Tempo de leitura: 2 minutosDo Política Etc:
Num artigo em tom emocional, publicado na edição de ontem (20) do jornal A Tarde, o deputado federal ACM Neto (DEM) sustenta que, a despeito das vozes contrárias, o carlismo vive. Argumenta o parlamentar e herdeiro do clã que a ação – no seu modo de ver, desastrada – do governo baiano ajuda a manter fortes os ideais do velho babalorixá.
O que se convencionou chamar de carlismo na Bahia foi um modo de fazer política duro, com pouca ou nenhuma margem para o diálogo, o tempo do “para os amigos tudo e para os inimigos os rigores da lei”. Antônio Carlos encarnou o poder, amou o poder, viveu do e para o poder. Foi um político ousado, mas não se pode esquecer que suas décadas de mandonismo não tiraram a Bahia do atraso.
Não é de hoje que a Bahia encabeça as listas de analfabetismo, mortalidade infantil, falta de saneamento básico, ausência de infraestrutura. De certa forma, o carlismo ainda vive nessa miséria toda que assola o Estado e não pode deixar de ser considerada como herança de quem passou 40 anos no comando. De fato, o carlismo vive…
Neto acredita que o debate comparativo pode ser favorável ao Democratas, mas ele está equivocado. É possível até dizer que o governo atual poderia ter avançado mais, sido mais arrojado, mas daí a entender que seria bom se copiasse o do passado vai uma enorme distância. Não dá para afirmar que a Bahia estava boa e hoje está ruim, porque boa jamais esteve.
Quando o carlismo vivia mesmo, o grupo controlava trezentas e tantas prefeituras com um poder incontrastável. Hoje tem só uns 70 prefeitos, aqueles que não debandaram para os lados do PT ou do PMDB.
O carlismo não vive em ACM Neto, que sem dúvida é um bom deputado. É inteligente, assim como o patriarca era. É equilibrado, ponderado, respeitoso na divergência… O que o avô não era. Portanto, nem ACM Neto é carlista. O carlismo não vive também em Paulo Souto, em José Carlos Aleluia nem no tucano Antônio Imbassahy.
Quem mais se assemelha ao velho líder, embora fuja da comparação, é o peemedebista Geddel Vieira Lima, que já pertenceu ao time e depois virou seu inimigo.
Então, é forçoso concluir que o carlismo só vive na memória de alguns. Para uns com saudade e para outros com o alívio de quem se lembra como era difícil querer respirar e não poder.