Após a reclamação do memorialista José Rezende Mendonça sobre a falta de reparo em ruas do Pontal que passaram por obras da Embasa, veiculada pelo PIMENTA em 1º de fevereiro (veja aqui), a empresa enviou esclarecimento ao site.
Conforme a estatal, o serviço de repavimentação das ruas da zona sul de Ilhéus, inclusive do bairro citado, será concluído até o final deste mês. O trabalho também é feito na Sapetinga e no Jardim Pontal.
A empresa informa que, hoje, falta reparar menos de 10% de toda a área que receberá a repavimentação, sendo 450 metros de calçamento de paralelepípedo e 340 metros de asfalto. Leia o comunicado, na íntegra, clicando no leia mais, abaixo.
A falta de conservação e de manutenção no piso de bloquetes das ruas Catucicaba, Epinal e José Bonifácio, no bairro Conceição, em Itabuna, tem causado problemas aos moradores e motoristas que trafegam por estas vias.
Na imagem, trecho de parte da Rua Duque de Caxias, nas proximidades do Colégio Batista, onde a pavimentação cedeu depois das chuvas e do intenso tráfego de veículos, o que acabou compactando a sub-base transformada em barro (borrachudo)
Os moradores pedem que as secretarias municipais de Desenvolvimento Urbano e de Administração façam com urgência reparos nas vias, caso contrário o fluxo de veículos será interrompido dentro de mais alguns dias.
A Rua Santo André, no bairro da Conceição, serve como alternativa para escoamento do tráfego quando há eventos que interditam total ou parcialmente a Avenida Mário Padre.
Até aí, tudo bem, pois, como se diz, é o jeito.
O problema é que a situação da Santo André está de lamentável para baixo. Buracos e muita poeira compõem o cenário naquela via, onde tudo piora sensivelmente quando o trânsito fica mais intenso e até ônibus e caminhões passam por ali.
Um morador bronqueia: “se não existe alternativa, que pelo menos a Prefeitura mantenha a rua bem cuidada para aguentar esse fluxo intenso de veículos”.
A recomposição do asfalto da Rua Santo André é mais que necessária. É urgente!
Moradores da 1ª Travessa Juracy Magalhães, no bairro de Fátima, reclamam da precariedade daquela via, que está cheia de buracos, tomada pelo mato e pela lama, além dos canos da Emasa estourados. Segundo um dos residentes no local, nos dias em que há fornecimento a água corre pela rua, em virtude dos problemas com a tubulação.
Para orientar o pessoal da Secretaria do Desenvolvimento Urbano (Sedur) e da Empresa Municipal de Saneamento Ambiental, o acesso à travessa se dá pela rodovia Ilhéus-Itabuna, em frente à empresa Gelitos.
Os tipos mais conservadores, que querem tratar os movimentos sociais na pancada, uniram-se aos progressistas, em apoio ao Movimento Passe Livre (MPL), escancarando uma contradição. Coerente mesmo foram as PMs da Bahia e de São Paulo, fazendo o que é da sua tradição fazer: baixar o pau (v. charge de Simanca). Cientistas sociais e palpiteiros em geral estão incertos quanto ao que pretende a massa: vagamente, menos corrupção, mais educação (quase criei uma “palavra de ordem”), mais saúde pública, menos futebol, mais seriedade com o dinheiro público, menos safadeza… No atacado, todos aprovamos esta pauta, mas falta a ela o varejo, o foco concreto e claro.
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Movimento (ainda) simpático à direita Tem sido uma festa protestar contra tais coisas (e ainda a sogra chata, o vizinho ranzinza e o preço do tomate), mas não me divirto tanto. Entendo ser este um movimento de esquerda (se me permitem usar a velha classificação francesa, para mim ainda válida). E a direita não tarda a tratar essa turma como trata índios, sem-terra e semelhantes, todos incluídos na vasta lista de “baderneiros”. Por menos disso ela já derrubou um presidente e pôs o Brasil em “ordem unida” durante 21 anos, enquanto arrancava as unhas dos descontentes. Freado o aumento das tarifas, o MPL, ao voltar às ruas (espero que volte), deverá focar-se em um dos muitos problemas nacionais. COMENTE! » |
“DOR DE AMOR DÓI MAIS DO QUE BURSITE”
O verbo amar transitivo indireto (com a preposição “a”) foi, em tempo que longe vai, exclusivo jargão religioso. “Amar a Deus sobre todas as coisas”, está grafado na tábua. A gramática quer, em relação a coisas e pessoas, o verbo não preposicionado. Amar era também de uso menos extenso: homens amavam mulheres, mulheres amavam homens, homens e mulheres amavam suas mães, estas os amavam sem medidas… Os para-choques repetiam uma frase produzida por alguém de coração dilacerado (ou vítima de crônica subliteratura): “Amor só de mãe!” – ai que me embriago de tanta poesia! Compreende-se. Quem leu Rubem Braga sabe que “dor de amor dói mais do que bursite”.
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Velha calça desbotada ou coisa assim
Voltando ao amar transitivo direto, diga-se que ele foi “democratizado”. Amavam-se pessoas, hoje se ama praia, macarrão com queijo, sorvete de coco, carro novo, a velha calça desbotada e, de moto, ama-se o vento na cara. São modismos que o tempo nos traz: conheço uma jovem senhora que ama seu iPhone de recentíssima geração (será isto o chamado sexo virtual que nunca entendi?). A boa linguagem, pela qual poucos na mídia ainda se interessam, recomenda que se goste das coisas citadas acima, sendo vedado amá-las. Se, por acaso, alguém não sabe a diferença entre gostar e amar, que tente beijar uma máquina. Adianto-lhes que não funciona, a não ser que seja uma… “máquina”.
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Adoração ao arroxa e à batata frita
Cartola, em licença poética escreveu: “Não quero mais amar a ninguém…”, e caiu em “erro”, por usar a forma “religiosa” (“Não quero mais amar ninguém”, diz a norma). E quase tudo que foi dito vale para o verbo adorar, que igualmente nos remete à igreja. Adorar só a Deus e signos sagrados, era assim que era. Depois, o povo, que não está nem aí para gramáticas e gramáticos, mudou a regra. Hoje, com todo respeito, adora-se batata frita, novela de tevê, show de arrocha e de dupla “caipira”. Pelo sentido “clássico” do termo, tem-se a ideia de que o maluco se ajoelha diante do pacote de fritas e também genuflectido assiste à novela das nove. Medonhos tempos, estes.
As ruas nos falam de dados momentos, lembranças que ficaram. “Se essa rua fosse minha/ eu mandava ladrilhar/ com pedrinhas de brilhante/ só pra ver meu bem passar”, diz o antigo frevo Vassourinhas. Antônio Maria (“o bom Maria”, como o chamava Vinícius, seu colega de quarto), morando no Rio e, ferido de saudades da terrinha, abre seu Frevo nº 3 dizendo: “Sou do Recife, com orgulho e com saudade”, para depois introduzir “Rua antiga da Harmonia,/ da Saudade, da Amizade e da União…/ São lembranças noite e dia”. Em poucos versos, quatro ruas de nomes sonoros, que mexem com os sentimentos da gente: harmonia, saudade, amizade, união. _______________
Machado de Assis fala das ruas do Rio
Meu endereço em Buerarema era Manuel Vitorino, 6 (esquina com Siqueira Campos) – mania que as pessoas têm por vultos estranhos à cidade. Isso mudou um pouco. Já temos na antiga Macuco as ruas Paulo Portela, Manuel Lins, Pastor Freitas – personagens locais e já mortos, comme il faut. Mas eu queria falar era do fascínio que os nomes de ruas exercem sobre mim e, pelo que vejo, em vários autores. Lembro aqui de três deles, tocando o tema: Machado de Assis, Antônio Maria e Alceu Valença. Nos contos de Machado é possível saber muito do velho Rio, pelas ruas que o mestre cita: Larga de S. Joaquim, da Alfândega, do Lavradio, da Quitanda e, naturalmente, do Ouvidor.
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Um amor que sumiu nas ruas do Recife
“Sob uma chuvinha miúda, triste e cortante, como no enterro de Brás Cubas, o menino passeia sua melancolia por estas ruas que, transeuntes apressados sequer suspeitam, lhe pertenceram um dia. E chora as mudanças: mudou a cidade, mudaram os tempos, mudou ele, que ficou depressivo e meio adulto, morreu de velha a caramboleira, silenciaram os sabiás e bem-te-vis da infância que se foi” (Antônio Lopes: Luz sobre a memória – Agora Editoria Gráfica/1999). Perdidão da Silva, Alceu Valença parece procurar seu amor sumido nas ruas do Sol, da Aurora, da Matriz, das Ninfas, da Boa Viagem, da Soledade – mas como sempre acontece em casos semelhantes, o esforço é vão.
Assim como na Rua Rio Colônia, bairro Góes Calmon, onde os moradores protestaram devido a um buraco aberto pela Emasa e a empresa logo deu jeito no problema (veja), a situação da Rua Major Dórea, no Castália, também foi resolvida após uma queixa publicada neste blog na segunda-feira, 27.
Ontem, a Prefeitura mandou “passar a máquina” na rua, que estava cheia de crateras após 25 anos de esquecimento por parte do poder público.
A pressão funcionou. Quanto ao governo, não faz mais que sua obrigação ao cuidar da cidade e fazer jus (e ainda falta muito para isso) aos impostos pagos pelos cidadãos.
O grande geógrafo Milton Santos, ex-professor do Instituto Municipal de Educação Eusínio Lavigne, dá nome a uma das principais avenidas de Ilhéus. Mas será que algum ilheense sabe onde fica a Avenida Milton Santos? E a Avenida Sírio-Libanês?
Ao longo do tempo, as ruas ganharam apelidos ou nomes apostos sem observância da legislação. Para consertar a bagunça, a Prefeitura de Ilhéus realizou um levantamento, identificando as verdadeiras denominações dos logradouros. O resultado desse trabalho foi apresentado à Câmara de Vereadores pelo chefe de gabinete do prefeito Newton Lima, José Nazal Soub.
A partir de agora, a Câmara deverá se debruçar sobre a matéria e definir se as ruas e praças de Ilhéus permanecerão com os nomes oficiais ou se estes serão derrubados para manter aqueles consagrados pelo uso.
Finalmente, se alguém ficou curioso: a Avenida Sírio-Libanês é a mesma que atualmente chamam de Ubaitaba, no bairro do Malhado. E a Avenida cujo nome oficial presta homenagem ao grande Milton Santos é há bastante tempo conhecida como “Petrobras”. Uma imperdoável injustiça com o saudoso geógrafo.