GEDDEL CRITICA IMPRENSA, WAGNER E ADESISMO

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Geddel: elogios ao PCdoB e críticas a opositores.

O ex-ministro Geddel Vieira Lima aproveitou o domingo para visitar o sul da Bahia, onde prestigiou uma grande festa de aniversário do ex-vice-prefeito de Itabuna, João Xavier (PMDB). E destilou contra antigos desafetos, o adesismo de deputados estaduais e a imprensa.

O ex-ministro concedeu entrevista ao Blog do Gusmão e disse que deputados estaduais eleitos na oposição ao governo de Jaques Wagner esqueceram os seus papéis em um regime democrático. “Ficam sempre atrás de um emprego, uma colocação. Aí termina todo mundo aderindo”.

O PMDB é das legendas que mais têm sofrido com a onda adesista. Por enquanto, pelo menos três dos seus deputados estaduais podem integrar a bancada governista na Assembleia Legislativa.

Apesar do cenário atual de ampla maioria governista, Geddel diz crer numa mudança mais à frente. “Acho que [essa movimentação] tem vida curta. Apesar da força aparente do governo, ele tem feito poucas obras, investimentos. Tem se sustentado no jeito do governador, na propaganda e no governo federal. Cadê a duplicação da rodovia Ilhéus-Itabuna? Cadê a barragem de Itabuna?”.

Geddel, também, aproveitou para fazer “marketing pessoal” durante as estocadas. “As duas grandes obras na região foram liberadas por mim, como ministro da Integração Nacional”. As obras citadas por ele são a cobertura do Canal da Amélia Amado, em Itabuna, e a contenção de encostas em Ilhéus. O ex-ministro assumirá o cargo de vice-presidente Pessoa Jurídica da Caixa Econômica, na próxima terça (12).

As estocadas também foram desferidas contra um antigo desafeto, o ex-prefeito itabunense e deputado federal Geraldo Simões. “Vi [numa entrevista] Geraldo Simões tecer tantos elogios a Renato Costa que imaginei que ele fosse lançar a candidatura de Renato”.

Para o comandante da nau peemedebista, o partido deve ter candidato próprio em Itabuna, mas precisa sentar e discutir alianças para 2012. “No caso de alianças, Davidson Magalhães (PCdoB) é a prioridade do PMDB. É alguém que sinaliza que quer apoio, mas também que pode apoiar. O projeto de Geraldo já teve sua vez. É hora de virar essa página”.

Por último, Geddel também afirma que a imprensa baiana “perdeu  um pouco a capacidade de crítica” em relação ao governo Wagner.  “O governador só faz política. Cara de bom moço, jeito de bom moço, mas a gestão, nada”. Ele também criticou o ritmo lento das obras do Porto Sul. “Eu torço para que dê certo, mas vai tudo muito lentamente, até pelo jeito do governador, que é muito maneiroso, jeitoso, mas de pegar no trabalho mesmo, não creio”.

Ouça a entrevista

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Um vereador de Barro Preto é procurado pela polícia por ter atropelado uma criança de seis anos e omitido socorro. O acidente ocorreu por volta das 10h30min, no quilômetro 35 da BR-415, trecho Itabuna-Ibicaraí, em frente ao parque de exposições Antônio Setenta.

Adriele Carvalho de Souza foi encaminhada para o Hospital Manoel Novaes, em Itabuna, com suspeita de traumatismo craniano. Ela ainda iria passar por exames em um hospital de Ilhéus para confirmação ou não do diagnóstico feito pela médica Maria do Socorro Rodrigues.

O carro Fiat Pálio, placa MQU-1549, seguia no sentido Itabuna-Ibicaraí quando atropelou a criança. O vereador ainda não foi identificado, mas testemunhas fizeram a descrição dele. O político suspendeu os vidros do carro e fugiu do local. Depois, uma pessoa ligada ao atropelador, ligou para a polícia tentando justificar a omissão de socorro. Três pessoas estavam no veículo, conforme testemunhas.

A Polícia Rodoviária Estadual encontro no Fiat Pálio uma bolsa com documentos e vários cartões de crédito ainda lacrados e bloqueados. Dentre os documentos, também foi encontrada uma carteira de parlamentar e de motorista, categoria A, em nome do ex-prefeito e ex-vereador José Hélio dos Santos.

A polícia checou a situação do carro e, também, de José Hélio, contra quem foi identificado um mandado de prisão, informa o repórter Costa Filho, da rádio Jornal. As investigações iniciais apontam que o veículo do acidente pertence ao vereador barro-pretense Gideon Ribeiro (PV). A polícia trabalha para saber se era ele mesmo quem estava ao volante.

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A Justiça soltou uma mulher acusada de roubar suplemento alimentar numa farmácia no centro de Ilhéus. Maria Solange Oliveira da Silva afirma que roubou o produto porque não tinha os R$ 50,00 do medicamento para uso próprio. O suplemento teria sido receitado após consulta médica. Ela diz ter problema de calcificação óssea.

Ela foi presa por uma guarnição da PM, na última segunda (4), e somente foi liberada na sexta-feira (8). A juíza da 1ª Vara Crime de Ilhéus, Jeine Vieira Guimarães, garantiu a liberdade da mulher. A marisqueira enfrenta problema de calcificação óssea e sustenta seis filhos, sendo um deles pessoa com deficiência.

Funcionários da farmácia afirmaram à polícia que Maria Solange e mais um jovem teriam roubado vários medicamentos. O delegado Fábio Simões afirma que não se tratava de xarope, mas suplemento alimentar usado para reforço muscular.

A advogada Lucinéa Cerqueira assumiu a defesa da mulher ao ler o caso da vítima na internet (confira AQUI). “Ela chorava o tempo todo e percebi que se tratava de pessoa extremamente necessitada, só sabia assinar o nome”, disse a advogada ao PIMENTA. Maria Solange reside às margens da rodovia Ilhéus-Itabuna, em Ilhéus, na beira do Rio Cachoeira, de onde tira o sustento da família.

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A cena aconteceu em frente ao IME, no centro de Ilhéus, um dos locais de provas do concurso público que deveria ocorrer hoje.

Repórter experimentado, mais de 20 anos de estrada, se dirige a um dos candidatos revoltados com a desorganização e falta de informação do concurso. Pede uma entrevista. O homem vira, de imediato. Sem se importar com os concorrentes, ar sério, solta:

– Vai pagar quanto de comissão?

O repórter capta o espírito da (ou do) coisa, e responde:

– Rapaz, tomara que você não faça o concurso. E, se fizer, que perca. A sociedade vai ficar mais tranquila.

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Torcida do Ipitanga ocupou lugar da do Colo-Colo (Foto Anabel Mascarenhas/Pimenta).

O rebaixado Colo-Colo despediu-se do Campeonato Baiano 2011 com vitória e confusão no estádio Mário Pessoa, há pouco. O Tigre Ilheense bateu o Ipitanga, por 1 a 0, em um estádio vazio. O gol da equipe foi marcado por Felipe Daltro, ainda no primeiro tempo. Já em Feira de Santana, o Flu empatou com o Juazeiro em 1 a 1. Colo-Colo e Juá caíram para a Segundona.

A confusão no estádio Mário Pessoa aconteceu no final da partida. Jogadores do Ipitanga e o massagista Carlos Henrique, do Colo-Colo, entraram em confronto. Foi necessário a intervenção da polícia militar. O jogador Flávio, do Ipitanga, foi assistido por médicos após ser atingido por golpes de cassetetes desferidos por policiais.

O presidente do Ipitanga, Renato Brás, disse que tomará providências e denunciará os policiais. Ele disse que a polícia deveria prender não jogadores, mas a equipe de arbitragem. A equipe do Ipitanga foi favorecida pelo empate entre Juazeiro e Flu de Feira e, assim, permanece na primeira divisão.

Havia mais policial do que torcedor no adeus do Tigre (Anabel Mascarenhas/Pimenta).
Imagem para a "posteridade": a equipe rebaixada (Anabel Mascarenhas/Pimenta)
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Moradores da Mangabinha, em Itabuna, reclamam de uma obra nos fundos do Centro de Cultura Adonias Filho (CCAF). Os restos de construção têm como destino a calçada, situação que perdura há mais de dois meses. Para completar o cenário, a vizinhança joga lixo doméstico no local. Uma imundície só. Acionada por alguns moradores, a prefeitura ainda não “deu as caras” por lá.

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Os produtores de shows em Itabuna entraram em alerta com o derrame de ingressos falsos na cidade. Somente em um show realizado na boate Bunker, na última sexta (8), a bilheteria contou mais de 400 ingressos falsificados.

A polícia prendeu pelo menos um cambista envolvido com o esquema. Conhecido como Milton do Passe ou “Venha”, o cambista foi preso em flagrante com ingressos falsos na porta da boate. O prejuízo dos produtores com os ingressos falsos ultrapassa R$ 12 mil.

Os promotores de shows já falam em apertar o cerco para evitar maiores prejuízos. O alerta é para que o público somente compre ingressos em pontos autorizados. A qualquer show, estes pontos serão informados previamente. O esforço agora é para saber onde funciona a indústria da falsificação dos ingressos na cidade.

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O Colo-Colo se despede da primeira divisão do Campeonato Baiano neste domingo (10) em partida contra o Ipitanga, no estádio Mário Pessoa. A partida está marcada para as 16h. O clube é o último colocado do Torneio da Morte, quadrangular que reúne os piores times dos grupos 1 e 2 da fase de classificação do campeonato deste ano.

Agora, falta apenas a definição de quem acompanhará o Tigre Ilheense na queda para a Segundona, se Ipitanga ou Juazeiro. O Fluminense de Feira, com 10 pontos, já está matematicamente garantido na primeira divisão. O Colo-Colo conseguiu ganhar apenas uma das cinco partidas disputadas até aqui no Torneio da Morte.

Abaixo, duas charges animadas feitas pela fera ilheense Tiago Hoisel, lembrada por Risomar Lima. Era uma homenagem ao Colo-Colo, quando o Tigre Ilheense bateu o Vitória em pleno Barradão, em Salvador, e levou o primeiro turno e o título do Baianão 2006. Leitores do PIMENTA, é de arrepiar ver as imagens-conquistas do passado e constatar o presente não só do futebol da Terra de Gabriela, mas do sul da Bahia. Confira.

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Candidatos reclamam de desinformação e organização de concurso (Foto Maurício Maron/Bahia Online).

Desorganização. Revolta. Sentimento de abandono. Neste domingo (10), pela manhã, muitos candidatos chegaram ao local de provas do concurso público da Prefeitura de Ilhéus, sem que tivessem a exata noção do que estava acontecendo. As escolas estavam vazias. Os portões, fechados. Não havia, sequer, um funcionário da empresa ou da Prefeitura para informar os motivos.

Suspenso ontem à tarde depois que a Polícia Federal encontrou em mãos de um funcionário da empresa realizadora, gabaritos e provas que seriam aplicadas no dia seguinte (confira aqui), o concurso foi, pela quarta vez, transferido, agora para 8 de maio. Mas muitos candidatos de outras cidades e até de Salvador já estavam a caminho de Ilhéus e só ficaram sabendo minutos antes do horário previsto para as provas que o concurso havia sido transferido mais uma vez.

Carlos Salatiel Mascarenhas, saiu sábado (09) à noite de Feira de Santana. “Olhei o site da empresa por volta das 23 horas e não havia absolutamente nenhuma informação a respeito do cancelamento”, garante. Ele disse que no cancelamento anterior ele chegou a ligar para a empresa SR para perguntar o que havia acontecido. “Eles me atenderam e me disseram um monte de desaforo e me mandaram ler a errata do edital. Cheguei a pedir desculpas pelo telefone”. Salatiel disse que fez um esforço enorme para estar em Ilhéus neste domingo. “Não voltarei mais”, afirmou.

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Manuela Berbert | manuelaberbert@yahoo.com.br

Matam em nome do amor, matam em nome da revolta, matam em nome de uma religião. A verdade é que as pessoas andam matando e morrendo em nome de muita coisa, carentes de fé em Deus e de atenção.

Era para ser mais uma quinta-feira normal de aula, mas não foi. Provavelmente, alguns alunos despertaram com uma enorme expectativa para começar o dia. Os mais preguiçosos tiraram uma sonequinha a mais e chegaram atrasados. Os mais pontuais estavam na porta antes mesmo dos portões se abrirem. Quem trabalha ou convive com adolescente sabe que o mundo deles gira muito mais ao redor da escola que da própria casa.

É ali que conversam, brincam, paqueram, se descobrem e descobrem que a vida é muito mais que os sonhos que seus pais sonharam para eles. É ali, na sala de aula, nos pátios e nos corredores, que tudo acontece: amores avassaladores, paqueras desastrosas, conversas proibidas, amizades efêmeras e duradouras. Tudo de bom e de ruim, a depender da ótica de quem observa. E de quem vive.

Um rapaz entrou na escola fortemente armado e disparou tiros contra crianças e adolescentes indefesos. E um em especial, de porte da sua inocência e bondade, mesmo ferido, saiu em busca de socorro. Pediu que policiais fizessem alguma coisa pelos demais, sem ao menos ter a certeza de que sairia vivo daquela tragédia. Graças a Deus, teve seu pedido atendido. Que sorte a dele, encontrar policiais fazendo uma blitz ali perto, hein?!

Esse não é mais um caso de insegurança pública. No meu humilde ponto de vista, não é. Acho que esse é mais um caso de insanidade mental. Porque um ser humano que trama um massacre contra quem quer que seja, não pode ser ou estar normal. E o que me preocupa, senhores leitores, é que ele não é o único.

Estamos adoecendo da mente com facilidade. O índice de pessoas com depressão só aumenta e muitas famílias ainda preferem esconder. Matam em nome do amor, matam em nome da revolta, matam em nome de uma religião. A verdade é que as pessoas andam matando e morrendo em nome de muita coisa, carentes de fé em Deus e de atenção. E essa falta de atenção a que me refiro é falta de observação diária daqueles que estão ao redor.

Loucura é doença, e não motivo de riso. Observe o comportamento dos seus, analise as atitudes, converse e peça ajuda quando achar que algo está saindo dos trilhos. Não tenha vergonha de ter uma pessoa da sua família ou do seu círculo de amizades precisando de cuidados especiais. Quem ama de verdade cuida, se preocupa, tenta resolver. É melhor abraçar um tratamento psiquiátrico de alguém que amamos, com a cabeça erguida, que abraçar um caixão de alguém que amamos, com vergonha…

Manuela Berbert é jornalista e colunista da revista Contudo.

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Do Estadão

Rei completará 70 anos no dia 19.

Bossa-novista, roqueiro, crooner sinatriano, romântico, ativista ambiental, bolerista, baladeiro, trilheiro de motéis, sertanejo, funky, soulman. Em 51 anos de carreira, é um leque de amplidão admirável, incomparável no songbook de qualquer artista vivo.

Em sua figura, fundem-se Beatles e João Gilberto, o carola e o conquistador, o amante dos carangos envenenados e o inimigo dos hábitos perigosos. É o santo e o herege, o revolucionário e o conservador. Maior ídolo popular do País, Roberto Carlos completa 70 anos no próximo dia 19 – e não poderia ser de outra forma: nesse dia, apaga as velas do seu bolo no palco do Ginásio Álvares Cabral, em Vitória (ES), às 21h30. Ingressos custam de R$100 a R$ 320 e é show beneficente.

Há 45 anos, quando de sua assunção como ídolo do emergente iê-iê-iê, o chamavam de Rei da Juventude. Hoje, ficou apenas o título nobiliárquico, “Rei”, porque a idade de suas plateias se tornou elástica – pode-se encontrar gente de 8 a 80 anos cantando suas canções nos shows.

“Eu não sei ser Rei, só sei cantar”, diz o artista. Serão 70 anos de idade e 56 anos de gravações – a primeira vez que sua voz foi captada foi em 1955, num registro feito pelo radialista Genaro Ribeiro em discos de alumínio para gravações experimentais.

Roberto está longe de se comportar como um ídolo no crepúsculo. “Não penso em aposentadoria, vou continuar trabalhando, vou continuar cantando”, disse no Rio, em dezembro. “Ainda quero realizar muito mais, principalmente no tema do amor.”

Leia na íntegra

 

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Enredos de concursos em Caravelas e Ilhéus
são parecidos. MP exigiu anulação

A S&R Concursos e Pesquisas não enfrenta problemas apenas no concurso público em Ilhéus, onde o Ministério Público estadual detectou falhas no sistema de segurança e aplicação das provas e a Polícia Federal prendeu dois funcionários da empresa por fraudes (confira AQUI e AQUI). Problema semelhante foi registrado em Caravelas, também no sul da Bahia, e a prefeitura teve de anular o concurso, em 2010.

O mesmo golpe de funcionários da empresa no certame de Caravelas seria aplicado em Ilhéus: candidatos do esquema teriam a pontuação alterada para que ficassem entre os primeiros dos cargos que disputavam.

Essa estratégia não vingou em Ilhéus porque o Ministério Público, por meio da promotora Karina Cherubini, recebeu denúncia sobre a alteração das notas. Imediatamente, exigiu da S&R que aumentasse o rigor para garantir o sigilo e a segurança na aplicação das provas. Aí, restou vazar – mediante pagamento – os gabaritos e conteúdos das provas. A Polícia Federal frustrou essa tentativa.

PONTUAÇÃO “TURBINADA”

Agora, compare o enredo dos dois concursos: no município do extremo-sul baiano, promotores públicos detectaram irregularidades nas notas finais da filha e de um sobrinho do prefeito Luiz Alvim Delgado, o Loló (PP).

De acordo com o MP, Kellen Delgado fez 82 pontos na prova, mas o resultado final foi alterado para nota 86, deixando-a em quinto lugar na disputa pelo cargo de enfermeira.

O sobrinho do prefeito Loló, Reginaldo Boroto Delgado, disputou vaga de fiscal tributário e teve sua nota alterada de 54 para 66 pontos. A “turbinada” na pontuação deixou o sobrinho do prefeito em quarto lugar na disputa por vaga.

O concurso visava preencher 172 vagas na prefeitura e já havia sido suspenso anteriormente. Ainda na investigação da promotoria em Caravelas, descobriu-se fraude entre a nota divulgada no site da SR Concursos e o número de acertos de aproximadamente 40 candidatos. Estes seriam os “protegidos”. O prefeito acabou assinando um termo de ajustamento com o MP, cancelando o concurso e lançando novo edital.

VAZAMENTO DE GABARITO

Agora, outro ponto onde os casos de Caravelas e Ilhéus convergem: além do esquema para “turbinar” a pontuação dos candidatos quando na leitura dos cartões de resposta, o Ministério Público enxergou indícios de que candidatos do concurso realizado em Caravelas receberam o gabarito da prova antes da sua aplicação.

Em Caravelas, não apenas as provas como também o concurso foi anulado. A prefeitura teve de lançar novo edital e aplicou o exame no final de março deste ano, ainda sob grande desconfiança dos candidatos, após três cancelamentos por fraudes e irregularidades.

Tudo isso junto, ajuda a entender o estrago na imagem da S&R e porque o seu dono chorou copiosamente na Polícia Federal em Ilhéus, ontem. No mínimo, trabalhava com funcionários “espertos”. Vinícius Oliveira, empregado preso em flagrante ontem, em Ilhéus, disse que estava em situação financeira ruim, assim como a S&R.

Leia também:

CONCURSO DA PREFEITURA DE ILHÉUS É CANCELADO

PREFEITURA MANTÉM A S&R E ANUNCIA NOVA DATA DE PROVAS

EMPRESA LAMENTA FRAUDE EM CONCURSO E CANCELA PROVAS

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SHERLOCK HOLMES, BEATLES E JESUS CRISTO

Ousarme Citoaian

Não entro nessa especulação sobre se Os Beatles eram mais populares do que Jesus Cristo. Mas estou certo de que Sherlock Holmes rivaliza com todos eles. É difícil, em qualquer literatura, encontrar alguém tão conhecido quanto o personagem criado pelo oftalmologista desempregado Arthur Conan Doyle. “Nascido” na novela Um estudo em vermelho/1887, cujo título é um achado, seu endereço (221B, Baker Street) – que agora abriga o museu Sherlock Holmes – até hoje recebe cartas de pessoas buscando a ajuda do detetive famoso para solucionar crimes verdadeiros. Mas eu queria falar de frases, não de literatura de mistério.

A FAMOSA FRASE QUE DOYLE NUNCA ESCREVEU

Todos conhecem a frase que o investigador de Doyle repetia, dirigindo-se de forma irônica ao médico John Hamish Watson, companheiro de pensão e narrador das aventuras de Holmes. Elementar, minha cara leitora: a frase é um embuste que o mundo assimilou. Tanto quanto o cachimbo de cabo curvo, a expressão “Elementar, meu caro Watson” foi criada no teatro, não no consultório ocioso do médico. Há críticos a sustentar que ela foi pronunciada uma vez, em Um estudo… – o que é desmentido pela tradução brasileira, ao menos nas duas edições que conheço. Mas mitos do nível de Holmes não ficam isentos dessas atribuições.

DE GAULLE, MAU HUMOR, QUEIJOS E VINHOS

Ao presidente Charles André Joseph Pierre-Marie De Gaulle (1890/1970) é atribuída a frase “O Brasil não é um país sério” (Le Brésil n’est pas un pays sérieux). De Gaulle morreu negando o dito, e o diplomata brasileiro Carlos Alves de Souza afirma no livro Um embaixador em tempos de crise/1979 que o presidente francês nunca falou isso. A cientista política francesa Annick T. Melsan vasculhou os escaninhos da diplomacia de Paris e nada viu que confirmasse essa grosseria do velho militar. A boutade de mau gosto foi divulgada pelo correspondente Luís Edgar de Andrade, do Jornal do Brasil, e nunca mais nos abandonou.

A FRASE SERVIU PARA CRITICAR A DITADURA

O Brasil adotou o lema na ditadura militar, e ainda o conserva. De acordo com Mme. Melsan, isto “foi importante por ajudar na crítica ao sistema”, e a expressão “poderia ser de De Gaulle ou de outro europeu qualquer, devido à visão que se tinha do Brasil, como país do carnaval e do samba”. Certa vez, o presidente Chirac abriu uma coletiva com jornalistas brasileiros, brincando: “O Brasil é um país sério”. E é, diz La Melsan, mas “o problema é fazer os brasileiros acreditarem nisso”. De De Gaulle, prefiro outra frase: “Como se pode governar um país que tem 246 espécies de queijo?” Ele se esqueceu das centenas de tipos de vinho.

ESTRANHAS OPINIÕES A QUE TEMOS DIREITO

Uma espécie de enquete na tevê, quando um casal quase troca tapas, na dúvida sobre quem deveria sair do BBB, me desperta para os estranhos critérios que as pessoas usam para julgar o mundo. Perguntaram a Rubem Braga se ele acreditava em disco voador: “Não”, disse prontamente o cronista. “Por que não?” – insistiu a repórter. “Porque até hoje só vi dois”. Tenho um amigo que questiona as pesquisas em geral e as do Ibope em particular, dizendo que elas são “armadas”, sem exceção.  E tem o que considera uma justificativa irretocável: “Eu nunca fui entrevistado”.

DO BBB AO ASSASSINATO DE ODETE ROITMAN

Eu também não, mas em vez de lamentar, comemoro.  Tenho verdadeira paranoia de pagar mico diante da pergunta do entrevistador. Por exemplo, responder a esta profunda indagação filosófica que a Globo propõe semanalmente aos brasileiros nas ruas: “Quem deve ser eliminado do BBB?” Como diabos hei de saber a resposta disto, se nunca me foi dado assistir a um BBB que fosse? É mico, na certa.  Uma vez topei com uma equipe de tevê e uma repórter que andava em minha direção, com jeito de quem vira uma vítima, perdão, um potencial entrevistado. Desguiei, escafedi-me. À francesa.

CANDIDATO AO APEDREJAMENTO “CULTURAL”

Nada contra a bonita repórter regional, mas é que temi, devido à moda em vigor, que ela me perguntasse quem matou Odete Roitman.  Se milhões de pessoas assistiram à novela (é o que dizia o Ibope!), se o País inteiro parou para descobrir quem matara dona Odete, minha ignorância do tema era totalmente inadmissível, ofensiva à cultura nacional, talvez uma forma de esnobismo. Dar minha (falta de) opinião seria me oferecer ao apedrejamento “cultural” ou à exibição em feira, como um ET senil. Acho que fiz bem em fugir. E, pasmem, até hoje não sei (nem quero saber!) quem matou Odete Roitman.

EMBELEZAR O TEXTO NÃO É FAVOR, É DEVER

Por certo, revelar algum deslumbramento com o ”falar bonito” (referimo-nos, especificamente, a Gilberto Gil) não será do agrado de ponderável corrente de linguistas. Esta, em defesa de uma suposta clareza da comunicação, defende como fundamental apenas que a mensagem saída do emissor seja entendida pelo receptor. É a valorização única do conteúdo, em detrimento da forma – ou, num jeito muito surrado de simplificar, “se você entendeu, está certo”. No meu modesto modo de ver, embelezar o texto não é favor, mas dever de quem utiliza a chamada linguagem culta, pois beleza é qualidade de estilo, definida nos manuais: conteúdo é preciso, beleza também é preciso.

A IMAGEM QUE VALE MIL PALAVRAS: BOBAGEM

Atribuída ao poeta chinês Lin Yu-Tang, a frase “uma imagem vale mais do que mil palavras” entrou para o domínio público, de tão repetida. É uma bobagem que Millôr Fernandes (foto) já desmontou, ao questionar: “Se uma imagem vale mais do que mil palavras, diga isto com uma imagem”. Palavras são palavras, valores insubstituíveis. No jornalismo, imagens têm grande peso, mas são coadjuvantes. O texto, sim – com ritmo e som adequados, novo sem ser pedante – é protagonista. Creio na busca por le mot juste,  não apenas para melhor definir uma coisa, ação, sentimento ou conceito, mas como o termo que melhor soa, o mais bonito, o mais colorido, o que emoldura nosso pensamento.

TEXTO AGONIZANTE, SUFOCADO EM PURPURINA

Perdoem-me se, amparado em Lacan-Barthes, já disse isto: para algumas pessoas, a língua materna é objeto de prazer, ainda que elas tenham, como eu, musa calada e talento estreito. O indivíduo que escreve brinca com o corpo da mãe: ele o glorifica, embeleza, endeusa, avilta ou despedaça – mas não me intimem a aprofundar a discussão, pois me falecem condições para tanto. Sugiro que se queixem a Lacan (foto), Freud e seguidores, pois o papel a mim reservado é tão só o de agente provocador. Entre nós, o texto agoniza entre fotos de purpurina em colunas sociais, clamando por justiça, enodoada a memória dos clássicos. Balbucio virou fala; texto tatibitate, jornalismo.

Clique e veja/ouça Gil “falando bonito” de Vinícius de Morais.

(O.C.)