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Josias Gomes fala com eloquência e gesticula com entusiasmo, quase como se estivesse num palanque. Alvejado em pleno voo pelo episódio do mensalão, o ex-deputado federal não conseguiu renovar seu mandato em 2006, porém não demonstra mais nenhum abatimento. Parece pronto para outra batalha e para as inevitáveis divergências com os adversários, externos e internos.
No PT, Josias trava uma briga com o companheiro Geraldo Simões, mas seu tom é conciliatório, tanto no que se refere aos conflitos com os correligionários, como os existentes entre o PT e o PMDB. Para o ex-deputado, que também presidiu o diretório baiano do PT em dois mandatos, é preciso manter a aliança que elegeu Jaques Wagner e consolidar a ruptura com o regime carlista.
O petista cita avanços do governo Wagner, manifesta posição favorável à permanência da Emasa na gestão do sistema de água e saneamento em Itabuna e poupa o prefeito Capitão Azevedo, que – a seu ver – teria sido prejudicado por dois fatores: a dengue e a crise financeira mundial.
Vamos começar aqui com um “vinagrete”. Fale do começo da sua atividade política.
Eu fui militante do movimento estudantil secundarista no Colégio Agrícola de Belo Jardim, no início da década de 70. Dali, em 1977, fui fazer a Escola de Agronomia na Universidade Federal da Paraíba, e lá militei no movimento estudantil. A primeira greve que houve no estado da Paraíba, depois do golpe militar de 64, fui eu quem dirigiu.
E como foi isso?
Era a greve dos estudantes de agronomia, em 1978. Um ano depois, me incorporei ao Movimento Pró-Partido dos Trabalhadores. Em 1980, concluí o curso de agronomia e ajudei a fundar o PT na Paraíba. Dois anos depois, retornei a Pernambuco para trabalhar como agrônomo, mas continuei militando no PT. Em 1982, o dono da usina em que eu trabalhava, em Primavera, me chamou para coordenar a campanha dele para prefeito. Naquela oportunidade, o partido dele era o PDS, antiga Arena. Então, eu fui para casa, peguei minha carteira de trabalho, voltei para a usina e disse a ele que estava ali vendendo a minha força de trabalho, não a minha consciência.
Demissão na hora…
Não, ele enrolou e pensei que fosse me aturar durante muito tempo. Mas, depois que se elegeu prefeito, ele me demitiu da usina e fez uma blindagem. Eu não consegui mais trabalho em Pernambuco nem em usinas de Alagoas e Paraíba. Os caras gostavam do currículo, mas quando ligavam pra lá [o antigo emprego]… o ‘pau’ cantava.
Foi quando você decidiu ir para Rondônia?
Fui para Rondônia trabalhar num projeto de pequenos agricultores na cidade de Colorado do Oeste. Depois passei em concurso do estado, na Secretaria de Planejamento. Era o início da formação de Rondônia que, na época, tinha apenas 12 municípios. Ali, trabalhamos na criação dos Núcleos Urbanos de Apoio Rural. Eu fui um dos agrônomos que ajudaram a consolidar esses NUARs. Era o início de um povoamento. Hoje, de 12 cidades, Rondônia tem cerca de 60, das quais mais de 30 surgiram a partir desse sistema.
Quanto tempo você ficou no norte do país?
Passei cinco anos lá. Fui candidato a vice-prefeito de Porto Velho em 1985. Um ano depois, eu coordenei a campanha do candidato a governador do PT. Em 88, era para eu ser candidato a vereador da cidade de Porto Velho, mas desisti porque preferi retornar para o Nordeste. E me instalei aqui em Itabuna, em 1989, já no período da campanha presidencial.
Veio coordenar a campanha aqui?
Ajudei os companheiros a coordenar. Em 1990, realizamos aqui a primeira grande campanha salarial unificada dos trabalhadores do cacau. Fizemos uma grande passeata com 26 municípios aqui na Avenida do Cinquentenário, num grande trabalho de unificação. Naquela época, quando estava se iniciando a crise da lavoura cacaueira, eu idealizei um instrumento para discutir a crise com os movimentos sociais e os poderes públicos regionais, o Fórum Popular e Permanente contra a Crise. Na época, Everaldo Anunciação era o presidente da CUT-Regional e coordenou este processo junto com a Fase, que era a entidade da qual eu fazia parte. Em seguida, participei da campanha de deputado estadual de Geraldo Simões e em 1992 coordenei a campanha a prefeito dele. Em 1993, assumiu a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Prefeitura de Itabuna.
“Houve uma rusga entre nós após a
derrota de Geraldo em 2004″
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Hoje, existe uma rixa interna entre você e Geraldo. Como isso é visto dentro do PT?
Nós somos da mesma corrente do PT, a Construindo um Novo Brasil. De fato, houve uma rusga interna após a derrota de Geraldo em 2004. Eu atribuo isso à legislação eleitoral brasileira. Ela é muito perversa, pois estimula a disputa entre companheiros. Hoje eu preciso ter mais voto que Geraldo e ele precisa ter mais voto do que eu para poder se eleger. Não há um somatório, o que existe é algo meio autofágico. Um partido nosso, de companheiros, tem que lutar para mudar essa legislação. Os votos deveriam ser uma soma que convergisse para a eleição da gente. Não é isso que ocorre, infelizmente. Esse é um dos aspectos que têm dificultado essa relação. Ele busca, com todo o direito, manter-se deputado e eu procuro voltar a ser.
São os dois brigando pelo mesmo espaço…
É uma disputa que não está muito no campo da racionalidade política e se cria esse processo autofágico. Espero que mais dia menos dia possamos mudar isso e, também, tenhamos uma relação de companheiros. Eu respeito muito Geraldo, que tem uma história política bonita, inegável. Nós tivemos muitos embates juntos. O grande patrimônio que é o PT na região passa primeiro por ele, mas também por mim que, ao chegar, me incorporei a esse projeto com muito gosto e carinho.
Existem condições para uma reaproximação?
Eu torço para isso. O Partido dos Trabalhadores é um patrimônio do povo brasileiro. Quanto mais a gente agregar as forças do PT, mais poderemos fazer em torno desse grande objetivo que é a transformação no país, no estado e em Itabuna. Isso é que, praticamente, me obriga a uma busca incessante pelo consenso. É nisso que precisamos avançar. Você tem vários segmentos no PT que debatem entre si.
Esse debate interno caracteriza bem o PT.
Pois é. Agora vamos ter o processo eleitoral interno, o PED, que é uma coisa muito dinâmica. Imagine você ter na Bahia 70 mil filiados aptos a votar. Isto é uma coisa inegavelmente muito importante para o processo político. Aí é que reside a necessidade de termos as nossas diferenças administráveis, porque o patrimônio que estamos gestando em termos culturais e de legado político é muito maior do que as diferenças que eventualmente existam entre um e outro militante ou dirigente.
“O PMDB é importante nesse processo
e temos que buscar o entendimento”
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Você, que foi presidente do PT na Bahia em duas ocasiões, como analisa essa situação entre PT e PMDB no Estado?
Vivemos na Bahia uma fase de transição política, que poderá ser maior ou menor a depender da compreensão do importante papel que o PT desempenha nesse processo. De um lado. Do outro, a condição que teremos de agregar partidos e movimentos sociais capazes de avançar. O PMDB é importante nesse processo e temos que buscar o entendimento na direção de continuar essa mudança. O povo baiano, para surpresa de alguns, deu uma lição em todos nós quando apontou que o processo então dirigido no estado havia se esgotado. Foi tão forte que resultou na eleição do companheiro Jaques Wagner no primeiro turno. Por isso, nós temos que ter uma atenção para reconhecer que o papel do PT e dos seus aliados na história não é um papel qualquer.
O problema é que a relação entre o PT e os aliados, principalmente o PMDB, parece cada vez mais difícil.
Isso exige de nós, do PT, muita argúcia, muito trato com as diferenças. E, repito, no atual estágio em que nós estamos, que é uma fase de transição, todos os aliados, do PMDB ao PDT, PCdoB, PSB, PTB, PV, são importantes, porque todos, de uma forma ou de outra, participaram dessa caminhada que resultou na derrota do carlismo, uma derrota acachapante. Por outro lado, as transformações que estamos promovendo no estado são muito significativas para a gente não fazer um esforço necessário para buscar essa recomposição difícil, mas necessária.
O processo sucessório de 2008, em Salvador, quando o PT decidiu pela candidatura própria, em vez de apoiar João Henrique, ainda é um fator que dificulta o relacionamento com o PMDB?
O processo de construção das candidaturas em Salvador, ao meu ver, foi um erro. O PT deveria ter apoiado a reeleição de João Henrique. Isso com certeza distensionaria, e muito, mas o nosso projeto político no estado é algo muito maior que a eleição em Salvador, ainda que seja a nossa capital. Seria justo que nós apoiássemos a reeleição de João Henrique porque ele já estava no poder. Lutei para isso. É importante que a população saiba que nós não estamos buscando uma recomposição qualquer. Queremos trazer para a cena política aqueles fatores que proporcionaram ao estado da Bahia uma virada de situação política. Espero que essa mudança se mantenha por muito tempo. Não vale a pena você ter o passado de volta.
“A aliança é fundamental para
eleger a companheira Dilma”
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Você tem boas relações com o PMDB. Existe no lado peemedebista essa disposição de manter a aliança?
Devemos partir do princípio de que somos partidos diferentes, aliados, porém, com histórias de vida e trajetórias políticas bastante distantes. Nesse particular, este momento exige do comando político do governo uma busca incessante para dar uma apagada maior nesses incêndios para recompor. A aliança é fundamental para eleger a companheira Dilma Roussef, é fundamental para continuar esse processo de mudança na Bahia.
Para usar um termo de Geddel, a fila está andando, não?
Eu sei que a fila de governador, de senador tem que andar, mas é evidente que exige-se tempo para acontecer. Acho que ainda existe tempo e espaço para negociação com o PMDB e outros partidos para que possamos construir a vitória de Wagner ainda no primeiro turno em 2010.
A postura do PT nessa aliança não é meio estranha, pois enquanto uns buscam manter a composição, outros agem com retaliações a Geddel, com vaias em atos públicos por exemplo?
O PT tem decisão do seu diretório em favor da aliança com o PMDB. O presidente Jonas Paulo, nas entrevistas que tem dado, e não são poucas, sempre reafirma a visão estratégica do PT de manter a aliança. Lógico que, em se tratando de aliança como neste momento, aparecem companheiros que divergem do interesse em manter a composição, mas esse não é o entendimento maior. Opiniões e divergências existem, do mesmo jeito que há no PMDB. Porém, uma decisão do diretório é superior a qualquer fala pública de qualquer outro filiado do PT.
“42% dos baianos têm o PT
como partido preferido”
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O PT sempre foi o partido de características mais marcantes e mais identificáveis pela sociedade. Alguns acontecimentos após a chegada ao poder não contribuíram para a deterioração da imagem da legenda?
É verdade que as pessoas se lembram do PT, mas não só quando estava fora do poder, mas também agora. Pesquisa feita pelo governo do estado mostra que 42% dos baianos têm o PT como partido da sua preferência. Isso agora, quando estamos no poder. Continuamos sendo a esperança de grande parte do povo brasileiro. Imagina você ter 42% dos baianos dizendo que têm o PT como partido preferido.
Você é a favor do voto em lista, mas ele não privilegia os “caciques” dos partidos?
Isso é uma dúvida que se tem. Mas o PT não corre esse risco porque não tem cacique. O ambiente de alguns partidos mais parece uma caricatura de partido do que partido político porque tem donos, mas no PT não existe isso. Duvido que no PT a lista não seja definida no voto, em assembleia, num processo democrático, em que se “quebra o pau”, mas ali será acertado conforme as nossas decisões em conjunto.
Como você avalia a gestão de Wagner?
Não tenha dúvida de que governar um estado complexo como a Bahia, com realidades completamente diferentes, com o desmonte que foi feito da coisa pública nos governos anteriores, é um legado muito forte. Mas o governo Wagner tem sido de uma competência extraordinária em segmentos extremamente variados. Você pega programas como o Todos pela Alfabetização (Topa), que é uma coisa fantástica, e é um modelo que vai ser seguido por vários países que padecem do mal do analfabetismo.
E nas outras áreas, quais seriam os exemplos?
Olhe o exemplo do Água para Todos. Você sabe o que significa água para o semi-árido? Sessenta e oito por cento do território baiano está no semi-árido. O maior número de poços perfurados e em funcionamento de toda a história é no governo Wagner. Esse é um dado que não pode ser desconsiderado.
Como o sr. vê o desempenho na área de saúde?
Você sabe o que é interiorizar a saúde como o governo está fazendo? Neurocirugia em Barreiras, serviço que só tínhamos em Salvador e Itabuna. “Ah, mas falta muito”. Falta. Mas veja o Hospital Geral de Ilhéus. Na gestão passada, só se falava “vai fechar o hospital, vai fechar UTI”. O Hospital sai de 2 mil atendimentos e agora realiza 9 mil por mês. E tem mais: os recursos enviados para o Hospital Geral são os mesmos enviados no governo anterior. São muitos acertos, mas numa situação de transição e em que os recursos mínguam, isso não é uma coisa qualquer.
“A reeleição de Wagner vai
fazer muito bem para a Bahia”
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Houve a perda na arrecadação…
O Estado perdeu em arrecadação mais de R$ 400 milhões, mas estamos recuperando o fôlego. Estou convencido de que a reeleição é a consolidação desse novo governo e do nosso partido como um partido da boa gestão. Sem dúvida nenhuma, vai fazer muito bem para a Bahia a reeleição de Wagner.
No seu primeiro mandato, você defendeu a criação de uma universidade federal no sul da Bahia. Por que até hoje esse projeto não se concretizou?
A universidade federal no sul da Bahia terá que se tornar realidade em função dos investimentos que os governos Lula e Wagner vêm fazendo na região. Imagine o que é esse novo porto de Ilhéus e a abertura para os novos campos da atividade econômica. Esse investimento não diz respeito apenas a Ilhéus. Tudo isso vem para dar uma melhoria substancial para a economia sul-baiana. A questão da universidade se insere nesta lógica. O campo profissional será mais amplo e a universidade estadual [Uesc] e as particulares não possuem formação nas novas áreas profissionais que serão exigidas. Outra coisa que facilita tudo isso é a Ceplac, que foi, de longe, o mais bem sucedido investimento estatal feito numa região como a nossa.
E o que representaria a Ceplac nesse contexto? O que temos de massa crítica, de pesquisadores, é incomparável com qualquer outra região do estado. E você tem já uma infraestrutura toda montada, com energia elétrica em toda a região, inclusive nas zonas rurais. Além da água, existem estradas cortando toda a região, o que nos dá condições de acompanhar esse desenvolvimento estatal. Nós todos temos que nos unir para tirar esse sonho do papel e virar realidade.
“O município não pode abrir
mão da Emasa”
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Antes da entrevista, você falava sobre a questão da Emasa, do fim do comodato. Você é a favor ou contra a Embasa assumir o serviço de água e saneamento em Itabuna?
Parece um contrassenso, mas eu sou daqueles que consideram fundamental que o município que tenha condições de gerir o seu sistema de água, deva fazê-lo. Essa é uma tarefa que eu acho que o município não pode abrir mão mesmo porque se trata de um bem muito importante para tudo. Além do que, a gestão feita pelo município pode propiciar condições de ter aporte para outras atividades que precise desempenhar e não tenha recursos. É claro que investimento em água em Itabuna não é pequeno, mas terá que ser feito em comum acordo com os governos federal e estadual. Eu sou de acordo que uma empresa desse porte, dessa magnitude, deveria ser gerida pelo município e não pelo estado.
Que avaliação você faz do governo Azevedo?
Os governos tiveram um problema grande com a crise mundial, que chegou mais tardiamente no Brasil, mas teve os seus reflexos. O governo fez algumas alterações na tributação que incidiram diretamente no repasse aos municípios, como a redução do IPI. Isso diminuiu ainda mais a receita dos municípios, tanto que o governo Lula está tentando reduzir os efeitos dessa queda com uma injeção de recursos. Ainda houve a epidemia de dengue em Itabuna, que criou uma situação muito difícil. Dois, três meses é de reconhecimento da máquina, quando você toma pé da situação. A meu juízo, a equipe [de Azevedo] nem pôde tomar pé da situação porque a dengue acabou consumindo todo esse tempo. Mas eu torço para que o governo de Azevedo dê certo porque isso faz bem para a população.
Em 2002, você foi eleito com 75.338 votos. Quatro anos depois, você teve 42.771 votos. Até que ponto o episódio do mensalão teve impacto na sua derrota em 2006?
Na verdade, houve dois fatores. Em 2002, eu não tive a concorrência de Joseph Bandeira na região de Juazeiro, onde obtive 9 mil votos. Em 2006, Joseph foi candidato e teve 50 mil votos. Em duas cidades, Remanso e Campo Alegre de Lourdes, eu tive cerca de dois mil (em 2002), caí para mil. Só não perdi em Pilão Arcado. No extremo-sul, o companheiro Zezéu [Ribeiro] teve uma fatia que havia sido minha. Em 2004, eu ajudei a eleger a prefeita de Carinhanha e em 2006 ela ficou com Zezéu e deu 4 mil votos a ele. Emiliano foi candidato em 2006 e dividiu votos em Paulo Afonso. Outra foi Senhor do Bomfim, onde esperava 10 mil votos e só obtive 5 mil. A candidatura de Geraldo também atrapalhou aqui na região, onde tive 21 mil votos em 2002 e caí para 8 a 9 mil. Tudo isso criou uma dificuldade danada.
Episódio do Mensalão: “Eu não desejo
algo parecido para ninguém”
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E o mensalão?
Sim, houve a questão do mensalão, que, no imaginário popular ficou como uma ideia de roubo, malandragem. Isso foi o que a grande mídia tentou passar, muito para desqualificar o PT. Mas eles, felizmente, não conseguiram. Quando você conversa com as pessoas e explica elas dizem “bom, mas eu não sabia que era isso”. Foi uma situação tão singular que eu não desejo para ninguém enfrentar algo parecido.
Mas qual foi a divergência entre o que a grande mídia passou e a realidade?
Para você ter uma ideia, o jornal O Globo plantou que eu tinha passado dinheiro [supostamente do Mensalão] para os meus familiares. Isso foi manchete d’ O Globo num domingo. Na segunda-feira, eu conversei com o jornalista e perguntei de onde ele havia tirado aquilo. E ele disse que teria sido de uma funcionária do banco, e eu questionei por que ele não havia me procurado. Pedi que levantássemos a história direitinho. Felizmente, o jornalista topou. Resultado: não era verdade.
E a retificação saiu, foi publicada?
No domingo, O Globo deu em manchete que eu havia passado dinheiro para a minha família. Na quarta-feira, sai uma notinha de pé de página dizendo que não era verdade o que havia sido publicado. Mas a matéria foi reproduzida em outros jornais, inclusive no A Tarde. Enfim, é uma situação muito ruim, mas felizmente superada porque eu não tinha nada daquilo. O dinheiro [R$ 100 mil] foi repassado pelo diretório nacional do PT para o diretório estadual pagar as despesas de campanha. Eu provei e, claro, fui absolvido. Claro que essas oportunidades para esclarecer são ótimas, mas quem não se afina conosco tenta insinuar que houve desvio pessoal.
“O PT terá bancada de 120 deputados
federais e uns 20 senadores”
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Você acha que o desgaste sofrido já se diluiu?
Viajo muito pelo interior e aqui na região, por exemplo, tenho ouvido que eu faço falta [na Câmara] pelo trabalho que realizei, por ter levantado os temas regionais lá em Brasília, de uma forma política, por ter ajudado a tirar esses temas da periferia do poder político e trazê-lo para o centro do poder. As pessoas daqui me perguntam se não vou voltar para a Câmara e eu digo que vou. Isso tudo não atrapalha ninguém. O PT tem hoje oito deputados federais e nós vamos ampliar nossas bancadas. A meu ver, o PT vai fazer uma bancada de 120 deputados federais e uns 20 senadores, não tenho dúvida.
Como você vê a possibilidade de dois palanques para a ministra Dilma Roussef na Bahia?
Eu vou torcer até o último momento para estarmos juntos [PT e PMDB]. A gente precisa ter responsabilidade para administrar as nossas diferenças e que elas não sirvam de motivo para distanciamento numa hora dessas. Agora, se não for possível, nós vamos ter que conviver.