados forasteiros, contribuíram, mais que este, com Itabuna.
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Também antes do pleito, Fernando Gomes, que elegeu o sucessor (mesmo que alguns digam, no que discordo, que não teve influência), querendo “marcar território”, apoiou “de boca”, Renato Costa.Digo “de boca”, pois não se tem notícia que o mesmo tenha “ido a campo”, razão pela qual seu candidato manteve a mesma votação da eleição de 2006, não conseguindo Fernando transferir voto algum.Mas, mesmo em tese fragilizados, é uma tolice supor que, por conta do ocorrido nestas eleições, tanto Fernando como Geraldo “seriam cartas fora do baralho”, pois estes, mesmo desgastados, ainda continuam sendo as grandes lideranças de Itabuna.
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Do jornalista Paixão Barbosa  | Política & Cidadania:
Não há dúvida quanto ao favoritismo de Dilma Rousseff neste segundo turno eleitoral, tanto pelo que lhe ficou faltando de votos para chegar aos 51% como pelos registros históricos, que mostram uma tendência quase absoluta de vitória daqueles que saíram liderando no primeiro turno das eleições já realizadas no Brasil. São pouquíssimos os casos de virada e, quando elas aconteceram, é porque no primeiro a disputa foi mais acirrada e a diferença entre os dois primeiros muito pequena, o que não é o caso.
Não quis, de propósito, ficar aqui falando sobra as razões que frustraram o sonho do presidente Lula e do PT de vencerem a eleição ainda no primeiro turno, porque sei, de longas datas, que nunca existe um só motivo para que um candidato não alcance o total de votos que esperava.
Não se pode atribuir apenas à campanha suja que pipocou pela internet nos últimos dias (atribuindo a Dilma declarações a favor do aborto e de menosprezo a Jesus Cristo). Também não se pode responsabilizar somente uma alta abstenção nos Estados nordestinos (isto é desculpa de institutos de pesquisa para tentar encobrir seus erros). Nem tampouco se deve atribuir o resultado somente à chamada “onda verde”, que teria feito Marina Silva crescer além dos limites previstos pelas pesquisas.
Foi um pouco de tudo isto e mais o fato de Marina ter sido o desaguadouro dos insatisfeitos com Dilma e Serra, de parte do eleitorado jovem que estava indeciso até o último instante, de conservadores e religiosos. Enfim, um movimento não-coordenado que, em determinado momento, confluiu para a candidatura do PV, tirando votos de Dilma em todas as regiões e provocando mais uma onda de descrédito nos nossos tão auto-elogiados institutos de pesquisa.
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Maurício Maron | mauricio_maron@hotmail.com
É só terminar a apuração de uma eleição que começamos a projetar o futuro político dos que foram e dos que não foram bem sucedidos nas urnas. Daí chegar-se à conclusão de que, no sul da Bahia, Itabuna acabou tendo melhores resultados nas urnas do que Ilhéus, mesmo considerando o fato de que, na atuação do mandato, dificilmente os políticos eleitos por Itabuna deixarão de enxergar a cidade vizinha – ou vice e versa – ampliando, assim, suas possibilidades eleitorais para um futuro próximo.
Com base em Itabuna, o deputado federal Geraldo Simões conseguiu a reeleição. Mas precisa ficar de olhos bem abertos. Dos quase 76 mil votos conquistados por toda a Bahia, a sua base política lhe rendeu pouco mais de 23 mil votos, número inexpressivo que talvez justifique, dois anos atrás, a derrota da esposa Juçara Feitosa, candidata que foi à Prefeitura de Itabuna. Outro que se tiver interesse em Itabuna deve ficar atento é o deputado federal Félix Mendonça Júnior. Dos quase 149 mil votos obtidos nesta eleição, a cidade só lhe deu 2.500. Muito pouco para quem foi muito e prometeu mais ainda a Itabuna.
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Após quase meio século, o sul da Bahia voltou a fazer parte das políticas de desenvolvimento.

Rosivaldo Pinheiro | rpmvida@gmail.com
Estamos no dia da eleição. É o momento final para observar alguns pontos sobre a decisão que teremos que tomar nesse domingo, 3 de outubro de 2010.
Antes de tudo, é preciso que cada um de nós tenha em mente que a nossa vida e o nosso futuro dependem da política. O preço do combustível, o funcionamento dos postos de saúde e das escolas, a segurança pública… Seu voto e a sua participação têm a força de determinar, por exemplo, se os serviços públicos podem funcionar bem ou não.
É fundamental avaliar com todo cuidado e atenção, pensar e repensar, procurar saber a vida e a história dos candidatos antes de votar. Não desperdice a oportunidade de eleger um bom representante.
Talvez algumas pessoas não se deem conta da igualdade do voto. O ato de votar põe no mesmo plano e nivelamento ricos e pobres. Não podemos negligenciar esse momento sob pena de colocarmos em risco o nosso futuro. O futuro dos nossos filhos e das próximas gerações. Pense nisso!
Nesse momento, há muitos nomes e números sendo apresentados a você. Quem são essas pessoas? De onde elas vêm? Quantos conhecem os problemas de nosso povo e, principalmente, quantos já fizeram alguma coisa para resolver esses problemas? Qual o modelo de gestão ao qual eles estão vinculados? Historicamente quem são seus parceiros? Como seus partidos ou representantes se comportam no poder? São perguntas que você precisa fazer.
Quero mais uma vez ressaltar que, após quase meio século, o sul da Bahia voltou a fazer parte das políticas de desenvolvimento. A inauguração do Gasene, a chegada do complexo intermodal (Porto, Aeroporto, Ferrovia e ZPE) e a rodovia Camamu/Itacaré são parte deste esforço de integrar a nossa região ao processo de desenvolvimento econômico brasileiro.
Precisamos nos fazer respeitados e esse respeito só será alcançado se elegermos representantes vinculados com as nossas lutas. Região forte é região com representatividade política.
Precisamos fortalecer a Universidade Estadual de Santa Cruz – Uesc, lutar pela criação da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSULBA), contra a privatização da Emasa, pelo fortalecimento da lavoura cacaueira, pela construção da barragem do Rio Colônia, pelo sistema de tratamento de esgoto, pela despoluição do Cachoeira, entre outras. Precisamos buscar o fortalecimento econômico e o desenvolvimento da região cacaueira. Necessitamos adotar um conjunto de ações que nos permita construir a região metropolitana do sul da Bahia.
Enfim, acredito que possamos continuar lutando para que o Brasil e a Bahia continuem se desenvolvendo, com distribuição de renda e combate à miséria.
Só você pode fazer a diferença.
Rosivaldo Pinheiro é economista.

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Luís Sena |lucaseri.pai@gmail.com
“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais”. Bertolt  Brecht(1898/1956).

O texto acima foi escrito há muitos anos, e ainda serve como reflexão, principalmente em tempos de eleição. No dia 03 de outubro vamos eleger presidente, governador, senadores, deputados federais e estaduais. Está bem clara a distinção entre as proposituras que disputam os cargos de presidente e governador.

Verifique as diferenças nos projetos que estão disputando e os resultados que poderão advir por conta de decisão não pensada. Analise o histórico de cada candidato, em que time da política atua. Mesmo que você não seja um filiado, tome partido em defesa da sua posição, com argumentos plausíveis e principalmente atentos porque “a política é para atender à coletividade e não às necessidades meramente pessoais”.

Precisamos qualificar as nossas representações no Senado, na Câmara dos Deputados e na Assembléia Legislativa, elegendo candidatos comprometidos em melhorar as condições de vida do nosso povo, fazendo avançar mais ainda o nosso projeto de construção de uma nação sem excluídos, democrática e soberana.

Não basta só votar. É necessário, no dia-a-dia, acompanhar e exigir da classe política a prestação de contas da sua atuação. E se você decidir ir mais adiante no cumprimento do exercício da cidadania, filie-se e milite no partido político de sua identificação ideológica. O meu partido está à disposição. Dia 3 de outubro, vote livre e consciente.

Luis Sena é diretor do Sindicato dos Bancários de Itabuna e Região, professor e ex-vereador em Itabuna.