Lincoln, do Goiás, e Maurício Duarte, do Vila Nova, disputam bola no Serra Dourada || Arquivo/Walmir Rosário
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Certa feita, ao jogar na Gávea contra o Flamengo, ao tentar tirar a bola do craque Zico, que a adiantou com um toque, passou reto com o carrinho, numa jogada que terminou em gol.

 

Walmir Rosário

Nem todos os meninos peladeiros conseguem tirar a sorte grande jogando os babas apenas nas praias ou nos campinhos de bairro. Muitos são levados para os times consagrados, nos quais aprendem a se especializar no futebol. Os que conseguem unir a habilidade individual às técnicas e táticas, teoricamente terão um futuro garantido e nome gravado entre os astros do futebol.

Por ironia do destino, um garoto peladeiro deixa sua cidade natal, Porto Velho, em Rondônia, e vai para o Rio de Janeiro, acompanhar sua mãe em tratamento médico. Era tudo que queria. Se já se encantava com o futebol jogado na cidade maravilhosa pelas ondas do rádio, agora se imaginava ser um daqueles craques que tanto assistia no rádio e na TV. Finalmente era chegada a hora e a vez do garoto Maurício Duarte.

E tudo se encaminhava conforme seus pensamentos. Em pouco tempo já disputava bola nas areias da praia de Copacabana com a desenvoltura de um atacante, atuando pelas equipes praianas do Radar e do Copa Leme. Mas queria o destino um futuro mais brilhante para a promessa de craque rondoniense. Foi descoberto pelo maior e mais excêntrico “olheiro” de futebol carioca, Antônio Franco de Oliveira, o Neném Prancha.

Botafoguense de quatro costados, Neném Prancha, considerado o maior dos filósofos do futebol, o levou para o seu time de coração, o Botafogo. Aos 12 anos o garoto se deslumbra com a plêiade de craques que ouvia e via jogar no rádio e na TV. Mais que isso, iria participar de uma peneira e, se aprovado, poderia ser um deles, afinal, tinha como padrinho Neném Prancha, o descobridor de Heleno de Freitas e Júnior “Capacete”.

Diante da enorme concorrência, lhe ocorreu uma estratégia de defesa que o fez sobreviver nos gramados de General Severiano. Assim que o treinador e antigo lateral-direito Joel Mendes dividia as promessas de atletas pelas posições que jogavam, Maurício Duarte se assombrou pela quantidade de atacantes e meios-campistas. Os pensamentos rodaram com extrema velocidade em sua cabeça e decidiu: a partir daquele momento seria zagueiro. E para jogar no Botafogo!

E a sorte lhe sorriu, tanto assim que após ver de perto “os cobras” do Glorioso, a exemplo de Gérson, Fischer, Jairzinho, Brito, Manga, dentre outros craques, foi aprovado para a famosa Escolinha de Seu Neca, pela qual passaram as estrelas do Botafogo dos anos 1970, inclusive ele. Descoberto por Neném Prancha, agora teria a felicidade de aprender com seu Neca todas as técnicas e artimanhas do melhor futebol do mundo.

E o garoto magro de Porto Velho iniciou os treinamentos na Escolinha do Neca, no Botafogo, no subúrbio de Del Castilho. Era um sacrifício danado, pois pegava dois ônibus lotados para participar do treinamento coletivo às quartas e sextas-feiras. No restante da semana treinava em General Severiano. Se firmou como zagueiro e ganhou posição nas divisões de base, até que chegou o dia de ser incorporado ao time de cima.

Era o ano de 1970. E Maurício Duarte, aos 17 anos, teria a responsabilidade de substituir o zagueiro Brito, convocado para a Seleção Brasileira tricampeã do mundo. Jogaria a Taça Guanabara, posteriormente cancelada, e os jogos amistosos, o primeiro deles contra o Bangu, vencido pelo placar de 2X0. Junto com os profissionais, lembrava dia e noite os ensinamentos do seu Neca, essenciais para a sobrevivência nos gramados da vida.

Nos treinos do Botafogo marcava grandes jogadores de ataque. Certa feita, ao jogar na Gávea contra o Flamengo, ao tentar tirar a bola do craque Zico, que a adiantou com um toque, passou reto com o carrinho, numa jogada que terminou em gol. Aí ouviu do seu Neca: “Você não teria que ter dado o carrinho e sim cercado; acompanharia a jogada e ele não teria toda a tranquilidade. Lembre-se, zagueiro caído é jogador abatido”.

De outra feita, no Maracanã contra o Vasco, quando foi marcar Roberto Dinamite, ouviu outro ensinamento do seu Neca: “O zagueiro tem que ficar com um olho no peixe e outro no gato”. E era para observar a bola e Roberto Dinamite, que ficava de “migué”, na ponta-esquerda quando a bola vinha pela direita. E esse ensinamento lhe serviu para o resto da vida, tomando ou não deixando a bola chegar aos atacantes.

Do Botafogo, Maurício Duarte se transferiu para outros clubes brasileiros, nos quais experimentou a diversidade na realidade do futebol praticado nos quatro cantos deste país. E sua saída do Glorioso se deu por motivos internos. Quando chamado de volta pelo Departamento Amador, acreditou que seria um regresso e não atendeu ao pedido. Daí passou a treinar no “time da Ave Maria”, no finalzinho da tarde, com chances remotas.

Emprestado ao Remo, do Pará, Maurício não foi muito feliz, pois teve uma distensão na virilha. Em seguida se transforma num operário da bola e joga no Santo Antônio e Rio Branco, ambos no Espírito Santo, Flamengo do Piauí, Vila Nova de Goiás, Galícia, Olaria e Itabuna. Nesses times atuou com e contra grandes craques do futebol brasileiro, muitas das vezes sem receber salários em dia, dentre outras adversidades.

No Itabuna Esporte Clube, o último time por qual jogou, Maurício Duarte se identifica bastante com a diretoria e a cidade. E por aqui constrói família, faz um curso de formação em técnico de futebol, trabalha na AABB, dirige as seleções de Itajuípe, Itabuna e Buerarema. Certificou-se em Radialismo, atuou como comentarista em emissoras de rádio e Maurício Duarte se torna um verdadeiro cidadão grapiúna.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

Novo livro do mestre Walmir Rosário já pode ser adquirido em formato digital (eBook)
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Os grandes craques que vi jogar – nos estádios e campos de futebol de Itabuna e Canavieiras é o mais novo livro do radialista e jornalista Walmir Rosário. Editada pela Ojuobá Projetos de Comunicação, a obra traça o perfil dos craques das antigas que tinham verdadeiro domínio da bola. O autor expressa, em cada crônica, o verdadeiro sentimento desses jogadores amadores ao jogar por suas esquipes e as seleções de suas cidades.

Bastava envergar o manto sagrado para que esses craques se superassem das deficiências dos antiquados treinamentos físicos e táticos das equipes do interior e entrassem em campo com a finalidade de ganhar o jogo. Com essa sequência de vitórias, chegavam os tão sonhados títulos nos campeonatos municipais e intermunicipais, façanha conseguida pela Seleção de Itabuna ao conquistar o hexacampeonato baiano intermunicipal.

Essa brilhante conquista teve como protagonistas, praticamente, os mesmos jogadores, de 1957 a 1965, com um intervalo de três anos sem a disputa do campeonato (1958, 1959 e 1960), retomado em 1961. A base da seleção vinha dos clubes amadores itabunenses Janízaros, Fluminense, Grêmio, Flamengo, Botafogo, Bahia e Corinthians, verdadeiras fábricas de craques.

TRANSIÇÃO

O livro também aborda a transição do futebol amador para o profissional, com a criação do Itabuna Esporte Clube, conhecido com o slogan Meu Time de Fé. O Itabuna brilhou no Campeonato Baiano de profissionais, com equipes competitivas; no início, formadas pelos craques amadores. Mais tarde, mesclada com profissionais vindos do sul do país.

O foco da obra é mostrar a trajetória de cada um desses craques, como iniciaram e foram descobertos nos campinhos de baba e seguiram carreira amadora, muitos deles chegando ao profissionalismo. O espetáculo rolava solto aos domingos, no velho campo da Desportiva, em Itabuna, para a satisfação dos torcedores, que enchiam o estádio para torcer pelos seus times.

PAIXÃO

A paixão pelo futebol era tamanha que, em Itabuna, surgiu o primeiro Colégio de Futebol Grapiúna, criado pelo vascaíno Demosthenes Propício de Carvalho, cirurgião dentista que influenciou na formação de caráter e na arte de jogar futebol dos futuros craques. Dessa escolinha saíram grandes jogadores amadores e profissionais, a exemplo de Perivaldo, que atuou em grandes clubes e até na Seleção Brasileira.

Algumas crônicas são dedicadas a fatos pitoresco do futebol do interior, como o dia em que o Botafogo itabunense entrou em campo no segundo tempo sem o goleiro Romualdo Cunha, que ficou no vestiário tirando um cochilo. Somente após 15 minutos sua ausência foi notada por um torcedor. Esse era o mesmo Botafogo dos meios campistas Pedrinha e Mundeco, considerados superiores a Pelé e Coutinho, quando o assunto era a tabelinha.

CRAQUES DE CANAVIEIRAS

O leitor conhecerá, em outras crônicas, dois dos grandes craques que se formaram em Canavieiras, no sul da Bahia: Bené Canavieira (sem o s final) e Boinha Cavaquinho, que jogaram um futebol de gente grande. Canavieira passou pelo Botafogo Carioca nos tempos de Garricha, Didi, Nilton Santos, além de outras equipes. Já Boinha Cavaquinho era centroavante goleador, jogava bem nas onze posições, do gol à ponta-esquerda.

O livro “Os grandes craques que vi jogar – nos estádios e campos de futebol de Itabuna e Canavieiras” foi editado pela Ojuobá Projetos de Comunicação, com design gráfico, editoração e capa de Tasso Filho e Vitória Giovanini. A obra está disponível em eBook, na Amazon. Para assinantes do serviço Kindle Ilimitado, a leitura é gratuita. Quem não tem assinatura pode adquirir a coletânea por R$ 24,00. Acesse aqui.

Acidente mata 7 torcedores do || Fotos Divulgação- CBM-MG
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Um ônibus com torcedores do Corinthians sofreu um acidente na BR-381 (Fernão Dias), na madrugada deste domingo (20), no município de Brumadinho (MG), e deixou 7 mortos. O veículo transportava 48 pessoas, que voltavam para o estado de São Paulo após o jogo entre Cruzeiro e Corinthians, ocorrido na noite de sábado, pelo Campeonato Brasileiro.

Segundo a concessionária da rodovia, a Arteris, o ônibus adentrou uma curva e chocou-se contra o barranco e na sequência tombou. O socorro às vítimas foi feito por equipes da concessionária, pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), e pelo Corpo de Bombeiros. Unidades da Polícia Rodoviária Federal e peritos da Polícia Civil também foram deslocados para o local.

Segundo a Polícia Civil, 36 pessoas ficaram feridas. 27 delas precisaram de atendimento médico e foram encaminhadas a hospitais da Região Metropolitana de Belo Horizonte. O ônibus transportava torcedores/moradores de São José dos Campos, Jacareí, Caçapava, Taubaté e Pindamonhangaba.

“O Corinthians se solidariza às famílias dos torcedores falecidos e permanece à disposição para apoiá-las, assim como às outras vítimas do acidente e autoridades envolvidas no resgate e apuração dos fatos”, disse o clube paulista, em nota.

Às 10h30, a faixa esquerda da rodovia, no sentido de São Paulo, foi liberada para o tráfego. A faixa direita ainda permanece interrompida para atuação das equipes da perícia. De acordo com a concessionária, há cinco quilômetros de congestionamento no local.

ANTT DIZ QUE ÔNIBUS ERA IRREGULAR

Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) emitiu nota lamentando e se solidarizando com os familiares das vítimas, torcedores do time de futebol Corinthians.

A Agência informou que o veículo envolvido, de placa LPH3885, não possui registro nem autorização para realizar o transporte interestadual de passageiros, portanto a viagem é considerada irregular.

A ANTT esclareceu que fornecerá, quando solicitadas, todas as informações necessárias às autoridades de segurança pública para apoiar as investigações. Além disso, informou que a Arteris Fernão Dias, administradora do trecho da rodovia concedida, prestou todos os socorros iniciais.  Com informações da Da Agência Brasil.

Vitória arranca empate heroico e se mantém no G-4 || Foto Victor Ferreira/ECV
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O Vitória conseguiu arrancar um empate após levar dois gols em menos de 14 minutos de jogo, na casa do adversário, na noite deste domingo (30), em Campinas. Diante da Macaca, o Leão até rugiu forte na etapa final, porém o placar de 2 a 2 foi o suficiente para tirá-lo da liderança da Série B do Campeonato Brasileiro de Futebol. O líder, agora, é o Novorizontino-SP.

O empate veio nos 30 minutos finais da partida. O atacante Léo Gamalho iniciou a reação rubro-negra aos 31 minutos do segundo tempo, em cobrança de pênalti. Iury Castilho fez o segundo e definiu o placar no Moisés Lucarelli, em Campinas. Léo Naldi e André fizeram os gols da Macaca, ambos no primeiro tempo.

O resultado de ontem deixou o Leão com 38 pontos, um a menos que o novo líder da Série B, Novorizontino. O terceiro colocado é outro Leão, o pernambucano Sport Recife, que também soma 38 pontos, mas o time baiano acumula mais vitórias (12 a 11). Fechando o G-4, o Vila Nova-GO, com 35 pontos.

JOGA NA QUARTA

O Vitória vinha de uma sequência de três triunfos, suficientes para levá-lo, novamente, à condição de líder da Série B e campeão do 1º turno da competição. Os quatro melhores colocados sobem para a elite do Brasileirão.

O novo confronto do Rubro-Negro pela Série B será contra o lanterninha ABC, na quarta-feira (2), às 21h30min, no Barradão, em Salvador. Mais cedo, às 19h, a Ponte Preta enfrentará o Criciúma, em Santa Catarina.

Léo Gamalho marca gol do triunfo para o Vitória || Foto Victor Ferreira/EC Vitória
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Com um gol do atacante Léo Gamalho, aos 42 minutos do segundo tempo, o Vitória garantiu mais três pontos na Série B do Campeonato Brasileiro, na noite desta segunda-feira (24), no Estádio Barradão, em Salvador. O Rubro-Negro baiano bateu a Chapecoense por 1 a 0 na última rodada do primeiro turno e chegou aos 37 pontos.

O Vitória fechou o turno da Série B do Brasileirão com um ponto à frente do vice-líder, o Novo Horizontino, que chegou aos 36. O Rubro-Negro encerrou o primeiro turno com 12 vitórias, um empate e seis derrotas, o que representa um aproveitamento de 64%.

Na abertura do returno, no próximo domingo (30), o Vitória viaja até Campinas para enfrentar a Ponte Preta, no Estádio Moisés Lucarelli. A partida está marcada para começar às 18h. A Macaca terminou o primeiro turno da Série B na 13ª colocação, com 22 pontos.

SUPERAÇÃO

A liderança do primeiro turno e o gol da vitória tiveram sabor mais que especial para o atacante Léo Gamalho. Ele ficou afastado por várias rodadas para se tratar de um câncer de pele. “Achei que podia ser o fim”, disse o jogador após a partida ao canal pay-per-view Premiere.

Ainda emocionado, ele relembrou o começo difícil em 2023. “Desde o início do ano, em que eu acabei machucando o braço, quase perdi os movimentos do braço. Depois acabei tendo vários problemas, fui tirar um sinal e descobri que tenho um melanoma (câncer de pele)”, narrou o profissional destacando o fato de a doença ter sido diagnosticada no início, o que colaborou para o sucesso do tratamento.

Ary Borges deu show na estreia do Brasil || Foto Thaís Magalhães/CBF
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A primeira partida do Brasil na Copa do Mundo de Futebol Feminino foi mais do que tranquila. Sem sustos, a seleção atropelou o Panamá por 4 a 0, no estádio Hindmarsh, em Adelaide (Austrália), nesta segunda-feira (24). Brilhou a estrela de Ary Borges, estreantes em Mundiais, que fez três gols e deu o passe para Bia Zaneratto marcar o outro. Com o resultado, a equipe comandada por Pia Sundhage pula para a liderança do Grupo F, com três pontos, se aproveitando do empate entre França e Jamaica na véspera.

O Brasil começou a todo vapor em Adelaide com a Rainha Marta no banco, recuperando-se de contusão. Com menos de dez minutos de jogo, já havia finalizado quatro vezes ao gol adversário, exigindo boas intervenções da goleira Bailey.

Aos 18, começou o show de Ary Borges. Debinha foi lançada pela esquerda, dominou e cruzou na área. A meio-campista surgiu livre e cabeceou no canto esquerdo para abrir o placar.

MAIS SHOW

Jogando muito pelos lados, o Brasil não deixava o Panamá respirar, sempre mantendo a posse de bola na casa dos 60% e criando chance atrás de chance. Aos 38, veio o segundo.

Tamires cruzou pela esquerda, Ary Borges cabeceou e parou em Bailey. No entanto, no rebote, com a goleira caída no chão, ela não teve dificuldades para marcar o segundo.

A seleção entrou no segundo tempo disposta a resolver o jogo. Logo aos três minutos, a vantagem foi ampliada com um golaço coletivo. Após troca de passes na entrada da área panamenha, Debinha cruzou pela esquerda e encontrou Ary Borges de frente para o gol. Ela dominou e, após deixar a marcação no chão, apenas rolou para trás para Bia Zaneratto finalizar para o gol escancarado e fazer o 3 a 0.

Com a vitória pouco ameaçada, Pia Sundhage começou a fazer mudanças na equipe e o Brasil diminuiu o ritmo. No entanto, a meta adversária continuou sem ter descanso.

Aos 25, Geyse, que havia entrado no lugar de Debinha, cruzou pela esquerda e encontrou a iluminada Ary Borges, que mais uma vez completou de cabeça para marcar.

Cinco minutos depois, a estrela da noite (na Austrália) deixou o gramado para a entrada de Marta.

A camisa 10 teve chances para marcar e se tornar a única jogadora na história das Copas a fazer gols em seis edições da competição. Porém, o Brasil (que terminou o jogo com 34 finalizações) não conseguiu mais marcar.

Depois da atuação consistente na estreia, a seleção agora tem, em tese, seu desafio mais duro na primeira fase da Copa. Enfrenta no sábado (29), às 7h (horário de Brasília), a forte equipe da França, em Brisbane, em duelo que pode definir quem termina em primeiro na chave.

Notícia da viagem de Nininho para teste no Fluminense, em 1958
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O menino de Macuco, iniciado no Pindorama Futebol Clube, depois no Brasil Esporte Clube, o BEC, venceu no futebol e até hoje é reconhecido como bom exemplo por onde passou.

 

Walmir Rosário

Campeão pela Seleção de Itabuna no primeiro Intermunicipal vencido, Nininho, o Sputnik, sentiu necessidade de mostrar seu futebol em outras terras, se apresentar no Maracanã, o santuário do futebol. E aqui pra nós, qual jogador de futebol que nunca sonhou atuar no Gigante do Maracanã? Nem tinha medo com o tradicional friozinho na barriga no jogo de estreia. Era o começo de uma carreira, quase sempre bem-sucedida.

E José Maria Santos, o menino de Macuco, hoje Buerarema, só pensava nisso. Tanto foi assim que dispensou as honrarias dos cartolas, comerciantes e torcedores de Itabuna para aventurar a carreira no Rio de Janeiro. Quem sabe poderia aparecer no Canal 100, em todos os cinemas do Brasil, jogando por um grande clube do Rio de Janeiro ou São Paulo. A mudança valeria a pena e ele estava disposto a correr o risco.

Artilheiro com 11 gols marcados em sete jogos da Seleção de Itabuna campeã. Eleito em 1958 o atleta mais eficiente e disciplinado de Itabuna, Nininho ganhou uma passagem de ida e volta, além da hospedagem para 15 dias em hotel no Rio de Janeiro. Viajou acompanhado do colega Hildebrando, que ia visitar dona Guiomar, esposa de Didi do Botafogo, que é da região cacaueira. Nininho foi apresentado aos dois e se tornaram grandes amigos.

Finalmente, o craque Sputnik se foi. No Rio, fez teste no Fluminense, time em que jogava o conterrâneo Léo Briglia, e treinou muito bem. Aprovado, o técnico Pirilo queria inscrevê-lo como juvenil, mas não foi possível, pois já completara 20 anos. Como não tinha vaga no aspirante, completo com jogadores subidos dos juniores, nem mesmo a intervenção de Léo Briglia resolveu. A escolinha do Flu era uma fábrica de craques, o que sempre impedia o aproveitamento de novos valores. E o Sputnik era um deles.

Se não deu certo no Fluminense, ainda em 1958 Nininho decidiu dar uma passada no Botafogo para se submeter aos testes. Enquanto fazia o famoso vestibular no Glorioso, um treinador do Guarani de Divinópolis gostou de sua atuação e quis saber qual era situação do atleta. Informado que era livre e estava passando por testes, convidou o Sputnik para ir disputar o Campeonato pelo Guarani. Aceitou, de pronto.

Em janeiro de 1959, volta ao Rio de Janeiro para se submeter a novos testes no Botafogo, onde pretendia jogar ao lado do time dos grandes craques. Nesse período, foi levado para o Canto do Rio, em Niterói, e daí para o América, no qual se sagrou campeão carioca em 1960. Nesse ano, mesmo na reserva, foi o artilheiro dos aspirantes. Nessa época já tinha incorporado novo nome: Zé Maria.

Nininho (Zé Maria) no América campeão carioca de 1960

Emprestado ao Bonsucesso Futebol Clube para fazer uma excursão no exterior, atuou no Chile e Peru. Nessa viagem jogou o que sabia nos 15 jogos realizados, uma campanha invicta. No último jogo, contra o Sporting Cristal, do Peru, que já era campeão peruano antecipado, faltando três rodadas para o fim do certame, marcou o gol mais bonito de sua vida. Para ele foi a consagração como jogador profissional.

Em 1962 volta a São Paulo, desta vez para jogar na Prudentina. No ano seguinte, 1963, Sputnik, ou Zé Maria, joga um belo campeonato. Àquela época, a Prudentina era um time cheio de bons jogadores e ele consegue se destacar, embora a equipe tenha ido mal. Resultado: no final do ano todos os atletas foram dispensados. Nininho chegou a ser cotado para ir para o Peru, onde jogaria no Sporting Cristal, mas como não se concretizou, ele continua no Brasil e passa a jogar pelo Nacional.

Depois disso foi trabalhar na Rede Ferroviária Federal e continuou jogando por dois anos, e encerrou a carreira em 1967. Anos depois o craque volta para Itabuna. Deixa a Rede Ferroviária, um emprego federal e se instala em Itabuna. Convidado por Ramiro Aquino, José Adervan e João Xavier para supervisionar o Itabuna Esporte Clube, cumpriu a missão de fortalecer o profissionalismo no futebol itabunense.

Nininho preferia ser treinador, mas foi convencido a atuar na supervisão. E fez um excelente trabalho, dando uma nova cara à equipe profissional, àquela época ainda tratada com muito amadorismo no sul da Bahia. O Itabuna chega ao final do campeonato em uma boa colocação, resultado do trabalho implantado por ele e o treinador Roberto Pinto, mudando as características do futebol por aqui praticado.

Nessa época, Itabuna reunia bons jogadores, muitos deles valores regionais. Um em especial, vindo de Itarantim para fazer teste no Itabuna como quarto zagueiro. Era Zezito Carvalho. Assim que viram a baixa estatura dele, Nininho, Roberto Pinto e João Xavier sugeriram que fosse testado na lateral direita. Deu certo e o Zezito Carvalho passou a se chamar Tarantini, nome dado em homenagem ao jogador argentino e que fazia referência à sua cidade, Itarantim.

Nininho também fez um excelente trabalho com a juventude itabunense, quando convidado pelo amigo João Xavier, à época vice-prefeito e secretário de Esporte de Itabuna. A missão era implantar as escolinhas de futebol projetadas pela Prefeitura. E execução deu excelentes resultados, retirando meninos da rua para proporcioná-los uma vida melhor com a prática de esportes, notadamente o futebol.

O menino de Macuco, iniciado no Pindorama Futebol Clube, depois no Brasil Esporte Clube, o BEC, venceu no futebol e até hoje é reconhecido como bom exemplo por onde passou.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

Previsão de ciclone levou Prefeitura a solicitar adiamento do jogo || Divulgação/EC Bahia
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A Prefeitura de Porto Alegre solicitou à CBF adiamento do jogo entre Grêmio e Bahia, marcado para as 19h desta quarta-feira (12), devido à previsão de que a capital gaúcha pode ser atingida por um ciclone. O compromisso é a volta das quartas de final da Copa do Brasil. Na Arena Fonte Nova, em Salvador, os times empataram em 1 a 1, no último dia 4.

“Ainda diante do alerta do ciclone extratropical, enviamos ofício ao Grêmio, FGF e CBF solicitando o adiamento do jogo marcado para a noite desta quarta-feira na Arena. Importante a precaução considerando que envolve deslocamento de milhares de pessoas e mobilização de serviços”, anunciou o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, em uma rede social.

A Confederação Brasileira de Futebol decidiu manter o horário e a data da partida, mas acompanha a situação da cidade, segundo a ESPN Brasil. A entidade ainda não se manifestou oficialmente. No site da CBF, até o momento, nenhuma mudança no calendário da Copa do Brasil.

Grapiúna e Jequié se enfrentam no próximo sábado, no Mário Pessoa || Foto Jequié Repórter/Arquivo
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Com melhor serviço de transporte público do que Camacan, Ilhéus foi escolhida pelo Grapiúna para o mando de campo do primeiro jogo da semifinal da Série B do Campeonato Baiano, no próximo sábado (15), a partir das 15h. A Federação Bahiana de Futebol (FBF) confirmou o Estádio Mário Pessoa para o confronto. Na primeira fase da competição, o time de Itabuna jogou apenas uma partida em Ilhéus. E venceu o Colo Colo, equipe da casa, pelo placar de 2 a 0.

Com a mudança da partida do Estádio Antônio Elias Ribeiro, em Camacan, para o Mário Pessoa, em Ilhéus, o Grapiúna espera contar com apoio de maior número de torcedores para abrir vantagem e jogar pelo empate na volta, provavelmente no Estádio Waldomiro Borges, em Jequié, no próximo dia 22. Os jogos terão transmissão da TVE-BA.

Na primeira fase da Série B do Campeonato Baiano, Grapiúna e Jequié tiveram desempenho igual. Cada equipe terminou com cinco vitórias, dois empates e duas derrotas, somando 17 pontos. Com melhor saldo de gols, o Jequié ficou na segunda colocação. Por isso, decidirá a vaga no Waldomiro Borges, estádio onde o Grapiúna venceu o adversário, por 1 a 0, na fase de classificação.

JACOBINA X VITÓRIA DA CONQUISTA

A outra vaga na final da Segundona será decidida entre Jacobina, primeiro colocado, e Vitória da Conquista, que ficou em 4º lugar. O primeiro jogo será no domingo (16), a partir das 15h, no Estádio Lomanto Júnior, no sudoeste baiano. A partida de volta está marcada para o dia 23, no Estádio José Rocha, em Jacobina. Os dois primeiros colocados garantem vaga na elite do Campeonato Baiano de 2024. A decisão da Série B do Baiano está programada para os dias 30 de julho e 6 de agosto.

Vitória perde para o Vila Nova e segue fora do G-4 || Foto Roberto Corrêa /Vila Nova F.C
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O Vitória, que parecia imbatível no início da Série B do Campeonato Brasileiro, com uma sequência de bons jogos e resultados positivos, sofreu a segunda derrota consecutiva e segue fora da zona de classificação para o acesso para a primeira divisão. Jogando na noite desta segunda-feira (10), no estádio Onésio Brasileiro Alvarenga, em Goiânia, o time baiano perdeu para o Vila Nova por 1 a 0.

O único gol da partida foi marcado por Lourenço, aos 30 minutos do segundo tempo. Com o resultado, o Vitória estacionou nos 28 pontos, na quinta colocação. A equipe baiana liderou a competição nas primeiras rodadas. O Rubro-Negro está a dois pontos do Novo Horizontino (30), que é quarto colocado. O líder da Série B é o Vila Nova, com 34 pontos, seguido de Criciúma (33), e Sport (32).

No próximo domingo (16), o Vitória terá a chance de se recuperar diante do Novo Horizontino e assumir a quarta colocação. A partida está prevista para começar às 18h, no Estádio Barradão, em Salvador.

John Suque fala sobre novo desafio na base do Esquadrão de Aço || Reprodução/Instagram
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O itabunense John Suque, de 31 anos, assumiu o comando técnico da categoria Sub-14 do Bahia. No clube desde fevereiro de 2023, vindo da Ferroviária-SP, ele era auxiliar técnico do Sub-17 e, antes da promoção, participou da conquista do Campeonato Baiano Sub-20, no mês passado.

Agora, John já está de olho no Brasileirinho Sub-14, marcado para outubro, em Minas Gerais. “É a principal competição da categoria, com os times das Séries A e B do Campeonato Brasileiro”, explica o treinador em entrevista ao PIMENTA.

Formado em Educação Física e especialista em Futebol pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), John Suque conciliou o percurso acadêmico com experiência em clubes do interior baiano, sempre na função de auxiliar técnico. Traz no currículo trabalhos no Jequié, Unirb, Fluminense de Feira e Barcelona de Ilhéus, pelo qual venceu a Segundona do Baiano 2021.

O Intermunicipal também foi escola importante, na avaliação dele. Venceu a competição três vezes, duas por Itamaraju, em 2018 e 2019, e outra por Eunápolis, em 2017. “Me deu uma bagagem muito grande”, resume.

TRABALHO NA BASE

A pedido do PIMENTA, John Suque também falou das especificidades do trabalho do técnico de futebol de jogadores no início da adolescência. “Essa idade já é de transição para o alto rendimento. O clube trabalha dos 8 aos 14 anos com as categorias de  iniciação. Dos 14 aos 20 anos, já é alto rendimento. Então, é uma categoria muito especial”, inicia.

Nessa fase, continua o treinador, os meninos precisam de muita atenção. “Você começa a ver jogadores que já podem fazer parte do Sub-15 e podem ser convocados pela Seleção Brasileira. Temos casos no clube. O nosso goleiro Sub-15 acabou de ser convocado, o Arthur Jampa. É uma categoria com muita mudança de sentimento, de postura, de comportamento. É preciso muito cuidado. A gente tem que estar sempre conversando com os pais, porque também é o momento em que alguns têm um pouco de rebeldia, e você vai tentar disciplinar, dando responsabilidade”, conclui.

Grapiúna vence o Colo Colo e reassume a liderança da Série B do Baiano || Foto Reprodução Portal Bola na Rede
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O Grapiúna ficou mais perto da classificação para a semifinal da Série B do Campeonato Baiano. Jogando na tarde desta quarta-feira (28), no Estádio Mário Pessoa, em Ilhéus, o time de Itabuna venceu o Colo Colo por 2 a 0 e ficou a uma vitória da vaga para próxima fase da competição.

Com o resultado, o Grapiúna chegou aos 14 pontos e reassumiu a liderança da Série B do Campeonato. Na rodada de hoje, teve o Fluminense ainda empatando em 0 a 0 com o Vitória da Conquista, no Estádio Lomanto Júnior, no sudoeste da Bahia.

O time de Feira de Santana chegou aos 12 pontos, um a mais que a equipe de Conquista. O terceiro colocado é o Jequié que, neste momento, enfrenta o lanterna Leônico, no Estádio Waldomiro Borges. O Vitória da Conquista também tem 11 pontos e ocupa a 4ª colocação.

Na próxima rodada, no domingo (2), o Grapiúna pode garantir a vaga para a semifinal da Série B do Campeonato Baiano com uma rodada de antecedência. A equipe de Itabuna enfrenta o Vitória da Conquista, a partir das 16h, no Estádio Antônio Elias Ribeiro, em Camacan.

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A Seleção Brasileira segue em busca de voltar a ocupar um lugar de destaque. Em junho completam-se 21 anos desde o último título mundial, conquistado na Copa da Coreia do Sul e do Japão, em 2002. O Brasil conseguirá reencontrar o caminho das glórias? Se você gosta de fazer previsões esportivas, leia mais sobre o assunto e faça suas apostas.

Ao longo dos últimos anos, o Brasil vem colecionando fracassos. Desde 2006, a Seleção disputou cinco Copas, tendo sido eliminada quatro vezes nas quartas de final. Na única oportunidade em que conseguiu avançar e chegou à semifinal, em 2014, todos se recordam o que aconteceu.

Na ocasião, a seleção brasileira sofreu a pior derrota de sua história: 7 a 1 para a Alemanha. A partida revelou o abismo em que nosso futebol havia se metido. A equipe pentacampeã mundial, outrora temida pelos adversários, agora sofria para vencer equipes médias e era destruída quando enfrentava outro time tradicional.

Desde então, a crise persiste no futebol brasileiro. Em 2018 e 2022, a seleção foi eliminada por equipes menos tradicionais – Bélgica e Croácia, respectivamente. Há algum sinal de que isso possa mudar em breve?

O cenário, infelizmente, não é muito positivo. O futebol vive uma nova fase, em que parece haver muito mais equilíbrio entre as seleções. E o Brasil, embora conte com jogadores talentosos, está longe de ter os craques do passado.

Com tudo isso, apesar de a seleção estar lutando para se reerguer, dificilmente voltará a ter o domínio de antes, quando pairava muito acima dos adversários. O esporte bretão está bastante nivelado, e a luta do Brasil tem de ser para voltar a ocupar um lugar de destaque, embora tenha de dividir esse espaço com outros países.

O retrospecto recente mostra que o Brasil tornou-se um coadjuvante no cenário internacional. É claro que, em razão da tradição da “amarelinha”, a seleção continua sendo apontada como favorita antes de as competições começarem – mas, invariavelmente, esse favoritismo acaba quando a bola começa a rolar.

Ao longo da última década, Neymar vem sendo o principal jogador brasileiro. De todo modo, tudo indica que já está na hora de ele começar a passar o bastão, e Vini Jr. surge como principal candidato a substituí-lo.

Portanto, a missão de recolocar o Brasil de volta nos eixos passa pelos pés do atacante merengue. Ele terá a companhia de jovens talentosos, como seu companheiro de clube Rodrygo, Gabriel Martinelli e Éder Militão, entre outros. Vejamos, portanto, o que o futuro breve reserva à Seleção Brasileira.

Bel no Itabuna de 1971: na foto, Zé Lourinho, Americano, Raminho, Perivaldo, Douglas Paulo Viana e Genival_ Cipó, Santa Cruz, Élcio, Bel Santana, e Jaci
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A competência demonstrada em campo foi essencial para sua convocação para a Seleção Amadora de Itabuna, a hexacampeã baiana que enchia os olhos dos espectadores e ouvintes das narrações esportivas da época.

 

Walmir Rosário

No futebol amador de Itabuna tivemos craques à mancheia, como diria nosso conterrâneo Castro Alves. Cada um na sua especialidade. Desde os goleiros que “abriam as asas” e fechava a área; os pequenos zagueiros e laterais que subiam mais que os grandes atacantes; os clássicos que não faziam faltas (à vista do árbitro); os meio campistas que desarmavam e construíam; os atacantes que faziam muitos gols.

Mas hoje vamos lembrar de um meio campista especial: Bel, batizado Abelardo Brandão Moreira, que iniciou sua carreira no futebol amador muito cedo, ainda meninão, isso pelos anos 1963, quando aportou de vez em Itabuna, vindo de Itajuípe. O garotão bom de bola encantava – também – pelo seu comportamento junto aos craques já estabelecidos. Era um boa praça, um menino com pinta de craque.

E exibia seu bom futebol nos campinhos de pelada de Itabuna, despertando a atenção dos futebolistas. Estudou e se diplomou na modalidade de futebol de salão, dominando, não só a bola, mas o jogo, para a alegria da torcida. Nem me lembro mais quantas vezes fomos campeões pelo Colégio Estadual de Itabuna, no qual estudávamos o ginásio. Antes de qualquer reclamação, aviso, de pronto, que eu era um jogador medíocre, mas estava lá.

E foi o futebol de salão (hoje Futsal) que deu régua e compasso a Bel, credenciando-o a brilhar nos campos de futebol de Itabuna e região, com toda a desenvoltura que Deus lhe deu. Não escolhia o melhor campo para jogar, mas tinha inteligência suficiente para superar as dificuldades dentro das quatro linhas (isso quando era marcado), se desviando dos buracos, da grama malcuidada e dos adversários.

No meio campo era um maestro, e foi assim por onde passou. No velho campo da Desportiva, não importando o time por qual jogava, estava ali cercado dos melhores craques de Itabuna. Exibia seu estilo com desenvoltura, aproveitando a força da juventude com a qualidade do futebol que sabia praticar. Incorporou seu estilo de jogo no pequeno campo de futebol de salão, adaptando-o ao campo oficial de futebol.

E Bel Jogava com precisão. Não sei em quem ele se espelhava, se no futebol exibido por Didi ou, quem sabe, Gérson o canhotinha de ouro, na casa sagrada do futebol brasileiro, o Maracanã. Não precisava correr em campo. Com elegância, fazia a bola circular em passes curtos ou longos, a depender do andamento do jogo e da posição de seus companheiros em campo, surpreendendo os adversários.

Embora não precisasse correr em campo, como um bom meio campista sabia se antecipar ao adversário para matar uma jogada e construir as condições necessárias para facilitar a entrada dos colegas atacantes e marcarem os gols. Muitas das vezes, ele mesmo se encarregava de estufar a rede adversária. Defendia, atacava, marcava gols, o que demonstrava sua capacidade de dominar os espaços no gramado.

A competência demonstrada em campo foi essencial para sua convocação para a Seleção Amadora de Itabuna, a hexacampeã baiana que enchia os olhos dos espectadores e ouvintes das narrações esportivas da época. E passa a atuar naquele escrete de ouro, onde a concorrência de craques era a maior da Bahia. Entrava um e saia o outro sem que a qualidade do jogo sofresse qualquer alteração negativa.

O garoto Bel, Santinho e Tombinho, na Seleção de Itabuna hexacampeã em 1966

Surpreendia-me os passes de longa distância encaminhados por Bel. Eram na medida exata, e quem o recebia não precisava se esforçar, esticar a perna ou dar um grande impulso para cabecear. Ele chegava na medida certa, bastava um maneio de cabeça, uma matada no peito, uma emendada com o pé para que chegasse ao seu destino: o gol adversário. Mesmo não entrando nos três paus, dava a sensação e o grito abafado de gol.

Até hoje nunca perguntei a Bel como ele aprendeu a despachar a bola com tanta elegância e fidalguia. Às vezes me dá a impressão que antes ou depois dos treinos ele saia com uma fita métrica medindo as distâncias e idealizando a potência dos passes. Precisão milimétrica disparada pela força das pernas e o jeito do pé, como vemos hoje com a tecnologia disponível aos mísseis teleguiados.

Com a criação do Itabuna Esporte Clube, em 1967, Bel foi um dos primeiros a se profissionalizar e mostrar seu futebol para novas plateias. Se antes jogava ao lado de craques feitos em casa, passou a conviver e atuar com jogadores vindos do Rio de Janeiro, São Paulo e outras grandes praças esportivas, o que lhe garantiu um maior conhecimento do futebol.

Em seguida, foi jogar em Ilhéus, atendendo a insistentes convites feitos por amigos. Na vizinha e rival cidade continuou jogando o seu futebol arte, encantando aos que ainda não o conheciam. Uma certa feita estava no Rio de Janeiro, quando se encontra com Pinga, seu colega de seleção e Itabuna profissional e vão a um teste no Botafogo carioca. No treino, marcam cinco gols, três de Pinga e dois de Bel, que resolveu voltar a Itabuna.

E todo o conhecimento de futebol adquirido nos campos por onde jogou foi transferido para a garotada, atendendo a um convite de João Xavier, diretor da AABB de Itabuna. Também jogou e treinou várias seleções de veteranos de Itabuna, exibindo-se para uma geração mais jovem, que não conheceu o futebol arte. Pra mim, Bel e outros craques deveriam mostrar aos de hoje, o futebol eficiente e elegante do passado.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

Itabuna sub-15 enfrenta a Seleção Brasileira neste sábado || Foto Divulgação
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No Grupo B da Copa 2 de Julho de Futebol, na categoria Sub-15 e, o Itabuna disputará seus jogos no Centro de Treinamento de Barro do Fonte, em Mata de São João. O time do sul da Bahia enfrentará o Flamengo (RJ), Seleção de Mata de São João, América de Natal (RN) e Escolinha Meninos Felizes, que representará o município de Jacobina.

A Copa 2 de Julho de Futebol Sub-15  será disputada  entre os dias 2 e 13 de julho, com jogos em Salvador, Lauro de Freitas, Dias D’Ávila, Feira de Santana, Mata de São João e Cachoeira.  O torneio reúne 235 equipes, sendo 208 na fase regional, como homenagem aos 200 anos da Independência do Brasil na Bahia, e 40 na fase final, com a presença da Seleção Brasileira de Futebol.

Brasil jogará no Estádio de Pituaçu, em Salvador, pelo Grupo A, ao lado de Bolívar, da Bolívia; Fortaleza, Academia Zuarte e Seleção de Sento Sé, classificada na fase regional, em que participaram equipes de todo o estado. Além da Seleção Brasileiro e Flamengo, a competição será disputada por equipes fortes como Bahia,  Vitória Palmeiras, Atlético-MG e Botafogo (RJ).

As cinco equipes de cada grupo jogam entre si, com as duas melhores colocadas se classificando para a fase de mata-mata. A tabela com horários e locais exatos dos duelos ainda serão divulgados. A competição é organizada pela  Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb).