Rosivaldo diz que município poderá solicitar conferência, caso seja confirmada a redução populacional
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Aos líderes do estado e dos municípios de Itabuna e Ilhéus estarão os extratos dos resultados e também as respostas que terão que apresentar, cada um, conforme o peso e os objetivos que o presente apresentou e também o que esperarão para o futuro.

 

Rosivaldo Pinheiro || rpmvida@yahoo.com.br

O segundo turno das eleições se findou, mas os ciclos não se encerram com ele. Vamos precisar de um pouco mais de tempo para seguirmos com menos tensões em nível Brasil. Na disputa nacional, o comportamento do presidente Bolsonaro deixa mais um ar de negacionismo e caos, que, aliás, foi uma das marcas indeléveis do seu minúsculo governo.

Na disputa eleitoral baiana, a postura de ACM Neto no discurso de reconhecimento da vitória de Jerônimo Rodrigues demonstrou maturidade política e espírito democrático, e sinalizou a linha que ele adotará para se manter vivo até a próxima disputa. Fará uma permanente vigília ao novo governo.

Nesse aspecto, faz-se necessário ao PT e aos partidos aliados no estado se debruçarem nas análises dos resultados, especialmente nas maiores cidades e também nos pontos onde o ciclo de 16 anos de gestão permitiu mais ataques do adversário. Avaliar, inclusive, o porquê da queda de desempenho nas cidades mais populosas.

Será que a melhor condição de renda nessas localidades refletiu um alinhamento da disputa com o plano nacional? E Neto se beneficiou? Ou, qual o verdadeiro fator que provocou esse comportamento do eleitorado dessas cidades? Os menores municípios se sentiram em grande maioria incluídos no ciclo da atual gestão estadual e demonstraram alinhamento e conexão com Lula e Jerônimo. Parece ter havido uma nacionalização do pleito. Consequentemente, um reflexo direto nos números da disputa avaliando de forma direta: cidades maiores e menores.

Em relação aos números, precisamos fazer uma análise mais apurada nos resultados de Itabuna e Ilhéus, cidades que estão no prisma do estado com vultosos investimentos. Ilhéus já em plena fase de colheita, e Itabuna ainda na fase de plantio. Os gestores desses municípios também vivem diferentes tempos de gestão: um faltando dois anos para encerrar o ciclo do segundo mandato, enquanto o outro está completando os dois anos do início da sua primeira gestão à frente do município. Por essas particularidades, a análise que Augusto Castro precisará fazer é de maior profundidade.

A grosso modo, diria que para Marão resta tocar a máquina mantendo o trivial e arregimentando forças para projeção de alguém seu, politicamente falando, e o fortalecendo para ser apresentado como mantenedor do grupo à frente de Ilhéus. Augusto precisará de resiliência, sabedoria emocional, visão estratégica, fortalecimento do tecido político e outros ajustes, conforme a sua análise e visão direcionarem: fazer uma leitura externa e outra interna dos resultados das urnas.

O pós-eleição é sempre um momento especial para autoanálise e para simular cenários, além, claro, de analisar as áreas e estratégias que, por incompreensões ou não incorporação das diretrizes política e de gestão, apresentaram respostas abaixo das esperadas, e tomar as devidas e necessárias providências. Aos líderes do estado e dos municípios de Itabuna e Ilhéus estarão os extratos dos resultados e também as respostas que terão que apresentar, cada um, conforme o peso e os objetivos que o presente apresentou e também o que esperarão para o futuro.

O que esses líderes não podem é deixar que a oposição e os opositores ditem os seus passos e sedimentem no imaginário popular das duas cidades que saíram enfraquecidos da eleição. Do contrário, a corrida para “apagar incêndios” fará parte do dia a dia e o planejamento se perde, dando lugar ao improviso e permitindo o crescimento dos oponentes. É importante realizar ajustes, mas não perder de vista que houve vitória do campo político ao qual eles estão alinhados, tanto no estado quanto em nível federal.

Esse diferencial só Augusto e Marão podem lançar mão, fortalecendo e sendo fortalecidos para mudar as preferências dos eleitores locais em relação ao governo do estado e, consequentemente, para as suas próprias gestões. O mapa eleitoral está posto e exposto. Agora, restam as leituras dos resultados e as interpretações. A democracia se fortalece por esse caminho e por encaminhamentos a cada ciclo de disputa.

Rosivaldo Pinheiro é comunicador, economista e especialista em Planejamento de Cidades (Uesc).

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Sem sombra de dúvidas, o instituto da usucapião extrajudicial, juntamente com a regulamentação 65 do CNJ de 2017, forma um conjunto eficaz e de resposta rápida aos requerentes que buscam a regularização da propriedade

 

Abraão José Ribeiro Filho | abrahao@harrisonleite.com

Antes da entrada em vigor da lei 13.105/2015, o único meio de reconhecimento  da usucapião era o judicial, pois, via de regra, a propriedade era transmitida pela morte ou pela inscrição do título no registro de imóveis e, nesse aspecto, a usucapião era um dos procedimentos judicias mais complexos e morosos existentes.

A Lei 13.105/2015 trouxe um arcabouço jurídico sobre o tema. A nova estrutura  introduziu o instituto da usucapião extrajudicial, também conhecido como usucapião administrativa, prevista no Artigo 1071, e, de igual maneira, com a inserção do Art. 216-A, na Lei 6.015/73, que dispõe sobre os registros públicos.

A fim de uniformizar o procedimento, tornando-o eficaz e célere, o Conselho Nacional de Justiça regulamentou o provimento n° 65 de 2017, buscando dar segurança jurídica aos diversos processos.

O objetivo do legislador ao criar tal instituto foi promover a desjudicialização, de modo a desafogar o Poder Judiciário de inúmeras demandas usucapiendas morosas, que além de tumultuar a esfera judiciária, despendia um enorme custo, o que demonstra a utilidade do instituto e suas projeções benéficas a longo prazo.

Sem sombra de dúvidas, o instituto da usucapião extrajudicial, juntamente com a regulamentação 65 do CNJ de 2017, forma um conjunto eficaz e de resposta rápida aos requerentes que buscam a regularização da propriedade, dado que seus requisitos são menos burocráticos, sendo os principais: a posse mansa e pacífica, posse contínua e duradoura, posse de boa-fé e com justo título e a posse com intenção de dono, salientando que este procedimento oferta ao requerente como vantagem principal a rapidez na resolução do processo de regularização da propriedade, o que incentiva a desjudicialização e a resolução alternativa dos conflitos sociais, beneficiando não apenas os interessados, mas o próprio Poder Judiciário e a sociedade.

Abrahão José Ribeiro Filho é advogado atuante nos ramos do direito imobiliário, previdenciário e do consumidor.

Rosivaldo diz que município poderá solicitar conferência, caso seja confirmada a redução populacional
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O debate não é partidário, mas de pedaços esquecidos do país que precisam ser aproximados e inseridos no cotidiano das ações governamentais.

 

Rosivaldo Pinheiro || rpmvida@yahoo.com.br

Durante essa disputa eleitoral, fiquei sem tempo de vir aqui nesse espaço para socializar com aqueles que gostam dos meus posicionamentos e visão de mundo em relação ao momento de cidadania que estamos vivenciando. Hoje, ao levantar, optei por, ao invés do café, fazer esse texto.

Estamos num país onde um pão comum e uma fatia de queijo, acompanhado de uma xícara de café com leite, custa em média dez reais.

Como fechar os olhos para essa realidade?

Como afirmar que estamos economicamente bem?

Não quero avançar muito na análise do nosso cenário macro e microeconômico, mas apenas chamar atenção a partir do preço do cafezinho típico brasileiro para dimensionarmos o momento singular que estamos vivendo no país. Nesse cenário catastrófico se insere a realidade nua e crua de milhões de irmãs e irmãos que não têm o que comer. Segundo os números pesquisados, já passam de 30 milhões de brasileiros nessa catastrófica situação.

A esse trágico cenário se juntam os milhões de desempregados, os desalentados (grupo que não procura mais emprego), os que se aventuram nas vias e vielas dos quatro cantos deste país, tentando empreender na informalidade ou através da precarização da relação capital-trabalho, levando com muito suor um pouco de dinheiro para tocar o seu sustento. Esse universo composto por desalentados, informais não aparece no dado do desemprego.

Só para lembrar: perdemos muitos direitos com a reforma trabalhista, e o cenário que está em curso no governo atual, através do ministério comandado por Paulo Guedes, é de aumento da precarização da relação capital-trabalho ao acolher solicitação de um grupo de empresários ligado ao pensamento liberal. Além desse mal, o reajuste do salário mínimo não tem incorporado a inflação e tem perdido poder de compra.

É nesse país de retalhos – e de retaliação – que se concentra o grande debate nessas eleições: dois projetos antagônicos, um versa pela via do estado liberal e a serviço dos mais ricos, o outro, segue na perspectiva de reconstrução do estado desenvolvimentista, onde as políticas públicas se assentam num estado indutor do desenvolvimento e na atenção aos mais vulneráveis. O debate não é partidário, mas de pedaços esquecidos do país que precisam ser aproximados e inseridos no cotidiano das ações governamentais.

A cidadania é algo sagrado. Exige também o exercício da democracia. Para tanto, exercer um bom debate de ideias se faz necessário ao fortalecimento do sistema político.

Precisamos dialogar e romper com a polarização maniqueísta do bem contra o mal. Nele, o aparecimento de uma realidade paralela ofusca a verdadeira necessidade de se aferir os modelos em curso, dificultando a compreensão por parte de parcela expressiva do eleitorado e criando muita incompreensão em relação aos projetos e programas que são defendidos pelo ex-presidente Lula e o atual, Bolsonaro.

Que a serenidade e a sanidade façam morada e possam habitar mentes e corações no próximo dia 30. Que usemos esse tempo atual de forma didática e que possamos assumir o protagonismo e voltar a colocar o país nos trilhos do desenvolvimento interno e nos grandes fóruns mundiais, adotando políticas públicas que elevem a qualidade de vida das brasileiras e dos brasileiros em todas as classes, com especial atenção aos que estão fora do orçamento atual, possibilitando o resgate do valor nação, sepultando a falta de interesse na condução da vida nacional e resgatando a cidadania.

Rosivaldo Pinheiro é comunicador, economista e especialista em Gestão de Cidades (Uesc).

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Vale saber se o povo brasileiro terá a maturidade de tomar para si o que se vê como brinquedo, para que todos tenham o direito a participação, e, aí sim, o bem comum esteja acima de todos, inclusive da ideia de um Deus partidarista.

 

Aldineto Miranda

Na campanha eleitoral um dos candidatos utiliza o slogan “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. Esta é uma sentença falaciosa e perigosa, pois tenta convencer, pela alienação, a uma ideia de totalidade. Os que não comungam com tal sentido de ordenação totalizadora, totalitária, são inimigos da pátria, de Deus e devem ser exterminados. Vide os exemplos de violência que estamos presenciando nesse processo eleitoral.

Em nome de Deus houve a inquisição, o holocausto e a caça às bruxas. Destruição e genocídio. Tais aberrações aconteceram por causa dessa ideia de totalidade. Quando se fala “Brasil acima de tudo”, de qual Brasil se está falando? Do Brasil do Norte/Nordeste? Do Sul/Sudeste? Centro-Oeste? Do Brasil que retorna ao mapa da fome, de crianças sem esperança de futuro? Ou do Brasil de uma determinada elite?

Ao defender “Brasil acima de tudo” se diz falar em nome da família, mas é preciso questionar: De qual família? Da família tradicional? E o que é a família tradicional? Seria aquele modelo estilo propaganda de margarina: pai, mãe e filhos brancos, todos sorrindo felizes perante uma sortida mesa de café da manhã? Nessa ideia de família se inclui a heterogeneidade das famílias brasileiras? De uma mãe negra que sustenta seus filhos a partir do seu trabalho, sem a parceria de um marido, e que no máximo tem um pão para dar a seus rebentos pela manhã e, por vezes, vai trabalhar com fome para alimentá-los? Se está falando da família de casais gays que optam pela adoção e constroem um lar de amor, a despeito do preconceito social? Será que está incluído aquelas e aqueles que tem como lar a rua, e sua família são os companheiros que moram nela? De que tipo de família e de Brasil se está falando? Qual Brasil está acima de tudo?

As ideias de totalidade se caracterizam por serem totalitárias, particularistas e desconsideram a alteridade. Ao enunciar “Deus acima de todos” questionamentos semelhantes podem ser feitos: Os que possuem uma outra concepção de divino? As religiões de matriz africana, por exemplo, que possuem a noção diferenciada do sagrado, em relação ao cristianismo, são contempladas nessa ideia de Deus? Sempre que se governa em nome Deus há insensatez e violência, tais aberrações não combinam com a democracia, a qual considera cidadão, não somente um grupo de pessoas abastadas, de uma religião, ou categoria familiar, mas o conjunto da população.

Por isso tal slogan transmite uma perspectiva ameaçadora para a democracia, pois suas ideias estabelecem uma totalidade em que não há espaço para diversidade. Infelizmente também transmite um pouco do que foi os 4 anos do atual governo, que se alimentou do terror e do medo constante, além de fake news, mantendo seus seguidores em um alucinatório estado de alerta. Podemos perguntar: Isso é fazer política?

Podemos definir a política como um jogo que tem regras fundamentais, sem espaço para visões de mundo totalizadoras. Ferir a democracia, fomentando o ódio às instituições, é uma forma de não aceitar as regras do jogo. E aquele que não aceita o jogo é análogo a um menino malcriado, e cruel, que no jogo de futebol ao perceber que está perdendo segura a bola com força e diz: Ela é minha, o jogo acabou, não perco… não perco… não perco!

Só um lembrete: todo ditador é no fundo uma criança imatura, achando que o mundo está a seus pés, e que até Deus deve estar dentro da sua concepção de vida. Contra a malcriação nada melhor que adultos responsáveis, que coloquem esse menino levado em seu lugar. Vale saber se o povo brasileiro terá a maturidade de tomar para si o que se vê como brinquedo, para que todos tenham o direito a participação, e, aí sim, o bem comum esteja acima de todos, inclusive da ideia de um Deus partidarista.

Aldineto Miranda é professor de Filosofia e de Filosofia da Educação do Instituto Federal da Bahia (IFBA) e doutorando em Educação e Contemporaneidade pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb).

Em artigo, Agenor Gasparetto aponta colapso da comunicação nas redes
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“A Humanidade passa por épocas que tendem a um maior grau civilizatório e outras, que tendem para graus mais elevados de barbárie. Nos encontramos neste momento num desses segundos períodos”.

Agenor Gasparetto

O escritor e filólogo italiano Umberto Eco (5 de janeiro de 1932 – 19 de fevereiro de 2016), ao receber o título de Doutor Honoris Causa em Comunicação e Cultura pela Universidade de Turim, Noroeste da Itália, em 10 de junho de 2015, em seu pronunciamento, fez incisiva crítica às redes sociais enquanto disseminadoras de informação. Isto porque teriam dado voz, palavra e palco nas telas da Internet para uma “legião de imbecis” com pretensões de serem portadores da verdade. Reconheceu Umberto Eco que esses sempre existiram. Todavia, falavam “em um bar e depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade”.

Para o autor de O Nome da Rosa (1980) e de O Pêndulo de Foucault (1988), entre muitas outras obras literárias, “O drama da Internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade”. Convém se fazer um registro aqui: as redes lucram com a multiplicação aos milhões de inverdades, meias verdades, verdades fora do lugar, um tsunami de informações replicadas, remunerando monetariamente também os seus principais porta-vozes. Esses lucros e esses ganhos são espúrios posto que resultam de atividade que semeia intolerância, ódios e preconceitos, e confunde as mentes, envenena corações e induz ao erro. O crime está gerando lucros e remunerando.

O mundo em geral e a sociedade brasileira, em particular de 2015 para hoje, 2022, pioraram muito em termos de capacidade de diálogo e de uma verdadeira comunicação. Cada vez mais, posições extremadas ganham corpo. Em razão disso, fica muito difícil discernir entre a verdade factual e a Fake News propriamente dita. A rigor, a verdade em si parece significar cada vez menos. Vale o que contribui para atingir objetivos, não importam custos e nem prejuízos. Tudo o que não estiver de acordo com a lógica de certos interesses é sumariamente negado, seja a Ciência, seja o Papa, seja o Supremo Tribunal Federal, seja o juiz, seja o professor, seja o vizinho ou até o amigo de longas datas, seja quem quer que ouse contrariar o interesse em jogo.

Daí, o mundo plano, a vacina com seus chips capazes de quaisquer desgraças que possam acometer a um vivente ou com o poder de converter vacinado em qualquer aberração da natureza e toda sorte de informações sabidamente falsas, mas deliberadamente utilizadas, porque úteis a propósitos e que podem se prestar para corroer a imagem de algum oponente que esteja no caminho, na presunção de que não advirão consequências pela sua disseminação.

Reduziu-se muito o espaço para o diálogo, para a capacidade de dialogar, de discutir, de ouvir o contraditório, de argumentar e de ponderar e, havendo argumentação e fatos, reconhecer que a razão pode não estar conosco. Pais se desentendendo com filhos, entre irmãos, entre vizinhos, entre colegas e amigos. Há uma dificuldade crescente e até incapacidade de empatia. Vive-se tempos de certezas indiscutíveis. Ai de quem ousar pensar diferente. Vive-se tempos em que até mesmo utilizar uma camisa de seu time de futebol pode implicar riscos à integridade física.

Em matéria de religião e teologia, há quem pareça saber mais que o próprio Papa sem sequer ler um único livro na área, xingando-o, contestando-o, condenando-o a rótulos com o propósito de desqualificá-lo. Em matéria de leis e de justiça, há quem pareça saber mais que os próprios integrantes do Supremo Tribunal Federal, de quaisquer integrantes de tribunais, de juízes, caso ousem contrariar interesses.

Vivemos tempos “estranhos”, como diria Marco Aurélio Mello, ex-integrante do Supremo Tribunal Federal. Tempos muito estranhos em que o respeito ao cargo e à sua liturgia se perdeu no caminhar que nos trouxe até aqui. Xingamentos de baixo calão passam à ordem do dia, numa muito estranha nova “normalidade”, sem respeito, sem consideração, sem escrúpulo. Fulano é isso ou aquilo por ouvir dizer; de tanto repetir, é qualquer coisa que se queira imputar, independentemente dos fatos, e é uma condenação inapelável – não há espaço para a dúvida, não há espaço para argumentos, não há razões, não há salvação nesse tribunal personalizado de quem se acha contrariado e já decidiu a priori a culpabilidade e clama por punição sumária. Está condenado ainda que essa condenação se aplique única e exclusivamente a quem se quer condenar, que seja seletiva. Para os demais em situações análogas, complacência ao máximo. Crime é o que o oponente faz. Quando feito por algum aliado, não se aplica o rigor, pelo contrário, se racionaliza com qualquer banalidade apenas para o silêncio não denunciar a  arbitrariedade. Complacência e autocomplacência ao extremo.

Não se trata de apenas uma questão do país. Por exemplo, entre as guerras que há pelo mundo, a da Ucrânia ganha relevo pelo potencial de implodir a atual ordem mundial, condenando o mundo a uma Terceira Guerra Mundial, desta vez nuclear, para azar da velha Europa e do Hemisfério Norte. No entanto, não há qualquer sinalização para ações diplomáticas. É como se a velha Europa tivesse perdido o bom senso, a sabedoria, as lições de sua própria história de conflitos, desgraças e tragédias, e estivesse caminhando inexoravelmente para o abismo, outra vez mais.

Não que esse fato seja realmente novo, inédito. A Humanidade passa por épocas que tendem a um maior grau civilizatório e outras, que tendem para graus mais elevados de barbárie. Nos encontramos neste momento num desses segundos períodos de tempo. Semelhante ao do presente, seguramente, parece ser o final dos anos 20 e nos anos 30 do século passado. Esse paralelo parece assustador, por se conhecer as consequências, ainda que aqueles acontecimentos ora sejam relativizados e minimizados pelo extremismo e pela desumanização crescentes. Parece inerente à natureza humana.

Thomas Morus, na obra Utopia, editada em 1516, falando dessa natureza humana, afirmou:

Os homens têm gostos diferentes; seu humor é às vezes tão desagradável, seu caráter tão difícil, seus julgamentos tão falsos que é mais sensato conformar-se e rir disso do que atormentar-se com preocupações, querendo publicar um escrito capaz apenas de servir e de agradar, quando ele será mal-recebido e lido com desagrado…. A maioria se compraz apenas com as próprias obras. Um é tão austero que não admite uma brincadeira; outro tem tão pouco espírito que não entende um gracejo. (….) Outros são tão caprichosos que, de pé, deixam de louvar o que aprovaram sentados. Outros têm seus assentos nas tavernas e, entre dois tragos, decidem do talento dos autores, pronunciando condenações peremptórias conforme seu humor, desgrenhando os escritos de um autor como para arrancar os cabelos um a um, enquanto eles próprios se acham tranquilamente ao abrigo das flechas, os bons apóstolos, de cabeça raspada como lutadores que não deixam um pêlo para o adversário pegar eles (Obra reeditada pela LP&M. Porto Alegre, 1997, páginas 11-12).

Essa transcrição de escrito de mais de 500 anos mostra que não há nada de novo. Contudo, esse mundo de mesquinhez e de miudezas que antes ficava no plano do cotidiano, dos mundos particulares, com a Internet e suas redes sociais de um lado e a ideologização e polarização de outro, ganha um insuspeito e grande palco, ganha voz, ganha plateias, nivelando pelo mínimo tudo e todos. Parece que se adota um comportamento de “massa” no sentido definido pelo escritor e professor, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, Elias Canetti (Bulgária, 25 de julho de 1905 – Zurique, Suiça, 14 de agosto de 1994), em Massa e Poder (Editora UNB/Melhoramentos. São Paulo, SP, 1983). Há nesse comportamento e nessas ações extremadas, marcadas pela polarização, componentes de “massa”.

O senso comum, com seus pré-conceitos, suas crendices e seus achismos, toma o lugar da Ciência. Essa, por parecer muitas vezes se subordinar em primeiro lugar ao lucro, favorece seu questionamento, desconfiança e mesmo sua rejeição. E a autoridade, seja em que âmbito for, só o é enquanto validar e contribuir para se atingir objetivos. Sendo assim, adeus ritos e liturgias. A vulgarização e a banalização se impõem como o novo referente. O velho bom senso marca sua presença sobretudo pela sua falta. Fica cada vez mais distante, no passado, a distinção entre cultura superior e cultura popular. O senso comum vai pouco a pouco impondo a sua tirania e seu domínio, e a Internet com suas redes sociais está viabilizando esse domínio.

Agenor Gasparetto é sociólogo, professor da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) e diretor da Sócio Estatística Pesquisa e Consultoria.

Wagner ao lado de Jerônimo, candidato ao governo da Bahia pelo PT
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Ninguém pode desprezar a força e o trabalho do nosso grupo. Foi por isso que encerramos o primeiro turno em vantagem. Mas não vamos deixar de lado a humildade. Seguiremos na rua trabalhando, até o dia 30, para ampliar a votação de Lula no estado e consolidar a vitória de Jerônimo como governador.

 

Jaques Wagner

No último dia 2 de outubro, a Bahia virou assunto nacional quando, mais uma vez, o resultado das urnas contrariou a maioria das pesquisas divulgadas ao longo da campanha. Assim como aconteceu comigo, em 2006, e com o governador Rui Costa, em 2014, o expressivo resultado obtido por Jerônimo Rodrigues surpreendeu não só o estado, mas todo o ­País. Por pouco mais de 40 mil votos, a vitória não foi sacramentada no primeiro turno. Após a apuração, o próprio presidente Lula me telefonou para dizer que carimbei de novo o resultado. Por conta disso, muitos insistem em dizer que sou uma espécie de bruxo, por, desde o início, cravar que venceríamos esta disputa. Mas não tem nada de magia na história. O que há é a fé no trabalho que temos realizado ao longo desses anos.

Desde que anunciamos Jerônimo, tenho repetido que a nossa candidatura seria alavancada por três fortes âncoras: as realizações do PT na Bahia nos últimos 16 anos, um candidato que carrega uma história bonita e verdadeira e, claro, o ex-presidente Lula. Qualquer nome associado ao dele se torna favorito na disputa. Lula teve aqui no estado, no primeiro turno, quase 70% dos votos válidos e a maior vantagem sobre o seu adversário: 3,8 milhões de votos de frente. Sua identidade com o povo baiano é incontestável. Ele mesmo repete diversas vezes que, se tivesse nascido em outro lugar, com certeza seria na Bahia.

O povo nordestino gosta de Lula, pois ele melhorou a vida de todos. Até chegarmos ao governo, na Bahia, só existia uma universidade federal. Hoje, são seis. Além disso, mais de 30 novos institutos federais e grandes obras de infraestrutura contemplaram todas as regiões. A Bahia é o estado com maior número de unidades habitacionais construídas pelo Minha Casa Minha Vida e contou com 1,8 milhão de beneficiários do Bolsa Família. O Luz Para Todos levou energia para quase 600 mil famílias. O estado ganhou também 840 Unidades Básicas de Saúde e cerca de 700 creches.

Durante os governos do PT, os microempreendedores se qualificaram, o jovem sonhou com o Ciências Sem Fronteiras, a agricultura familiar foi incentivada, o salário mínimo teve aumento real. Nada disso aconteceu nos últimos quatro anos, com o atual presidente. As famílias querem de volta uma vida melhor. Portanto, o que há não é idolatria gratuita por Lula. O que há é um sentimento de gratidão, um reconhecimento de que Lula é o nome que representa a prosperidade.

Além de todo esse legado construído ao longo dos governos Lula e Dilma, se somam ao contexto estadual gestões que modernizaram a Bahia. No período que o grupo político adversário esteve no poder, entre 1990 e 2006, apenas um hospital foi construído no estado. Com o nosso grupo, desde 2007, já são 22 hospitais, 24 policlínicas, quase 18 mil quilômetros de estradas e mais de 4 bilhões de reais investidos na agricultura familiar.

Hoje, quem chega em Salvador, comenta que a capital se modernizou. Colocamos o metrô para andar depois de quase 14 anos parado nas mãos da prefeitura, construímos novos viadutos na Avenida Paralela, grandes avenidas como a 29 de Março, a Gal Costa e as vias Expressa e Metropolitana, além das pontes Jorge Amado, em Ilhéus, e a que liga a Barra a Xique-Xique.

Nosso grupo modernizou as relações políticas na Bahia, tanto entre os poderes Executivo e Judiciário, como entre o governo e empresários, e a relação com a imprensa. O ambiente ficou mais ameno, democrático e respeitoso. Carrego isso com imenso orgulho. Toda essa mudança de mentalidade contrasta com a postura dos nossos adversários, que hoje representam a velha política baiana querendo voltar ao poder.

Junto a todo esse legado apresentamos como candidato um professor de origem simples, filho de um vaqueiro e de uma costureira. Já trabalhou com educação, agricultura familiar, rodou todo o estado e conhece a Bahia na palma da mão. Tem capacidade. É um profissional testado na gestão pública, com quatro anos de experiência no governo federal e oito no estadual.

Ninguém pode desprezar a força e o trabalho do nosso grupo. Foi por isso que encerramos o primeiro turno em vantagem. Mas não vamos deixar de lado a humildade. Seguiremos na rua trabalhando, até o dia 30, para ampliar a votação de Lula no estado e consolidar a vitória de Jerônimo como governador.

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A fábrica de agressões e fake news contra Lula e seus aliados era esperada, pois faz parte da técnica fascista de comunicação.

 

Wenceslau Júnior

Não é nenhuma novidade que a eleição para presidente este ano seria polarizada entre Lula e Bolsonaro. A principal razão foi que as forças políticas que se apresentaram como alternativa à polarização não conseguiram viabilizar nenhum nome, embora tivessem tentado vários como Doria, Eduardo Leite, Ciro Gomes, Sergio Moro e Simone Tebet, entre outros menos expressivos.

Nesta pequena análise consideraremos dois aspectos: os dados estatísticos (números que emergiram das urnas, pesquisas de opinião) e os aspectos políticos mais relevantes, que ocorreram após o primeiro turno. Dos mais de 156 milhões de brasileiros aptos a votar no primeiro turno, 123.682.372 foram às urnas. No total, foram 118.229.719 votos válidos (95,59%), 3.487.874 de votos nulos (2,82%) e 1.964.779 votos em branco (1,59%).

O candidato Lula foi líder absoluto na Região Nordeste, obtendo percentuais expressivos dos votos válidos: Piauí – 74,08%, Bahia – 69,49%, Maranhão – 68,14%, Ceará – 65,80%, Pernambuco – 65,16%, Paraíba – 64,20%, Sergipe – 63,82%, Rio Grande do Norte – 62,98% e Alagoas – 56,3%. Para se ter uma ideia da importância da força de Lula no Nordeste, especialmente na Bahia, a diferença entre os dois nos votos nacionais foi de 6.187.159 votos a favor de Lula. Somente na Bahia, a vantagem foi de 3.825.482 votos.

Outro dado que merece atenção é que nos três únicos estados (São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais) com eleitorado maior que a Bahia, Bolsonaro vence no Rio de Janeiro e São Paulo e perde para Lula em Minas Gerais. Sendo que a vantagem nem se compara aos índices do Nordeste. A comparação percentual dos votos válidos para cada um no primeiro turno foi em São Paulo, 47,7% para Bolsonaro e 40,89% para Lula, no Rio de Janeiro, Bolsonaro conseguiu 51,09% e Lula 40,68, e em Minas Gerais, Lula obteve 48,29% contra 43,6% de Bolsonaro. Lula também alcançou melhores desempenhos nos maiores estados do Norte, perdendo espaço no Centro-Oeste, que possui baixa densidade eleitoral, e nos estados do Sul.

Outro dado importante é que os demais candidatos, além de Lula e Bolsonaro, somaram 9.756.502 votos (Tebet – 4.915.423, Ciro – 3.599.287, Soraia Tronicke – 600.955, Felipe D’Ávila – 559.708 e Kelmon – 81.129). Em uma hipótese absurda de Lula não conseguir a migração de nenhum voto dos 9.756.502 e esses votos fossem todos para Bolsonaro, ele ganharia as eleições com uma diferença de 3.569.343 votos.

Ocorre que os dois mais votados – Tebet e Ciro, que obtiveram juntos 8.514.710 votos, declararam apoio a Lula. Com isso, Bolsonaro precisaria conter o crescimento de Lula no Nordeste, virar o jogo em Minas Gerais e ampliar e muito a vantagem em São Paulo e Rio de Janeiro, além de herdar parte significativa dos votos de Tebet e Ciro. Essa conta não fecha!

Já Lula precisa apenas administrar e consolidar sua vantagem nos estados onde venceu, especialmente no Nordeste e em Minas Gerais, intensificar a campanha no Rio de Janeiro e São Paulo para impedir avanços bolsonaristas e conquistar a maioria dos eleitores que votaram em Tebet e Ciro no primeiro turno. Sem dúvida, uma tarefa factível.

Outro aspecto a ser analisado, além dos números, é o aspecto político. Nesse caso, o Bolsonaro tentou criar uma imagem de que estaria obtendo adesões a sua candidatura. Porém, todos nós sabemos que se trata de “marmita requentada”, pois a quase totalidade que foi às cerimônias de “beija mão” no Palácio do Planalto já estava com ele desde o primeiro turno. A fábrica de agressões e fake news contra Lula e seus aliados era esperada, pois faz parte da técnica fascista de comunicação. Contudo, não existe nenhum fato novo. Nenhuma mentira nova contra Lula. É tudo requentado.

Entretanto, não podemos falar o mesmo do adversário. Algumas derrapadas imperdoáveis foram: a) O ato claro de pedofilia que repercutiu internacionalmente e certamente teve repercussão eleitoral, a ponto dele fazer o que não é comum: pedir desculpas publicamente. b) O episódio relacionado ao preconceito contra o nordestino tem fortalecido ainda mais a candidatura de Lula na região, podendo interferir na votação de São Paulo, estado que possui uma enorme população nordestina. c) O confronto desnecessário com a Igreja Católica demonstrou a intolerância religiosa, o ódio e o preconceito, colocando em movimento forças políticas que não estavam se manifestando de forma mais explícita.

Para encerrar por aqui, o adversário de Lula comprou briga desnecessária com a maioria religiosa brasileira: os católicos. E com o eleitorado mais fiel a Lula: os nordestinos. O que abalou fortemente um dos “pilares” do seu discurso – a família, pois, a exceção dos fanáticos, nenhum pai ou mãe de família, especialmente, os que têm filhas adolescentes irá votar em um sexagenário, que afirmou “pintar um clima” entre ele e garotas de 14 anos de idade.

Por tal razão, concluo que a eleição está praticamente decidida a favor de Lula. O restante fica por conta da militância que sabe muito bem o que fazer até as 17 horas do dia 30 de outubro. Alguns irão me perguntar: Por que não falou das eleições entre Jerônimo e ACM Neto? Respondo que essa já nasceu morta a favor de Jerônimo desde o dia 2 de outubro.

Wenceslau Augusto dos Santos Júnior é advogado, professor de Direito da Uesc, ex-vice-prefeito e ex-vereador de Itabuna.

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Moro na cidade de Itabuna desde 1966. Aqui constituí família, atuei na área do comércio e da educação, incentivei o esporte e fui membro ativo de várias instituições sociais e clube de serviços. Sou apaixonado pela cidade de Itabuna e pelo seu povo.

 

Nérope Martinelli || nerope.martinelli@gmail.com

Na década de noventa, Itabuna era a terceira cidade em índice populacional e de desenvolvimento na Bahia. Ficávamos apenas atrás de Salvador e Feira de Santana. Infelizmente, hoje somos a sexta cidade e logo seremos a décima. Precisamos urgente de projetos de desenvolvimento. Tivemos o êxodo rural devido à podridão parda e à vassoura-de-bruxa. Com a economia parada, estamos hoje com o êxodo urbano – Itabuna hoje é um canteiro de placas de aluga-se e vende-se.

No ano de 1915, a cidade de Enterprise, no Estado do Alabama, Estados Unidos, tinha uma economia forte, graças à monocultura do algodão. Veio a praga do Bicudo, devastando as plantações e a economia, como exatamente aconteceu na região cacaueira, com as pragas sucessivas da podridão parda e a vassoura-de-bruxa, que os fazendeiros convivem com elas até hoje, por conta do descaso dos órgãos públicos e orientação técnica equivocada das entidades responsáveis.

As lideranças políticas e empresariais de Enterprise foram em busca de novas alternativas agrícolas e industriais, conseguiram erradicar a praga e criar novas culturas agrícolas e industriais, tornando-se, assim, uma cidade pungente e próspera em apenas quatro anos. E, como resultado, em 2019 construíram um monumento ao besouro Bicudo, considerado o responsável pelo novo desenvolvimento da região.

Precisamos urgente de novas lideranças empresariais e políticas que defendam os interesses da comunidade de Itabuna nos âmbitos Municipal, Estadual e Federal.

SUGESTÕES DE “BICUDOS” PARA A REGIÃO DE ITABUNA

Agricultura Com os novos clones, a produção de cacau voltou a ser rentável. O problema é que os proprietários de terra estão descapitalizados e negativados, precisando de anistia e incentivos. Temos também a opção das áreas já desmatadas para o plantio de café, que, além de rentável, utiliza muita mão de obra, com alguns produtores regionais colhendo mais de duas mil sacas de café por safra. Pode-se também aproveitar as áreas para a pecuária de corte e leite.

Infraestrutura Duplicação urbana das BRs 101 e 415 e conclusão das três pernas que faltam do Semianel Rodoviário, abertura de novas avenidas como vetores de desenvolvimento, a exemplo das ligações da antiga estrada de Buerarema, no final do bairro São Caetano até a BR 101, e outra avenida do Hospital de Base até Ferradas, na BR-415. Todas essas opções com infraestrutura de asfalto, água e energia – possibilitando a chegada de empresários com indústrias, concessionárias de veículos, grandes redes varejistas e atacadistas etc.

Aeroporto Revitalização do Aeroporto Tertuliano Guedes de Pinho e urbanização do bairro Bananeira, com abertura do aeroporto para voos domésticos e comerciais (transporte de carga), podendo absorver passageiros de toda região cacaueira – porque todos passam por Itabuna, com exceção de Canavieiras, Una e Uruçuca.

Logística Com a chegada da Ferrovia Oeste-Leste (Fiol) e do Porto Sul –  como Itabuna é servida por duas rodovias federais, BRs 101 e 415 – temos que construir com urgência um polo de logística visando a exportação de grãos, gado, madeira, cacau, minério etc.

Zona Azul A cidade de Itabuna precisa urgente da implantação da zona azul, antes das atividades do Natal. Todas as vagas de estacionamento são ocupadas por profissionais liberais, empresários, comerciantes, comerciários, bancários, ambulantes e etc. os compradores motorizados circulam atrás de vagas para estacionar e não encontram, seguem para o Shopping (menos mal) ou voltam par a casa e compram pela internet.

Moro na cidade de Itabuna desde 1966. Aqui constituí família, atuei na área do comércio e da educação, incentivei o esporte e fui membro ativo de várias instituições sociais e clube de serviços. Sou apaixonado pela cidade de Itabuna e pelo seu povo. Precisamos com urgência do apoio da união de lideranças política e empresariais, profissionais liberais e população em geral. Essa luta é de todos empresários, profissionais liberais, trabalhadores e população em geral.

Nérope Martinelli é empresário e pensador regional.

Mauro Horta e a urna revolucionária: desafio era superar a descrença || Foto Walmir Rosário e Ilustração
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Como se não bastassem as palavras chulas, ofensivas e obscenas, fui ameaçado de morte matada, caso não calasse a boca e parasse de injuriar os inocentes mortos, decentemente enterrados de acordo com o ritual cristão.

 

Walmir Rosário

Estávamos em setembro de 1999. À época, entre outras atividades, eu exercia o cargo de assessor de comunicação da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Itabuna, uma instituição até hoje bastante ativa no setor econômico e social. Semanalmente, publicávamos um tabloide, de nome Momento Empresarial, com 12 páginas, encartado no jornal Agora, de bastante sucesso, e volta e meia nossa matéria de capa se tornava a principal manchete do Agora.

Na semana de 11 a 17 de setembro de 1999, a bendita capa apresentava a seguinte manchete: “Urnas funerárias fabricadas em isopor”. Celeuma é pouco para o fuzuê criado na cidade. E a confusão se iniciou ainda na elaboração da matéria, o que garantia o sucesso da publicação. Eu era o editor, redator, repórter, editorialista, articulista, produtor e mais que houvesse de necessidade na produção do jornal.

Imaginem, então o sufoco que passei desde a elaboração até a circulação do Momento Empresarial. E fiz tudo dentro da conformidade dos manuais da técnica e ética do jornalismo, com todos os detalhes. Um título decente, uma reportagem que ouviu todos os principais interessados, matéria principal equilibrada, secundária com sustentação científica e destaques. O grande problema era apresentar o simples isopor para substituir as tradicionais urnas de madeira.

O assunto chegou a meu conhecimento numas das concorridas reuniões de quintas-feiras da CDL, na qual o empresário Mauro Horta apresentou a novidade que prometia transformar Itabuna na primeira sede dessa inusitada indústria. Garantiu que com a tecnologia existente, a urna (caixão) de madeira seria substituída por outra, esta produzida a partir da espuma de poliestireno, conhecido popularmente como isopor.

O empresário revelou que a urna funerária de isopor estava patenteada junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial, e prometia revolucionar o mercado de “caixões”, principalmente junto aos menos favorecidos economicamente. Porém ele alertava que seria preciso vencer o aspecto tradicional e religioso, por despertar a desconfiança das pessoas em acreditar ser o isopor frágil, que não suportaria transportar o mais simples mortal ao cemitério, o que era um engano.

E as engenhosas urnas de isopor seriam entregues, como manda a tradição de nossa última viagem num caixão funerário de madeira, acrescida dos mais diversos acessórios, a exemplo de forro de cetim branco acolchoado por dentro, cetim roxo por fora e outros motivos religiosos como a cruz. A vantagem seria o baixo custo do sepultamento, que seria reduzido dos atuais R$ 170,00 a R$ 5 mil, para módicos R$ 80,00, um alívio para os menos favorecidos economicamente.

Ainda defendia o empresário, que devido ao baixo custo, o uso inicial das urnas de isopor deverá ser mais intenso entre os indigentes e a população de baixa renda, que geralmente procura o serviço social das prefeituras para custear o enterro. O invento de Mauro Horta já tinha ganhado, segundo afirmou, o apoio do prefeito de Itabuna, Fernando Gomes, e de secretários municipais. “Um caixão tem que ser simples, singelo e barato, e esse é o ideal”, defendeu com ardor.

A preservação do meio ambiente era outro carro-chefe da invenção, evitando que no processo de desencarne os líquidos contaminassem o solo e o lençol freático. Esse processo seria realizado em apenas 90 dias, ao contrário dos cinco anos de hoje. Com o aumento dos problemas urbanos, a nova urna funerária resolveria a questão do espaço nos cemitérios, que segundo os cálculos do empresário, a relação de espaço poderá ser reduzida em até 16 vezes.

E o projeto de Mauro Horta ia além da produção de urnas funerárias de isopor e pretendia colocar no mercado um serviço de seguro funerário, no qual as pessoas de baixo poder aquisitivo pagariam um valor mensal para adquirir o seu “caixão”, despreocupando a família no caso de sua morte, que não teria de arcar com despesas inesperadas. A intenção era aliar os custos à funcionalidade, no sentido de beneficiar a população.

Entretanto, para a colocar fábrica de Itabuna em funcionamento, o empresário estava em busca de recursos para implantar o projeto, que poderá gerar cerca de 400 empregos, entre a fabricação de cinco mil urnas mensais e demais tipos de embalagens que serão produzidas. E se tivesse dificuldade em implantá-la na cidade, poderia levá-la para o Rio Grande do Sul, cujo governador já teria manifestado interesse no projeto.

Para os céticos, a urna funerária de isopor seria apenas uma brincadeira ou falta de respeito às tradições e religiões. Pouco importavam que a urna fosse moldada e injetada, com três pares de alça, revestimento interno em cetim, externo em pigmento roxo e visor de acrílico ou suportasse, com segurança, 220 quilos. Daí a desconfiança dos investidores e dos demais segmentos interessados, a exemplo das funerárias e parentes dos defuntos.

O maior problema da reportagem foi tentar convencer os donos de funerárias a tecerem comentários a respeito do ambicioso projeto do empresário Mauro Horta. Por telefone, mesmo me identificando como sendo o jornalista Walmir Rosário (conhecido de sobra), assessor de comunicação da CDL de Itabuna, não consegui nenhuma palavra a respeito do tema da reportagem que elaborava.

Pelo contrário, ouvi muitos xingamentos com palavras de baixo calão, impublicáveis nesta singela e familiar crônica, para o bem e o respeito que devo aos meus queridos e respeitáveis leitores. Como se não bastassem as palavras chulas, ofensivas e obscenas, fui ameaçado de morte matada, caso não calasse a boca e parasse de injuriar os inocentes mortos, decentemente enterrados de acordo com o ritual cristão.

Assim que o jornal Agora foi publicado, com manchete do caderno Momento Empresarial, a confusão foi grande e os debates se afloraram, divergindo desde o novo padrão de sepultamento até a matéria jornalística. Confesso que me resguardei por uns dois dias e ficou nisso mesmo. O certo é que o empresário Mauro Horta não conseguiu o financiamento para o seu projeto, nem em Itabuna ou nos pampas gaúcho.

E os mortos sequer puderam inaugurar uma nova tecnologia funerária.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

Trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) || Foto divulgação
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“Se a ferrovia lograr conexão com o oeste baiano, permitirá ao Porto Sul escoar a volumosa produção dessa fronteira agrícola”.

Henrique Campos de Oliveira || henrique.oliveira@ecossistemaanima.com.br

Dificilmente uma cidade na costa do Brasil irá dispensar a construção de um porto ligado a uma ferrovia que avança 1500 km em direção ao oeste no continente. Não há porto no país com essa capilaridade longitudinal.

Não é de agora que o litoral da Bahia é cobiçado para abrigar um porto que seja via de acesso a uma ferrovia que adentre o continente em direção ao pôr do sol. Vasco Neto, nos anos 1950, já apresentava tal proposta. A ideia era conseguir a sonhada conexão entre os Oceanos Pacífico e Atlântico. O porto do nosso lado seria em Campinhos, na baía de Camamu, e o do lado de lá da cordilheira, o de Iquique, no Chile. Uma obra com a mesma ambição do canal do Panamá: ligar os dois continentes e facilitar a conexão entre Ásia e Europa, tendo a Bahia e o Brasil como entrepostos.

Aquela iniciativa não foi adiante (relembre), mas a Ferrovia de Integração Oeste Leste (Fiol) e o Porto Sul têm o projeto de Vasco Neto como referência.

O projeto da Fiol consiste na construção de três trechos de, aproximadamente, 500 km cada. O primeiro trecho e mais avançado na execução da obra é o que liga o Porto Sul a Caetité, onde se encontra a mina Pedra de Ferro. O escoamento do minério é o principal motivador para as duas obras, bem como gerará volume de cerca de 50 milhões de toneladas/ano, que viabilizam o empreendimento.

Trecho 2 não aparece como investimento ferroviário prioritário em estudo de 2010 do Ipea

O segundo trecho definido no projeto é a ligação entre Caetité e Barreiras, na região oeste da Bahia, produtora de grãos e demais commodities agrícolas. Se a ferrovia lograr conexão com o oeste baiano, permitirá ao Porto Sul escoar a volumosa produção dessa fronteira agrícola. O preço do frete seria reduzido, tendendo a expandir a atividade e a aumentar a diversidade de operações e serviços adicionais na região onde o porto é construído.

Todavia, é o trecho que enfrenta algumas complexidades, mesmo tendo 45% das obras concluídas. O ramo entre Correntina e Barreiras tem lençol freático e sítios arqueológicos importantíssimos, que exigem significativo cuidado na execução da obra. Além disso, há a necessidade da construção de uma ponte que passe sobre o maravilhoso – e largo – leito do Rio São Franciso, na altura de Ibotirama.

O terceiro trecho seria a conexão entre Barreiras e Figueirópolis, no Tocantins, onde iria entroncar com a ferrovia Norte-Sul, que liga Santos (SP) ao Porto de Itaqui, no Maranhão. Com esses três trechos, o Porto Sul não seria somente opção para escoamento de produtos do oeste baiano, mas também do Centro-oeste brasileiro, tendo a possibilidade de ampliar sua área de influência, inclusive à parte do Sudeste e do Norte.

O trecho 1, Ilhéus-Caetité, está praticamente pronto. Aguarda apenas o porto para começar a operar. A licença de exploração foi adquirida pela Bamin, mesma empresa que é dona da mina e do terminal portuário. O trecho 3 ainda aguarda licenças ambientais.

O trecho 2, a meiota que liga Caetité ao nosso oeste e viabilizaria a ampliação de serviços e operações do Porto Sul, como já dito, apresenta sensíveis complexidades na execução da obra. Se os trechos 1 e 3 forem executados sem o 2, será o fim da possibilidade de termos tal empreendimento como alternativa para superarmos a pobreza e a desigualdade que maculam a região.

Trechos da Fiol identificados em vermelho (1), azul (2) e verde (3)

Se esse buraco na Fiol persistir, como consta no mapa do Ipea (2010), vai tonar o Porto Sul um terminal exclusivo para minério e, ao invés de escoarmos a produção do Centro-Oeste, com consolidação do trecho 3 (Barreiras-Ferrovia Norte-Sul), outros estados vão escoar os produtos do oeste baiano, tanto por portos do Sul e Sudeste como do Norte.

Portanto, além de questões de engenharia e ambientais – legítimas e fundamentais para a sustentabilidade de uma nação -, há aspectos de ordem política na disputa federativa, que afetam a integralidade da Fiol. Contornar esses obstáculos exige dos políticos baianos (Executivo e Legislativo) e, sobretudo, da sociedade civil (como associações de produtores, sindicatos e empresários) união e coordenação política para garantir a integralidade do projeto o mais rápido possível. É questão de sobrevivência!

Henrique Campos de Oliveira é ibicariense, doutor em Ciências Sociais pela UFBA e professor do Mestrado em Direito, Governança e Políticas Públicas da Unifacs.

Gurgel é recolhido para a pajelança mecânica || Foto Walmir Rosário
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Pelo sim, pelo não, Mestre Wilson recolheu o Gurgel à oficina para ser submetido a uma pajelança eletromecânica. O amigo Gilbertão Mineiro, que gosta dos fatos bem esclarecidos, resolveu “puxar” a vida pregressa do Gurgel.

 

Walmir Rosário

Em cada cidade existe alguma coisa ou alguém do conhecimento público, que pode ser uma pessoa, um veículo, um imóvel, um objeto qualquer. Basta o desinformado – quase sempre forasteiro, como chamam – pedir uma informação, que é atendido na hora. Às vezes se oferece até para levar o indivíduo ou local, a depender da disponibilidade ou da gentileza da pessoa, principalmente no interior.

Aqui em Canavieiras, a nossa referência era um jipinho Gurgel, de cor cinza, sempre visto estacionado nas proximidades de um bar, no centro ou nos mais variados bairros, ou ao lado do jornal Tabu. Era de propriedade do jornalista aposentado – ou desocupado, como gostava de dizer o próprio cujo – Tyrone Perrucho, que utilizava o carro apenas para circular, sem maiores cuidados, apesar de frágil pelo tempo de uso.

Grande parte dos que conheciam o dia a dia do conhecido Gurgel de Canavieiras, o identificavam pelo barulho do motor em funcionamento, quase sempre com o silencioso furado, que o tornava de fácil identificação. Quando dobrava a esquina da rua onde moro eu parava o que estava fazendo e já me encaminhava para abrir o portão e recebê-lo, pessoalmente, como merecia.

Às vezes esse merecimento e a atenção dispensada ao inusitado colega, merecia outros cuidados, como o de parar em frente a nossa casa e encher a caixa de correspondência com revistas e jornais religiosos ou de outros países, sempre velhos. Desde os tempos em que trabalhávamos na Ceplac, ele costumava enviar esses pacotes esdrúxulos pelos Correios, muitas das vezes com simples inutilidade, apenas por simples galhofa.

Assim que seu nome é publicado como inativo do Ministério da Agricultura, volta a Canavieiras para se dedicar exclusivamente ao jornal Tabu – que circulou por 50 anos –, e as amenidades. Sempre na condução do surrado Gurgel, que há anos não passava perto de um lava jato – para a limpeza de veículos, que fique bem entendido –, chamava a atenção pelo barulho e popularidade de seu dono.

Nas muitas vezes que o indigitado Gurgel era visto nas primeiras horas da manhã estacionado numa rua qualquer, não mais chamava a atenção, pois todos sabiam que enguiçara na sua circulação noturna pelos botequins. Para começo de conversa, apenas o vidro de uma janela funcionava e poderia ser aberto sem a preocupação de uma chave, bastando apenas a simples manipulação das portas e janelas.

Certa feita, ao combinar a troca de uns livros para nossas leituras, me dirigi ao local combinado, em frente a casa de Alberto Fiscal, sede de uma pequena farra. Buzino meu carro, toco a campainha e nada. Tento me comunicar pelo celular, não funcionava. Tinha acabado a energia elétrica e nada funcionava em Canavieiras. Não contei conversa, peguei os livros, não deixei os meus e aguardei notícias. No fim da farra, já com energia, me liga preocupado dizendo que os livros tinham sumido. Só mais tarde contei o ocorrido.

Mas como a situação não estava boa pra ninguém, nem mesmo o surrado Gurgel (fora de linha), à época com 27 anos de uso, se encontrava livre dos olhos grandes do amigo do alheio. O veículo, de conhecimento público em Canavieiras e vizinhança, sofre uma ameaça de furto. Logo ele que aguardava apenas a apresentação e aprovação um projeto de lei na Câmara para se tornar patrimônio material e imaterial de Canavieiras.

O dito cujo Gurgel se encontrava estacionado na área da praça Maçônica e teria sido objeto de desejo do amigo do alheio, que utilizou de todas as artimanhas para levá-lo, sem qualquer autorização do proprietário. Abriu a porta, adentrou ao veículo e tentou fazer uma ligação direta, retirando todos os fios da ignição. Após várias tentativas malsucedidas, o larápio foi obrigado a desistir do seu intento, deixando o jipinho Gurgel à disposição do seu dono.

No dia seguinte, Tyrone Perrucho foi obrigado a contratar uma junta de mecânicos e eletricistas para deixar seu potente Gurgel com condições de transitar em toda a Canavieiras, desde a Atalaia à Ilha do Gado, com incursões ao Jardim Burundanga, Birindiba e outros endereços. E Talmão e mestre Wilson diagnosticaram que a malsucedida tentativa de furto, teria esbarrado nas manhas e artimanhas do jipinho, acostumado a empacar sem prévio aviso, mesmo com o conhecido proprietário à direção.

Após as explicações de praxe, Tyrone relatou que teria deixado o Gurgel na praça Maçônica, sob os cuidados divinos, por atender aos reclames da Lei Seca, pegando uma carona para casa, uma atitude mais do que louvável. Já os maledicentes, juravam que o Gurgel, adquirido zero quilômetro pelo Padre Alfredo Niedermaier, para celebrar as missas no interior, tem o poder (rezado) de apenas obedecer aos seus legítimos donos.

Pelo sim, pelo não, Mestre Wilson recolheu o Gurgel à oficina para ser submetido a uma pajelança eletromecânica. O amigo Gilbertão Mineiro, que gosta dos fatos bem esclarecidos, resolveu “puxar” a vida pregressa do Gurgel. Para tanto, utilizou-se do conhecimento de Tolé, que entregou: “Esse carro é mal-assombrado, pois depois do padre passou pelas mãos de Wallace Perrucho, ateu e excomungado, e de seu filho Tyrone, conhecido agnóstico”.

Tá explicado.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

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“É hora de seguir em frente na luta para manter a Bahia no rumo do desenvolvimento e para o Brasil ser feliz de novo”.

Rodrigo Cardoso

A eleição está duríssima, e o Brasil dividido. Lula venceu em todo o Nordeste com ampla maioria. Também levou os principais estados do Norte, Amazonas e Pará, além de Amapá e Tocantins. Ainda ganhou em Minas, estado tido como síntese do Brasil. Sul, Centro-Oeste, São Paulo, Rio e Espírito Santo deram a vitória a Bolsonaro.

O resultado geral é que vencemos com a maior votação que Lula já teve em primeiro turno. Bolsonaro também teve votação superior à de 2018, mas, ainda assim, ficou mais de 5 milhões de votos atrás. Portanto, é momento de comemorar a vitória parcial de Lula e nos preparar para o segundo turno.

Simone Tebet dá sinais de que pode apoiar Lula. Aguardamos o posicionamento de Ciro e do PDT.
Claro que o apoio da liderança não significa que os eleitores a seguirão. Porém, imagino que quem votou em Ciro por seu Programa Nacional de Desenvolvimento, e em Tebet, por sua ótima postura nos debates, defesa da democracia, das mulheres, do meio ambiente, dificilmente votará em Bolsonaro.

Nosso desafio é conversar com as pessoas, com os amigos e familiares, para virar esses votos, principalmente de quem escolheu esses dois candidatos ou se absteve no primeiro turno. Certamente, o bolsonarismo terá muito mais dificuldade para conseguir esse objetivo.

Na Bahia, mais uma vez, viramos na reta final, repetindo a história de 2006, com Wagner, e de 2014, com Rui. Faltou muito pouco para encerrar logo no primeiro turno. Bastariam os votos dados aos candidatos do PSOL, PSTU e PCB, pequeninos partidos de esquerda, para a vitória de Jerônimo já na primeira rodada.

ACM ficou numa sinuca. Precisará buscar os votos do bolsonarismo dados ao compadre Roma, mas, ao fazer isso, se afastará da parcela do eleitorado lulista que votou nele (teve até santinho ilegal juntando Lula e ACM).

Por outro lado, já se diz que vários prefeitos que abandonaram a base do governador Rui Costa para apoiar a oposição começam a fazer o caminho de volta.

Por último, o Congresso eleito é majoritariamente conservador e trará muitas dificuldades para um eventual governo de Lula. Contudo, tenho convicção de que, com toda sua experiência, ele terá condições de trabalhar muito pela retomada da credibilidade do Brasil e do desenvolvimento, com geração de emprego e renda, controlando a inflação e melhorando da vida do povo, mesmo nesse cenário adverso.

Portanto, é hora de seguir em frente na luta para manter a Bahia no rumo do desenvolvimento e para o Brasil ser feliz de novo. Agora é JeroLula!

Rodrigo Cardoso é presidente do Sindicato dos Bancários de Ilhéus e membro da direção estadual do PCdoB.

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Só com a chegada do PT essas duas cidades e nossa região passaram a ser tratadas com prioridade. Lula e Dilma trouxeram a ferrovia, Porto Sul, Gasoduto, Universidade Federal, Escolas Técnicas.

 

Geraldo Simões

O grupo do candidato ACM Neto governou a Bahia por 40 anos, período em que sempre estiveram alinhados ao governo federal. Itabuna, Ilhéus e a região foram tratadas com profundo desprezo.

Só com a chegada do PT essas duas cidades e nossa região passaram a ser tratadas com prioridade. Lula e Dilma trouxeram a ferrovia, Porto Sul, Gasoduto, Universidade Federal, Escolas Técnicas.

Wagner e Rui trouxeram investimentos que geram desenvolvimento na região. Itabuna recebeu a barragem do Rio Colônia, Teatro Candinha Doria, Policlínica, Escola de tempo integral, estádio amador, duplicação da Ilhéus – Itabuna.

A cidade irmã foi beneficiada com o Hospital Costa do Cacau, duas UPAs, Policlínica, urbanização e duplicação da orla Sul, Hospital Materno Infantil, Ponte Estaiada, saneamento em toda zona sul.

Então, para essas duas cidades e a região continuarem sendo tratadas como prioridades, vamos eleger Lula 13, Jeronimo 13 e Otto 555.

Geraldo Simões é servidor público federal, ex-prefeito de Itabuna e ex-deputado federal e estadual.

Caboco Alencar suspendeu as aulas e retorna no pós-eleições || Foto Walmir Rosário
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Um dos alunos repetentes do ABC da Noite, Daniel Thame, se deu por satisfeito e disse que, felizmente, do males o menor, pois dessa vez é por pouco tempo.

 

Walmir Rosário

Do presidente da Academia de Letras, Artes, Música, Birita, Inutilidades, Quimeras, Utopias, Etc., (Alambique), o jornalista Daniel Thame, recebo a fatídica informação. Foi difícil acreditar, mas constatei que era verdade. Após a reabertura do ABC da Noite, recebida com festa em grandioso estilo, a diretoria resolveu dar mais um tempo e cerrar suas duas portas até passar as eleições de 2 de outubro.

A notícia pegou todos de surpresa, já que o professor Caboclo Alencar e sua inseparável companheira, dona Neusa, deliberaram, em sessão extraordinária, a suspensão da prestação dos serviços etílicos na sua sede, no Beco do Fuxico. Mas como não existe nada ruim que não possa piorar, como garante em sua tese o tal de Murphy, num conceito que se transformou em lei sem que fosse aprovada por parlamento algum.

Esse já é o segundo choque sentido pelos boêmios itabunenses, que ficaram órfãos das deliciosas batidas do Caboclo Alencar durante esses anos em que a pandemia resolveu assolar o Brasil e o mundo. A primeira decepção sentida foi a drástica redução nos dias de funcionamento, que caiu do tradicional segunda a sábado, em dois expedientes, e que passaria apenas aos sábados.

Pois bem, se não bastassem os torturantes 30 meses em que esteve fechado, o primeiro decreto editado pelo Caboclo Alencar e dona Neusa, restringiu a abertura, em desconformidade à placa de bronze afixada na parede proclama os horários de abertura e fechamento do régio expediente: De segunda a sexta-feira: das 11 às 12h30min e das 17 às 19 horas; aos sábados, das 11 às 12h30min; sem expediente aos domingos.

Agora, conforme acertado, o horário de sábado foi ampliado em duas horas, mas nada que compense os dois expedientes diários no decorrer das segundas às sextas-feiras, quando centenas de repetentes e aderentes se reuniram no ponto mais tradicional do Beco do Fuxico, em Itabuna. Nos dias removidos da tabela de funcionamento, que os alunos busquem novas escolas próximas para continuar os estudos etílicos.

Um dos alunos repetentes do ABC da Noite, Daniel Thame, se deu por satisfeito e disse que, felizmente, do males o menor, pois dessa vez é por pouco tempo. Além do mais, fez questão de ressaltar que o ABC da Noite volta a funcionar após as eleições, sempre aos sábados. A finalidade seria preservar o espaço mais democrático de Itabuna, onde o que deve prevalecer são os sabores das magistrais batidas que só Alencar sabe fazer.

Na qualidade de aluno repetente de anos e anos, que nem dá para contar nos dedos, eu já disse por aqui que senti bastante não ter participado da cerimônia de reabertura do ABC da Noite, oportunidade para rever o Caboclo Alencar, dona Neusa e o sem-número de colegas e amigos. E esse reencontro seria regado às maravilhosas batidas recém-saídas da linha de produção, com preferência para o sabor gengibre.

Ausente estava, como acabei de citar, portanto não presenciei a festa de reabertura, o que sei por ouvir dizer dos colegas presentes, embora como repórter deveria ter ido mais a fundo nas informações, checando o contraditório, o que não fiz. Só me resta penitenciar e faço questão de pedir a devida vênia e o costumeiro perdão, por não ter ido a fundo das questões temporãs e que devem prevalecer os princípios da democracia.

Com a sapiência do casal e a experiência do Caboclo Alencar nos 60 anos de funcionamento do ABC da Noite e os 91 anos de salutar existência, mesmo contrariado pelo fechamento, comemoro a decisão, por demais acertada. Sei, por convivência, e não por ouvir dizer, que o bar é uma extensão do lar (não ligue para a chula trova), ambiente onde todos discutem e mesmo que não cheguem a qualquer conclusão se abraçam na despedida.

Chocado fiquei pelo decreto do novo fechamento – temporário, como quer o confrade Daniel Thame –, por ter me deslocado de Canavieiras a Itabuna, para conhecer o ABC da Noite pós pandemia. Dei com a cara na porta, fechada, como reclamou anos passados o também saudoso aluno repetente Tyrone Perrucho, a aparecer num dia em que o Caboclo resolveu não dar expediente por 30 dias.

Irei me redimir da falta da Confraria d’O Berimbau, sábado passado no MC Vita, e prometerei comparecer noutra efeméride de reabertura assim que passar as eleições. Como sempre, prometo me comportar como um frequentador de botequim bom de debate, discutindo com os parceiros da mesma mesa e me intrometendo nas outras, como manda o manual de boas maneiras de um aluno repetente do ABC da Noite.

E sob as bênçãos do Caboclo e dona Neusa.

Walmir Rosário é radialista, jornalista, advogado e aluno “repetente” do ABC da Noite.

Carlos Pereira, ex-militante do PCB, defende voto em Lula neste domingo (2) || Foto Ricardo Stuckert
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“Haveria grande simbolismo numa retirada da candidatura do PCB em apoio a Lula, sem perder a sua independência de classe, ideológica e política, com a preservação de seu programa e de suas bandeiras”.

Carlos Pereira Neto Siuffo

Passei um terço de minha vida no antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB) – e isso dá muito tempo. Sofri muito com o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), da qual era crítico e, por isso, fui chamado de eurocomunista. Não fui para o PPS em 1992 nem fiquei com os que reorganizaram o partido, mas costumo dizer que nunca saí e que carrego o Partidão dentro de mim.

Tenho imensa simpatia pelo atual PCB. Não digo que sou “companheiro de viagem”. Sou mais do que isso. Dou sempre o meu apoio, mesmo quando não concordo com algumas posições, mas não sou organizado nele.

Sofia Manzano é excelente quadro e, de igual modo, candidata à presidência. Levanta questões cruciais para a classe trabalhadora e o povo, apesar da imensa censura dos meios mediáticos burgueses. Repercute pouco, porém é importante. É uma semente para o futuro e a luta contínua.

A eleição que temos hoje, com toda a sua atipicidade, sobretudo a quase inexistente mobilização no campo popular, a parecer aquelas calmarias sombrias que antecedem os tsunamis, é a mais importante depois da chamada redemocratização. A maioria do povo está silente, sorumbático e contra o que está aí.

Não é uma eleição qualquer. Com muitas irregularidades e chantagens,  a disputa é marcada por uma extrema-direita organizada, mobilizada, violenta e armada. Hoje, o Brasil tem um governo militar, neoliberal, antidemocrático, antinacional – totalmente entreguista- e contra direitos sociais. Bolsonaro é o útil cavalo de Tróia.

Uma vitória de Lula em primeiro turno pode vir a ser um fato importante para o despertar das massas, chamadas às ruas para defender o seu presidente eleito. A história está cheia de episódios que despertaram e mobilizaram as classes populares.

No entanto, as candidaturas de PCB, UP e PSTU não podem ser responsabilizadas caso Lula não vença no primeiro turno. Inicialmente, porque não terão muitos votos. Creio que não chegarão a 500 mil, juntas.

Depois, porque a própria linha de campanha lulista, pouco mobilizadora, focada no centro em face das alianças, sem assumir claramente bandeiras que apelem aos interesses populares, é que terá o seu peso da responsabilidade, ainda que as últimas propagandas da campanha tenham radicalizado no confronto com o governo do inominável.

A vitória no primeiro turno é uma possibilidade e tudo deve ser feito para isso – seria um tento para as forças populares. Desse modo, dentro da realidade concreta da luta de classes, na real polarização existente contra o fascismo, haveria grande simbolismo numa retirada da candidatura do PCB em apoio a Lula, sem perder a sua independência de classe, ideológica e política, com a preservação de seu programa e de suas bandeiras.

Luta que segue!

Carlos Pereira Neto Siuffo é professor de Direito da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc).