Mulheres no ato do Dia da Consciência Negra, no Rio de Janeiro || Foto ABr
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Que a força guerreira de Zumbi dos Palmares esteja presente e nos ajude nesta luta, hoje e sempre!

 

 

 

 

 

 

 

Julio Cezar de Oliveira Gomes

Hoje, data em que ocorreu o assassinato de Zumbi dos Palmares durante a defesa do maior quilombo que existiu no Brasil, celebramos o Dia Nacional da Consciência Negra, uma merecida e necessária homenagem que busca enaltecer a luta pela vida e liberdade da população negra e escravizada, luta protagonizada heroicamente por ela mesma.

Atualmente, a data é feriado em seis estados brasileiros: São Paulo, Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Rio de Janeiro. Estranhamente, no estado da Bahia, tão importante para a cultura e sobrevivência das populações de origem africana no Brasil, ainda não houve o reconhecimento institucional da extrema importância que esta data tem, reconhecendo-lhe a condição de feriado estadual.

Mas o que concretiza, hoje, a luta pela liberdade, consciência e dignidade da população afrodescendente no Brasil?

Ao lado de todas as belíssimas e indispensáveis manifestações culturais que marcam a data e, aqui na Bahia, o Novembro Negro; além de todas as festas, eventos e painéis expondo a importância e o significado de Zumbi como protagonista do seu povo, faz-se necessárias políticas públicas e ações cotidianas capazes de erguer aqueles que ainda são a maioria dos que passam necessidades, dos que não têm acesso aos serviços públicos, daqueles que recebem as piores remunerações realizando os mais árduos trabalhos e que lotam as prisões, as favelas, as filas da indigência: a população afrodescendente.

Precisamos, para a superação das desigualdades históricas e estruturais da sociedade brasileira, da continuidade de políticas públicas como o Bolsa Família e do acesso ao ensino superior, via Prouni e Fies. Precisamos do fortalecimento dos direitos trabalhistas e previdenciários. Precisamos da afirmação dos direitos das mulheres e das redes de proteção a elas, pois são as não brancas as mais agredidas e mais assassinadas; precisamos de políticas específicas, de cotas para pretos no serviço público e nas instituições e instâncias representativas de nosso Brasil, entre outras ações relevantes.

Mas, precisamos também que cada jovem, cada mulher, cada pessoa afrodescendente se arme do espírito de luta de Zumbi e faça com ainda mais sangue no olho, fé e esperança a parte que lhe cabe: que os jovens estudem de verdade, aproveitando ao máximo as oportunidades que a escolarização e a instrução proporcionam; que as mulheres se valorizem, não se permitindo a relacionamentos que degradam sua dignidade; que todos se afastem da droga e do crime, que apesar do prazer momentâneo e do dinheiro que, respectivamente, proporcionam, terminam invariavelmente com a doença, a exclusão brutal e a morte prematura, em um verdadeiro show de horrores.

Ao mesmo tempo que devemos denunciar todos os tipos de violência a que a população negra está submetida e cobrar das autoridades e do governo que façam a sua parte, é indispensável que cada pessoa do povo afrodescendente e mestiço, nas variadas cores que encontramos na população brasileira, faça a sua parte: estude, trabalhe, conduza-se com responsabilidade, com dignidade e fique longe do crime, das drogas, de todos excessos que embriagam e matam, destruindo vidas, famílias e nações. Que a força guerreira de Zumbi dos Palmares esteja presente e nos ajude nesta luta, hoje e sempre!

Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela Uesc.

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Ainda lembro da euforia adolescente de passar pelo quebra-molas do Katikero pra ver quem tava, e de ir andando tomar um sorvete na Bobbys, coisinhas simples que o tempo (e outras coisas mais) nos furtou!

 

 

Manu Berbert

Olha, olha, se não é o aniversário da centenária Itabuna! Com um tiquinho a mais de experiência, diga-se de passagem, afinal, temos um treze a mais aí, o que, sei lá por qual motivo, reanimou os petistas geraldistas. Aiai, só eu tomando um café pra acompanhe essa celeuma…

Cinco horas da manhã de hoje a alvorada deu o ar da graça. E nem precisava estar em revoada, comendo aquele tradicional sarapatel no Galo Vermelho, pra escutar. Tomei um susto com a quantidade de fogos e prontamente lembrei: é aniversário dela, da diferenciada! Oh terra pra ter personagem, né?! Jorge Amado, se deu foi bem, mas se tivesse nascido por agora teria histórias ainda mais, digamos, #diferentes. Uma sentadinha no Senado da Cinquentenário e pronto, era certo escrever uns três livros por mês. Dois ou três grupos de políticos & personalidades no WhatsApp e, pronto!, o Oscar da criatividade tava garantido! Sei não se Marco Wense iria gostar disso, viu?! Sei não!

Só sei que cinco horas da manhã e eu acordada, com uma gripe danada. Cresci com meus pais dizendo que Itabuna é muito úmida, e por isso a gente sofre tanto de rinite, sinusite e esse tanto de ite que só existe pra nos confundir. “Mas é ótimo pro cacau!”, escutava. E confusa mesmo eu fico quando leio nos Instagram de fuxico que Itabuna nunca foi a terra do fruto de ouro, e sim a colega vizinha. “Como é, amigo?” Você pode até dizer que o negócio caiu e abalou a cidade, mas você não pode nos negar esse passado. E, olha só, de reviravolta Itabuna entende, viu?! Porque ela foi lá e aprendeu a se virar e se sustentar com um comércio aquecido e importante para toda a região. Eu fico triste quando vejo o Centro tão sem expressão, sem beleza, sem vida. Poderia estar melhorzinha, né não, Mauro?! Vai que é tua, secretário!

E para finalizar, digo que Tabocas (chamada assim carinhosamente quando rola um fuxico grande) é, sim, um lugar legal pra se viver, desde que você saiba viver nela. Ainda lembro da euforia adolescente de passar pelo quebra-molas do Katikero pra ver quem tava, e de ir andando tomar um sorvete na Bobbys, coisinhas simples que o tempo (e outras coisas mais) nos furtou! Cidade quando cresce, ganha muito. E perde um tanto, também. Tabocas vive nessa linha tênue entre a evolução e a simpatia cordial de antigamente, e talvez as próximas gerações possam dizer o que deu e o que não deu certo. “Ah, mas a gente pode, sim, dizer que nossa cidade tá super diferente!” “Como é, amigo?”

Manu Berbert é publicitária.

Luiz Ferreira defende programa de recuperação da cacauicultura no sul da Bahia
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“A cacauicultora sul-baiana passa por maus momentos, mas ainda pode ser importante ao país e sobretudo à Natureza”.

Luiz Ferreira da Silva 

A Natureza proporcionou ao homem dos trópicos úmidos uma árvore frutífera, o cacaueiro, que pudesse ser utilizada sem causar danos ao seu ambiente florestal.

Ao facultar um produto nobre – o chocolate –, adicionou características fisiológicas inerentes ao complexo do seu habitat, quente, chuvoso e rico em espécies consortes e fauna agregada.

Teria que ser uma planta que reciclasse com eficiência, mantendo a capa orgânica do solo, fator importante para alimentar as raízes finas, que têm a função de arejar o solo, agregar as partículas e evitar a perda de nutrientes. Enfim, manter a vida do solo.

E para tanto, sob a mata, recebendo pouca luz, forma um “túnel folear”, com as copas se encontrando, evitando que a luz solar danifique o solo. A luz é para as folhas fazerem a sua “química carboidrática” de transformação – fotossíntese, para os puritanos.

A Natureza ainda deu uma colher de chá. Aumentou a sua “plasticidade fisiológica” – conviver em ambiente mais arejado, a exemplo de uma mata raleada – no limite que ainda mantém o cacaueiro na sua missão fitogeográfica de equilibrar o uso com a conservação.

Neste contexto interativo, o cacaueiro usufrui da fauna, notadamente dos insetos polinizadores, alimentados por frutas em decomposição, oriundos do andar de cima, as árvores tropicais.

A Natureza é sábia. Por um lado, criou o cacaueiro com o fenômeno da incompatibilidade sexuada, que se manifesta quando o pólen de uma flor em uma planta não consegue fecundar os óvulos das flores da mesma planta (autoincompatibilidade) ou de outras plantas (inter incompatibilidade). E até o cacaueiro “macho” ocorre, com raridade nas plantações, com floração e não produtores de frutos.

Pelo outro, resolveu a questão no próprio meio. Criou as mosquinhas chamadas “forcipomyas”, e não havendo polinização adequada, a lavoura não produz satisfatoriamente.

Por essa razão, alertou ao Homem sobre a importância delas, incumbindo-lhe de cuidar de seus criadouros, os seus locais naturais, a exemplo das bromélias.

Chegou o cacaueiro no Sul da Bahia. Uma floresta tal e qual a da sua origem, a Mata Atlântica. Encontrou aí condições favoráveis de clima, solo, topografia e rede hídrica, razões da sua expansão, chegando a ocupar 600 mil hectares, com a equivalência de uma fonte de divisas de quase 1 bilhão de dólares em determinado ano.

Os pioneiros souberam mesclar a lavoura com a floresta, sem macular o meio ambiente, satisfazendo com a produção auferida, com elevada liquidez, mantendo preservado o ecossistema e proporcionando um epicentro gerador de riquezas com o produto cacau, cujos reflexos se irradiaram pelas áreas circunvizinhas, criando uma estrutura de bens e de serviços que permitiu, com outras atividades agrícolas e congêneres, distribuir benefícios para todas as comunidades, o que infelizmente não foram aproveitados na magnitude dos bônus.

Sessenta anos atrás, um cacauicultor com pouco esforço, com seus 100 hectares de cacau, sem usar maquinaria e tudo no lombo do burro, gastando pouco, em sua área cabrocada, mesmo com uma produtividade não tão expressiva, colhia 4 mil arrobas, que o tornava um homem de classe média alta. Com maior presença e bom solo, muitos chegavam a 6 mil arrobas, tornando-se ricos.

Nessas circunstâncias, uma lavoura nota 10. Produtiva e conservacionista.

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Eric Thadeu escreve sobre atuação de Andrea Castro na Semps
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Agradecer por ter trazido valores importantes para uma área tão delicada, o maior deles o da empatia, o se colocar no lugar do outro, compreendendo angústias e ansiedades.

 

Eric Thadeu N. Souza

Na manhã deste sábado, 28 de janeiro de 2023, recebi a notícia da desvinculação da senhora Andréa Castro do cargo de secretária municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza de Itabuna, uma secretaria que não existia na cidade antes da chegada da atual gestão. Uma secretaria nova e inovadora.

Sim! Antes, Itabuna possuía uma Secretaria de Assistência Social, conhecida inclusive como “SAS” e que, através da secretária Andréa Castro e da sua equipe, ainda no período de transição de governos, foi rearticulada e se transformou em “SEMPS”, se observando a diferença gritante entre aquilo que é “assistência” e o que é “promoção”.

Mas, antes de pontuar o que pode e o que não pode ser reconhecido como “assistência” e como “promoção”, preciso destacar que eu tive algumas oportunidades de observar de perto o trabalho da, agora, ex-secretária.

Estivemos nos mesmos espaços por diversas vezes, eu inclusive entrevistando-a para os veículos de comunicação oficiais da Prefeitura de Itabuna.

Eu, Eric Thadeu, servidor efetivo do município, comunicólogo por formação, jornalista, redator, especialista em Gestão Cultural, assessor de Comunicação na Secretaria de Relações Institucionais e Comunicação Social.

Numa das oportunidades que eu tive de entrevistá-la, no QG das ações de minimização dos impactos da enchente de dezembro de 2021, na sede do Grapiúna Tênis Clube, percebi o quanto a então secretária Andréa estava ali com sintomas latentes de fadiga e cansaço mental.

Mas, fortalecida por um sentimento incomum por parte de uma autoridade municipal com aquele gigantismo de força, de sensibilidade e empatia pura e simples; atenciosa com todos os integrantes, colaboradores e voluntários que ali estavam; cuidadosa com a população que buscava ajuda; paciente com os profissionais de imprensa que lhe solicitavam uma entrevista.

Confesso que, naquele dia e naquela hora, precisei me controlar para não chorar durante a entrevista, emocionado que fiquei com o tamanho da força daquela mulher e com a mensagem que ela gravara para mim.

É nessa perspectiva que se faz, então, a exata distinção entre “Assistência Social” e “Promoção Social”.

A assistência está para uma relação já contaminada e desgastada entre a população e o poder público de impessoalidade, do não se enxergar as pessoas como elas são e não as respeitar.

Andréa Castro fez diferente em Itabuna.

Hoje, as pessoas são respeitadas, seja quem for: do ser humano mais necessitado aos colegas de trabalho que comandam outras pastas municipais, o jeito dela de atender a quem quer que fosse era sempre o mesmo.

Nunca desvencilhado, um momento que fosse, por um sorriso positivo e de otimismo, já pontuando que é na atitude que se efetiva a “Promoção Social”.

Já pontuando o que viria a ser a secretaria inaugurada e comandada por ela por pouco mais de dois anos.

Na “Promoção Social”, as pessoas são tratadas pelos nomes. Suas histórias não se transformam em números somente. Cada indivíduo atendido nessa primazia é compreendido como “cliente” e para todo mundo, todos os dias está sendo oferecido o melhor atendimento possível.

Andréa Castro fez isso.

Acompanhando o seu trabalho de longe, sabendo que uma equipe de Comunicação sempre teve o pensamento alinhado com o dela, acompanhando e entendendo todos os caminhos percorridos, Andréa Castro como secretária de Promoção Social, fez um trabalho assertivo e delineador de um novo modelo gestor.

Por essa razão, é preciso falar do quanto de importância existe no trabalho para o qual a senhora Castro se lançou.

Alguns podem falar sobre isso enxergando sobretudo a primeira-dama preocupada em contribuir para que o trabalho do prefeito estivesse complementado com o seu afinco da esposa preocupada e disposta a ajudar.

Hoje, é possível dizer que Andréa conseguiu se desvincular da máxima que a colocaria, num primeiro plano, como primeira-dama.

Ela conseguiu algo inédito, inquestionável e praticamente impossível para uma cidade como Itabuna, que é cuidar das pessoas dessa cidade. De verdade.

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Vale saber se o povo brasileiro terá a maturidade de tomar para si o que se vê como brinquedo, para que todos tenham o direito a participação, e, aí sim, o bem comum esteja acima de todos, inclusive da ideia de um Deus partidarista.

 

Aldineto Miranda

Na campanha eleitoral um dos candidatos utiliza o slogan “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. Esta é uma sentença falaciosa e perigosa, pois tenta convencer, pela alienação, a uma ideia de totalidade. Os que não comungam com tal sentido de ordenação totalizadora, totalitária, são inimigos da pátria, de Deus e devem ser exterminados. Vide os exemplos de violência que estamos presenciando nesse processo eleitoral.

Em nome de Deus houve a inquisição, o holocausto e a caça às bruxas. Destruição e genocídio. Tais aberrações aconteceram por causa dessa ideia de totalidade. Quando se fala “Brasil acima de tudo”, de qual Brasil se está falando? Do Brasil do Norte/Nordeste? Do Sul/Sudeste? Centro-Oeste? Do Brasil que retorna ao mapa da fome, de crianças sem esperança de futuro? Ou do Brasil de uma determinada elite?

Ao defender “Brasil acima de tudo” se diz falar em nome da família, mas é preciso questionar: De qual família? Da família tradicional? E o que é a família tradicional? Seria aquele modelo estilo propaganda de margarina: pai, mãe e filhos brancos, todos sorrindo felizes perante uma sortida mesa de café da manhã? Nessa ideia de família se inclui a heterogeneidade das famílias brasileiras? De uma mãe negra que sustenta seus filhos a partir do seu trabalho, sem a parceria de um marido, e que no máximo tem um pão para dar a seus rebentos pela manhã e, por vezes, vai trabalhar com fome para alimentá-los? Se está falando da família de casais gays que optam pela adoção e constroem um lar de amor, a despeito do preconceito social? Será que está incluído aquelas e aqueles que tem como lar a rua, e sua família são os companheiros que moram nela? De que tipo de família e de Brasil se está falando? Qual Brasil está acima de tudo?

As ideias de totalidade se caracterizam por serem totalitárias, particularistas e desconsideram a alteridade. Ao enunciar “Deus acima de todos” questionamentos semelhantes podem ser feitos: Os que possuem uma outra concepção de divino? As religiões de matriz africana, por exemplo, que possuem a noção diferenciada do sagrado, em relação ao cristianismo, são contempladas nessa ideia de Deus? Sempre que se governa em nome Deus há insensatez e violência, tais aberrações não combinam com a democracia, a qual considera cidadão, não somente um grupo de pessoas abastadas, de uma religião, ou categoria familiar, mas o conjunto da população.

Por isso tal slogan transmite uma perspectiva ameaçadora para a democracia, pois suas ideias estabelecem uma totalidade em que não há espaço para diversidade. Infelizmente também transmite um pouco do que foi os 4 anos do atual governo, que se alimentou do terror e do medo constante, além de fake news, mantendo seus seguidores em um alucinatório estado de alerta. Podemos perguntar: Isso é fazer política?

Podemos definir a política como um jogo que tem regras fundamentais, sem espaço para visões de mundo totalizadoras. Ferir a democracia, fomentando o ódio às instituições, é uma forma de não aceitar as regras do jogo. E aquele que não aceita o jogo é análogo a um menino malcriado, e cruel, que no jogo de futebol ao perceber que está perdendo segura a bola com força e diz: Ela é minha, o jogo acabou, não perco… não perco… não perco!

Só um lembrete: todo ditador é no fundo uma criança imatura, achando que o mundo está a seus pés, e que até Deus deve estar dentro da sua concepção de vida. Contra a malcriação nada melhor que adultos responsáveis, que coloquem esse menino levado em seu lugar. Vale saber se o povo brasileiro terá a maturidade de tomar para si o que se vê como brinquedo, para que todos tenham o direito a participação, e, aí sim, o bem comum esteja acima de todos, inclusive da ideia de um Deus partidarista.

Aldineto Miranda é professor de Filosofia e de Filosofia da Educação do Instituto Federal da Bahia (IFBA) e doutorando em Educação e Contemporaneidade pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb).

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Só com a chegada do PT essas duas cidades e nossa região passaram a ser tratadas com prioridade. Lula e Dilma trouxeram a ferrovia, Porto Sul, Gasoduto, Universidade Federal, Escolas Técnicas.

 

Geraldo Simões

O grupo do candidato ACM Neto governou a Bahia por 40 anos, período em que sempre estiveram alinhados ao governo federal. Itabuna, Ilhéus e a região foram tratadas com profundo desprezo.

Só com a chegada do PT essas duas cidades e nossa região passaram a ser tratadas com prioridade. Lula e Dilma trouxeram a ferrovia, Porto Sul, Gasoduto, Universidade Federal, Escolas Técnicas.

Wagner e Rui trouxeram investimentos que geram desenvolvimento na região. Itabuna recebeu a barragem do Rio Colônia, Teatro Candinha Doria, Policlínica, Escola de tempo integral, estádio amador, duplicação da Ilhéus – Itabuna.

A cidade irmã foi beneficiada com o Hospital Costa do Cacau, duas UPAs, Policlínica, urbanização e duplicação da orla Sul, Hospital Materno Infantil, Ponte Estaiada, saneamento em toda zona sul.

Então, para essas duas cidades e a região continuarem sendo tratadas como prioridades, vamos eleger Lula 13, Jeronimo 13 e Otto 555.

Geraldo Simões é servidor público federal, ex-prefeito de Itabuna e ex-deputado federal e estadual.

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Com esse time da Associação era tiro e queda, não perderiam uma partida para seus rivais de Salvador. Quem sabe, ganhariam o campeonato baiano sem muito trabalho.

 

Walmir Rosário

Esta história que me proponha a narrar será novidade para um mundão de gente, mesmo os que são apaixonados pelo futebol baiano. O motivo é muito simples: muitos dos que terão acesso a esse escrito não tiveram a oportunidade de ver esses times nos gramados, sejam da capital soteropolitana ou de Itabuna, pois quando o caso aconteceu logo depois de encerrada a segunda guerra mundial. Nem eu ainda era vivo.

Imagine vocês um time médio da capital baiana pedir socorro a um coirmão de Itabuna para se sagrar campeão baiano. Sim, essa façanha realmente aconteceu e está registrada nas atas da vetusta Federação Bahiana de Futebol. Essa equipe era a Associação Desportiva Guarany, fundado em 12 de janeiro de 1920, mas que somente realizou essa proeza em 1946, após levar 10 jogadores da Associação Atlética de Itabuna.

Lembro bem de um depoimento concedido aos jornalistas José Adervan, Ramiro Aquino e este locutor que vos fala, Walmir Rosário, pelo ex-diretor do banco Econômico, Carlos Botelho, grande conhecedor de futebol baiano. Na entrevista, Botelho cita a década de 1940 como um dos períodos mais férteis do futebol itabunense, apesar da guerra, que convocou reservistas do Grêmio, Janízaros e Associação Atlética de Itabuna (AAI).

Botelho não deixou por menos e garantiu que a equipe da Associação Atlética foi o melhor time do interior baiano, naquela época dirigido por José Nunes de Aquino, Clóvis Nunes, Horácio Almeida, Domingos Almeida, lembrado com saudades pelos que o conheceram. Ele conta que era um time de decisão e acumulava campeonatos, apesar das equipes adversárias, como Grêmio Janízaros, Vasco da Gama, entre outros.

Time de elite, não se contentava, em todos os sentidos, de excelentes jogadores, era exigente a ponto de praticar alguma forma de racismo, vigente na época (à maneira do Fluminense do Rio), pois jogadores com tez mais escura não entravam no time. Basta ver um dos seus melhores elencos, formado por Balancê, Ventuíres e Aranha; Aloísio Smith, Valter Caetano e Anizinho; Tido, Galeão, Clóvis, Rosevaldo e Firmino, quase todos brancos.

Foi um custo contratar o primeiro homem de cor escura, o zagueiro Ruído, vindo de Jequié, o que provocou bastante celeuma. Com o passar dos anos, a Associação chegou a armar um time com jogadores negros, entre eles Balancê, Dircinho e Álvaro Barbeiro. Nesse período, destaca-se o atacante Pipio, um grande craque, que depois foi jogar no Bahia e, posteriormente no Pará, onde morreu.

Dessa mistura, na qual era permitida a presença de negros, a AAI se tornou talvez o maior time do interior baiano de todos os tempos, formado por Niraldo ou Mota, Bolívar e Bacamarte; Zecão, Amaral e Elvécio; Tombinho, Puruca, Juca Alfaiate, Tuta e Zezé. Era uma equipe invencível, que não se preocupava com os adversários, dada a qualidade de seus atletas. Entrava em campo para ganhar, só não se sabia qual o placar.

Embora a Associação Atlética de Itabuna, reinasse absoluta em campo, tinha, pelo menos, um adversário à altura. O Grêmio, que por volta de 1943 e 44, em plena Segunda Guerra, era outro grande time amador de Itabuna, classificando-se em segundo lugar, logo depois da Associação. A melhor formação do Grêmio, segundo Botelho, era: Babão; Sapateiro e Lameu; Zeferino, Noca e Colatina; Manchinha, Lubião, Juca, Macaquinho e Elísio. Observe-se que um futuro grande valor da AAI, Juca Alfaiate, nesse período, envergava a camisa do Grêmio.

A Associação Atlética Itabunense teve uma história gloriosa, o que é inegável até pelos adversários. Onde se tinha notícia de um grande jogador, a diretoria não media esforços para contratá-lo e assim formou a equipe mais temida do interior da Bahia. Faturou a maioria dos campeonatos de Itabuna, conquistando o título inédito de pentacampeão nos anos de 42 e 46, mesmo sem os 10 jogadores que foram para o Guarany.

E essa notícia chegou à capital baiana pelos dirigentes e jogadores das equipes soteropolitanas que vinham jogar partidas amistosas com os times das cidades do Sul da Bahia. Quando aqui chegavam davam de testa com a vencedora equipe da Associação, que não costumava a passar vergonha em campo, perdendo para um time qualquer que fosse, mesmo de Salvador.

E num jogo desses amistosos, a pequena, porém aguerrida equipe do Guarany se encantou com os atletas da Associação e vislumbrou a oportunidade de aparecer entre os grandes da capital. Com esse time da Associação era tiro e queda, não perderiam uma partida para seus rivais de Salvador. Quem sabe, ganhariam o campeonato baiano sem muito trabalho.

Esse feito foi o bastante para que os dirigentes do Guarani, de Salvador, contratassem 10 jogadores titulares da Associação. Entre os craques que deixaram a Associação estavam Bolívar, Bacamarte, Quiba, Elísio Peito de Pomba (o reserva de Juca Alfaiate), Elvécio, Tuta, além de outros quatro cujos nomes me falham a memória. Com esse timaço, o Guarani venceu o Campeonato Baiano de 1946, sua única conquista.

Foi o primeiro e único campeonato faturado, disputando a fase final numa melhor de três com o Ypiranga. Empatou a primeira por 2X2, vencendo a segunda por 1X0 e despachando o seu vice por 2X0 na terceira partida. Anos depois o Guarany abandona o futebol e nem mesmo sei se ainda existe. Mas que foi campeão baiano com os jogadores de Itabuna, ninguém há de duvidar.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

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Termos representações femininas é uma obrigação que perpassa campo partidário e seus times, senhores! Uma obrigação moral de contribuir para a evolução da sociedade.

 

Manu Berbert | manuelaberbert@yahoo.com.br

O número de mulheres líderes na política tem crescido, mas ainda assim é muito abaixo do esperado e preciso. O machismo ainda grita, mesmo que velado. A dúvida ainda paira no ar quanto às intenções de muitas, e cabe a nós, homens e mulheres conscientes de um novo tempo, irmos de encontro a isso. Sem divisões ou cotas, mas com incentivo e apoio, o que falta a muitas. Já me faltou também!

Quando fui convocada para integrar a formação de um novo grupo político em Itabuna, liderado por ACM Neto, Paulo Azi e Enderson Guinho, ainda no ano passado, contei os motivos que teriam me feito desistir, lá atrás. Relatei os percalços vividos até então e fui impulsionada justamente a combatê-los.

Recentemente, assistimos a mais uma mulher recuar em Itabuna. E o que me chocou foi perceber que tal medida causou uma repercussão muito mais expressiva do que a sua própria inserção na política baiana. Independentemente de lado, time ou partido, precisamos nos alertar para o principal debate que isso nos traz: quando uma mulher desiste, ela impacta e enfraquece diretamente todo o movimento.

Estamos diante da maior transformação e revolução feminina dos últimos tempos em diversos aspectos, principalmente no empreendedorismo e seu poder de transformação. Porém, um estudo realizado pela União Interparlamentar mostra que, entre 192 países, o Brasil aparece na 142ª colocação do ranking de participação de mulheres na política nacional.

Termos representações femininas é uma obrigação que perpassa campo partidário e seus times, senhores! Uma obrigação moral de contribuir para a evolução da sociedade em si. Pensemos nisto!

Manu Berbert é publicitária e empreendedora.

Dr. Enéas Carvalho faleceu neste domingo, em Salvador, vítima da covid-19
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Em janeiro de 2013, quando assumiu a diretoria médica, as condições do hospital eram caóticas, o que não intimidou este médico, à época com de 71 anos de idade.

 

Walmir Rosário

Faleceu na madrugada deste domingo (23), em Salvador, vítima da Covid-19, o médico pneumologista Enéas Silva de Carvalho Filho, de 79 anos, casado e pai de cinco filhos. Maranhense, deixou seu estado natal para estudar medicina na Bahia, e depois de formado se estabeleceu em Salvador, após casar com a médica especializada em dermatologia, Nely Campos de Carvalho.

E dessa união cresceram os cinco filhos, todos criados e exercendo atividades profissionais na medicina, odontologia, direito, educação e fisioterapia. Vida organizada, o casal cumpriu a promessa de anos passados: viver em Canavieiras após a aposentadoria. E estão cumprindo, proporcionando à sociedade tudo o que receberam durante os anos em atividade em Salvador.

Formado pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Dr. Enéas dedicou 52 anos a serviço da medicina, 38 deles como professor de Propedêutica de Pneumologia na Universidade Federal da Bahia (UFBa) e na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Durante esse tempo cuidou de pessoas, formou alunos, fez amigos.

Até hoje o respeito dos alunos pelo mestre é visto hoje com o carinho que é tratado pelos colegas, que o consideram um ícone da medicina. Mas esse tratamento não é dispensado somente agora e pode ser mensurado nos inúmeros convites que recebeu para ser homenageado como patrono ou paraninfo. Não poderia ser diferente para quem adotou como máxima: “Hospital sem estudante não tem muita motivação, dinamismo”.

Do caos ao sonho. Esta sempre foi a máxima do Dr. Enéas, tanto que quando se aposentou, em 2012, recebeu o convite do então prefeito de Canavieiras, Almir Melo, para dirigir o Hospital Municipal Régis Pacheco. Para ele não foi uma simples utopia e sim um trabalho de planejamento e gestão para dotar o “velho” hospital num dos mais modernos e eficientes centros de atendimento médico hospitalar.

A tarefa parecia simples, não fosse o histórico da situação desse importante equipamento médico-hospitalar responsável pelo atendimento à população de Canavieiras e região. Em janeiro de 2013, quando assumiu a diretoria médica, as condições do hospital eram caóticas, o que não intimidou este médico, à época com 71 anos de idade.

Aos poucos, o Hospital Régis Pacheco passou por uma faxina generalizada em sua estrutura física, contratou uma equipe médica e de enfermagem, até voltar a ser credenciada pela Secretária Estadual da Saúde. Em apenas nove meses, a equipe da Secretaria Municipal da Saúde comemorou a inauguração do centro cirúrgico com a realização das primeiras cirurgias. Uma semana após mais seis cirurgias foram executadas, inclusive dois partos cesáreos.

Para Dr. Enéas, a tarefa não era difícil, pois exerceu o cargo de diretor do Hospital Otávio Mangabeira (Salvador), especializado em doenças pulmonares, tornando-se referência, inclusive, na formação dos profissionais de medicina. Imitando o ditado que diz, “quando se descansa carrega pedra”, a vida desse médico não foi diferente: após as aulas, consultório, previdência, plantões em hospitais, a exemplo do Getúlio Vargas, dentre outros.

Acostumado à formação dos profissionais da medicina, Dr. Enéas perseguiu um novo sonho: transformar o Hospital Municipal Régis Pacheco num hospital-escola. No seu entendimento, a combinação dos estudos teóricos com as aulas práticas possibilita um aprendizado mais eficaz e humano. É verdade que ele considera uma decisão de médio prazo, mas não descartou a possibilidade, pois vivencia situação idêntica, a conviver com grande de parte de seus alunos – médicos e enfermeiros – antes, colegas hoje no Hospital Régis Pacheco.

Em Canavieiras, não se limitou a ser o diretor médico do hospital, e era o primeiro a substituir qualquer colega que não pudesse se apresentar para o plantão. Ele mesmo agendou na escala do hospital um plantão de 24 horas semanais, quando atendia uma grande quantidade de pacientes, muitos deles para desfrutar da experiência do conceituado médico.

Seu passamento não poderia deixar de consternar profissionais da saúde, amigos, familiares e grande parte da população de Canavieiras.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

Ney Matogrosso é das personalidades mais marcantes da Música Popular Brasileira || Foto Ari Brandi/Divulgação
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Uma das características de Ney Matogrosso é a generosidade. Quando foi ao banco depositar dinheiro acumulado e não conseguiu, retornou e disse aos amigos: “ali tem um saco de dinheiro, quem precisar é só pegar. ”

 

Marival Guedes

Caetano Veloso escreveu na orelha do livro sobre Ney, que a obra é “leitura emocionante. ”  Não encontrei termo mais apropriado. São 512 páginas resultado de quase 200 entrevistas feitas em cinco anos pelo escritor e jornalista Julio Maria.

Conta a expulsão de casa pelo pai, um militar, quando Ney aos 17 anos se defendeu de uma agressão física; o ingresso na aeronáutica; o trabalho num hospital em Brasília; a vida hippie vendendo artesanato e dormindo em casas de amigas (os); seus amores; o sucesso no Secos & Molhados; a carreira solo etc.

No período em que confeccionava e vendia artesanato, também atuava no teatro. A grana era curta e ele passava fome. Um dia desmaiou no palco. Fome.

O teatro era a sua paixão. Certa vez, confessou ao ator Leonardo Villar (25/07/23-03/07/20):  “Eu não quero ser cantor, quero ser ator”. Villar respondeu: “ Não lute contra isso, Ney. Você é cantor”. Nesta mesma linha a amiga carioca Luli (19-06-45-26/09/18) cantora, compositora e multi-instrumentista, o aconselhou de uma forma que soou meio mística: “Não negue o chamamento, Ney”.

E foi Luli quem o apresentou ao Secos & Molhados, período em que o grupo chegou a vender mais discos que Roberto Carlos. Ney rompeu, segundo o biógrafo Julio Maria, porque o líder João Ricardo tentou lhe aplicar um golpe.

Escrevo este texto com a cautela de quem quer evitar o comentado spoiler. Mas contarei resumidamente duas historinhas: A primeira sobre o fato de Ney fazer muito sucesso e sair anonimamente. Um dia ele e um amigo foram a uma loja de discos e perguntaram às vendedoras como estava a vendagem dos Secos.” Vendendo bastante”, respondeu uma moça.

– O que acha do cantor? – perguntou o amigo.

-Eu adoro o que rebola na frente. Será que ele é veado?

Os dois saíram sorrindo.

Uma das características de Ney Matogrosso é a generosidade. Quando foi ao banco depositar dinheiro acumulado e não conseguiu, retornou e disse aos amigos: “ali tem um saco de dinheiro, quem precisar é só pegar. ”

Noutro caso, quando um ex-namorado foi contaminado pela Aids, Ney foi buscá-lo, montou um quarto especial e bancou o caríssimo tratamento. Familiares da vítima choram quando relatam este episódio.

Ele viu vários amigos e ex-amores serem levados pela Aids. Quando fez o teste e deu negativo, não comemorou em respeito à estas pessoas. Mas foi vítima da maldade da Revista Amiga, que colocou em manchete: “A Aids de Ney Matogrosso, Milton e Caetano”. No texto não havia confirmação. Entretanto, o estrago estava feito. Acionou a justiça e ganhou 350 mil dólares.

Ney, multiartista, completou 80 anos no dia primeiro de agosto. Escapou da Aids, da covid e continua cantando e dançando. Magistralmente.

Marival Guedes é jornalista.

Tempo de leitura: 2 minutos

 

Mas um nó, cheio de questionamentos, foi crescendo na garganta e vomito, quase sem querer, palavras que ecoam dentro de mim: A VIDA É URGENTE. E do nada, ela acaba; Viver é finito.

 

Juliana Soledade

Tem dores que somos legitimados a sentir, principalmente quando mais uma tragédia acontece. Quando pequenos aprendemos nos livros de biologia sobre o ciclo de uma vida e todos os seres constituem em nascer, crescer, frutificar e morrer. Mas para além, nesse inteirim, construímos, entre sonhos, vitórias e derrotas, a nossa história.

Esperamos o envelhecer para então morrer. E inocentes nessa espera, atropelamos sonhos, quereres, abraços, desculpas, palavras impensadas, somente por acreditar piamente que o amanhã estará a nossa espera. Mas nem sempre está. Não há garantias de vida. Aliás, a vida foi feita para acabar, só não se sabe quando, nem onde, nem por que e nem como. Viver é se agarrar a finitude.

Outubro foi um mês intenso, novembro acompanha a impetuosidade. E ontem, com a agenda lotada de afazeres com planos mirabolantes, ouvi a notícia. Elevei uma prece e pedi que fosse mentira. Não era. Sucessivamente, senti todas as dores em um milésimo de segundo. Esqueci da artista, lembrei-me da humana, com vertigens sobre esse mundo enlouquecido e sentei para acomodar meu coração em disparate. Por um segundo pensei em tirar a urgência do mundo dos meus planos e me permitir sentir. Vinte seis anos, poderia ser oitenta, sempre é cedo. Um filho. Família. Amigos. Uma multidão. E é nessa contradição de subir e decolar para voar, sempre mais alto, sempre mais longe, que somos vítimas, da nossa própria armadilha. E o show da vida se acaba sem despedida. Com a cortina aberta e pessoas boquiabertas.

Faltam certezas, sobram dúvidas.

É comum me calar sobre esses alvoroços ensandecidos quando alguém se desliga desse plano. Normalmente eu silencio, fico a sentir e imaginar a dimensão da perda, faço orações, sempre chove pelos meus olhos, porque inevitável pensar sobre os meus e sigo, porque precisamos seguir, com dor ou sem ela. Mas um nó, cheio de questionamentos, foi crescendo na garganta e vomito, quase sem querer, palavras que ecoam dentro de mim: A VIDA É URGENTE. E do nada, ela acaba; Viver é finito.

E a gente vive com a certeza do depois.
E guarda tudo para mais tarde.
E, talvez, não dê tempo, não tenha oportunidade.
Porque viver é finito.
E, do nada, acaba.

Escrevo olhando para o horizonte, despejando palavras frenéticas em um programa de texto para evitar olhar e sentir ainda mais, porque a ficha não cai. A nossa humanidade é colocada em xeque. E faz-me sentir.

Com amor e sentimento,

Juliana Soledade é advogada, escritora, empresária e teóloga, pós-graduada em Direito Processual Civil e Direito do Trabalho, além de autora dos livros Despedidas de MimDiário das Mil Faces e 40 surtos na quarentena: para quem nunca viveu uma pandemia.

Tempo de leitura: 4 minutos

Constatamos que a passagem delas foi representativo, pois ocorreu em um momento do centenário das Casas Literárias. Não podemos menosprezar esses espaços. Trata-se de um lugar de poder. Falar e escrever são verbos de ação e são poderosos. Portanto, que as mulheres tenham sempre a palavra.

Efson Lima || efsonlima@gmail.com

Mulheres, mágicas para o bem viver humano. Em outra oportunidade, escrevi sobre a presença das mulheres nas Academias de Letras. Hoje, lembrei-me de escrever e pensei nessa temática. Eu nem estava associando ao mês, mas caiu minha ficha ao traçar a primeira linha: maio é o mês das mães (deve ser sempre todos os meses). Vamos lá!

Sabemos que a primeira Casa Literária a surgir no Brasil com esse espirito de congregar pessoas interessadas nas letras, artes e se mantém atuante é a Academia Brasileira de Letras. É verdade que tivemos outras agremiações antes, mas elas não se mantiveram. Coube a Machado de Assis puxar as rédeas para a criação do sodalício nacional. No nascimento, temos a primeira injustiça: Júlia Lopes. Ela não pôde fazer parte do quadro de fundadores, pois era mulher e no seu no lugar foi indicado o esposo.

O machismo é tão perverso que muitas mulheres são forçadas a esconder o feminino. Os homens são humilhados quando os traços sobressaem. Uma pena: mulheres são a razão da reprodução humana; a alma feminina é razão de parte de nossas emoções. Mulheres, para além da função biológica, são competentes no que fazem, naquilo que ocupam, naquilo que lideram. Inteligentes por excelência! O nosso machismo de cada dia é que ousa aniquilá-las e invisibilizá-las. Mas elas brotam como rosas, não desistem. A existência feminina é ato político diário.

Temos uma plêiade de mulheres na literatura, na produção do conhecimento, nas artes: Cecília Meirelles, Clarice Lispector, Rachel de Queiroz, Lygia Fagundes Telles, Gláucia Lemos, Conceição Evaristo, Zélia Gattai, Carolina Maria de Jesus…. São muitas. “Ler mulheres” é uma oportunidade de redescobrir caminhos. É fazer novos percursos. É oportunidade de aprender.

Retomando o percurso, o nosso bate-papo é sobre mulheres na liderança desses espaços acadêmicos coletivos, que ocupados por homens, coube a elas liderarem em um determinado período. Penso que não foi fácil. Tomando como referências a Academia Brasileira de Letras (ABL), a Academia de Letras da Bahia (ALB) e a Academia de Letras de Ilhéus (ALI), nas três já tivemos presidências femininas. Interessante que tanto na Academia brasileira e quanto na Baiana coube às mulheres o exercício da presidência no transcurso de seus respectivos centenários.

A acadêmica Nélida Piñon foi eleita em 27 de julho de 1989 e tomou posse em 3 de maio de 1990, tornando-se a primeira mulher a ser presidente da Academia Brasileira de Letras, entre 1996 e 1997 (um ano), no período do centenário. Ela é jornalista de formação e tem livros de romances, contos, crônicas, memórias, ensaios. Veio ao mundo como escritora em definitivo com a obra Guia -mapa de Gabriel Arcanjo (1961). O espaço é majoritariamente masculino e tem um longo caminho a percorrer, pois, até então, somente oito mulheres foram (são) membros da ABL. Foi também a primeira mulher a presidir uma Academia de Letras, de caráter nacional, no mundo.

E mais recente a acadêmica Ana Maria Machado entre 2012/2013 (dois anos) liderou a centenária instituição, de cujo espaço se tornou membros a partir de 2003. É uma escritora premiadíssima. Professora universitária e tem várias inserções internacionais. Tem uma forte ligação com a literatura infantil, inclusive, foi uma das fundadoras da Malasartes, sendo a primeira livraria especializada no gênero infantil no país.

No Estado da Bahia, a presença feminina ocorreu 21 anos depois de fundada a Academia de Letras da Bahia, precisamente em 1938, com Edith Mendes da Gama Abreu. O fato é um avanço quando comparado temporalmente com a Academia brasileira. A presidência da ALB foi exercida por uma mulher, pela primeira vez, com Evelina Hoisel, que tomou posse, em 09 de abril de 2015, então, na gestão da Senhora Hoisel, coincidentemente, foi comemorado o centenário da Casa de Arlindo Fragoso.

Em um artigo – a “Academia de Letras de Ilhéus – A chegada das Mulheres”, de autoria da professora Maria Luiza Heine, pontua-se o envolvimento feminino nos quadros literários das academias. A senhora Heine ingressou na Academia de Letras de Ilhéus por volta de 1997 e ocupa a cadeira nº 20. Ela tem formação em Filosofia e é doutora em Educação pela UNEB. Tem uma vasta obra sobre a história regional, especialmente, sobre Ilhéus e meio ambiente. Foi professora da Faculdade de Ilhéus e do IME e presidiu a Fundação Cultural de Ilhéus.

O Blog Ilhéus com Amor, de sua lavra, é um manancial de conhecimento sobre a São Jorge dos Ilhéus e às questões culturais e ambientais. Através da rede foi popularizando as informações sobre a nossa origem e cumprindo uma das funções da investigação científica. Ser acessível.

O exercício da presidência na ALI, como ela pontua em uma entrevista, talvez tenha ocorrido pelo acaso, mas não obstante a função de vice-presidente já o colocava em uma posição ativa. Então, o presidente ao tempo era o acadêmico João Hygino Filho e ela fazia parte da diretoria como vice-presidente e no decorrer do mandato o presidente teve problemas de saúde e ela teve que assumir até terminar o mandato, o que durou pouco mais de um ano. A professora Maria Luiza Heine é um livro. É prova viva do amor à cultura e às artes.

Assim, rapidamente verificamos que as presenças das mulheres nas presidências de algumas Academias de Letras são recentes. Não obstante, é possível inferir que esses espaços continuam sendo ainda de poucas e a liderança feminina tem sido pontual. Entretanto, em dois momentos, constatamos que a passagem delas foi representativo, pois ocorreu em um momento do centenário das Casas Literárias. Não podemos menosprezar esses espaços. Trata-se de um lugar de poder. Falar e escrever são verbos de ação e são poderosos. Portanto, que as mulheres tenham sempre a palavra. E não esqueçamos, as escritoras também são mães. Um excelente dia. Hoje e sempre!

Efson Lima é coordenador-geral da Pós-graduação, Pesquisa e Extensão da Faculdade 2 de Julho e doutor em Direito pela UFBA. Das terras de Ilhéus/Itapé.

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Aplaudo de pé a sua competência enquanto administrador. Acredito que seja, hoje, um dos melhores gestores do país. A politicagem barata do “maloqueiro ousado” não te fará governador do estado!

Manuela Berbert || manuelaberbert81@yahoo.com.br

Um microfone nas mãos. Uma multidão aos seus pés. Dentre milhares de pessoas, uma instituição paga pelo povo, para protegê-los. “Eu quero pedir uma vaia para os Policiais Militares”, gritava o intérprete da canção Maloqueiro Ousado, no maior carnaval do mundo.

Compreendo a identificação da grande massa. Um país que não oferece educação, saúde, esporte e lazer de qualidade mina toda e qualquer possibilidade de desenvolvimento real. Pauta a identidade por gestos e sons. O que eu não compreendo é ver um cara que “chegou lá” incitar justamente a marginalização e a revolta. Como não compreendo a necessidade de quem tem total entendimento disso tudo dar asas a esta ousadia.

A omissão diante de quem se vale da altura de um trio elétrico para parecer zelador do povo não te fará mais forte, Prefeito! “Aqui é favela, não mexa com meu povo!”, gritou quem não mora nela. Quem não vai à mídia fazer uma campanha real, apresentar projetos coesos, fazer valer cada voto de esperança depositado naquelas urnas, em 2018. Quem só aparece em benefício próprio, querendo justificar o tema da SUA música do ano.

Fui filiada ao DEM em maio de 2014. Participei de inúmeros evento do DEM Jovem na capital baiana, a partir de então. Acompanhei os discursos e o trabalho do então deputado. Te vi ser eleito prefeito. Vivo a transformação de Salvador. Aplaudo de pé a sua competência enquanto administrador. Acredito que seja, hoje, um dos melhores gestores do país. A politicagem barata do “maloqueiro ousado” não te fará governador do estado!

Manuela Berbert é publicitária.

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Daniel Bittencourt

 

 

O Teatro Candinha Dória não acaba com a carência de Itabuna de um local adequado para grandes eventos. Mas, enfim, fico feliz por essa obra.

 

 

Por favor, não me entendam mal, mas eu não poderia deixar de me expressar, como responsável por produções teatrais, justamente no momento em que Itabuna está de parabéns pela inauguração do Teatro Candinha Doria. Bem, não é meu intuito aqui apenas criticar, mas também fazer um desabafo por estar preocupado com o futuro do nosso teatro.

Explico: uma obra com essa grandiosidade não poderia ter apenas 597 lugares. Por todo o aparato envolvido, pode ficar caro para produções locais e desinteressante para grandes produções nacionais pelo fato de ter apenas essa quantidade de cadeiras. Para se ter uma noção, de todos os eventos que fizemos, raros foram os que tiveram um público abaixo de 600 pessoas.

Para essa quantidade de público (597 lugares), com umas poucas cadeiras extras, o Centro de Cultura Adonias Filho – que, por sinal, encontra-se abandonado pelo poder público – já resolveria.

O Teatro Candinha Dória não acaba com a carência de Itabuna de um local adequado para grandes eventos. Mas, enfim, fico feliz por essa obra. Em um país onde a cultura agoniza, e o que vemos são teatros sendo fechados, ter um teatro sendo inaugurado é maravilhoso. Outra coisa! Antes que eu me esqueça, teatro se inaugura com grandes espetáculos teatrais…

Parabéns Itabuna!

Daniel Bittencourt é produtor cultural.

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Cláudio Rodrigues || aclaudiors@gmail.com

 

 

 

Desde a redemocratização, o Brasil nunca assistiu a um governo recém-empossado se desgastar em tão pouco tempo. Pelo visto, Bolsonaro perdeu e vai continuar perdendo seus eleitores e a opinião pública em plena lua de mel.

 

 

Não existe uma formula mágica para se manter um casamento. Nesse elo estabelecido entre duas pessoas, há alguns itens que ajudam a preservar essa união, tais como confiança, respeito, compreensão e, sobretudo, amor. Ao que parece, o vínculo que uniu os 57,7 milhões de eleitores ao então candidato e hoje presidente da República, Jair Bolsonaro, começa a definhar antes da hora.

O casamento entre os eleitores e um candidato tem prazo de validade. Não existe nessa relação o “até que a morte os separe”. Esse casamento é de quatro anos. Dependendo da convivência, é renovado apenas por mais quatro. Com pouco mais de cinco meses na presidência do Brasil, a relação do presidente Bolsonaro com aqueles que lhe confiaram o voto sofre um grande abalo, colocando o casamento em crise.

Eleitores de primeira hora, como o cineasta José Padilha e o cantor Lobão, como assim dizer, “já saíram de casa”. Padilha, que teve no ex-juiz e hoje ministro da Justiça e Segurança a “alcoviteira” para ele dizer sim a Bolsonaro, afirma que “o Moro não se deu ao trabalho de olhar o histórico dos Bolsonaros. Os Bolsonaros têm relações com a esgotosfera do crime organizado carioca. Ele é de Curitiba, talvez não saiba. A outra possibilidade é que ele sabia o que estava fazendo e ele fez. Aí, o Moro é totalmente diferente de quem eu pensei que ele fosse”.

Antes um fervoroso defensor de Bolsonaro e de seu governo, o cantor Lobão salta do barco desolado, no período em que o casamento era para estar no auge. “Eu tinha que optar por alguém e esse alguém foi o Bolsonaro. Mas ele mostrou que não tem a menor capacidade intelectual e emocional para poder gerir o Brasil. Isso está muito claro para mim, e fico muito triste. É óbvio que o governo vai ruir”, disse ao jornal Valor Econômico.

Jair Bolsonaro, presidente da República || Foto Alan Santos/PR

As inúmeras caneladas do presidente, como a postagem do vídeo escatológico do carnaval, as brigas entre as alas olavista versus militares, a saída de dois ministros, o laranjal do PSL (partido do presidente), as denúncias do MP/RJ contra o filho Flávio Zero Um e o seu ex-assessor Queiroz, o incendiário e gestor das redes sociais do pai o filho Carlos Zero Dois, a arrogância do filho Eduardo Zero Três, o caos no Ministério da Educação e o cortes de verbas para a educação básica e superior, que culminaram com protestos de rua em mais de 200 cidades brasileiras. Tudo isso, mais a falta de projetos e propostas concretas de um governo que só tem como meta a reforma da previdência, colocam em crise um casamento de apenas cinco meses.

Desde a redemocratização, o Brasil nunca assistiu a um governo recém-empossado se desgastar em tão pouco tempo. Pelo visto, Bolsonaro perdeu e vai continuar perdendo seus eleitores e a opinião pública em plena lua de mel.

Cláudio Rodrigues é consultor de comunicação e de empresas.