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Aqui no Brasil, no entanto, grupos religiosos e políticos impedem a descriminalização, por motivos distintos. Os religiosos, por dogmatismo. Já entre os políticos, alguns estão a serviço do tráfico.

 

Gerson Marques

Uma pessoa com grana no bolso pode entrar em qualquer agência de um banco no Brasil e aplicar em maconha nos EUA, comprando fundo de ações da XP e outras, além de ganhar muita grana com a maconha legal dos americanos. Geram empregos, renda e impostos, lá, para eles.

Um jovem branco de classe média, se pego com alguns baseados no bolso, no máximo, terá uma pena de trabalhos comunitários, e os pais vão colocar em um psicólogo… “Mas é apenas uma criança”…

Já um jovem preto, da periferia, se encontrado com UM baseado de maconha, pode pegar até oito anos de prisão. E muitos estão presos, abarrotando presídios e virando mão de obra fácil para grupos organizados, como o PCC.

A descriminalização da maconha, já práticada em vários países, não aumentou o consumo nem aumentou os problemas com consumidores. O resultado averiguado, até agora, é a queda vertiginosa do tráfico e, por consequência, da violência.

A maconha sempre foi legal no Brasil, até os anos 40. Tornou-se proibida não porque era droga, mas porque sua fibra, o cânhamo, é melhor que o algodão para tecidos. E, nos anos 40, o algodão era o principal produto de exportação dos EUA, que, para impor seu produto ao mundo, criou essa criminalização…

Uma das substâncias encontradas na maconha, o canabidinol, está causando uma revolução no mundo dos medicamentos. Aqui no Brasil, no entanto, grupos religiosos e políticos impedem a descriminalização, por motivos distintos. Os religiosos, por dogmatismo. Já entre os políticos, alguns estão a serviço do tráfico, os principais inimigos da descriminalização.

Gerson Marques é produtor de cacau e chocolate e agente cultural.

Dr. Enéas Carvalho faleceu neste domingo, em Salvador, vítima da covid-19
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Em janeiro de 2013, quando assumiu a diretoria médica, as condições do hospital eram caóticas, o que não intimidou este médico, à época com de 71 anos de idade.

 

Walmir Rosário

Faleceu na madrugada deste domingo (23), em Salvador, vítima da Covid-19, o médico pneumologista Enéas Silva de Carvalho Filho, de 79 anos, casado e pai de cinco filhos. Maranhense, deixou seu estado natal para estudar medicina na Bahia, e depois de formado se estabeleceu em Salvador, após casar com a médica especializada em dermatologia, Nely Campos de Carvalho.

E dessa união cresceram os cinco filhos, todos criados e exercendo atividades profissionais na medicina, odontologia, direito, educação e fisioterapia. Vida organizada, o casal cumpriu a promessa de anos passados: viver em Canavieiras após a aposentadoria. E estão cumprindo, proporcionando à sociedade tudo o que receberam durante os anos em atividade em Salvador.

Formado pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Dr. Enéas dedicou 52 anos a serviço da medicina, 38 deles como professor de Propedêutica de Pneumologia na Universidade Federal da Bahia (UFBa) e na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Durante esse tempo cuidou de pessoas, formou alunos, fez amigos.

Até hoje o respeito dos alunos pelo mestre é visto hoje com o carinho que é tratado pelos colegas, que o consideram um ícone da medicina. Mas esse tratamento não é dispensado somente agora e pode ser mensurado nos inúmeros convites que recebeu para ser homenageado como patrono ou paraninfo. Não poderia ser diferente para quem adotou como máxima: “Hospital sem estudante não tem muita motivação, dinamismo”.

Do caos ao sonho. Esta sempre foi a máxima do Dr. Enéas, tanto que quando se aposentou, em 2012, recebeu o convite do então prefeito de Canavieiras, Almir Melo, para dirigir o Hospital Municipal Régis Pacheco. Para ele não foi uma simples utopia e sim um trabalho de planejamento e gestão para dotar o “velho” hospital num dos mais modernos e eficientes centros de atendimento médico hospitalar.

A tarefa parecia simples, não fosse o histórico da situação desse importante equipamento médico-hospitalar responsável pelo atendimento à população de Canavieiras e região. Em janeiro de 2013, quando assumiu a diretoria médica, as condições do hospital eram caóticas, o que não intimidou este médico, à época com 71 anos de idade.

Aos poucos, o Hospital Régis Pacheco passou por uma faxina generalizada em sua estrutura física, contratou uma equipe médica e de enfermagem, até voltar a ser credenciada pela Secretária Estadual da Saúde. Em apenas nove meses, a equipe da Secretaria Municipal da Saúde comemorou a inauguração do centro cirúrgico com a realização das primeiras cirurgias. Uma semana após mais seis cirurgias foram executadas, inclusive dois partos cesáreos.

Para Dr. Enéas, a tarefa não era difícil, pois exerceu o cargo de diretor do Hospital Otávio Mangabeira (Salvador), especializado em doenças pulmonares, tornando-se referência, inclusive, na formação dos profissionais de medicina. Imitando o ditado que diz, “quando se descansa carrega pedra”, a vida desse médico não foi diferente: após as aulas, consultório, previdência, plantões em hospitais, a exemplo do Getúlio Vargas, dentre outros.

Acostumado à formação dos profissionais da medicina, Dr. Enéas perseguiu um novo sonho: transformar o Hospital Municipal Régis Pacheco num hospital-escola. No seu entendimento, a combinação dos estudos teóricos com as aulas práticas possibilita um aprendizado mais eficaz e humano. É verdade que ele considera uma decisão de médio prazo, mas não descartou a possibilidade, pois vivencia situação idêntica, a conviver com grande de parte de seus alunos – médicos e enfermeiros – antes, colegas hoje no Hospital Régis Pacheco.

Em Canavieiras, não se limitou a ser o diretor médico do hospital, e era o primeiro a substituir qualquer colega que não pudesse se apresentar para o plantão. Ele mesmo agendou na escala do hospital um plantão de 24 horas semanais, quando atendia uma grande quantidade de pacientes, muitos deles para desfrutar da experiência do conceituado médico.

Seu passamento não poderia deixar de consternar profissionais da saúde, amigos, familiares e grande parte da população de Canavieiras.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

Joana Guimarães é reitora da UFSB
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Séculos de exclusão e discriminação criaram a premissa do menor potencial. Frases como “Isso não é pra gente como nós”, “Nosso lugar é na cozinha”, entre outras, ouvidas de pessoas negras que estavam ao meu redor, acompanharam-me em grande parte da minha infância e adolescência. Mas eu me insurgi, resisti, reconfigurei a situação e cheguei até aqui. Porém, não foi fácil. E não é para nenhuma de nós.

 

Joana Guimarães

Desde que assumi o cargo de reitora na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), sempre me perguntam como é ser uma mulher negra ocupando um cargo em que tão poucas pessoas na minha condição estão presentes. Ao pensar sobre isso, vem à mente que a questão não é esse ou aquele cargo, mas a ocupação dos espaços de prestígio na sociedade que sempre foi algo de difícil alcance para pessoas negras. Estou na vida acadêmica como gestora desde 2006, quando assumi o cargo de diretora do campus da UFBA em Barreiras. Em 2011, fui para a vice-coordenação da Comissão de Implantação da UFSB. Em 2013, assumi a vice-reitoria dessa mesma universidade e, em 2018, o cargo de reitora, o qual exerço até aqui. Nessa trajetória, sempre fui a exceção que comprovava a regra do racismo.

Certamente a cor da pele define nossa posição na sociedade e como esta nos vê. Isso pode ser observado nas discussões sobre o desempenho dos cotistas na universidade. Havia e em certa medida ainda há uma preocupação com desempenho — fruto da concepção de que essas pessoas possuem dificuldades no aprendizado por conta da falta de exposição a elementos educacionais e culturais dominantes na nossa sociedade, tais como escolas renomadas, bons livros, cinema, teatro, museus — o que chamamos de capital cultural. Porém, não se levam em consideração as experiências comunitárias e culturais descentradas que também fazem com que, mesmo sem acesso a tudo isso, essa maioria minorizada desenvolva vivências que fazem com que não só tenham capacidade outras como a resiliência e um enorme potencial para agarrar as oportunidades que surgem à frente. Uma espécie de rebeldia contra a subalternidade determinada historicamente. Aliado ao fato de que pessoas negras devem estar onde estão porque esse é o seu lugar na sociedade — construiu-se a premissa dominante de que elas têm menor potencial que pessoas brancas.

No meu caso particular, quando adentrei esse mundo da gestão e, consequentemente, passei a ocupar cargos de destaque mesmo detendo todas as credenciais de uma egressa da Ivy League, não à toa, o racismo teimou em se rearticular em várias imagens de controle na tentativa de invisibilizar minha atuação como reitora e menoscabar a minha agência.

A intersecção entre racismo, machismo e pobreza inscreve, socialmente, as mulheres como pessoas com menor potencial para ocupar espaços de poder, sendo determinado a elas o cuidado com a família, com atividades relacionadas ao ambiente doméstico. Isso é, em grande medida, incorporado ao imaginário das próprias mulheres que, em muitos casos, se sentem culpadas ou impossibilitadas de investir na carreira, considerando que isso as afasta da sua função definida, historicamente, pela sociedade, que é a de cuidado com a família. Séculos de exclusão e discriminação criaram a premissa do menor potencial. Frases como “Isso não é pra gente como nós”, “Nosso lugar é na cozinha”, entre outras, ouvidas de pessoas negras que estavam ao meu redor, acompanharam-me em grande parte da minha infância e adolescência. Mas eu me insurgi, resisti, reconfigurei a situação e cheguei até aqui. Porém, não foi fácil. E não é para nenhuma de nós.

Essa breve reflexão conduz-me à resposta de que ocupar o cargo de reitora de uma universidade federal parece-me perfeitamente natural, em especial pelo fato de estar de volta, depois de 40 anos, à terra onde nasci e vivi a minha infância e parte da adolescência, onde tenho raízes familiares. Tudo isso faz com que eu tenha profunda relação com a região e compreenda a importância de uma instituição como a Universidade Federal do Sul da Bahia. Importante por saber o que teria significado para a vida de muitos dos meus colegas dos primeiros anos de estudo a existência de uma universidade pública na região, o quanto isso lhes teria impactado a vida. Além do impacto pessoal, há ainda o aspecto do desenvolvimento regional, com a possibilidade de construção de projetos de interesse da sociedade em todas as áreas do conhecimento, o que almejamos aqui na UFSB.

Para finalizar, deixo aqui o testemunho de que me sinto acolhida pelos colegas reitores e reitoras das universidades federais, por meio da Andifes, que, neste momento de dificuldade econômica, política e sanitária pelo qual passa o Brasil, agravado pelas enchentes no sul e extremo-sul da Bahia, tem se colocado firmemente numa rede de apoio, solidariedade e troca de experiências que muito tem nos ajudado a atravessar essa difícil conjuntura.

Joana Guimarães é reitora da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).

Novo Hyundai Creta tem design polêmico, mas colunista não fica no muro e opina
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O novo Hyundai Creta, lançado no último semestre de 2021, tem visual bastante polêmico. Sua beleza é considerada “8 ou 80”. Agrada ou desagrada! Não existe meio termo.

Muitos o acham lindo, tem design futurista, representado por suas linhas externas, grade alongada na parte frontal, faróis e lanternas redesenhadas com aspecto singular, se comparado a todos os carros encontrados no mercado. Por outro lado, são esses mesmos aspectos que desagradam a muitas outras pessoas.

O que não se pode negar é que o seu visual desperta olhares por onde ele passa.

Será esse o “patinho feio” que figura em nossas lembranças de infância?

Um carro muito feio que se tornará lindo?

Ou já chega com status de “Príncipe Encantado montado em seu alazão”?

Pois, bem. Vamos falar sobre os respectivos modelos, motorização e preços atuais. Na concessionária Hyundai de Itabuna, o Creta é comercializado em 4 versões.

Inicialmente, falemos de valores das versões Comfort, Limited, Platinum 1.0 TGDI 12V Flex automático de 6 marchas, com 120 cavalos. Os respectivos modelos estão à venda por R$ 114.990,00, R$ 129.490,00 e R$ 145.990,00, respectivamente.

Já a versão topo de linha, garoto-propaganda, é o Creta Ultimate 2.0 16V Flex, automático de 6 marchas, que gera 167 cavalos. Sai por R$ 161.990,00. Todos os valores estão atualizados para janeiro de 2022.

Os detalhes da parte traseira do novo Hyundai Creta 2022

O Creta Ultimate conta com faróis e luzes diurnas (DLR) em LEd, spoiler traseiro, teto solar panorâmico, interior com acabamento premium, banco do motorista com ventilação, saídas de ar para os passageiros traseiros, sensores de estacionamento traseiro e frontal, painel digital colorido supervision cluster de 7¨ e carregador de smartphones por indução.

A versão Ultimate conta ainda com ar-condicionado digital, chave presencial smart key com telecomando de travamento para todas as portas, partida start-stop, freio de estacionamento eletrônico com auto hold, volante com comandos multifuncional, som bluenav touch screen com GPS integrado, comando de voz para diversas funcionalidades, como ar-condicionado, vidros e ventilação dos bancos.

Quanto ao item segurança, ele conta com sistema smart sense, câmeras que permitem visão 360º do carro, frenagem autônoma de emergência, assistente de permanência em faixas, controle de velocidade adaptativo, detector de fadiga, alerta de presença no banco traseiro, farol alto adaptativo, seis airbags e controle de tração e estabilidade.

Seleção de modo de condução: smart, eco, normal e sport.

Hoje, no mercado de SUV compacto, o Creta se destaca, bastante, pela imponência e – principalmente – pela tecnologia embarcada. Eu, particularmente, acho um carro lindo. Creio que o seu design seja tendência e ele figurará com excelência pioneira.

E você, o que acha do novo Creta?

Ícaro Mota é consultor automotivo e diretor da I´Car. A coluna é publicada às sextas-feiras.

Os participantes do BBB22 e da corrida presidencial de 2022 || Montagem Andreyver Lima
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Em mais um ano sem carnaval, o Brasil faz a festa com as torcidas organizadas, que serão protagonistas das vitórias de seus candidatos.

 

Andreyver Lima

“Se você pudesse me dizer, se você soubesse o que fazer, o que faria, aonde iria chegar?”. Esse é o trecho de abertura do reality mais famoso do país, o Big Brother Brasil, que chega a sua vigésima segunda edição neste ano.
O mesmo trecho também pode ser aplicado nas eleições presidenciais, já que o sentido é o mesmo: se você soubesse o que fazer, o que faria, candidato?

Mesmo quem não assiste ao programa, fica sabendo uma coisa e outra por amigos ou redes sociais. Nas eleições acontece o mesmo efeito. Embora muitos não acompanhem, todos têm uma opinião sobre os concorrentes ao cargo mais importante do país.

Entre as semelhanças dos “realitys”, muita trama, fofoca, personagens e golpes. A cobertura das eleições tem um aspecto midiático absurdo, que envolve os eleitores em debates sem fim pelas redes sociais.

Em mais um ano sem carnaval, o Brasil faz a festa com as torcidas organizadas, que serão protagonistas das vitórias de seus candidatos.

Ao final de tudo: um campeão de votos. E um país para governar.

Andreyver Lima é jornalista, editor do Seja Ilimitado e comentarista político da Boa FM.

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Continuamos incentivando a vacinação em todas as idades e agora também em nossas crianças, principalmente nesse momento em que vivenciamos o aumento acelerado dos casos de Covid, com uma nova variante circulando

Domilene Borges

O Núcleo Regional de Saúde Sul recebeu na manhã desse sábado a 1ª remessa da vacina pediátrica contra Covid-19.
Foram 10.300 doses que serão distribuídas aos 68 municípios da área de abrangência do Núcleo, com toda a logística de entrega terrestre sendo disparada ainda no sábado (15).

Os municípios foram orientados durante a reunião extraordinária da CIB, na última sexta-feira, a vacinar o público alvo na faixa etária de 5 a 11 anos, em ambiente em condições seguras e separado da vacinação dos adultos.

Continuamos incentivando a vacinação em todas as idades e agora também em nossas crianças, principalmente nesse momento em que vivenciamos o aumento acelerado dos casos de Covid, com uma nova variante circulando, e que constatamos que os casos graves estão acontecendo nas pessoas que não foram imunizadas.

O uso da máscara, lavagem das mãos e álcool gel continuam sendo indispensáveis. Assim como evitar aglomerações e ambientes fechados. Seguimos firmes, contando com o apoio de cada um nessa batalha .

Domilene Borges é coordenadora do Núcleo Regional de Saúde Sul da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab).

Por que é importante contratar um consultor automotivo?
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O sonho de comprar um carro está internalizado na maioria das pessoas desde criança. Quando finalmente chega o dia da realização, é comum à hora da compra haver muitas dúvidas e incertezas, pois existem várias marcas e diversos modelos de veículos. E a primeira questão é qual comprar?

Mas essa não é nem a pior das situações, porque, após ter respondido a esta simples pergunta, vêm as demais, caso seja seminovo, usado: Já foi batido? Tem repintura? As revisões foram feitas em dia? Tem passagem por leilão? O motor está bom? Qual o consumo de combustível? Qual o preço do seguro? Qual o preço da manutenção?

A essas perguntas, somam-se outras: Tem boa revenda? Acho peça com facilidade? Tem mecânico que “mexe” aqui na cidade? Quanto gasto para transferir? Tem multa? Está emplacado? Os pneus estão bons? A parte elétrica está boa? Será que a quilometragem foi adulterada? A lataria está boa? Por baixo do carro tem ferrugem?  A suspensão precisa ser “feita”?

São muitas questões.

Talvez você ainda não tenha passado por isso ou nunca se deu conta de quantos problemas podem surgir num veículo. A pior situação é não ter sido atento na hora da compra. E o sonho acaba virando um pesadelo. Você passa dias e mais dias “andando” em oficinas. E, por isso, torna-se íntimo de mecânicos e vendedores de autopeças. Aí começam as desculpas, que não são poucas: eu não entendo nada de carro! Me venderam uma bomba! Ou, eu não tinha ninguém para olhar comigo!

Muitos procuram somente os mecânicos, mas o máximo que estes profissionais conseguem te falar é sobre o motor, suspensão… Não lhe dão a precisão de um scanner automotivo sobre os componentes elétricos de funcionamento. Não podem te alertar a respeito de um histórico ruim desse veículo, analisar a estrutura da carroceria comprometida, dentre muitas outras situações.

Quero te alertar sobre a existência do consultor automotivo, que são pessoas preparadas para desmistificar muitas questões sobre a diversidade de carros, os problemas recorrentes que incidem sobre cada um, fazer análise técnica sobre a sua escolha, fazendo até com que o comprador mude de opinião e opção em algumas situações.

O comprador faz um investimento irrisório tendo a certeza de que estará fazendo uma ótima compra e estará se livrando de gastos excessivos que superam, facilmente, investimento feito no profissional.

Nas minhas consultorias existem diversas etapas e cada situação e veículos são tratados de forma distinta no que diz respeito à necessidade de cada carro e à necessidade do cliente.

É muito importante entender que por trás da compra tem a problemática. O consultor está preparado para ajudar a tornar o seu sonho uma realidade e não um pesadelo.

Ícaro Mota é consultor automotivo. A coluna é publicada às sextas-feiras.

Fiat traz série de despedida do ícone, o Uno Ciao || Foto Divulgação
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Criado pelo italiano Giorgetto Giugiaro , o Fiat Uno chegou ao Brasil em 1984. Concorrente direto do VW Gol, líder em vendas na época, conquistou seu espaço e se tornou o carro mais vendido da Fiat em 37 anos de história. Porém, a sua jornada está sendo encerrada no Brasil.

Para se despedir em grande estilo, a Fiat lançará neste ano o Uno Ciao, saudação para cumprimentar/despedir-se de alguém no idioma italiano. Serão limitados  a 250 unidades. Cada unidade será numerada de acordo com a ordem de produção.

Todas as unidades têm pintura exclusiva no tom cinza Silverstone, com teto bicolor preto, retrovisores externos e spoiler traseiro na mesma cor. As portas têm um adesivo exclusivo lateral com o nome Uno Cia e a frase “La storia de una legenda” – “A história de uma lenda”.

O modelo recebeu a logo uno nas cores da Itália à esquerda da tampa do porta-malas.

Por dentro, o Uno Ciao adota um interior escurecido e acabamento bicolor em tons claros nas portas e na faixa central que cruza o painel.

Ele conta com ar-condicionado, direção hidráulica, quadro de instrumentos com tela de LCD, computador de bordo, sistema de som com rádio bluetooth e entrada USB, airbag duplo, travas e vidros elétricos dianteiros com one touch e antiesmagamento, gancho universal para fixação da cadeira infantil (Isofix), limpador, lavador e desembaçador do vidro traseiro freios ABS com EBD, cinto de três pontos e encosto de cabeça para todos os ocupantes, bancos traseiros bipartidos e rebatíveis.

O preço sugerido é de R$ 84.990,90. Abaixo, confira o vídeo de despedida (ciao!) preparado pela Fiat.

Ícaro Mota é consultor automotivo. A coluna é publicada às sextas-feiras.

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Felizes homens e mulheres novos. Não podemos atribuir ao calendário o poder de gerar novos ciclos, mas a nós, autores das ações e construções até mesmo do calendário, para aliviar o peso dos anos, fazendo zerá-lo a cada 365 dias.

 

Rosivaldo Pinheiro | rpmvida@yahoo.com.br

Está chegando ao seu final o 2021, mais um ano que parece ter seguido na direção contrária ao que pedimos e sonhamos na virada de 2020. Esse foi o segundo ano em que aprendemos a dar mais valor ao hoje, e a entender que o amanhã pode ser uma miragem, algo inatingível. Aprendemos que os abraços e afagos precisam acontecer sempre, e no presente, porque o futuro pode ser improvável.

Se voltarmos um pouco a fita do tempo, veremos que na virada de 2019 para o ano seguinte já tínhamos notícias da existência de um vírus na China, mas, como estávamos distantes e “somos brasileiros, abençoados por Deus e um país bonito por natureza”, achávamo-nos intocáveis e ignoramos o fato de que vivemos numa aldeia global, embora nem todos estejam conectados aos fluxos das riquezas geradas no planeta.

Sabemos, também, que independentemente das condições socioeconômicas, as consequências do modelo de vida moderno impõem a todos um custo de sobrevivência, e, portanto, os impactos de uma pandemia, desconsiderada até ali, com virulência para atingir os quatro cantos do mundo e, de forma mais direta, as populações mais vulneráveis.

O ano novo chegou e permanecemos em berço esplêndido, afinal, o ano era par e diz a sabedoria popular que esse fato é um diferencial para que o ano seja bom, próspero, especial. Os dias foram passando e as notícias que chegavam do exterior eram assustadoras – o vírus já provava o seu poder de propagação e mortandade, mostrava ao mundo que todos éramos suscetíveis e estávamos diante de uma crise que se ramificaria mundo afora.

O corre-corre foi geral para identificar saídas e superar as restrições trazidas nos protocolos para o enfrentamento da covid-19. Enfim, tínhamos encerrado um ano par totalmente adverso ao que indicavam os nossos prognósticos, mas teríamos uma nova oportunidade, agora, o próximo ano, 2021. Esse não teria como ser pior do que o ano que se encerrava. Estávamos mais resilientes e menos acelerados, antecipamos modus de vida desejado, o home office estava posto, os cursos à distância, o e-commerce, as lives, os lares ganharam, na sua grande maioria, cara de residências, afinal, quem já não o fazia, foi forçado a compartilhar os quatro cantos da casa e a conviver mais próximo aos seus.

Mas, o filme de terror gerado pelas mortes que assistíamos distante de nós agora era na casa ao lado, dentro da nossa casa ou da casa de alguém que amávamos. As dores desses acontecimentos estavam por todos os cantos, marcavam a nossa alma. Por dia contabilizamos a queda de vários boeings. Por um tempo, tínhamos, todos os dias, o nosso próprio 11 de setembro.

Mergulhamos num ciclo de horrores e dores, um cenário de incertezas apareceu sobre a mesa: a cada espirro, um choque; a cada gripe, um desespero; a cada tosse, um baque; a cada diagnóstico de positivação, a incerteza da evolução da doença; a cada internamento, a separação abrupta; a cada intubação, a segregação, o sentimento de falência emocional. A cada morte, uma dor sem precedente, um registro insolente, uma partida ainda mais sofrida, sem direito à despedida.

Agora, 2022 bate na porta, trazendo consigo novos sonhos. Mas já estamos menos empolgados. Os dois últimos anos se passaram e a gente quase não se deu conta. Para complicar um pouco mais a nossa vida, aqui na Bahia, em várias regiões, inclusive na nossa região Sul, fomos afetados por uma grande cheia. Muitos de nós perderam tudo materialmente falando e terão que se refazer. A solidariedade vem sendo exercida com muita intensidade, a vacinação caminha, mesmo a passos lentos, e a influenza também está entre nós. Todos esses acontecimentos estão ligados ao modo de vida moderna, exigirá de nós renascimentos.

Felizes homens e mulheres novos. Não podemos atribuir ao calendário o poder de gerar novos ciclos, mas a nós, autores das ações e construções até mesmo do calendário, para aliviar o peso dos anos, fazendo zerá-lo a cada 365 dias. Que sejamos seres renascidos nesse novo ano que se inicia, que valorizemos a vida e todas as suas nuances e possibilidades, que não deixemos para amanhã o bem que podemos fazer hoje. Um feliz ciclo novo, com 2022 motivos positivos para comemorarmos!

Rosivaldo Pinheiro é economista e especialista em Planejamento de Cidades (Uesc).

Veículos podem ser recuperados, mas orçamento é indispensável || Foto CElétrico
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A pergunta frequente é: Carro atingido por enchente tem conserto?

A resposta é sim.

O problema é saber se compensa fazer o reparo. E isso é uma situação complexa. Mas vamos às situações.

Um carro que entrou água apenas no assoalho. Nesse caso, devem ser retirados bancos e carpetes. Depois, fazer a secagem do lastro. O carpete deve ser posto ao sol. Com o auxílio de um borrifador, deve ser aplicado álcool isopropílico, que tem a função de matar bactérias e não deixar proliferar fungos e mofo.

O veículo que ficou submerso do painel para cima deve ser retirado o cabo positivo da bateria e ser rebocado até uma oficina de sua confiança, pois, nesse caso, ele pode ter pane elétrica se ligado antes. Precisará de higienização em estúdio especializado. Pela quantidade de água citada, há uma grande probabilidade de ocorrer um calço hidráulico. A pane trata-se de um curto circuito, e o último se trata de entrada de água pelo escapamento, que fica alojada no motor, causando danos aos componentes internos do bloco (pistões, camisas, anéis de seguimento etc).

Uma dica muito importante: é preciso verificar se o filtro de ar do motor está molhado. Caso esteja, não tente ligar o carro em hipótese alguma.

A água que entra no motor pode ser retirada pelo mecânico. Esse trabalho demanda bastante tempo, pois será necessário “enxugar” muitas peças, substituir filtros, óleo e cabos de vela.

Por fim, para saber se compensa consertar tudo, depende do quão tecnológico é o seu carro e quanto será o valor do reparo tanto do motor como, também, da parte elétrica. Por isso, é necessário fazer um orçamento. E, claro, aplicar o famoso “Seu bolso, seu guia”.

Ícaro Mota é consultor automotivo. A coluna é publicada às sextas-feiras.

 

Jair e Michel Bolsonaro durante o pronunciamento de Natal
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Se pudesse, Bolsonaro teria repetido aos brasileiros o que disse aos norte-americanos naquele jantar. “O Brasil não é um terreno aberto onde nós pretendemos construir coisas para o nosso povo”. No Natal de 2021, a frase soa ainda mais sincera e tenebrosa.

 

Thiago Dias

Difícil recordar ocasião em que Jair Bolsonaro tenha sido mais sincero do que naquela noite de março de 2019, início do seu governo, quando a embaixada brasileira em Washington ofereceu jantar a extremistas dos Estados Unidos. O trecho mais didático do discurso merece transcrição:

– O Brasil não é um terreno aberto onde nós pretendemos construir coisas para o nosso povo. Nós temos é que desconstruir muita coisa. Desfazer muita coisa. Para depois nós começarmos a fazer. Que eu sirva para que, pelo menos, eu possa ser um ponto de inflexão, já estou muito feliz –.

Até aqui, Bolsonaro honra com mérito marcial a palavra-chave daquele discurso. Quem duvida da desconstrução a que submete o país? Importante deixar claro que estamos diante de um eufemismo: destruição é espécie de desconstrução.

Bolsonaro pode se orgulhar das obras da sua arquitetura da destruição, que alcançam as esferas pública e privada da vida brasileira, nas dimensões material – com a produção da morte em larga escala – e subjetiva, com a degradação dos espaços de consensualidade política. A superação das formas de subjetividade forjadas pelo temperamento belicoso exigirá tanto esforço e tempo quanto a recuperação econômica do país.

Esboço a hipótese de que o “ponto de inflexão” resultado do governo Bolsonaro, neste massacre contínuo de três anos, é o desvelamento das contradições inconciliáveis, que impossibilitam o diálogo e desativam o caráter mediador da palavra. Um bom exemplo para o que afirmo vem da editoria cotidiana. Na véspera do Natal de 2021, os sites dos grandes jornais brasileiros apresentavam receitas para viabilizar o convívio em família – ignorar Bolsonaro é único ingrediente que aparece em todas as fórmulas.

Se o presidente deve ser ignorado no jantar em família, a Presidência da República é assunto incontornável do debate público, e ele está lá, no moto-contínuo que paralisa os indignados pelo cansaço da tensão incessante.

A breve pausa do terror é o pronunciamento de Natal. Na tela, ele não faz esforço para fingir que não lê o teleprompter. Ao contrário, esforça-se para demonstrar que cumpre o protocolo de maneira desconfortável; para deixar claro que o palavreado caridoso e o terno não lhe caem bem, como se dissesse: “Alguém escreveu e mandou que eu lesse. Tirei apenas a frase de solidariedade aos enlutados da pandemia”.

Se pudesse, Bolsonaro teria repetido aos brasileiros o que disse aos norte-americanos naquele jantar. “O Brasil não é um terreno aberto onde nós pretendemos construir coisas para o nosso povo”. No Natal de 2021, a frase soa ainda mais sincera e tenebrosa.

Thiago Dias é repórter e comentarista do PIMENTA.

A nova Fiat Strada de "grife" 2022
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A aposta da Fiat para 2022 sobre a picape compacta mais vendida do Brasil será a Strada 1.3 Firefly – mesmo motor equipado no Argo – com câmbio CVT de 7 marchas nas versões Volcano e Ranch, que gera 98 cavalos na gasolina e 107 cavalos no etanol, bem como 13,2 kgfm no primeiro e 13,7 kgfm no segundo. Em ambas as versões, vêm os padlle shifts atrás do volante e carregador de celular wireless.

Ranch é a versão de “grife” que possui itens exclusivos, como bancos em couro personalizados, descansador de braços, barras longitudinais e skid plate de cor cinza, estribos laterais, retrovisores em preto brilhante, para-barro, soleiras, capota marítima personalizada, apliques laterais e, também, detalhes internos com a grafia da série.

Será que a Strada de “bigodinho fininho e cabelinho na régua” entregará o que se espera dela e continuará agradando seu público ou é hora de pensar em adquirir uma Toro?

Ícaro Mota é consultor automotivo. A coluna é publicada às sextas-feiras.||||

Fiat Argo em avaliação na Latin NCAP obteve nota zero em segurança
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Ícaro Mota

A Latin NCAP (New Car Assessment Programme) é um programa de avaliação de carros novos para América Latina e o Caribe. A avaliação lista as cifras obtidas do total de vendas de carros nos países avaliados, bem como o índice proporcional por país. Por meio desses parâmetros considerados em conjunto, se elabora uma lista total de vendas com os carros mais vendidos em tantos países quanto possível.

No dia 3 de dezembro deste ano, foram postos à prova o Argo e o seu sedan Cronos, ambos da Fiat, sob uma nova bateria de avaliação com elevação de exigência nos padrões da NCAP.

Os carros foram submetidos aos testes de impacto frontal, impacto lateral, chicotada cervical e proteção de pedestres.

Assinalando 24% em proteção para adultos, 10% para crianças, 37% para pedestres e 3% no sistemas de assistência à segurança, conferindo-lhes 0 estrelas, pelo órgão avaliador.

A avaliação atribui nota que vai de uma escala de 0 a 5 estrelas. Quanto menor a quantidade delas, significa que o veículo apresenta maior probabilidade de que um ou mais ocupantes tenham lesões sérias, até mesmo ocasionando o evento morte.

Ao término dos testes foi solicitada, pelo Latim NCAP, a melhoria desses produtos “o mais rápido possível”. E a Fiat precisará apresentar brevemente uma solução aos seus consumidores.

Ícaro Mota é consultor automotivo. A coluna é publicada às sextas-feiras.

Ney Matogrosso é das personalidades mais marcantes da Música Popular Brasileira || Foto Ari Brandi/Divulgação
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Uma das características de Ney Matogrosso é a generosidade. Quando foi ao banco depositar dinheiro acumulado e não conseguiu, retornou e disse aos amigos: “ali tem um saco de dinheiro, quem precisar é só pegar. ”

 

Marival Guedes

Caetano Veloso escreveu na orelha do livro sobre Ney, que a obra é “leitura emocionante. ”  Não encontrei termo mais apropriado. São 512 páginas resultado de quase 200 entrevistas feitas em cinco anos pelo escritor e jornalista Julio Maria.

Conta a expulsão de casa pelo pai, um militar, quando Ney aos 17 anos se defendeu de uma agressão física; o ingresso na aeronáutica; o trabalho num hospital em Brasília; a vida hippie vendendo artesanato e dormindo em casas de amigas (os); seus amores; o sucesso no Secos & Molhados; a carreira solo etc.

No período em que confeccionava e vendia artesanato, também atuava no teatro. A grana era curta e ele passava fome. Um dia desmaiou no palco. Fome.

O teatro era a sua paixão. Certa vez, confessou ao ator Leonardo Villar (25/07/23-03/07/20):  “Eu não quero ser cantor, quero ser ator”. Villar respondeu: “ Não lute contra isso, Ney. Você é cantor”. Nesta mesma linha a amiga carioca Luli (19-06-45-26/09/18) cantora, compositora e multi-instrumentista, o aconselhou de uma forma que soou meio mística: “Não negue o chamamento, Ney”.

E foi Luli quem o apresentou ao Secos & Molhados, período em que o grupo chegou a vender mais discos que Roberto Carlos. Ney rompeu, segundo o biógrafo Julio Maria, porque o líder João Ricardo tentou lhe aplicar um golpe.

Escrevo este texto com a cautela de quem quer evitar o comentado spoiler. Mas contarei resumidamente duas historinhas: A primeira sobre o fato de Ney fazer muito sucesso e sair anonimamente. Um dia ele e um amigo foram a uma loja de discos e perguntaram às vendedoras como estava a vendagem dos Secos.” Vendendo bastante”, respondeu uma moça.

– O que acha do cantor? – perguntou o amigo.

-Eu adoro o que rebola na frente. Será que ele é veado?

Os dois saíram sorrindo.

Uma das características de Ney Matogrosso é a generosidade. Quando foi ao banco depositar dinheiro acumulado e não conseguiu, retornou e disse aos amigos: “ali tem um saco de dinheiro, quem precisar é só pegar. ”

Noutro caso, quando um ex-namorado foi contaminado pela Aids, Ney foi buscá-lo, montou um quarto especial e bancou o caríssimo tratamento. Familiares da vítima choram quando relatam este episódio.

Ele viu vários amigos e ex-amores serem levados pela Aids. Quando fez o teste e deu negativo, não comemorou em respeito à estas pessoas. Mas foi vítima da maldade da Revista Amiga, que colocou em manchete: “A Aids de Ney Matogrosso, Milton e Caetano”. No texto não havia confirmação. Entretanto, o estrago estava feito. Acionou a justiça e ganhou 350 mil dólares.

Ney, multiartista, completou 80 anos no dia primeiro de agosto. Escapou da Aids, da covid e continua cantando e dançando. Magistralmente.

Marival Guedes é jornalista.

Chuvas caem torrencialmente no sul da Bahia em dia de partida de Luiz Carlos Barroso || Fotomontagem Walmir Rosário
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Como diz o ditado: É triste o momento da partida, mas prefiro acreditar que o “velho Barroso” se muda deste mundo com o presságio de que os augúrios das chuvas lhes acompanhe nesta mudança.

 

Walmir Rosário

Nesta sexta-feira (10) acordei preocupado com chuvas que se abatem por toda a região Sul da Bahia e áreas limites configuradas no Alerta Vermelho emitido pelos institutos de meteorologia. Em casa, tudo em ordem, embora as incessantes chuvas nos deixem preocupados. Afinal, mesmo que diretamente não sejamos atingidos, muitas famílias sofrem com o desabrigo e a perda de bens móveis, semoventes e imóveis.

A todo instante nos chegam – via redes sociais – notícias com imagens de áreas inundadas, casas, pontes e estradas submersas, impedindo o ir e vir. Pelo que sei, os eventos da natureza não são obrigados a respeitar os ditames da nossa constituição e somente nos resta a chorar pelas desgraças que abatem os que habitam nessas áreas tristemente atingidas.

Desde menino que ouvia e até aprendi serem as chuvas o sinal de bonança, muita fartura na agropecuária, comemoradas exaustivamente pela população, o que teria criado os festejos a São João. Os mais velhos asseguravam que as mudanças em tempo de chuvas representavam bons augúrios, felicidade na nova casa, na cidade escolhida, enfim, garantia de sucesso na futura empreitada.

Mas nem sempre isso acontece. Basta recordarmos a lição feita em forma de canção deixada por Gordurinha (Waldeck Artur de Macedo, cantor compositor, radialista), em sua grande obra Súplica Cearense. “Oh! Deus, perdoe este pobre coitado/ Que de joelhos rezou um bocado/ Pedindo pra chuva cair sem parar/ Oh! Deus, será que o senhor se zangou/E só por isso o sol arretirou/ Fazendo cair toda a chuva que há…”

Mas as coisas não acontecem exatamente como queremos, de acordo com nossas vontades, que mudam a cada momento, de acordo com nossas necessidades, sejam elas prementes ou não. Pedimos chuva para não faltar água, criar animais e a plantação; sol para cumprirmos o vai e vem no nosso dia a dia, não nos molhar no ir e vir, ou simplesmente irmos à praia, pegar um bronzeado.

Mas como na música de Gordurinha, nunca sabemos como pedir: “Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho/ Pedi pra chover, mas chover de mansinho/ Pra ver se nascia uma planta no chão/ Oh! Deus, se eu não rezei direito o Senhor me perdoe,/ Eu acho que a culpa foi/ Desse pobre que nem sabe fazer oração…”. E arremata: “…Desculpe eu pedir a toda hora pra chegar o inverno/ Desculpe eu pedir para acabar com o inferno/Que sempre queimou o meu Ceará”.

Baseado na premissa de que a chuva traz felicidade, quero homenagear outro colega radialista, desta vez o operador de som (sonoplasta) itabunense Luiz Carlos Barroso, de apenas 58 anos, que faleceu na noite desta quinta-feira (9), no Hospital de Base de Itabuna. Ele foi acometido da Covid-19, que lhe deixou algumas complicações cardiovasculares, deixando a mulher (Márcia) e os filhos Roberto e Roberta.

Há muito que não nos encontramos para aquele bate-papo comprido, relembrando coisas do passado, em que trabalhamos juntos na apresentação do Programa De Fazenda em Fazenda, na Rádio Difusora de Itabuna. Àquela época cumpríamos um ritual ímpar, pois éramos quem abríamos a programação da emissora às 4 horas e seguíamos até as 7 da manhã, com um programa líder em audiência. De segunda a sábado, às 3h20min passava o carro da Ceplac em minha casa e seguíamos para a casa de Barroso.

Separados por uma parede com um painel de vidro, mais do que cumprir um roteiro do programa com sintonia, tínhamos uma cumplicidade nas ações, ao ouvir os ouvintes ao telefone e colocá-los no ar, para dar os famosos recados para as fazendas. Final do programa, numa simples conversa escolhíamos a programação musical do dia seguinte e qualquer mudança era como se fosse telepatia.

Outra ocasião trabalhamos juntos numa campanha eleitoral em que escrevi e dirigi o programa de rádio de um candidato a prefeito em Itabuna, apresentado por outro grande do rádio de Itabuna, Paulo Vicente. Fizemos um trabalho maravilhoso, tanto assim, que os temas apresentados passaram a ser discutidos em toda a cidade, principalmente os quadros humorísticos com Paulo Leonardo e Florentina Jerimum.

Um certo dia, ao ouvirmos o horário eleitoral, aconteceu o inusitado: o programa do adversário, apresentado antes do nosso candidato, respondia algumas denúncias que seriam feitas em seguida. Após analisarmos todas as questões, descobrimos que nosso programa era ouvido ao ser entregue na emissora responsável pela veiculação, por um operador que trabalhava na campanha desse adversário.

E mudamos nossa estratégia: Em vez de entregarmos à noite, como fazíamos, passamos a entregar a fita cassete às 4 da manhã, impedindo que a produção do candidato adversário pudesse fazer qualquer manipulação. E era o Barroso que, antes de abrir a Rádio Difusora, onde trabalhava, passava, de motocicleta, na outra emissora para entregar a fita do programa que iria ao ar logo mais às 7 horas. Nem precisamos recorrer à Justiça Eleitoral, pois nosso candidato estava melhor colocado e ganhou a eleição.

Enquanto a chuva continua caindo incessantemente, minha mente reproduz imagens das enchentes, das pessoas que estão sofrendo com os dissabores e choro por todas elas, como choram a família, os amigos e colegas por Luiz Carlos Barroso. Como diz o ditado: É triste o momento da partida, mas prefiro acreditar que o “velho Barroso” se muda deste mundo com o presságio de que os augúrios das chuvas lhes acompanhe nesta mudança.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.