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Reflexões de educadora itabunense revelam o estresse da docência
“Tenho tio promotor, posso fazer o que quiser que não acontece nada comigo. Professor pra mim não é nada. Na hora que eu quiser, arrebento professora que se acha e fica por isso mesmo”
As pessoas alegam logo que os jovens não tem perspectivas. Nunca a juventude contou com assistência tanto quanto agora. E não digam que é politicagem. As escolas de hoje, a maioria é ajardinada, arejada, arrumada, com professores interessados em ver o crescimento intelectual e moral dos alunos. É projeto de música, leitura, ciências; bolsa-auxílio, lanche, livro, provinha fácil para o menino não ficar ansioso, não se sentir inseguro, acolhimento de toda parte e os resultados são os mais pífios. Bolsa para estudo extra até os 29 anos; universidade sem estresse de vestibular; possibilidade de intercâmbio, de premiação em Festival de música, de jogos, oportunidades que as gerações anteriores jamais imaginaram.
Alunos arrogantes que não sabem ler, nem escrever, porque foram promovidos ano a ano pelas leis que os iludem; que quando são convidados à leitura em classe, respondem na lata: Quero ler não!!! Que armam briga, barraco na escola sem o menor constrangimento. Que chamem pai, mãe, o bispo, o papa, a diretora. E vejam que aluno que vai estudar não tem queixa de professores, somente os estúpidos.
Quem se sente confortável trabalhando num local onde as pessoas necessitadas do serviço que vai oferecer – por dever e direito – tem que passar por bullying de filhos da espécie humana? No mínimo constrangedor, pois ninguém estuda mais que professor, que para fazer jus a uma “merreca” tem que estar em constante formação. Muitos médicos não querem trabalhar em postos de saúde, por quê?
Certos alunos não precisam usar droga. Basta ser chamado a melhorar a letra, já fica com ódio. Dia desses um aluno convidado a refletir sobre sua agressividade saiu-se com essa: “Tenho tio promotor, posso fazer o que quiser que não acontece nada comigo. Professor pra mim não é nada. Na hora que eu quiser, arrebento professora que se acha e fica por isso mesmo”. As pedagogias “psi” aparecem logo com uma série de justificativas vãs cujo resultado é o embrutecimento social.
Será que alguém estuda, chega a ser promotor para ajudar parente a ser mais um vândalo, mais um estúpido social? A tentativa do aluno de intimidar as pessoas de sua convivência tem a mesma finalidade coronelista,/cangaceira: “Sabe com quem está falando? Se meta comigo, não!!!”
O ódio aumenta se a professora conta a história da menina paquistanesa que quer escola para todas as meninas, razão de quase ter morrido assassinada por uma instituição, perguntando: E vocês, o que fazem com a escola que têm? Com os professores e colegas que querem avançar nos estudos? A resposta é uma estrondosa vaia. A docência é uma profissão de alto risco, no mínimo estressante.
Precisamos agir rápido, porque nossas leis e nosso sistema educacional não educam o indivíduo. Se estivessem cumprindo o seu papel, as prisões não estariam abarrotadas de jovens que deveriam estar produzindo riquezas, formando suas famílias e uma sociedade mais justa e igualitária como todos querem, no lugar de estarem onerando a sociedade.
Educadora