Walmir Rosário aborda a origem do "feriado" de Corpus Christi no Brasil
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Esse é um feriado – ou ponto facultativo – estranho, que ninguém sabe ao certo como aportou no Brasil com ânimo definitivo. Por ouvir dizer, me consta que iniciou como uma parada bancária e se perpetuou.

 

Walmir Rosário || wallaw2008@outlook.com

Lembro-me perfeitamente dos dias santos e feriados que eram respeitados no meu tempo de criança e adolescente. Nestas datas não precisávamos frequentar a escola, muito menos o trabalho, para os que já pegavam pesado no batente. Era uma festa. Embora soubéssemos pelo calendário, essas datas sempre eram acrescidas em função da tradição e legislação estadual ou municipal.

Além dos feriados corriqueiros, aqueles que se destacam na folhinha com letras vermelhas (acredito que para chamar mais a atenção), éramos avisados que dias tais não precisávamos vir às aulas, pois a cidade estaria em festa com sua micareta. Festejávamos os dias santos e o prefeito decretava feriado nas vitórias da seleção de Itabuna, sem contar os pontos facultativos no serviço público.

Vivíamos em constante estado de festa. E como hoje (08-06-2023), também chamado de quinta-feira, é dia de Corpus Christi, me encontro no perfeito gozo de um merecido descanso, apesar de não trabalhar formalmente. Esse é um feriado – ou ponto facultativo – estranho, que ninguém sabe ao certo como aportou no Brasil com ânimo definitivo. Por ouvir dizer, me consta que iniciou como uma parada bancária e se perpetuou.

Claro que esse feriado ou ponto facultativo (em algumas cidades) tem um pezinho na nossa ancestralidade portuguesa, com certeza, nas raízes da religiosidade e atendimento à bula papal editada por Urbano IV, lá pelos longínquos idos de 1264. Pelo que se sabe, o papa teria incumbido o grande filósofo São Tomás de Aquino para redigi-la, em comemoração a Corpus Christi.

Só que o papa Urbano IV não teve a felicidade de comemorar a data ou editar alguma indulgência, pois morreu logo após ter mandado instituir a homenagem, tanto é assim que a bula somente foi reafirmada pelo Concílio de Vienne, em 1311. No Brasil, pelas ordens do primeiro-ministro português Marquês de Pombal, as coisas políticas e religiosas não caminhariam mais juntas, portanto deveria acabar essas comemorações.

Mas ela – a data – resistiu bravamente e se encontra em nosso meio até os dias de hoje. O São João também sofreu as perseguições em nome do estado laico, e hoje não é comemorado em grande parte do Brasil. Em Itabuna, por exemplo, deixou de ser feriado há muitos anos e não tem mais a competência para fechar o comércio, indústria e serviços, embora os itabunenses se mandem para “forrozar” em Ibicuí e Jequié.

Lembro de certa feita em que os gerentes de bancos se sentiram atemorizados em funcionar em plena festa junina sem a devida segurança. É que grande parte da Polícia Militar teria sido transferida para os grandes sítios forrozeiros. E a solução encontrada foi sensibilizar o poder público municipal para decretar o competente decreto de ponto facultativo, extensivo à iniciativa privada, devido à possível insegurança. Fechou tudo.

Outro feriado tradicional de Itabuna era o dia do Caixeiro (comerciário), comemorado religiosamente em 30 de outubro, chovesse ou fizesse sol. De uns tempos pra cá, foi retirado do decreto e somente vale por acordo, através da negociação sindical, e em data móvel. Perdeu a graça, pois a maior comemoração era o Torneio Caixeiral, com a participação de cerca de 50 equipes formadas por comerciários. Nem lembram mais.

Duro mesmo eram as empresas e órgãos públicos que têm em seu quadro de pessoal itabunenses e ilheenses, independente do município onde está sediada, a exemplo da Ceplac e Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc). Elas fechavam nos feriados e dias santos das duas cidades. Com o passar dos anos, a Ceplac apertou a corda e a Uesc ainda manteve por muito tempo. Hoje não tenho informação de como é.

A Ceplac, na sua sede regional, passou a obedecer apenas os feriados e dias santos de Ilhéus, por estar em solo ilheense. À época foi um Deus nos acuda. Reclamações em todos os setores pelo antidemocrático gesto não comoveram os dirigentes. Daí, os inconformados servidores criaram uma comissão para tentar sensibilizar os diretores, reclamando do prejuízo de não poderem exercer suas religiosidades aos padroeiros.

Na Divisão de Comunicação éramos sempre escalados nos carnavais para noticiar a participação dos ceplaqueanos nos blocos e escolas de samba, sempre com muitas fotos publicadas no jornal interno Espelho Ceplaqueano. Então, um dos diretores, a título de brincadeira, sugeriu que poderiam até participar e que estenderiam as matérias jornalísticas do Espelho e, posteriormente da Agenda, para uma ampla cobertura nas missas e procissões, ressaltando a religiosidade dos servidores.

A partir daquela data não se soube mais de qualquer reivindicação dos fiéis religiosos. Até os dias de hoje não se sabe o motivo deles abandonarem seus santos padroeiros.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

Ponto facultativo nesta quinta (3) e na sexta-feira (4)
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A Prefeitura de Itabuna publicou hoje (2) o Decreto 14.439/2021, que estabelece ponto facultativo nas repartições do município na próxima sexta-feira (4), em virtude das celebrações de Corpus Christi.

Conforme a Prefeitura, para sexta-feira (4), o decreto abrange as repartições públicas da administração municipal centralizada, descentralizada e fundacional. Porém, as unidades que prestam serviços considerados essenciais não poderão sofrer interrupção de funcionamento.

Todos os serviços da administração municipal retornarão na próxima segunda-feira (7).

Itacaré é um dos destinos mais procurados nos feriados prolongados
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Em meio a uma pandemia e expectativa da chegada de vacinas, o ano de 2021 terá três feriados prolongados nacionais, sem considerar os feriados estaduais e municipais e festejos como carnaval e Corpus Christi, que são pontos facultativos – e não feriados – em diversas cidades. Feriados prolongados são os que caem às segundas ou sextas-feiras, podendo ser emendados com os finais de semana.

O primeiro feriado nacional prolongado já acontece nesta sexta-feira, 1º de janeiro, dia da Confraternização Universal e celebração do ano novo.

Já em fevereiro haverá o carnaval, que não é feriado em todo o Brasil. Apenas algumas cidades o adotam como feriado; outras o consideram ponto facultativo. Em 2021, a tradicional celebração carnavalesca é dúvida em muitos locais do país.

Em algumas cidades, como São Paulo, ele não será celebrado em fevereiro. Para evitar a formação de aglomerações em meio à pandemia do novo coronavírus, o prefeito Bruno Covas determinou que o carnaval terá nova data em 2021 e será celebrado em meados do ano.

DIA DO TRABALHO

Além do dia 1º de janeiro, também são considerados feriados nacionais, estabelecidos na lei federal 10.607/2002, os dias 21 de abril (Tiradentes), 1º de maio (Dia do Trabalho), 7 de setembro (Independência do Brasil), 2 de novembro (Finados), 15 de novembro (Proclamação da República) e 25 de dezembro (Natal). Dois destes feriados vão cair em fins de semana em 2021.
VEJA EM LEIA QUAIS SÃO OS FERIADOS

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Fiéis confeccionam tapete na rua da catedral itabunense (Erivaldo Bonfim).
Fiéis confeccionam tapete na rua da catedral itabunense (Erivaldo Bonfim/Arquivo).

A celebração pelo Dia de Corpus Christi começou logo cedinho, em Itabuna, e terá continuidade. Às 15h30min, haverá exposição do Santíssimo Sacramento. Às 16h, o bispo Dom Ceslau Stanula conduzirá a concelebração eucarística do Corpo e Sangue de Cristo. A tradicional procissão pelas principais avenidas do centro começará logo depois.