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Alcides Kruschewsky
 

Há anos, quando fui àquele encontro de sonhadores, de gente que falava em conto de fadas, Floresta de Chocolate, em vencer a crise econômica, tirar a região e os produtores da estagnação, levantar a autoestima, senti algo positivo, diferente no ar.

 
Grandes desafios podem ser vencidos pela união de talentos e esforços. Com cada um fazendo a sua parte, chega-se aos objetivos. No nosso caso, poderíamos falar só dos problemas e dificuldades do nosso dia a dia. Isso é necessário, mas é também o mais fácil. Estamos estimulados com as perspectivas do turismo rural e com os passos largos do chocolate de origem do sul da Bahia. Esses serão pilares do turismo em Ilhéus, sem dúvida. Hoje já dão grande contribuição para o grau de satisfação dos nossos visitantes.
Quem viu essas propostas embrionárias, pouco acreditava que pudesse acontecer. E já é uma realidade. A “Floresta de Chocolate” parecia apenas um conto de fadas para quem assistia à difusão da ideia na fase de “gestação”. Hoje a sensação de apenas um sonho vai se afastando, ao passo que 70 marcas de chocolate de origem carimbam a nossa identidade, número que continua crescendo.
O Festival do Chocolate é um bom parâmetro dessa evolução em número e qualidade. Produtores oferecem ao mercado uma diversidade de derivados de cacau, cada vez maior e mais inusitada. Por isso, convido-os a imaginar essa mesma iniciativa semeada apenas entre os incrédulos e opacos, que se ocupam mais com as teses dos porquês do não daria certo, realçando sempre o que falta, os óbices e as deficiências.
Certamente Ilhéus e a região não teriam essa quantidade de produtores de chocolate, não teria os prêmios e destaque internacional para o cacau fino e chocolate de origem, nem os empregos e renda que em parte já foram resgatados. Com certeza ainda teríamos somente o Chocolate Caseiro Ilhéus, e isto graças a um visionário que não dava “bolas” para as “vozesinhas” que jogam tudo pra baixo. Se essas vozes prevalecessem não teríamos Mendoá, Sagarana, Yrerê, Haras Ilha Bela, Maltez, Policarpo, Tavares, Badaró, Capela Velha e a nova fábrica ICB, de chocolates finos, aqui no Iguape, alem de estrada e rotas do cacau e do chocolate em implantação, entre outros.
O mundo dos desafios não é para os fracos, para os pessimistas, para os que reclamam muito e trabalham pouco. Nem é para os que se ocupam apenas de se queixar e reclamar. O mundo dos grandes desafios é para aqueles que creem na capacidade de superação, no esforço comum e na criatividade. O mundo dos desafios exige mais foco no “o que cada um pode fazer” para somar, para juntar forças, conhecimento e espírito de nação, patriotismo. Os desafios e os sonhos caminham juntos. Só os que sonham realizam e vencem as dificuldades.
Há anos, quando fui àquele encontro de sonhadores, de gente que falava em conto de fadas, Floresta de Chocolate, em vencer a crise econômica, tirar a região e os produtores da estagnação, levantar a autoestima, senti algo positivo, diferente no ar. Era a energia contagiante dos que não se dão por vencidos, dos que não se entregam perante as adversidades. Quando perguntei a um deles o porquê, se vai ser tão difícil, ouvi a resposta: “Porque se fosse fácil, qualquer um faria”.
Portanto, ser vitorioso, vencer desafios, superar obstáculos, não é para qualquer um. Cada um tem a capacidade de sonhar e transformar sonhos em realidade. Mas há uma escolha a ser feita entre o lugar comum e a “floresta de chocolate”. Eu prefiro me deixar guiar pelo aroma que me inebria e inspira desde sempre, e ele é de chocolate. Sigo em busca de realizar os meus sonhos, que onde eu for, irão comigo.
Alcides Kruschewsky é secretário de Turismo de Ilhéus.

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Ederivaldo Benedito || ederivaldo.benedito@gmail.com
 
 

Cinco décadas depois – tardiamente, quem sabe – eu registro a morte trágica de um cidadão, um homem que luta em defesa da liberdade. Cinquenta anos, pois, para lembrar a memória de um resistente democrático.

 
Neste quatro de dezembro de 2018 – coincidentemente, quando o Brasil volta-se para o passado e uma significativa parcela da sociedade assume claramente um posicionamento político que prega a união da família para fortalecer o Estado e este, por sua vez, integrar o país – me vem a lembrança dos cinquenta anos da trágica morte de Wilson Chagas. Um homem simples, do povo, uma célula, um cidadão que, com suas convicções e sua luta em Itabuna, no sul da Bahia, contribuiu para a construção de uma sociedade mais justa, humana, fraterna e igualitária.
Baiano de Belmonte, “Seu Wilson” era filiado ao Partido Comunista Brasileiro e servidor da Prefeitura de Itabuna quando, aos 47 anos, por volta do meio-dia do quatro de dezembro de 1968, foi atropelado na Avenida Juracy Magalhães, próximo a sua residência. Eu era seu vizinho, parede meia de seu Wilson e estava á época com nove anos. Cinco décadas depois, a cena não saiu de minha mente: uma camionete Chevrolet azul-claro e branca, no asfalto novo – como era chamada a avenida – em frente a barraca de caldo de cana do negro Cazuza e o Mercado Changai, de Valdomiro Moraes.
Wilson Chagas, um homem doce e amável, de bigode, gravata e guarda-chuva, marido de Dona Alzira Spinelli, aquariano, fazia aniversário na mesma semana que eu. O casal era amigo de minha mãe. Nós morávamos à esquerda dele. Sua trágica morte causou uma grande comoção na então Rua 25 de Agosto, Alto Maron, no dia de Santa Bárbara. Dona Bazinha, filha-de-santo, devota de Iansã, preparava um caruru com dois mil quiabos. Esse fato marcou para a sempre a minha vida.
Wilson Chagas era um comunista convicto, um militante nas terras grapiúnas. Trabalhou nos Correios, na Companhia de Luz e Força, e na Prefeitura de Itabuna. Deu uma grande contribuição à democracia sulbaiana, onde a Ação Integralista Brasileira, de Plínio Salgado, tinha uma atuação marcante: em Ilhéus com o fazendeiro e médico Raimundo do Amaral Pacheco; em Itabuna, com o comerciante e fazendeiro José Nunes de Aquino. Assim como hoje, o forte argumento do Integralismo era o anticomunismo. Filiado ao PCB, Seu Wilson enfrentava o discurso do Estado Novo de que os partidos eram uma ameaça à unidade nacional, justamente quando os comunistas uniam os trabalhadores em sindicatos e construíam agremiações partidárias com caráter nacional, consistência programática e identidade própria.
Com Dona Alzira teve dois filhos: Vladimir Spinelli Chagas, “Chaguinha” – em homenagem a Lênin, líder da Revolução Russa – e Judite, professora, mãe do militante petista e líder estudantil Wilson Chagas Neto.
De poucas palavras, Seu Wilson era um homem letrado. Era alcoólatra e tinha Tejo, um cão de estimação. Olhava-me com fraternidade, dizia que eu era inteligente. Tratou-me como gente, me deu brinquedos e histórias infantis. Cidadão honrado e decente que combateu a opressão e o arbítrio, que me fez enxergar o Mundo de uma forma diferente, mais humana.
Cinco décadas depois – tardiamente, quem sabe – eu registro a morte trágica de um cidadão, um homem que luta em defesa da liberdade. Cinquenta anos, pois, para lembrar a memória de um resistente democrático.
Seu Wilson era um libertário, e dentro do meu coração – com certeza – está guardado um pedaço dele.
Ederivaldo Benedito é radialista, jornalista, bacharel em Direito e ativista social.

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Gerson Marques | gersonlgmarques@gmail.com
A desistência do Brasil em realizar a 25ª Conferência Internacional do Clima, a COP 25, demonstra bem o alinhamento ideológico de Jair Bolsonaro a Donald Trump e provoca uma mudança radical no papel internacional do Brasil, sempre marcado por uma política de independência ideológica na geopolítica global.
Os defensores do novo governo dizem que a questão é o custo elevado do evento, orçado em quinhentos milhões de reais. Segundo o Itamaraty, cem milhões de dólares. Os recursos, porém já estavam garantidos no orçamento de 2019, alocados no próprio Fundo do Clima, uma reserva do Brasil para este tema.
A negativa, na verdade, nada tem a ver com dinheiro. Trata-se de uma posição política, altamente influenciada pelo alinhamento ideológico com a extrema-direita americana, para quem a questão climática é ativismo esquerdista e não
representa de fato uma ameaça, apesar de todas as evidencias e estudos, como o produzido recentemente por treze departamentos e agências federais americanas, inclusive a Nasa, onde prevê que os EUA vão perder até 10% do PIB com as mudanças climáticas. Na mesma linha, o futuro chanceler brasileiro indicado por Bolsonaro, Ernesto Henrique Fraga Araújo, publicou recentemente um artigo em que afirma que a questão climática é uma agenda marxista, numa preocupante demonstração de profundo desconhecimento sobre o tema.
A linha de trabalho da COP visa comprometer os governos a enfrentar o desafio de manter o aquecimento global dentro dos 1,5 graus, a meta estabelecida para este século. Estudos coordenados pela ONU, no entanto preveem que este aquecimento pode chegar a até 5 graus, caso não sejam implantada as resoluções dos acordos de Kyoto e de Paris.
Um aquecimento deste tamanho faria da terra um mundo impossível. Áreas costeiras seriam redesenhada e milhões de pessoas perderiam suas moradias e grandes cidades litorâneas seriam ocupadas pelo mar. O impacto na agricultura levaria à inviabilidade de muitas atividades e a perdas de até 80% da capacidade agrícola do planeta. A fome dizimaria bilhões de pessoas e animais.
O Brasil é o sétimo maior produtor de CO2 do planeta. A maior parte destes gazes vem da destruição das nossas florestas, que cresceu 8,5% em 2017 e 16% em 2018. Batemos em dois anos todos os recordes de destruição da
Amazônia. Pelo previsto e dito até aqui, esta será uma tendência que vai se acelerar nos próximos anos, visto que a política de Bolsonaro para a Amazônia é de apoio ao avanço do agronegócio, relaxamento das políticas de combate
ao desmatamento e facilidades na liberação de licenças ambientais. Um desastre.
O debate sobre as mudanças climáticas globais não podem ser encaradas pela ótica ideológica. Trata-se de desafios e oportunidades. Esta questão tem consequências sobre a humanidade, mas também oferece oportunidades, até porque somos um dos países com maiores chances de oferecer soluções, inovações e experiências, a exemplo da geração de energia a partir de biomassas ou do rápido crescimento das fontes limpas na matriz energética.
No acordo de Paris, assinado na COP 21, as nações desenvolvidas se obrigaram a investir cem bilhões de dólares por ano em políticas de compensação e mitigação. O Brasil é um dos maiores beneficiados com esta cláusula. Por este acordo, podemos captar bilhões de dólares para preservação de nossas florestas e ampliar as políticas de mudança energética em nossa matriz, abandonando a construção de hidroelétricas, por exemplo.
É por isso que, se fôssemos considerar o valor a ser gasto pelo Brasil, como argumentado pelos apoiadores do futuro governo, cem milhões de dólares não é nada. Falta a esta turma a noção real do papel e do tamanho do Brasil no
mundo. Falta, também, entender o que significa receber uma conferência deste porte. Na edição de 2018, na Polônia, dezesseis mil estrangeiros foram ao evento, com impacto significativo no turismo, mas o maior ganho está na
exposição do país na mídia internacional. Milhões de dólares em mídia espontânea positiva, a relação ganho e benefício para o Brasil seria infinitamente maior, sem falar em nossa capacidade de influenciar a agenda e
manter o papel de protagonista.
A negativa da COP 25 no Brasil expõe o primarismo enviesado e ideológico do novo governo na questão do clima e abre mão do papel que o Brasil sempre teve de protagonista e liderança mundial nesta área. Sairemos da condição de
liderança respeitada para nos submeter a um alinhamento subserviente ao atual governo americano, isso sem nenhum debate interno, jogando fora um capital político internacional acumulado por anos.
Os custos ambientais, sociais e econômicos desta guinada serão sentidos pelas atuais e próximas gerações. Infelizmente, é só uma parte dos grandes problemas que enfrentaremos por eleger um governo sem debates, sem conhecer suas propostas, sem construção de compromissos, motivados por ódio e fake news.
Gerson Marques é consultor e administrador de empresas

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Walmir Rosário
 

A notícia, como era de se esperar, causou indignação no meio rural, notadamente em Buerarema, município que vem sofrendo com as atrocidades praticadas por esse bandido travestido de indígena.

 
Conforme prevista pelo sábio jurista baiano Ruy Barbosa, no seu discurso no Senado Federal, ao reclamar das mazelas e injustiça cometidas pelo governo aos brasileiros, as nulidades continuam prosperando, no Brasil e, particularmente, na Bahia. Nesta nossa Bahia, como já dizia o ex-governador Otávio Mangabeira, “pense num absurdo, na Bahia tem precedente”.
E tem aos montes. Hoje, 30 de novembro de 2018, um desses absurdos está marcando para acontecer, justamente na Assembleia Legislativa da Bahia, que comete a leviandade de conceder uma honraria ao nefasto e falso índio conhecido como cacique Babau. E será exatamente a Comenda 2 de Julho, honraria maior da Bahia, que os deputados estaduais concederão ao promotor de badernas invasões, roubos e assassinatos de pequenos produtores da Bahia.
E, como era de se esperar, a comenda foi proposta por um deputado petista (sempre eles), o Marcelino Galo, que apoia todas as excrescências praticadas contra quem trabalha no campo para produzir alimentos e riquezas. A notícia, como era de se esperar, causou indignação no meio rural, notadamente em Buerarema, município que vem sofrendo com as atrocidades praticadas por esse bandido travestido de indígena.
E Buerarema foi uma das pouquíssimas cidades baianas a derrotar o petismo nas urnas, na eleição de 2018, numa demonstração clara e límpida de que não admite e nem esquece do sofrimento resultante da monstruosidade cometida por Babau e seus asseclas contra uma população honrada e trabalhadora. E absurdo maior é que contou com o apoio do governo petista da Bahia, do Brasil e até com representantes do Ministério Público Federal.
Como não poderia deixar de ser, a entrega dessa comenda – a 2 de Julho – é mais um escárnio na cara do povo baiano, instituída para homenagear pessoas que contribuíram para o desenvolvimento de nosso estado e do seu povo. A Comenda é destinada a pessoas de reputação ilibada e que possuam uma ficha limpa, responsáveis por atos de altruísmo e que vivam com dignidade.

Babau e o deputado Marcelino Gallo

Inversamente, como sempre faz e é da prática do Partido dos Trabalhadores (PT), foi destinada à pessoa mais imprópria para receber tamanha homenagem, haja vista o seu histórico nas instituições policiais e judiciais. Na verdade, o ato nefando perpetrado pelos deputados estaduais baianos é uma apologia ao crime, numa clara demonstração que no Brasil – notadamente na Bahia – o crime compensa.
O sentimento de sofrimento e a apreensão por que passa a população dos municípios de Ilhéus, Una, Buerarema e São José da Vitória não tem chegado aos conterrâneos vizinhos, que assistem, de camarote, a maior ação de banditismo já praticada no Sul da Bahia. Essas invasões e agressões praticadas por pseudos índios aos produtores rurais fariam corar os coronéis do cacau e seus jagunços, transformando-os em anjos de candura e bondade.
A crescente desmoralização do Estado nos traz a necessidade iminente de uma reflexão sobre tão importante tema na vida da sociedade moderna. Gerido por pessoas, o Estado, como uma instituição, deve estar acima do interesse de grupos ou partidos políticos, sob pena de ingressamos no poço sem fundo da anarquia. Mas, infelizmente, esse cuidado não tem sido objeto de preocupação do governo atual, ao contrário, é instado a servir como ferramenta para a consecução dos seus interesses.
Como disse na abertura desse escrito, a conhecida oratória de Ruy Barbosa no Senado Federal, como parte do requerimento de informações sobre o caso do navio Satélite: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto… Essa foi a obra da república nos últimos anos. No outro regime [Monarquia] o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem perdido para sempre. As carreiras políticas lhe estavam fechadas. Havia uma sentinela vigilante, de cuja severidade todos temiam a que, acesa no alto, guardava a redondeza como um farol que não se apaga… Em proveito da honra… da justiça… E da moralidade gerais.”
Nem passava pela cabeça do bravo povo de Buerarema, Una, Ilhéus e São José da Vitória perder tudo o que fizeram ao longo dos anos para bandidos travestidos de índios, com o beneplácito governamental, que ainda concede honrarias indevidas a quem nunca mereceu. Num país civilizado e cumpridor das leis, a homenagem correta ao Babau seria a cadeia. Mas essa é a vida! A guerra civil está perto de nós que nem notamos. Ou fazemos questão de não notar.
Walmir Rosário é advogado, radialista e jornalista, além de editor do Cia da Notícia.
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Cláudio Rodrigues
 
 

Durante a campanha eleitoral, o presidente eleito afirmou desejar um Brasil “semelhante ao que tínhamos há 40, 50 anos atrás”. Se voltarmos 50 anos, cairemos em 1968. Precisamos ter a esperança de que o futuro ministro da Justiça não faça como o colega e também ex-ministro Gama e Silva

 
 
1968 foi um ano conturbado, marcado por fatos que viraram de ponta cabeça o Brasil e o mundo. O jornalista e escritor Zuenir Ventura é um estudioso do referido ano. Em seu livro 1968: O Ano que não Terminou (Nova Fronteira – 1989), Zuenir cita importantes personagens, obras e músicas que fizeram parte do período.
Figuras emblemáticas como a atriz italiana e esquerdista Claudia Cardinale, o militante do MR-8 César Benjamin, “Cesinha”, que participou da luta armada, e Carlos Lamarca, “O Capitão da Guerrilha”, que militava na VPR e do MR-8 são personagens da obra de Zuenir. O livro faz referência a artistas que tiveram papel de suma importância nos anos que se passaram, a exemplo de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque e Geraldo Vandré, que agitavam os festivais com suas músicas. Já o teatro era a representação do momento peças como Roda Viva. Atraíam uma geração com muita fome e sede de cultura.
Na política, o Brasil vivia uma grande tensão, passados quatro anos do Golpe Militar. A censura, punições, cassações, tortura, exílio e repressão eram a marca do governo dos generais. Diante do Regime, os estudantes inspirados no movimento Maio de 68, que acontecia em Paris, sentiram a necessidade de criar um movimento estudantil articulado politicamente e crítico em relação à Ditadura Militar.
Ao movimento estudantil os militares responderam com mais e mais repressão, e em 13 de dezembro de 1968, no governo do general Artur da Costa e Silva, o seu ministro da Justiça Luís Antônio da Gama e Silva, foi o redator e locutor do Ato Institucional nº 5. O AI-5 foi o golpe dentro do golpe: fechava o Congresso Nacional, autorizava o presidente da República a cassar mandatos e a suspender direitos políticos, o habeas corpus deixava de existir, a censura estava oficializada e outras medidas repressivas foram adotadas.
Gama e Silva foi jurista, juiz do Tribunal de Contas, professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e reitor da mesma USP. Enquanto reitor da USP, elaborou a lista com nomes de professores universitários, colegas seus, que viriam a ser processados no Inquérito Policial Militar da USP, entre os quais Florestan Fernandes e Fernando Henrique Cardoso. Pelo papel de dedo-duro de Gama e Silva foi agraciado com o cargo de Ministro da Justiça.
Outubro de 2018! O deputado e capitão reformado do Exercito Brasileiro Jair Messias Bolsonaro é eleito presidente do Brasil, na oitava eleição direta pós-Ditadura Militar. O presidente eleito escolhe para chefiar a futura super pasta da Justiça o juiz de direito Sérgio Fernando Moro. Moro tornou-se uma espécie de “herói nacional” depois de ser o juiz da Operação Lava-Jato, que desvendou um esquema de corrupção que envolvia políticos e seus partidos, empreiteiros e grandes empresários.
Juiz de primeira instância, Sérgio Moro usou e abusou da prisão preventiva, sem previsão, para obter delações premiadas. As delações tinham aceitação e valia rápida quando envolvia pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores. Dessa forma o “juiz herói”, mandou para a cadeia figuras de proa do PT, incluindo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista era líder nas pesquisas de intenções de voto e maior nome da esquerda na América Latina, em uma ação muito questionada por juristas do Brasil e do exterior, inclusive o Comitê de Direitos Humanos da ONU.
Mesmo preso e impedido pela justiça brasileira de disputar o pleito de outubro último, o ex-presidente Lula e o Partido dos Trabalhadores lançaram seu candidato e a apenas a seis dias da disputa do primeiro turno das eleições o “juiz herói”, liberou parte da delação do ex-ministro dos governos petistas Antônio Palocci, delação rejeitada pelo Ministério Público Federal e aceita pela Policia Federal e o juiz Sérgio Moro. A divulgação da delação de Palocci fez a festa dos opositores do PT e por pouco o capitão reformado não levou a disputa já no primeiro turno.
Passado a eleição, o “juiz herói” é agraciado com o convite para assumir o Superministério da Justiça. Mais: o capitão reformado e presidente eleito diz, em entrevista à imprensa, que o trabalho do “juiz herói” o ajudou a crescer politicamente. Já o vice-presidente eleito, o general Hamilton Mourão, que não tem papas na língua, soltou que o convite ao juiz foi feito ainda durante a campanha, o que deixa uma imensa suspeita no ar em relação ao papel do “juiz herói” no processo eleitoral.

Durante a campanha eleitoral, o presidente eleito afirmou desejar um Brasil “semelhante ao que tínhamos há 40, 50 anos atrás”. Se voltarmos 50 anos, cairemos em 1968. Precisamos ter a esperança de que o futuro ministro da Justiça não faça como o colega e também ex-ministro Gama e Silva, uma vez que existem algumas semelhanças nos “méritos” que os levaram a chefiar a pasta. Zuenir Ventura acertou: 1968 é o ano que insiste em não terminar.

Cláudio Rodrigues é consultor e colaborador de Pimenta.

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Rosivaldo Pinheiro | rpmvida@yahoo.com.br
 

O Brasil e o mundo não aceitam a obscuridade como regra no exercício da governança, nem decisões que firam o estado democrático de direito e os tratados internacionais. A democracia exige a aceitação do contraditório e a tolerância às diferenças.

 
É perfeitamente compreensível a decisão democrática do voto. Sabemos que essa decisão ocorre, na maioria das vezes, por avaliações subjetivas do que por variáveis mensuráveis, embora o que os eleitores declamem seja que as escolhas estejam em sintonia com as propostas dos candidatos aos problemas que atingem a nossa vida individual e em comunidade. Fosse essa a verdadeira medida para a escolha, dificilmente teríamos na liderança das disputas e no pós-eleição tanta gente frustrando as expectativas dos eleitores Brasil afora.
No cenário atual, essa frustração leva a posicionamentos radicais. E parte significativa das pessoas parece, ultimamente, ter liberado os seus monstros interiores, o lado obscuro da personalidade – um espírito primitivo com um misto de irracionalidade, pondo em risco a nossa própria liberdade, face às tensões criadas por esses posicionamentos no ambiente social que nos cerca.
A discussão em curso exige um olhar mais aprofundado, uma superação do viés partidário quase sempre raso e fruto do maniqueísmo existente: o bem versus o mal. É preciso percebermos que o resultado das urnas por si só não garantirá ao eleito superar as divisões atualmente existentes.
Essa superação só se dará se o eleito conseguir se posicionar como líder representante de todos, condição necessária para que assuma o poder e seja revestido da autoridade que o cargo exige, adotando as prerrogativas necessárias e estabelecendo o conjunto de ações para a gestão do país num ambiente de normalidade, de paz social e com o devido respeito à independência e harmonia entre os poderes.
O Brasil e o mundo não aceitam a obscuridade como regra no exercício da governança, nem decisões que firam o estado democrático de direito e os tratados internacionais. A democracia exige a aceitação do contraditório e a tolerância às diferenças.
Rosivaldo Pinheiro é economista e especialista em Planejamento de Cidades pela Uesc.

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Ederivaldo Benedito | ederivaldo.benedito@gmail.com
 

O ambiente está claro e isso é salutar. Mostra que o Brasil – construindo verdades baseado em mensagens postadas nos aplicativos, informações manipuladas e distorcidas, em mentiras, falsas notícias, boatos – está fora do armário mostrando outra face. Tirou a máscara e não é apenas um inimigo oculto, à espreita, atrás da tela do celular.
 

A onda moralista pós-vitoriana que vem abalando o país em torno do chamado ‘kit gay’ bem que poderia alcançar todos os espaços da sociedade brasileira. Não se discute, aqui, ou questiona-se ou não a origem do ‘kit gay’ e a sua utilidade nas escolas infantis, mas os rumores que, nos últimos meses, o transformaram em debate nacional. Não se observa que a questão é a preocupação com o presente e o futuro das nossas crianças, mas que é a hipocrisia e o conservadorismo que estão se rebelando. Estão saindo do armário e se manifestando contra essa inusitada prática educacional.
Mas seria a discussão em torno do ‘kit gay’ uma excelente oportunidade para a nobre família de tradição judaico-cristã, defensora da moral e dos bons costumes, ampliar o debate além da questão de gênero e sexualidade que afeta os nossos pequenos tão ameaçados por influência de ideologias malsãs? Um momento apropriado para a discussão de temas tão ou mais graves como esse, a exemplo da violência no ambiente escolar, dos baixos salários recebidos pelos professores, da qualificação dos nossos docentes, da ausência cotidiana dos pais e responsáveis, e além, é obvio, da ocupação dos estabelecimentos de ensino por parte dos traficantes?
Seria pertinente uma discussão em torno desses temas, considerando que afeta o futuro do país, sendo nossas crianças, os futuros cidadãos, independente da orientação sexual delas? Afinal, sendo macho ou fêmea, os anjos não perdem sua essência angelical.
Ocorre que o problema é muito sério e a questão mais profunda do que se imagina, porque o ser humano é preconceituoso e, historicamente, o brasileiro sempre foi contra gay, preto, pobre, candomblezeiro, maconheiro, sindicalista, comunista, mulher, capenga, cego, favelado, prostituta, analfabeto, banguela, nordestino, anão, gordo, careca, cigano, mas estava no armário. E dentro desse armário tinha mais preconceito do que próprios gays, com ou sem kits. Mas esse preconceituoso, por variados motivos, não tinha coragem de dizer que é preconceituoso. Ocorre que, de repente, não mais que de repente, alguém despertou e empoderou esse discurso, fortalecendo o preconceito.
Ora, se o preconceituoso, com seu preconceito guardado a sete chaves, passa a ver e ouvir figuras públicas – aparentemente poderosas, acima da lei – falando que se pode fazer o que sempre quis fazer, ele entra nessa frequência vibratória. Vai até o armário e pega seu revólver, porrete ou soqueira, carregado de intolerância, ódio, rancor e sai por aí destilando tudo que estava guardado em todos que encontrar pela frente e que, teoricamente, seja diferente dele. Para a tristeza de Jesus Cristo e alegria de Adolf Hitler.
Ao fazer esses estragos, não sabe esse preconceituoso que, num país miscigenado como o Brasil, poderá ser ele também alvo dessa sua ação violenta, preconceituosa, perpetrada sob o pretexto de proteger a criança do desvirtuamento dos valores da família tradicional brasileira. Isto porque esse preconceituoso – apesar de ser parente, colega de trabalho, vizinho de um gay ou deficiente físico; de alguém com Síndrome de Down, autismo, dificuldades motoras ou anencefálicas – não gostaria de ter um filho com essas condições. Essa possibilidade lhe causa repulsa, grande mal-estar, assim como os portadores de HIV, os mendigos, os alcóolatras, os leprosos, as crianças dos orfanatos e os velhinhos dos abrigos. O preconceituoso sonha, imagina em viver numa suposta sociedade perfeita, produtiva, bonita, composta apenas por pai, mãe e filhinhos. Se eles são hipócritas, se agridem, se traem, se destroem, se matam, aí são outros quinhentos…
O fato é que a polêmica em torno do ‘kit gay’ não é totalmente inócua, muito pelo contrário. É rica, engrandece, enriquece o debate. Está nas ruas, nas escolas, nos locais de trabalho, nas Redes Sociais e as pessoas estão se manifestando. O ambiente está claro e isso é salutar. Mostra que o Brasil – construindo verdades baseado em mensagens postadas nos aplicativos, informações manipuladas e distorcidas, em mentiras, falsas notícias, boatos – está fora do armário mostrando outra face. Tirou a máscara e não é apenas um inimigo oculto, à espreita, atrás da tela do celular.
Mas o ideal seria que essa discussão – madura e coerente – fosse ampliada para outros temas, uma contribuição para a construção da nova Escola brasileira, o desenvolvimento de ações com base na Doutrina da Proteção Integral preconizada pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). O fortalecimento dos laços familiares, a luta contra a paternidade irresponsável e o acolhimento às abandonadas; o combate à pedofilia no ambiente familiar e a blindagem das nossas crianças às drogas. E mais: num país laico, heterogêneo, miscigenado, plural como o nosso – dá às nossas crianças uma formação humanista, respeitosa, cidadã para que no futuro elas possam colher bons frutos, olhar para trás e considerar que foi uma polêmica proveitosa e o ‘kit gay’, realmente, uma proposta abençoada.
Ederivaldo Benedito é jornalista, bacharel em Direito, licenciado em História e mestrando em Educação.

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Antônio Lopes || abcdlopes@gmail.com
 

Quatro séculos depois da “limpeza” promovida pelo colonizador, mostra Serra do padeiro…, os primitivos habitantes da região enfrentam os mesmos problemas do Quinhentismo. Neste primeiro quarto do século XXI, se não são reeditadas explicitamente as ações de Mem de Sá e Francisco Romero, cultivam-se, nem sempre de forma velada, as ideias daqueles matadores de índios.

Uma estória de espantar: sangue e suor, risos e lágrimas, crueldade e compaixão, assassinatos, caxixes, tocaias, coronéis e jagunços, a mata derrubada e a perseguição implacável aos donos da terra.  A narrativa de Waldeny Andrade (Serra do padeiro: a saga dos Tupinambás – Via Litterarum/2017) é emoldurada por esses elementos, mas centrada no ramo regional indígena Tupiniquim/Tupinambá, viés pouco valorizado em nossa ficção: salvo o ilheense Aracyldo Marques (Extermínio – Cátedra/1986), índios são personagens apenas tangenciados na literatura regional (a exemplo dos Camacãs, em Adonias Filho).
Extermínio e Serra do padeiro… concorrem num mesmo ponto, ambos ambientados no tema da luta pela terra, mas em épocas diferentes: Aracyldo situa seu romance no amanhecer da Capitania de Ilhéus, enquanto Waldeny desenrola uma trama que referencia Mem de Sá, assenta-se no século XX e chega aos dias de Rosivaldo Pereira da Silva, o cacique Babau.
O livro começa nos tempos em que o principal produto agrícola regional já se projetava como baliza de nossa economia – o cacau nasce promissor (“adubado com sangue”, na feliz expressão de Jorge Amado), adoece (diante dos preços aviltantes impostos pela Bolsa de Nova Iorque, ajudados pela visão estreita dos produtores ), entra em agonia (vitimado pela vassoura-de-bruxa) – e chega, alquebrado e trôpego, aos dias de hoje.
Quatro séculos depois da “limpeza” promovida pelo colonizador, mostra Serra do padeiro…, os primitivos habitantes da região enfrentam os mesmos problemas do Quinhentismo. Neste primeiro quarto do século XXI, se não são reeditadas explicitamente as ações de Mem de Sá e Francisco Romero, cultivam-se, nem sempre de forma velada, as ideias daqueles matadores de índios.
Em Serra do padeiro… bem poderia ser uma descrição marcada pela frieza da pesquisa histórica, mas vira leitura leve e agradável, com índios de feição romântica, à Gonçalves Dias e Alencar, além de remessas ao “bom selvagem” de Rousseau. Para completar essa escolha, forte pitada de amores impossíveis, como a bem-sucedida união do austríaco Klaud com a índia Bartira e, agora com sabor de tragédia, do índio Bel com Zu, filha de fazendeiro rico e racista. Ao queimar incenso no altar dos bons e levar os maus ao pelourinho (pelo menos, ao pelourinho da ficção), até mesmo um toque de misticismo, en passant, será magistralmente recuperado na última página.
A presença do índio Tupinambá na região é tema explosivo, em sentido literal, mas o pesquisador/romancista não se atemoriza nem se omite, criando uma espécie de livro vingador: em equilibrada combinação de romantismo, história e jornalismo de denúncia, ele nos faz lembrar famosa frase de Euclides da Cunha, quando o autor de Os sertões se proclamou “advogado dos pobres sertanejos assassinados por uma sociedade pulha e sanguinária”.
Waldeny Andrade se mostra advogado dos índios de todas as etnias, tendo por modelo os Tupinambás. Na pena do conhecido e respeitado jornalista, Buerarema (antes, Macuco) arde, como metáfora, no amor de alguns tipos ficcionais, e queima, literalmente, nas ruas, em confronto de índios e “brancos”, pela posse de área agricultável, sob o olhar nem sempre isento e responsável de forças armadas federais.
Serra do padeiro: a saga dos Tupinambás se identifica como livro de repórter desassombrado, que cultiva a polêmica, diz o que pensa, não alimenta conveniências e compadrios; em “cortes” da narrativa, o autor nos oferece, às vezes como grata surpresa, pequenos e oportunos editoriais, em que não faltam protestos contra a conduta inconveniente de autoridades, sobretudo os prefeitos de Buerarema.
Alegra-me um livro que, mesmo querendo ser romance histórico, inova o gênero, ao abrir espaço para a denúncia, a opinião e a reivindicação de uma comunidade sem voz: em Serra do padeiro…, o leitor fica sabendo que “a prefeitura de Buerarema sempre esteve distante, nas ações mais relevantes e primárias da cidade”. O poder público meteu os pés pelas mãos quanto ao conflito entre fazendeiros e índios, o meio ambiente está degradado, a via principal (Avenida Paulo Portela) tem nove açougues fétidos, “com a carne pendurada em ganchos e vísceras expostas em tabuleiros, na calçada”.  Até o trânsito, para uma cidade com pouco mais de 15 mil habitantes (segundo o censo do IBGE/2010), consegue ser absolutamente caótico.
Waldeny Andrade armou-se de muita coragem para produzir este trabalho que, imagino, não vai tornar o autor muito simpático em Buerarema. E é pena que assim seja, pois Serra do padeiro: a saga dos Tupinambás é um grande livro paradidático, pouco importa que leitura se faça dele: como romance, como história do município ou (a parte que “ofende” o lado mais conservador da sociedade local) como defesa dos Tupinambás. A quem não quiser ler Serra do padeiro…  como livro vingador, ainda resta lê-lo como livro cidadão.
Antônio Lopes é jornalista.

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Josias Gomes

Durante minha campanha, visitei mais de 100 municípios e fui apoiado por dezenas de prefeitos, vereadores, ex-vereadores e lideranças políticas da maioria dos 417 municípios baianos

Quero expressar meu orgulho pela expressiva votação do companheiro Rui Costa, que foi reeleito governador da Bahia, no primeiro turno, com 5 milhões 096 mil e 062 votos, correspondente a 75,50% dos votos válidos, uma das maiores vitórias ao governo do Estado em todo o Brasil.
Essa votação maciça demonstra o reconhecimento do povo baiano ao seu trabalho desenvolvido em todas as cidades de todas as regiões do Estado. Prova disso é que Rui Costa venceu seu principal adversário em 414 dos 417 municípios baianos.
O governador reeleito priorizou em sua primeira gestão as áreas da Educação, Saúde, Segurança Pública e Infraestrutura, beneficiando os moradores de todo o Estado, tanto os do interior como os de Salvador – onde obteve 893.669 votos (72,23%) contra apenas 23,62% do seu principal adversário.
Todos receberam tratamento igualitário, o que pode ser comprovado no reconhecimento dos moradores das cidades baianas.
Rui Costa também conseguiu eleger os dois senadores de sua chapa majoritária. O ex-governador Jaques Wagner (PT) foi o mais votado, com 4 milhões 253 mil e 331 votos (35,71%). Já o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), Ângelo Coronel, obteve 3 milhões 927 mil e 598 votos (32,97%).
Haddad venceu com folga na Bahia – O nosso candidato à presidência da República, Fernando Haddad 13, conquistou uma enorme votação na Bahia, obtendo 4 milhões 441 mil e 955 votos – 60,28% do total – contra apenas 23,41% de seu principal adversário. E essa votação de Haddad aumentará expressivamente no dia 28, quando acontecerá o segundo turno da eleição presidencial, para varrermos para o lixo da história a ameaça totalitária do candidato reacionário, que ataca as mulheres, os negros, os nordestinos, os pobres, e as minorias do movimento LGBT, entre outros setores da população brasileira.
Quero aqui também agradecer aos eleitores baianos, que votaram na minha candidatura Josias Gomes 1312 a deputado federal. Renovei meu mandato com 115.571 votos obtidos em toda a Bahia.
Fui o sétimo candidato mais votado da bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) e o 14º entre os 39 deputados eleitos pela Bahia para a Câmara Federal.
Durante minha campanha, visitei mais de 100 municípios e fui apoiado por dezenas de prefeitos, vereadores, ex-vereadores e lideranças políticas da maioria dos 417 municípios baianos. Também participei ativamente da campanha do governador Rui Costa, reeleito com 75,50% dos votos válidos.
Quero agradecer a todos os prefeitos, vereadores, e lideranças políticas de toda a Bahia, que caminharam junto comigo nesta árdua campanha. Também aos candidatos a deputado estadual com quem fiz dobradinhas, e ao povo da maioria dos 417 municípios baianos – em especial aos moradores daquelas 402 cidades em que fui votado.Isso tudo possibilitou essa minha expressiva votação.
Agora é arregaçar ainda mais as mangas da camisa e prosseguir com meu trabalho, que visa promover o desenvolvimento econômico e social dos municípios baianos e a melhoria de vida dos trabalhadores desta querida Bahia.
Neste momento, convoco todos os baianos a se empenharem ainda mais para garantir a vitória de Fernando Haddad (PT) como presidente da República no segundo turno da eleição que acontecerá no dia 28 deste mês.
Isso é fundamental para derrotarmos a direita, que já tirou muitos benefícios dos trabalhadores brasileiros, e garantirmos a defesa da democracia contra a ameaça totalitária representada pelo adversário de Haddad 13.
Josias Gomes é deputado federal reeleito pelo PT da Bahia com 115.571 votos.

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Jorge Khoury
 

Implementar a Lei Geral da MPE é considerado pelo Sebrae como o passo inicial para se obter um ambiente favorável aos pequenos negócios. Contudo, o instrumento alcança apenas 40% dos 417 municípios baianos.

Hoje é dia de celebrarmos a força da micro e pequena empresa (MPE). Mas também é dia de reafirmarmos o nosso compromisso com esses empreendimentos que representam 93% do tecido empresarial baiano. São mais de 686 mil micro e pequenos negócios distribuídos pelo estado, sendo 408.113 formalizados como microempreendedores individuais.
Segundo dados do Caged, de janeiro a agosto de 2018, foram criados mais de 22 mil postos de trabalho pelos pequenos negócios na Bahia, que respondem por 25,4% do PIB do estado. As MPEs também revelam seu dinamismo, estando presentes em todos os setores econômicos, na vida rural e urbana.
Por isso, neste Dia da MPE, às vésperas das eleições, convocamos os próximos gestores públicos, no executivo e no legislativo, para também assumirem o compromisso de fomentar um ambiente favorável ao empreendedorismo no estado.  Abraçar esta causa é trabalhar para a geração de emprego e renda, desenvolvendo a economia dos municípios dinamizada pelos pequenos negócios.
Implementar a Lei Geral da MPE é considerado pelo Sebrae como o passo inicial para se obter um ambiente favorável aos pequenos negócios. Contudo, o instrumento alcança apenas 40% dos 417 municípios baianos.  Vale ressaltar que a Bahia ainda não possui a sua própria Lei Geral, importante para a integração de processos de licenciamento, para melhorias tributárias, acesso a compras públicas, educação e inovação.
A Lei Geral é fruto do Estatuto Nacional da Micro e Pequena Empresa, criado em 5 de outubro de 1999. Por isso, neste 5 de outubro é celebrado o Dia da MPE, o que torna a data ainda mais oportuna para reiterarmos nossa missão para com os pequenos negócios.
É por sua força e por serem fonte de renda e serviços para milhões de famílias e trabalhadores, que o desenvolvimento e a sustentabilidade dos pequenos negócios são fundamentais para a justiça social. Em nome dos empreendedores baianos, reafirmamos aos futuros governantes que as MPE são fundamentais para uma Bahia mais próspera e desenvolvida.
Jorge Khoury é superintendente do Sebrae na Bahia.

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Wallace Setenta || catongo70@gmail.com
 

Os industriais – processadores e chocolateiros – sabem o quão falaciosas, inconsistentes e dissimuladas eram essas premissas, mas delas faziam uso para sedução dos produtores de cacau. Deu no que deu… É hora de encontramos novos caminhos.
 

Conhecemos bem as ameaças internas e externas, como também as virtudes e desacertos da nossa cacauicultura baiana estabelecida ao longo de dois séculos e meio de história. Daí a apreensão, quando a Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) oferece ao Governo Federal um “Plano de Crescimento 2028” para a cacauicultura brasileira, abordado sob os aspectos: a] Gigante adormecido [Eduardo Bastos]; b] Novas fronteiras para sustentabilidade [Tim Mccoy]; c] CocoAction Brasil [Pedro Ronca]; d] Protagonismo da Bahia e do Pará; e] Plano de crescimento para 2028; f] Solução para o endividamento.
Fiquei feliz e não. Tenho críticas ao Estado pela ausência e à condução das ações e políticas públicas como pelas suas gestões e ingerências na região cacaueira. Sendo assim, gostaria de entender melhor tamanha generosidade por parte daqueles que representam o “elo mais forte” [economicamente] da tão desigual cadeia produtiva do cacau.
Ressalvamos ser enorme o esforço necessário para alcançarmos um “consenso compartilhado por objetivos comuns” para a finalização dum Plano de amparo a cacauicultura e aqui vai apenas como colaboração, 3 pontos básicos para a reestruturação do rural sul-baiano em bases sustentáveis; 1] preservação e conservação dos recursos naturais; 2] produção agrícola e de serviços ambientais; e 3] agroindustrialização – todos eles esmiuçados nas suas complexidades [do antes, do durante e do depois] a partir do estabelecimento rural, só assim conseguiremos agregar competências para colocar a atividade em movimento, propondo políticas públicas consistentes e a serviço de todos.
Uma ação desgarrada como esta, não fica bem perante a nova sociedade cibernética globalizada, de comunicação rápida e intensa, do diálogo aberto, franco e democrático, justo e partilhado por todos, no sentido de uma convivência comum e solidária.
Mas de uma coisa fiquemos certos, os pressupostos do modelo econômico central nos quais se baseavam a “velha cacauicultura”, nenhum deles hoje, não nos parece mais convincente. Entretanto podemos executar uma transição sem percalços, corrigindo nossos erros em função do melhor desempenho e eficiência para sustentabilidade do agroecossistema local, e alcançarmos à 2028 como parte de um entendimento civilizado comprometido com novos paradigmas e assim sendo, não mais com posições hegemônicas.
Os industriais – processadores e chocolateiros – sabem o quão falaciosas, inconsistentes e dissimuladas eram essas premissas, mas delas faziam uso para sedução dos produtores de cacau. Deu no que deu… É hora de encontramos novos caminhos.
Wallace Setenta é presidente do Sindicato Rural de Itabuna.

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Wallace Setenta | catongo70@gmail.com
 

A região cacaueira necessita recordar sua própria história para não repetir os mesmos erros.

 
Sob a perspectiva do desenvolvimento rural regional, vivemos o momento em três tempos: uma história passada fecunda em seus ensinamentos, um presente conturbado e um futuro que possamos compartilhar. Recordar é um exercício de sabedoria e de prudência; os erros e acertos estão esculpidos nos acontecimentos ocorridos neste tempo.
No decorrer de 250 anos, a Cabruca [como técnica social] em contraposição ao produtivismo, irrompe com aperfeiçoamentos de base destacando as expectativas culturais, sociais e ambiental, postulados que serviriam para abrandar o aprofundamento exclusivista das técnicas produtivistas, consolidadas a partir de 1958, que na acepção dos termos passariam a prevalecer.
O “Quinquênio de Ouro do Cacau” – tornou-se símbolo desta nova etapa da cacauicultura empreendida pela Ceplac, refletindo uma análise meramente capitalista de desempenho do cacau, e acenando com a prosperidade geral se houvessem sacrifícios. Como resultado fragilizou a resiliência da cacauicultura [fundada na Cabruca] e provocou rupturas entre o tradicional [a Cabruca] e a moderna tecnologia.
Esse discurso foi tão poderosa que todos sucumbiram, abrindo mão de conquistas históricas e culturais reveladas através da Cabruca o derradeiro bastião de resistência àquela magia.
Era um falso “desenvolvimento conservador”, crendo que o avanço da tecnologia resolveria todas os problemas, trazendo a prosperidade eterna. Havia a sensação de que a tecnologia resolveria todos os males. Não irá. Quem poderá resolver é o consenso compartilhado por um objetivo comum. É a capacidade de colocar novamente a história em movimento, colocando a política a serviço de todos.
Quando veio a crise de 1988, o castelo de cartas veio abaixo. Constatou-se, então, a fragilidade da “nova cacauicultura”, a extraordinária concentração de renda no período, o analfabetismo, o desleixo com os recursos naturais e o desrespeito pela história e a cultura Grapiúna.
A região cacaueira necessita recordar sua própria história para não repetir os mesmos erros. Isso pode nos dar nova “esperança”. Sou muito otimista de que possamos nos erguer de novo com essa esperança.
Wallace Setenta é presidente do Sindicato Rural de Itabuna.

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Cláudio Rodrigues
 

Por prepotência, a emissora dos Marinhos mandou às favas a saúde das “crianças esperança” de todo o Brasil.

O portal de notícias UOL, do Grupo Folha, no dia de hoje (14/9), traz matéria sobre o boicote da Rede Globo, líder de audiência em TV aberta no País, à Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo e a Paralisia Infantil.  A alegação da “Deusa Platinada” para não veicular a campanha foi a presença de personagens de mídias concorrentes, no caso a Galinha Pintadinha e a apresentadora Xuxa Meneghel.
Os VTs a serem veiculados tinham Zé Gotinha ao lado da Galinha Pintadinha, de um personagem do game “Just Dance” e de Xuxa, madrinha da campanha, em dois momentos: nos anos de 1980, quando era uma das estrelas da programação global e agora depois de ser contratada pela Record. André Timóteo, executivo de Negócios da emissora, alegou que não seria possível apresentar os comerciais por uma série de restrições.
Em relação à Galinha, “além do Canal Youtube, é um desenho animado disponível em plataformas de streaming. Sendo assim, não pode ter veiculação na Globo”. Sobre a Xuxa, o executivo afirmou: “a TV infelizmente recusa mensagens publicitárias com personagens de programas da Globo ou que tenham a finalidade de evocar determinado personagem ou programa da Globo ou emissoras concorrentes”.
Como é do conhecimento geral, a Campanha de Vacinação alcançou números muito abaixo do esperado. A meta de imunizar 95% do público alvo, chegou a menos de 75%, o que obrigou o Ministério da Saúde a prorrogar a campanha até a data de hoje. Por prepotência, a emissora dos Marinhos mandou às favas a saúde das “crianças esperança” de todo o Brasil.
Nenhuma emissora de rádio ou TV brasileira é dona do canal em que sua programação é exibida. Todos os canais de sinal aberto pertencem ao Estado e são concedidos temporariamente às emissoras, via processo de licitação. Sendo assim, a Globo não poderia rejeitar a veiculação dos comerciais da Campanha Nacional de Vacinação por um pretexto tão fútil.
Os candidatos ao Palácio do Planalto e ao Congresso Nacional deveriam aproveitar o momento da campanha eleitoral para discutir a Regulamentação da Mídia. O debate sobre a regulamentação dos meios de comunicação se faz necessário. Não se trata de controlar os veículos e impedir criticas ao mandatário de plantão.
A radiodifusão é um serviço público e tem que ser prestado com base no interesse público e não no interesse quase que exclusivo de certos grupos da sociedade. A mídia eletrônica representa um setor econômico dos mais importantes do país, por isso, precisa de regras para o seu funcionamento, para coibir a formação de oligopólios ou de monopólio.
Vale lembrar que alguns artigos da Constituição de 1988 que tratam do setor não foram regulamentados até hoje pelo Congresso. Essa discussão tem que entrar na pauta do próximo governo, para evitar que o alter ego dos chefões da mídia prevaleça sobre o interesse público.
Cláudio Rodrigues é consultor de empresas e de comunicação.

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Walmir Rosário | wallaw2008@outlook.com
 

Com o numerário ganho nas lutas (principalmente essa) em Eunápolis, Tarzan voltou a ser o Dal Broa, abandonando as lutas e se tornando comerciante do ramo de bebidas e comidas de sustança em Itabuna, no conceituado Mocotó do Tarzan.

De início, um aviso aos navegantes: Dessa história, eu somente conhecia uma pequena parte, que assisti e presenciei com atenção. O restante me foi passado pelo memorialista Raimundo Antônio Tedesco, que conhece, de cor e salteado, fatos pretéritos e atuais passados e acontecidos tanto em Buerarema (desde que ainda atendia pelo nome Macuco) como em Canavieiras, já devidamente corrigidos e melhorados.
Estando eu em Eunápolis lá pelo começo década de 1970, num dia desses de folga, fui convidado por um amigo a assistir a uma contenda que prometia ser a do século, pelo alto grau e patente dos lutadores. De um lado, Tarzan, o sanguinário dos ringues, um itabunense que também atendia como Dal Broa, consagrado goleiro do Botafogo do bairro Conceição, que abandonou o gol e assumiu a luta livre.
Do outro lado do córner, um atleta, se é que poderia assim ser chamado, baixinho, magro, porém esbelto e com músculos aparente, apresentado como uma das revelações para a renovação do boxe sulbaiano. Embora amador, e sem um histórico de lutas (cartel) que metesse medo nos adversários, diziam que fora formado nas academias de boxe de Canavieiras, e que prometia galgar a carreira rivalizando com o galinho Éder Jofre.
À época, Eunápolis não se parecia nada com a metrópole de hoje, embora já fosse um próspero centro comercial e de serviços, sem contar com o grande número de indústrias madeireiras. Corria muito dinheiro, mas era pobre na área de diversões, o que fazia com que uma contenda de luta livre se tornasse, realmente, o evento do século para diante do escasso calendário de diversões.
Era só o que se falava em toda a cidade, com discussões e apostas, sempre com uma margem favorável a Tarzan, o sanguinário dos ringues, que reinava sozinho no próspero povoado, o maior do mundo, como se orgulhavam. Tarzan, todos conheciam, e seus feitos já ultrapassavam “as fronteiras”, principalmente após derrotar, nos primeiros rounds, dois lutadores de Itamaraju, vencedores nos estados do Espírito Santo e Minas Gerais.
Do outro lado, os que torciam contra Tarzan queriam vê-lo derrotado, justamente por um atleta iniciante, boxista, peso-leve, como o ídolo Éder Jofre, que poderia se mover de forma incessante no ringue, até cansar o adversário. Nas constantes discussões, o lutador canavieirense era ressaltado pela sua jovialidade, e que desbancaria um lutador gordo, fora de forma e ultrapassado. Seria questão de minutos, diziam.
Parecia até coisa do destino, quando na sexta-feira chegou a Eunápolis um funcionário do Banco do Brasil, que ao tomar conhecimento da luta, exaltou os feitos do lutador canavieirense, aumentando o interesse e o ranking de aposta. E a luta passou a ser destacada como a “guerra” entre Davi e Golias, na qual o pequeno venceria o gigante, exatamente como estava escrito na Bíblia.
E esse zeloso funcionário do Banco do Brasil contou passagens da vida pregressa do galinho canavieirense, mostrando sua evolução física, desde que deixou o distante povoado do Pela Jegue, onde morava até chegar ao Três Xis, na cidade de Canavieiras. Já àquela época, disse que ele não levava desaforo para casa, e era um “Ás” nas brigas e lutas, perdendo apenas uma, por nocaute, para o Crente da Pipoca, mas que não seria uma mancha em seu currículo, o que aumentou seu cacife na banca de apostas.
À noite de sábado, num movimentado bar, próximo às casas de diversões noturnas, chegaram a levantar suspeitas da luta, que seria uma armação, com a finalidade de ganhar dinheiro. O que perdesse pediria revanche, e uma nova luta seria realizada no próximo domingo, com a renda dividida entre eles, inflamando ainda mais o debate, e por pouco não chegariam às vias de fato, não fosse a turma do deixa disso.
Domingo à tarde, ambiente lotado, como nunca foi visto, cerveja, whisky e outras bebidas rolando pelo salão, eis que chegam os lutadores, cada um com sua torcida, levando a plateia ao delírio. Roupa trocada, sobem ao ringue, o árbitro passa o regulamento e eles partem para o primeiro round, com fortes investidas do galinho boxeador para cima de Tarzan, o sanguinário dos ringues.
Soa o gongo, cada um para o seu córner, tomam água, molham a cabeça e voltam ao centro do tablado. De novo, o galinho canavieirense investe em Tarzan, que experiente, começa a se esquivar e rodar pelo ringue. Volta e meia, quando vê a guarda aberta, aplica uns diretos no fígado. No terceiro round, o galinho boxeador já não volta com tanto ímpeto recebe mais uma meia dúzia de ganchos no fígado e perde a mobilidade.
Experiente, o Tarzan abre a guarda, oferecendo a cara para o galinho boxeador, que cai no lero do esperto lutador, que inicia uma série de golpes até derrubar o adversário, que cai e não consegue mais levantar. A plateia foi ao delírio e chamaram um médico para atender o atleta, que sequer conseguia respirar. Medicado, foi aconselhado a ir ao hospital tomar duas injeções e se recolher ao descanso do lar por semanas. E assim foi feito.Leia Mais

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Davidson Brito | davidson_brito@yahoo.com.br
 
 

O exemplo das mobilizações da juventude contra o aumento da tarifa precisa se alastrar por toda cidade, servindo como lição de que unificando todas e todos os trabalhadores com a juventude, nós podemos arrancar grandes vitórias.

 
Em meados de 2015, após assumir o Ministério da Educação, uma declaração feita quatro anos antes por Cid Gomes (PDT) ganhou grande repercussão em todo o país. O recado foi direto para professores que estavam em greve há 24 dias no Ceará. “Quem entra em atividade pública deve entrar por amor, não por dinheiro”, disse, em 2011, o então governador.
Tal declaração gerou diversas reações nos mais variados agrupamentos sociais. O que sem dúvidas, nos remete à algumas reflexões importantes no atual contexto que vivemos em Itabuna. Isso porque, mesmo depois de anos terem se passado, e embora nenhum outro governante tenha feito uma defesa pública sobre tal afirmação, na prática a situação é bem diferente.
O QUE FERNANDO TEM A VER COM ISSO?
O prefeito Fernando Gomes (sem partido) foi eleito em 2016 com o refrão “Foram me chamar, estou aqui, o que é que há?”. Seria uma clara demonstração que voltava para resolver os problemas do povo. No entanto, chegando à quase metade do seu mandato, verifica-se um caos quase que total nos serviços essenciais básicos, como a saúde e educação, além, é claro de todo autoritarismo e falta de democracia com o servidores municipais. Em alternativa, o beneficiamento dos grande empresários é cada vez maior.
Ainda em 2017, quando seu governo mal tinha começado, o mesmo já tinha que dar explicações, após acusações do Ministério Público, que indicou nepotismo, após sua esposa e um sobrinho assumirem, respectivamente, as secretarias de Assistência Social e de Administração, respectivamente. Se já não bastava ser o segundo prefeito com maior salário na Bahia, o mesmo resolveu fazer dos cofres públicos uma fonte de enriquecimento para sua família.
Ainda insatisfeito, faz uma verdadeira farra com o dinheiro público, ocupando a folha de pagamento com uma lista exorbitante de cargos comissionados, privilegiando contratos de aluguéis e de coleta de lixo astronômicos, como forma de fortalecer seus pares, os grandes empresários.
Do outro lado dessa história, estão professores, servidores e o povo de um modo geral. Assim, o prefeito leva à risca a  declaração de Cid Gomes, deixando parte dos servidores sem salários e em uma busca abusiva em tentar aprovar a mudança no regime jurídico de trabalho, demonstra sua nítida tentativa em retirar direitos com a desculpa de ter que ajustar as contas da prefeitura.
CUIDAR DAS PESSOAS OU DOS VEREADORES?
Durante a campanha eleitoral, o prefeito ficou ainda mais conhecido pelas suas muitas promessas, entre elas a afirmação de que “prefeito num pode fecha culejo, tem que abri culejo”. Ganhou destaque não só pelo seus erros gramaticais. A grande maioria de suas promessas nunca foi cumprida. Ao contrário, “culejos” foram fechados, unidades de saúde ou fecharam ou funcionam em situação precária, a insegurança é uma realidade e o prefeito é, hoje, o maior inimigo dos servidores público municipais.
Buscando controlar toda a crise política que o governo vive, era preciso encontrar aliados. Para isso, o líder do Centro Administrativo Firmino Alves optou por deixar as pessoas de lado e “cuidar” dos vereadores, assim, cuidando dos seus interesses e de seus aliados. Para isso, saiu distribuindo cargos na prefeitura e autorizando os pedidos de providências de acordo com suas alianças. O reflexo disso, é a tramitação do projeto de lei que altera o regime jurídico de trabalho dos servidores, que mesmo contra a vontade da categoria, encontrou na maioria dos vereadores o caminho para aprová-lo em uma primeira votação na câmara.
A LUTA ORGANIZADA É O CAMINHO!
Se é bem verdade que a falta de educação do governo é tamanha, por outro, as e os servidores não ficaram calados diante destes ataques. Ao contrário, demonstram uma grande disposição de luta. A mobilização é emblemática, sendo inúmeras as paralisações, com ocupação da câmara, diversas manifestações de rua e greve, com amplo apoio da população.
Os vereadores e o governo balançaram. O povo sabe que são os professores e os servidores que realmente cuidam das pessoas e não Fernando. Apesar disso, os ataques continuam e a mobilização segue firme.
O principal desafio nesse momento é unificar todas as lutas em curso em nossa cidade. O exemplo das mobilizações da juventude contra o aumento da tarifa precisa se alastrar por toda cidade, servindo como lição de que unificando todas e todos os trabalhadores com a juventude, nós podemos arrancar grandes vitórias.
Davidson Brito é membro do Comitê Local em Defesa da Educação Pública – Litoral Sul/BA.