PREFEITO ENTREGARÁ CARTA DE CACAUICULTORES

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Azevedo, secretários municipais e o deputado Argôlo participaram de reunião com os produtores (foto Pedro Augusto)

Um grupo formado por 14 cacauicultores fez ontem (dia 19) um pedido especial ao prefeito de Itabuna, Capitão Azevedo. Eles querem que o chefe do executivo municipal entregue ao presidente Lula uma carta, relatando os erros cometidos pela Ceplac nas duas primeiras fases do Plano de Recupração da Lavoura Cacaueira.

Como se sabe, o órgão do Ministério da Agricultura recomendou medidas de combate à vassoura-de-bruxa que se reveleram ineficazes. E os cacacuicultores assumiram dívidas para implementar as más providências. Por isso, lutam para que os débitos sejam anulados.

Caberá a Azevedo e ao deputado estadual Luiz Argôlo, que também entrou na roda, passar a carta às mãos do presidente Lula. Será na próxima sexta-feira (26), quando o presidente virá a Itabuna inaugurar a base de distribuição do Gasene.

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Da coluna Tempo Presente (A Tarde):

Procissão de São José, padroeiro de Itabuna, ontem à tarde. A caravana do DEM, Paulo Souto à frente, puxando ACM Neto, José Ronaldo, José Carlos Aleluia, Imbassahy e outros, estava lá em peso.

O prefeito José Nilton Azevedo, o Capitão Azevedo, que é do mesmo partido, não deu bola. Se viu, fingiu que não viu.

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Fábio Lima e Azevedo: pelo jeito, apoio é só "de boca"

Na campanha, Azevedo pulou e agradou. Na política, continua pulando, mas é de galho em galho. Diversos candidatos a deputado federal e estadual já receberam a promessa de apoio incondicional e irrestrito do prefeito, o que o tornou alvo de piadas.

O último a receber o “pode contar comigo” do prefeito foi o vereador tucano Solon Pinheiro, que ontem se apresentou como pré-candidato a deputado estadual, fazendo dobradinha em Itabuna como ACM Neto (DEM).

Azevedo estava lá, fazendo estremecer outros relacionamentos. Um deles é com o pré-candidato a estadual do PTdoB, Fábio Lima, que anda choroso. Lima acreditou nas promessas, caiu no conto do capitão… E agora tem a incômoda sensação de que há um adereço estranho a “enfeitar-lhe” a cabeça.

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A propósito da inauguração da base de distribuição do Gasene na proxima sexta-feira (26), em Itabuna, um jornalista comentou que o Parque de Exposições Antônio Setenta, local do evento, pode até mudar de nome.

Passaria a ser chamado: “Parque de Exposição da Candidata Dilma 2010”.

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A articulação política do governo Newton Lima entrou em campo para debelar um princípio de incêndio no PT ilheense. O vereador Rafael Benevides e o vereador licenciado Alisson Mendonça, atual secretário municipal de Planejamento.

Alisson não queria abrir mão dos 10 cargos que o mandato lhe garante e Rafael, o suplente, queria abocanhar metade deles (confira aqui). Alisson não arredou pé e o suplente falou até em acionar a justiça para poder nomear os seus assessores.

Para pacificar o partido (seria da boquinha?), o governo entrou na parada. Alisson manterá os seus 10 cargos e Rafael terá direito a indicar cinco nomes para (bons) cargos no governo municipal. As nomeações saem assim que o governo conseguir aprovar a falada (e lenta!) reforma administrativa.

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GENOCÍDIO EM PORTO SEGURO

Ousarme Citoaian

O apresentador da TV Bahia referiu-se, no Jornal da Manhã, ao ex-secretário de Governo, Edésio Lima, como “acusado de matar os professores de Porto Seguro”. É incrível a falta de atenção dos nossos redatores (e, na televisão e no rádio, também dos apresentadores, que lêem as bobagens escritas pelos outros). O Pimenta, felizmente, não foi na mesma linha. Tratou Edésio Lima como “acusado de mandar matar os professores sindicalistas Elisney Pereira e Álvaro Henrique”. No dia anterior, estampou em manchete que saíra a preventiva “contra secretário acusado de matar professores”. O Pimenta está certo.

PROFESSORES OU “OS PROFESSORES”?

O caso é transparente. Com o artigo definido “os”, e sem complemento, a frase descreve um genocídio: em vez de a morte de dois professores, registra a de toda uma categoria profissional. Aceita-se “matar professores” ou “matar os professores etc. (etc. é especificação)”. O redator da tevê cometeu um equívoco muito comum na comunicação, que é tentar dizer uma coisa e dizer outra. O povo, na sua intuição, já explicou o mecanismo desses erros: “Quem não sabe rezar…”. E não me venham repetir, como justificativa, que “a língua é viva”. A língua é viva, sim, mas erro é erro, apesar da muleta errare humanum est.

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“É PENTA! É PENTA! É PENTA!”

O narrador da televisão, pré-apoplético e parecendo à beira de um ataque de histerismo, berra, a plenos pulmões, referindo-se à seleção brasileira de futebol: “É penta! É penta! É penta!”. Um exagero. Antes, dizia-se pentacampeão quem vencia um campeonato cinco vezes consecutivas (duas era bicampeão, três, tri etc.). A partir de 1970, quando o Brasil – com a melhor seleção de todos os tempos, a que João Saldanha (foto) montou – venceu sua terceira Copa do Mundo, popularizou-se a tendência de dizer-se tricampeão quem vence um campeonato três vezes, sem ser seguidas. Ao que me recorde, o jornalista Raimundo Galvão, que mencionamos aqui há dias, foi a primeira voz a se insurgir contra esse modo de dizer.

MENTIRA QUE VIRA VERDADE

Pouco sei de futebol (prefiro basquete e o xadrez), mas a discussão, sob o prisma da língua portuguesa, me fascina. Entendo que o Brasil é, de maneira indiscutível, bicampeão mundial, pois venceu as Copas de 1958 e 1962. Ao voltar a ganhar em 1970 (com a melhor seleção etc. etc.), tornou-se campeão pela terceira vez – e isto é diferente de ser tricampeão. Acontece que a mídia, por ignorância ou interesse, às vezes assume aquele comportamento atribuído a Goebells (ministro das Comunicações de Hitler): bate na mentira até que ela se transforme em verdade. O rito é mais ou menos este: lança-se a invenção, as ruas a adotam e ela adentra os compêndios, já travestida de verdade. A língua é viva, certo. Mas não precisa ser burra.

O FUTEBOL NO ANO 2110

É ocorrência admirável um time ser tricampeão regional (no sentido “clássico”). Mas obter três títulos não sucessivamente, convenhamos, é moleza. Depois, essa “nova” linguagem produz alguma confusão no público: como representar clubes como o Flamengo, por exemplo, que já foi trinta e três vezes campeão do Rio? Ou o Fluminense, trinta e duas vezes?  Ou o Vitória e o Bahia? Percebe-se que, na Copa do Mundo, porque são poucos os países com vários títulos, isto é possível. Mas quando se trata de certames regionais é preferível ficar com o sistema “antigo”. Especialistas afiançam que, daqui a uns cem anos, quando as grandes seleções terão muitos títulos acumulados, o sistema “moderno” será esquecido.

SALDANHA E A MODA BLACK POWER

Por falar em  futebol… Nos últimos tempos, jogadores passaram a adotar o estilo cabeça raspada. Ronaldo (foto), apelidado O fenômeno, é um dos últimos a adotar o modelo. Nos tempos em que o estilo black power estava em moda (os anos setenta), João Saldanha foi chamado à polêmica e, bem ao seu estilo, não fugiu da raia. O inventor da melhor seleção brasileira de futebol de todos os tempos foi, de novo, ao âmago da questão, mostrando que treino é treino e jogo é jogo. É engraçada sua sugestão de que os jogadores raspem a cabeça pra jogar e usem uma peruca na hora do rebolado (hoje se diz balada). Veja no vídeo.

PANACUM DE BUGIGANGAS

Como esta coluna não tem formato definido, estando mais para panacum de bugigangas, vai aqui mais uma. Para não dizerem que só falamos mal da mídia, pretendemos registrar, habitualmente, a existência de textos jornalísticos de boa qualidade – pois que os há, sem dúvida. Comecemos com Hélio Pólvora, que produz, no jornal A Tarde, aos sábados, uma crônica que compensa, por si só, o preço que pagamos. Estilo leve, criativo, econômico, sem sobras, sem concessão aos adjetivos ociosos. Não é à toa que o autor de Os galos da aurora é fã confesso de Graciliano Ramos, tendo declarado que, em tempos de juventude, quase decorou Vidas secas. Mas não se apressem em pensar que HP se dedique ao odioso esporte do pastiche.

PRECISÃO CINEMATOGRÁFICA

Hélio é senhor de sua própria forma de expressão, aprovada pela crítica e demonstrada em cerca de 30 títulos, entre contos, crônicas e análise literária (tem em preparo o primeiro romance). Seu texto equilibra simplicidade e erudição, vazadas na fórmula mágica e difícil que muitos perseguem e poucos alcançam, e que fez a glória de um gênero eminentemente brasileiro, a crônica de jornal. Sobre a linguagem de Hélio Pólvora, assim falou Aramis Ribeiro Costa (foto):  “É preciso registrar que foi o domínio da linguagem, unido à observação sagaz do ficcionista (…)  que o fez primoroso na descrição de cenas e situações, bem como na ambientação das suas histórias, resultado obtido com poucas palavras e uma precisão que se diria fotográfica, ou, considerando a dinâmica do entrecho, cinematográfica”.

OLHAR SOBRE O COTIDIANO

Hélio (A Tarde – 13.3.2010) fala, com carinho, do sambista Ederaldo Gentil (foto):

“Por acaso encontrei cópia de um CD de suas melhores composições, em que Ederaldo se diz mais amargo do que o alumã, declara que não quer o dia, só a alvorada, queixa-se que a distância o mata e a saudade o maltrata, e vice-versa, e conclui que o próprio tempo é que não lhe deu tempo. Acusa uma mulher de ter sido ´cimento fraco na construção do meu lar´, e responsável por ´um amor em demolição´. Achados, Bossas. A filosofia das ruas está inteira nesses versos”. Hélio não desmente Aramis:  espalha sobre pessoas, ações e sentimentos do cotidiano de nossas vidas a “observação sagaz do ficcionista”. É ler para crer.

“DESCENDO PARA BAIXO”

Vejo na TV Globo o sobe e desce das pesquisas eleitorais e, ao fim, ouço do apresentador William Bonner (foto) que “a margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos”. O correto editor do Jornal Nacional labora num erro daqueles que sua empresa – sabe-se lá o motivo – tenta repetir até transformar em acerto: variação de “x” pontos percentuais já diz tudo.  “Para mais ou para menos” torna-se um reforço que agride a boa linguagem – algo parecido com subir para cima, descer para baixo, entrar para dentro e sair para fora. A tevê, em vez de informar os telespectadores, contribui para deseducá-los.

ETERNAMENTE EM BERÇO ESPÚRIO

Parece-me que o nome dessa coisa é redundância (também pleonasmo ou tautologia), algo que, se bem utilizado, dá cores vivas à frase. Alberto Janes escreveu e a extraordinária Amália Rodrigues (1920-1999) popularizou “E [Deus] deu-me esta voz a mim”. Há beleza neste verso pleonástico, longe do absurdo de “para mais ou para menos”. Aliás, o berço espúrio que embala esta expressão é o mesmo que embala “récorde”, termo estranho à língua portuguesa (certamente uma macaqueação do inglês record). Lembremos Dad Squarisi (foto): “Jornalistas têm de escrever tão bem quanto romancistas”.

FADO BRASILEIRO EM LISBOA

Que a citada Amália Rodrigues é a mais ilustre das cantoras portuguesas, todo mundo sabe. Mas há quem não saiba que o fado, elemento fundamental da cultura lusitana, tem mais a ver com o Brasil do que parece. O temido crítico José Ramos Tinhorão sustenta, baseado em pesquisa por ele feita, que o gênero nasceu em terras brasileiras – e depois se fez popular em Lisboa. Está tudo no livro Domingos Caldas Barbosa – o poeta da viola, da modinha e do lundu (foto), lançado em 2004. O modinheiro Caldas Barbosa (que teve por pseudônimo Lereno Selenuntino) teria sido o grande divulgador do fado brasileiro em Portugal.

PALMAS PARA A GRANDE DAMA

Tem mais. Amália Rodrigues (foto) também “nasceu” no Brasil. Foi no Rio de Janeiro, em 1945, que ela gravou seu primeiro disco (iniciara a carreira de cantora há alguns anos e ainda não gravara, sendo convencida a fazê-lo entre nós). Aliás, na turnê brasileira Amália agradou tanto que veio para ficar quatro semanas e ficou quatro meses. Mas as coincidências ainda não terminaram: foi no Rio, naquele período, que o compositor Frederico Valério, que acompanhava a cantora, fez um dos fados mais famosos de todos os tempos: Ai, Mouraria. No vídeo, Amália Rodrigues e o mencionado Foi Deus.

(O.C.)

Pouco sei de futebol (prefiro basquete e o xadrez), mas a discussão, sob o prisma da língua portuguesa, me fascina. Entendo que o Brasil é, de maneira indiscutível, bicampeão mundial, pois venceu as Copas de 1958 e 1962. Ao voltar a ganhar em 1970 (com a melhor seleção etc. etc.), tornou-se campeão pela terceira vez – e isto é diferente de ser tricampeão. Acontece que a mídia, por ignorância ou interesse, às vezes assume aquele comportamento atribuído a Goebells (ministro das Comunicações de Hitler): bate na mentira até que ela se transforme em verdade. O rito é mais ou menos este: lança-se a invenção, as ruas a adotam e ela adentra os compêndios, já travestida de verdade. A língua é viva, certo. Mas não precisa ser burra.

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Sindicalistas fazem protesto em supermercado.

O Sindicato dos Comerciários de Itabuna realizou protestos na porta das principais redes de supermercados na quinta-feira, 18. Na Avenida Juracy Magalhães, o ato foi acompanhado por duas guarnições da Polícia Militar. A tônica dos discursos do sindicalista Jairo Araújo e de seus companheiros foi o baixo salário pago à categoria.

O panfleto distribuído a clientes fala que os funcionários das redes Meira e Bompreço estão pedindo socorro por terem jornada diária de 10 horas,  inclusive aos domingos e feriados, o que acaba cerceando a religiosidade e convívio familiar.

Os sindicalistas também denunciam acúmulo de funções, não-pagamento de horas-extras, assédio moral e humilhações. As redes também são acusadas de ganância e exploração de mão de obra.

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Não há dúvida de que a visita do presidente Lula a Itabuna será uma festa – e mais uma grande oportunidade de campanha para a ungida pré-candidata Dilma Rousseff. Mas o que poucos sabem é que a lista de convidados do presidente é, diríamos, imensa.

De acordo com informações obtidas a partir do cerimonial da campanha, digo, da visita oficial, a solenidade de inauguração do Gasoduto de Integração Sudeste-Nordeste (Gasene) terá quatro mil convidados.

Estarão todos bem juntinhos lá no parque de exposições Antônio Setenta, na BR-415.  A estrutura para a recepção ao presidente recebe os últimos retoques. Na segunda-feira, 22, chega a equipe de segurança do presidente. A visita será na próxima sexta-feira, 26, às 11h.

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O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), concedeu entrevista à TV Bandeirantes e admitiu que será candidato a presidente da República.

– Não estou negando (a candidatura). Estou dizendo que neste momento não vou fazer campanha. Faltam poucos dias.

Logo em seguida, fez média com o presidente Lula, dono da maior aprovação popular a um mandatário do País:

–  O Lula fez dois mandatos. Está terminando bem o governo. O que nós queremos é que o Brasil continue bem e até melhor. Tem que ver quem é que vai ser presidente, porque o presidente é insubstituível, não governa terceirizado.

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A desembargadora federal da 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, Assusete Magalhães, negou um pedido de habeas corpus em favor de Rosivaldo Ferreira da Silva, o “Cacique Babau”, de 35 anos.

Além de negar o habeas corpus, a magistrada pediu ao juiz federal de Ilhéus Pedro Holliday mais informações sobre o processo contra “Babau”, suspeito de uma série de crimes. Ele está preso na Polícia Federal, em Salvador, desde o dia 10.

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Leandro Afonso | www.ohomemsemnome.blogspot.com

Desde a apresentação do logo da Paramount em Ilha do Medo (Shutter Island – EUA, 2010), embora flerte com o clichê, a soturna trilha sonora se distancia o suficiente do óbvio para trazer uma convincente agonia que parece não ter fim. E apesar do roteiro ser tão pouco crível (a ponto de nem se encaixar com a certa dose de exagero proposta), Ilha do Medo é também, enquanto combinação de som e imagem, um dos resultados mais potentes obtidos por Scorsese nos últimos anos – ainda que essa mesma potência termine por escancarar os contras do filme.

A paranoia – e praticamente tudo ligado a ela, o que não é pouca coisa – é sentida por Teddy Daniels (Di Caprio soberbo), detetive cujo passado tem o hábito de atormentá-lo, desde a passagem pela guerra a problemas familiares. Essas sequências são mostradas em cenas com expressividade e (em alguns casos) estilização que se juntam a uma leveza para a criação de uma violenta empatia com o atormentado Daniels. Obcecado por questões obscuras não só no seu passado como na inóspita, hostil e aterrorizante ilha-manicômio onde se encontra, ele mergulha cada vez mais em um mundo cheio de perguntas sem resposta.

O porém é quando essas perguntas, e outras que não eram feitas, ganham resposta – não li o livro e não sabia da reviravolta. É inevitável lembrar de detalhes e momentos marcantes do filme que, quando colocados juntos à sua mudança de rumo, fazem essa virada tão surpreendente quanto tola. Assim como boa parte da penúltima cena, que investe um bom tempo em uma explicação – quase tão irritante quanto detalhada – do que aconteceu. O fim da tensão aflitiva é a queda de um precipício de qualidade, é o término do que o filme tem de excelente.

É natural pensar que muito do que incomoda em Ilha do Medo vem justamente do poder de Scorsese em potencializar esse contraste. O brilhantismo na construção da atmosfera ressalta o esquematismo e a confusão do (mesmo assim interessante) roteiro. O que se nos deixa a sensação de ainda estarmos diante de um mestre (há algum tempo) no apogeu de seus domínios, também nos deixa a certeza de que ele já escolheu – ou escreveu – filmes mais bem resolvidos.

Visto em cabine de imprensa no Multiplex Iguatemi– Salvador, março de 2010.

Ilha do Medo (Shutter Island – EUA, 2010)

Direção: Martin Scorsese

Elenco: Leonardo Di Caprio,Mark Ruffalo, Bem Kingsley, Max Von Sydow, Michelle Williams, Emilly Mortimer

Duração: 1388min

Projeção: 2.35:1

8mm

Mãe – A busca pela verdade

Em Mãe – A busca pela verdade (Madeo – Coréia do Sul, 2009), de Joon-ho Bong, tudo é bem calculado, o mistério é cuidadosamente mantido, e o final é algo surpreendente. Sua mecânica, contudo, varia entre o completo domínio do meio e do público (é provável que em mais de uma vez você acredite estar certo quando não está), e uma necessidade – que me incomodou – de justificar a inserção de cada mínimo detalhe, de se assumir milimetricamente dominador e excessivo, pela potencialização da reviravolta. O que ele já tinha sido em O Hospedeiro (2006), é verdade, mas (talvez pelo fato de se tratar de um filme de gênero), o “deixar claro que tenho o controle”, pelo menos ali, parecia fluir mais naturalmente. Ainda assim, também como em O Hospedeiro, estamos diante de um entretenimento de altíssimo nível. Agora com um filme cujo gênero é menor que a mensagem. Aqui, ele faz uma defesa da cegueira do amor – e do viver bem isso. Bonito.

Filmes da semana:

1. O Medo do Goleiro diante do Pênalti (1972), de Wim Wenders (VHSRip) (**1/2)

2. Separações (2002), de Domingos de Oliveira (DVDRip) (***)

3. Mãe – A Busca Pela Verdade (2009), de Joon-ho Bong (Cinema da Ufba) (***1/2)

4. A Faca na Água (1962), de Roman Polanski (DVDRip) (***)

5. Intriga Internacional (1959), de Alfred Hitchcock (DVDRip) (****)

6. Ilha do Medo (2010), de Martin Scorsese (Cabine de imprensa – Multiplex Iguatemi) (****)

7. A Câmara da Morte (2007), de Alfred Lot (DVDRip) (**1/2)

8. Onde Vivem os Monstros (2009), de Spike Jonze (Cinema do Museu) (***)

9. Quanto Dura o Amor (2009), de Roberto Moreira (Cinemark) (***1/2)

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Leandro Afonso é comunicólogo, blogueiro e diretor do documentário “Do goleiro ao ponta esquerda”

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A secretária de Turismo de Ilhéus, Ana Matilde, teria entregue carta de exoneração do cargo, segundo informa o Blog do Gusmão. Há mais de dois meses, Ana vem sendo fritada. O empresário Paulo Moreira e o historiador e jornalista José Nazal são os nomes cotados para ocupar a Pasta.

Ana ocupava o cargo de forma interina desde a saída de Hermano Fahning. A indefinição sobre quem comandará o turismo permanece desde o início de janeiro, quando Newton detonou a sua lenta reforma administrativa.

Às 17h04min – Em contato com o Pimenta, o assessor de comunicação da Prefeitura de Ilhéus, Maurício Maron, nega que Ana Matilde tenha pedido exoneração, mas ressalta que a turismóloga “encontra-se na titularidade da pasta na condição de interina desde que o prefeito Newton Lima exonerou os ocupantes do seu primeiro escalão, no final do ano passado, dando início a uma recomposição política ao seu governo”.

Maurício enumera qualidades de Ana Matilde e afirma que a técnica “tem um claro conhecimento de que nesta nova composição será indicado um novo secretário, com a anuência do trade local, que apresentou quatro nomes para uma decisão do prefeito Newton Lima àquele que se adeque melhor ao perfil da pasta. Nada foi feito às escondidas”.

O assessor de comunicação também afirma que Ana Matilde comprometeu-se a permanecer à frente da pasta  até que o novo nome seja definido. “Não podia se esperar um outro gesto da secretária. Quem a conhece no exercício da vida pública sabe do zelo e do respeito que tem à esta cidade. Esta é a verdade”.

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Quando começaram as discussões para implantação de uma base de distribuição de gás natural em Itabuna, o economista Davidson Magalhães estava saindo da Secretaria de Indústria e Comércio do município para assumir o escritório baiano da Agência Nacional do Petróleo (ANP). À época, lembra, havia muita descrença em relação ao projeto bilionário do Gasoduto e seus efeitos para Itabuna e sul da Bahia. Era final de 2003, princípio de 2004.

Mais de seis anos depois, o presidente Lula e o governador Wagner vêm ao sul da Bahia, na próxima sexta-feira, 26, para inaugurar a primeira central de distribuição de gás natural do Gasoduto de Integração Sudeste-Nordeste (Gasene). A primeira molécula de gás natural será comercializada para uma empresa que cresceu no município, a rede de postos Universal.

A nova realidade deixa emocionado o economista, ex-vereador de Itabuna e atual presidente de uma das maiores companhias de gás do país. “O Gasene, junto com o Complexo Porto Sul, representa uma mudança de paradigma para a região”, diz.

Magalhães lembra que há quase 100 anos o sul da Bahia teve o seu primeiro grande ciclo de desenvolvimento, com a construção da ferrovia de 56 quilômetros interligando Itabuna e Ilhéus a partes da Bahia e o porto de Ilhéus, em 1926. As ações posteriores não ajudaram na acumulação de riquezes. Agora, um novo ciclo se abre. Saberá o sul da Bahia aproveitar das novas condições oferecidas?

Abaixo, a entrevista exclusiva concedida pelo presidente da Bahiagás ao Pimenta na Muqueca.

Quais serão os impactos do gás natural para a economia sul-baiana?
A região passa a ser mais competitiva na atração de investimentos. Nos próximos dois anos, serão de R$ 40 milhões a R$ 60 milhões em investimentos da Bahiagás no sul do estado. Junto com o Complexo Porto Sul, a chegada do gás natural representará mudança de paradigma para a região. 27% da indústria baiana é movida a gás natural.

Já existem empresas interessadas em investir na região com a chegada do gás natural?

Existe um conjunto de plantas de investimentos industriais na Secretaria de Indústria e Comércio. Na Bahiagás, fomos procurados por vários empreendimentos voltados à indústria térmica para produzir energia elétrica através do gás natural. A gente já está pensando o sul da Bahia para além do cacau. O que temos não é um desafio de crise, mas de investimentos e de perspectivas. A região vai crescer, se desenvolver.

As prefeituras de Ilhéus e Itabuna estão se preparando para esse novo desafio?
A região ainda está perplexa, imaginando o que está por vir. Há seis anos, quando discutíamos a vinda do Gasene, ninguém acreditava. Hoje é uma realidade. E aí? Precisamos avançar. Itabuna e Ilhéus serão os mais impactados, mas outros municípios também sentirão os reflexos deste empreendimento.

Os governos federal e estadual possuem projeto que amenize possíveis efeitos negativos do projeto, como êxodo e bolsões de miséria em torno destas cidades?
O desafio posto para os governos é garantir os investimentos, que o Complexo Porto Sul seja uma realidade. No curso disso aí, é que temos que preparar a região para o dia seguinte, para que não atraíamos gente, de forma desordena, para estas cidades.

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“Nós estamos discutindo com o governo o lançamento de um pacote de incentivos para a conversão a gás natural”

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As vantagens do gás natural estariam restritas às empresas ou também são acessíveis a pessoas físicas?
Já de imediato, os taxistas serão beneficiados com a redução de 40% dos seus custos.

Estudos mostrariam que o gás natural veicular não seria competitivo em relação a outros combustíveis?
Mas é vantajoso, sim. Fica em torno de 40% mais barato.

Mesmo com os custos de uma conversão?
Nós estamos discutindo com o governo o lançamento de um pacote de incentivos à conversão. Possivelmente no próximo dia 26, o governador Jaques Wagner deve fazer o anúncio.

Mas beneficiaria apenas algumas categorias?
A ideia inicial é disponibilizar esse incentivo para quem faz do seu veículo um instrumento de trabalho, como taxistas, donos de carro de som, transporte escolar, turístico.

A expectativa era de o gasoduto funcionar em outubro de 2010, mas foi antecipado. Isso tem a ver com o calendário eleitoral e uma ‘ajudinha’ à pré-candidata Dilma Rousseff?
Não, tem a ver com a entrega do gás antecipado pela Petrobras. Não dá para inaugurar um gasoduto sem estar distribuindo gás no ponto principal. Então, nós antecipamos essa entrega, inclusive via GNC [gás natural comprimido], para março. Inicialmente, vamos fornecer com carretas, até que os gasodutos nossos, da Bahiagás, fiquem prontos. Para isso, estamos investindo R$ 2,7 milhões.

A base da Bahiagás fica pronta até o dia 26?
Sim, e nesse dia vamos vender a primeira molécula de gás. Será para a rede de postos Universal, o primeiro consumidor de Itabuna. Também forneceremos para a DPA [antiga Nestlé] e a Trifil, nesta primeira etapa.

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“Não houve agressão ao meio ambiente, as ações

foram todas dentro das normas técnicas”.

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Há denúncia de que a obra da Bahiagás em Itabuna começou sem licenciamento ambiental. O que ocorreu, de fato?
Foi algum problema técnico que deve ter ocorrido. Nós já estamos com o licenciamento encaminhado, discutido inclusive no Conselho Municipal de Meio Ambiente. Os problemas e as divergências técnicas levantados corretamente pelo conselho já foram tratados pela Bahiagás. Não houve agressão ao meio ambiente, as ações foram todas dentro das normas técnicas.

A Bahiagás sai de um fornecimento de mais de 3 milhões para 20 milhões de metros cúbicos de gás. A empresa está preparada para este novo momento?

Não vamos sair imediatamente para 20 milhões. Hoje são 3,7 milhões e devemos atingir 4,5 milhões de metros cúbicos com o fornecimento para o sul da Bahia. Esses 800 mil metros cúbicos para a região nessa primeira etapa equivale a várias distribuidoras de gás do Nordeste. Em cinco anos, devemos chegar à marca de 11 milhões de metros cúbicos fornecidos. O Gasene é que tem potencial para transportar 20 milhões.

Em 2004, havia muita desconfiança em relação a este projeto. Como você analisa esse novo momento?
Uma outra região está nascendo. A principal preocupação nossa com essa reunião [com prefeitos, na segunda, 15] foi para que as pessoas possam perceber a grandiosidade do que está acontecendo no sul da Bahia. Aqui nesse evento, a gente ainda viu pessoas com o discurso da síndrome da crise, que é quando a gente não percebe as coisas novas porque está presa a esta síndrome. A ficha, como diz a gíria, está caindo agora. Este é um novo momento para além do cacau, significa um novo modelo de desenvolvimento.

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“Temos que ampliar as alianças para construir

uma política hegemônica na Bahia”

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Mudemos para a política. Como é que você, comunista e sempre oposição ao carlismo, analisa essa aliança com parte do grupo que sempre dominou a Bahia por 30, 40 anos?
Eu não acho que há uma aliança com o carlismo, que está deixando de existir. O carlismo hoje é personificado em ACM Neto, Paulo Souto. Estes são os herdeiros do carlismo.

Você não vê César Borges como carlista?

As pessoas vão mudando seus projetos de acordo com o processo histórico. Não acho que é Wagner que está mudando seu projeto. Aliás, o governo muda a Bahia com essa visão de integração e desconcentração econômica. 18 municípios concentram 55% do PIB baiano com apenas 30% da população. Para mudar, você tem que fazer projeto amplo. Temos que ampliar para construir uma política hegemônica na Bahia. Não estamos virando um governo autoritário, centralizador, sem transparência. O projeto do governo é claro: fazer mais por quem mais precisa; pensar a Bahia não apenas como se só existisse a região metropolitana.

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“Gabeira (PV) era da resistência armada ao regime militar. Hoje é um cara a serviço da direita”.

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Então, é favorável à aliança?
Se tivermos mais aliados nesse projeto e que não o desconfigure, ótimo. É que a gente tem muito a visão de personificar as pessoas, lideranças. Fernando Gabeira (PV-RJ), no passado, jogou papel avançado de resistência armada ao regime militar. Hoje é um cara a serviço da direita, que ajuda o neoliberalismo. Assim como sai gente daqui [da esquerda], sai de lá para cá. Então, ele hoje faz parte do projeto tucano. Quando o projeto avança, as pessoas se reenquadram em outro momento histórico.

E no caso dos “ex-carlistas”?
Veja um exemplo aqui na Bahia: Waldir Pires, para derrotar o carlismo, puxou Nilo Coelho, Jutahy Magalhães, João Carlos Bacelar. Todos não eram de esquerda. Foi feito um acordo com segmentos do carlismo para derrotar o carlismo. Ali não deu certo não foi por conta da aliança, mas de um projeto que foi interrompido por busca de uma situação nacional.

Hoje, o governo se abre para agregar velhos opositores. O eleitor entenderá essa movimentação?
Ele vai se decidir em torno de projetos. E o nosso projeto é capitaneado por Wagner, projeto da continuidade a estes programas de transformação da Bahia. O outro é capitaneado por Paulo Souto, que quer retomar o passado. Tem um terceiro, que é um híbrido do PMDB, de oposição ao governo, mas oposição sem a consistência histórica que tem o carlismo. Ah, César Borges foi do carlismo. Quantas pessoas que foram do grupo de lá estão no governo hoje? Mas elas estão ajudando ou prejudicando o governo?

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“A saída do PMDB do governo ajudou, destravou a Bahiagás. Existia uma política deliberada de emperrar a empresa”.

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Você mesmo pode nos responder: a saída do PMDB e a chegada do PP ajudaram o governo?
A saída do PMDB ajudou, destravou. Temos uma experiência concreta na Bahiagás, com a mudança do secretário de Infraestrutura. Saiu o do PMDB [Batista Neves] e entrou o João Leão, do PP. Existia, antes, uma política deliberada de emperrar a empresa, as ações de governo.

Como essa, digamos, sabotagem ocorria na prática?
Havia dificuldade de aprovação dos projetos de investimento da Bahiagás. Ficamos atrasados dois anos e meio, seguidos, em nosso plano de investimento. Todas as iniciativas tomadas pela diretoria eram barradas no Conselho de Administração pelo ex-secretário, do PMDB. Não parecia que participávamos do mesmo governo.

Mas como Batista Neves exercia esse poder?
Todos os investimentos acima de R$ 2 milhões, R$ 3 milhões têm de ser analisados pelo conselho, do qual ele, como então secretário de Infraestrutura, era presidente. Denúncias infundadas contra a empresa eram divulgadas. A entrada do PP foi favorável. João Leão, em pouco tempo, destravou, facilitou, articulou. O governo do estado entrou coeso para defender os seus interesses junto aos demais acionistas da Bahiagás, coisa que não tínhamos antes.

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“Vamos reeleger Wagner e eleger Dilma a

primeira mulher presidente do Brasil”

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Como você vê os cenários baiano e nacional para 2010?
O projeto liderado pelo presidente Lula vai ser vitorioso na Bahia, com a reeleição de Wagner, e, no plano nacional, com a eleição da primeira mulher presidente da República, Dilma Roussef. Nós elegemos um operário e, agora, vamos eleger uma mulher. Na Bahia, existe uma identidade do projeto de Wagner com o novo país. Nosso projeto é diferente da visão tucana, que inseria o Brasil no cenário internacional de forma subalterna, projeto que foi rechaçado duas vezes na urna e será pela terceira.

Você acha que o eleitor avançou a esse ponto, de eleger por comparação?

Acho que sim. A última eleição deixou muito claro que certos setores da grande mídia, que manipulavam a opinião pública, foram derrotados porque não representam essa opinião. Mais do que isso, o povo tem o seu dia-a-dia, sua experiência. Uma experiência vale muito mais do que dez discursos, dez editoriais do Jornal Nacional. O eleitor tem consciência do projeto que ele está abraçando. Pode não ter uma visão articulada de todos os efeitos, consequências e dimensão deste programa, mas tem visão muito clara do que esse projeto do governo Lula representa.

Você, como uma das principais lideranças do PCdoB na Bahia, visualiza qual cenário para o partido em 2010 na Assembléia e Câmara Federal?
Nós devemos ampliar o número de deputados federais. Vamos trabalhar para reeleger Alice Portugal e Daniel Almeida e eleger Edson Pimenta. Temos três deputados estaduais e queremos passar a cinco. Crescemos na Bahia, não tínhamos prefeito e em 2008 elegemos 18, temos 19 vices, 150 vereadores aqui, o partido presente no estado e nossa participação no governo Wagner trazendo resultados positivos. Isso tudo nos credita a ter um projeto eleitoral vitorioso em 2010.

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“Um nome da esquerda na majoritária é o de Wagner e o outro nós defendemos que não seja do PT”.

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O nome de Haroldo Lima foi até defendido, no partido, para disputar o Senado. O PCdoB abre mão e aceita chapa majoritária composta por Otto Alencar e César Borges?
O Haroldo não vai ser candidato, porque joga papel importantíssimo, principalmente nesse momento de decisões importantes acerca do pré-sal, à frente da ANP [Agência Nacional do Petróleo]. Não tem como ele sair da discussão. Nós entendemos que a chapa do governo deve ter composição que represente o arco de alianças: dois representantes de esquerda e dois do centro que se agregou ao projeto. Achamos que deve ter esse perfil. Um nome da esquerda é o de Wagner e o outro nós defendemos que não seja o do PT, pois não representaria a correlação de forças no governo.

A sua última eleição foi em 1998, para deputado estadual. Você ainda tem projeto eleitoral?
Por enquanto estou firme nesse projeto da Bahiagás. Eu estou na administração, mas não é que deixei de fazer política. Faço, sim, mas com outros instrumentos. Hoje, sou o vice-presidente do PCdoB no estado.