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ricardo artigosRicardo Ribeiro | ricardo_rb10@hotmail.com

 
Não é incomum (muito pelo contrário) o repórter estar cobrindo um homicídio e ter ali bem perto dezenas de meninos e meninas, de 7 a 8 anos, talvez menos, na maior algazarra, como se estivessem numa festa.

 
O ritual diário de levar meu filho à escola, todas as manhãs, teve um ingrediente novo nesta sexta-feira, 15 de março de 2013. Seguíamos pelo nosso caminho de costume, quando deparamos com dois sujeitos discutindo – um deles saíra de um carro, o outro estava montado em uma moto. Eles simplesmente fecharam a rua para “bater boca” por alguma razão da qual não houve tempo nem condição de se tomar conhecimento.
Mas não era uma simples discussão: o cara do carro portava uma convincente pistola, que ele não só apontava como praticamente esfregava o cano no outro rapaz, com raiva, enquanto lhe segurava a parte de trás da camisa e intimava: “qual é a sua, meu irmão?” A essa altura, por precaução e instinto de sobrevivência, logicamente quem está na mira de uma arma não diz coisa alguma.
Estávamos a uns dez metros da cena e foram alguns segundos nos quais eu não soube o que fazer. Não tinha ideia dos motivos, quem estava certo e quem estava errado. Minha preocupação – confesso – era estar ali com meu filho, e ele prestes a ser apresentado à violência de um modo brutal. Outro receio, obviamente, era a possibilidade de um de nós ser atingido por uma “bala perdida”.
Na primeira brecha, saímos rapidamente do local e nem soubemos os desdobramentos do episódio. A salvo, meu filho disse apenas: “pai, não conta nada à minha mãe, senão ela vai ficar traumatizada e não me deixa mais colocar o pé na rua”. Detalhe: ele parecia menos assustado que eu.
Em pensar que tantas crianças nessa cidade já convivem diariamente com todo tipo de violência, e com naturalidade, como se vê nas reportagens exibidas pelos “programas policiais”. Não é incomum (muito pelo contrário) o repórter estar cobrindo um homicídio e ter ali bem perto dezenas de meninos e meninas, de 7 a 8 anos, talvez menos, na maior algazarra, como se estivessem numa festa.
É a violência banalizada desde a infância, e não apenas nos videogames, mas na vida real.
Uma vida que, lamentavelmente, parece valer cada vez menos.
 

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walmirWalmir Rosário | wallaw1111@gmail.com

O resultado é danoso para Ilhéus, que perde um grande investimento. Para a Bahia, nem tanto, pois a empresa poderá utiliza o Porto de Aratu, como sempre desejaram quase todos os interessados do contra.

Já não são tão cordiais as relações entre as altas cúpulas do Governo do Estado da Bahia e da Bahia Mineração (Bamin). O motivo é um só: a omissão do governo em relação ao cronograma de implantação do Projeto do Complexo Intermodal do Porto Sul.
Desde o ano passado que a Bamin vem revelando impaciência com o certo descaso do Governo do Estado em relação à entrega da área para que as obras do Porto Sul sejam iniciadas. Os prazos concedidos são vencidos e nenhuma – ou quase nenhuma – ação é feita.
De novo – apesar dos desmentidos do prefeito de Ilhéus – a Bamin promete “enfiar a viola no saco” e ir tocar em outra freguesia, apesar dos grandes investimentos feitos. E os recursos foram poucos, investidos em estudos, ações de comunicação pública e social.
Essa apreensão gerada com a possível saída da Bamin do Complexo Intermodal do Porto Sul, o que inviabilizaria o projeto, resultou numa reunião de emergência entre empresários, instituições e o Governo do Estado. Por certo, novas promessas serão feitas, embora sem a certeza do cumprimento.
Outro grande dispêndio da Bamin foi efetivado para capacitar a população do entorno do empreendimento, preparando-os para o exercício de novas atividades, o que representa uma evolução no cumprimento das compensações sociais.
Pelo que vi durante as campanhas eleitorais dos anos de 2010 e 2012, candidatos faziam questão – principalmente os do Partido dos Trabalhadores (PT) – de externar o seu apoio ao Porto Sul. Essas ações, geralmente, são uma recíproca pelo apoio recebido.
Mas é preciso fazer uma ressalva quanto ao apoio aos políticos, pois tudo deve ter sido feito dentro da lei, já que uma empresa desse porte não se daria ao luxo de desprezar a lei vigente. Ainda mais quando tem pela frente uma série de “inimigos” ao seu projeto.
Esses inimigos, diga-se de passagem, são de alto coturno e estão espalhados em diversas atividades econômicas, que vão desde os interesses na privatização dos portos até os “conservacionistas”, proprietários de muitas áreas no litoral norte de Ilhéus e sul de Itacaré.
São megaempresários que construíram suas mansões de luxo e não querem ser importunados com um porto por perto. Há, ainda, os que possuem grandes “áreas de engorda”, destinadas à implantação de condomínios superluxuosos, camuflados com um marketing pesado sob o paradigma da defesa da ecologia.
Entre os pós e os contras, dentro da própria estrutura dos governos do Estado da Bahia e Federal estão os “amigos e inimigos” do Porto Sul. É o PT contra o próprio PT; é o PCdoB contra o próprio PCdoB. Além de outros menos votados. Ou seja, esses partidos dão uma no cravo e outra na ferradura.
Como expectador de luxo, assisti a grande parte dessas ações empreendias para a concretização dos estudos de implantação do Complexo Intermodal do Porto Sul. Diante disso, posso assegurar a constante falta de um diálogo – por parte do Governo do Estado, o que é inerente aos petistas – com as comunidades envolvidas.
Essa temeridade era vista por parte das pessoas que compunham o Governo do Município de Ilhéus e pela própria Bamin (mas nunca dita em público) que, ao contrário, mantinha um diálogo constante com toda a comunidade, seja ela diretamente ou indiretamente envolvida no projeto.
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Manu BerbertManuela Berbert | manuelaberbert@yahoo.com.br

Como oportunamente comentou nas redes sociais o jornalista pernambucano Geneton Moraes Neto, ele provavelmente não terá dinheiro para bancar um advogado “menos flexível”, capaz de transformar o caso num marco contra a impunidade.

Sentar-se à frente de uma televisão hoje em dia remete qualquer cidadão a um filme de terror. A gente nem precisa estar portando os óculos e os binóculos do eterno Eduardo Anunciação para enxergar o sangue escoando na tela e, como num passe de mágica cruel, pular no nosso colo. O que era para ser um meio de informação e entretenimento vem causando pânico e deixando no ar uma sensação de impotência fora do comum.
No último domingo, o Fantástico exibiu uma matéria de causar náuseas: um estudante de 22 anos teria atropelado um ciclista na Avenida Paulista, região central da cidade de São Paulo, após uma noitada movida à fatídica combinação álcool e direção. O violento choque teria arrancado um braço da vítima, o condutor teria fugido com o membro pendurado e logo adiante atirado em um córrego.
Enquanto a TV mostrava imagens da avenida e da bicicleta, uma voz completava a matéria afirmando que os familiares do ciclista estiveram no local na tentativa de recuperar o braço para reimplante, mas que não teriam conseguido. Desviei o olhar da tela, sem querer acreditar no que tinha acabado de assistir, mas ainda cheguei a escutar que ele havia se entregado.
Acontece que o irresponsável motorista é estudante de psicologia e chegou à delegacia acompanhado de um advogado que pediu à justiça e à imprensa um pouco de flexibilidade para analisar o caso. Não precisa ser dos mais entendidos no assunto para saber que todo criminoso tem direito a defesa, mas o que revolta é que em nome desse direito seguimos lamentavelmente inertes.
Acontece também que o ciclista que estava indo trabalhar às cinco horas da manhã e viu seu braço ser dolorosamente arrancado é filho de uma empregada doméstica. Como oportunamente comentou nas redes sociais o jornalista pernambucano Geneton Moraes Neto, ele provavelmente não terá dinheiro para bancar um advogado “menos flexível”, capaz de transformar o caso num marco contra a impunidade.
De fato, a palavra que irá acompanhar o jovem ciclista a partir de agora é flexibilidade, caro advogado! Flexibilidade para aceitar passar o resto de sua vida sem um braço, para conseguir ficar de pé ao pegar um meio de transporte lotado diariamente, para comer, se vestir e, principalmente, para mudar de canal sempre que tiver que assistir a casos ridiculamente impunes e flexíveis como este na TV.
Manuela Berbert é jornalista, publicitária e colunista do Diário Bahia.

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valéria ettingerValéria Ettinger | lelaettinger@hotmail.com

A mulher tem, também, o direito de fazer escolhas, de decidir os seus caminhos, construir sua própria história, compartilhar a vida, amar, ser amada, ser uma cidadã, ser sujeito de direitos, ser livre e digna de muito respeito.

Mais um dia Internacional da Mulher comemorado. Mais um dia para as indústrias cosméticas, de lingeries, de eletrodomésticos e floriculturas usarem da força do mercado e promover o consumo a esses produtos, como se o dia 08 de março fosse a representação do culto a beleza, da maternidade e da sensualidade e sedução. Como se as mulheres estivessem, apenas, desejando rosas, batom, sutiãs e um fogão.
Ninguém lembra que no dia 08 de março de 1857, cerca de 130 mulheres foram queimadas em uma fábrica nos Estados Unidos por estarem fazendo uma greve em prol da garantia de Direitos. Que os índices de violência contra a mulher, ainda, se encontram em um patamar de alto grau de risco e gravidade, como observamos os dados de violência física que matou, no Brasil, nos últimos 30 anos, cerca de 91.932 mulheres, colocando o Brasil no 7º lugar em “feminicídio” no ranking de 84 países, a Bahia em 6º lugar , Salvador em 94º nacional e Itabuna em 33º lugar estadual.
Que no campo do trabalho as mulheres são discriminadas e ganham menos do que os homens, que as mulheres são tratadas como objeto e são culpadas pela violência que sofrem e muitas delas acreditam que deve ser assim, pois a força da dominação do “falo” condiciona as mulheres a acreditarem que elas são submissas e devem estar sempre a serviço do seu homem, seja pai, irmão, marido ou amante.
Esse discurso dominante cria padrões comportamentais e estereótipos que são segregativos e fazem com que os homens estejam longe das mulheres e as mulheres longe dos homens. Padrões que promovem uma verdadeira prisão de valores e comportamentos, como se, desde a gênesis, eles tivessem sido definidos.
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Dom Odilo Scherer.
Dom Odilo Scherer.

Maurício Savarese | Blog da Noblat
A imprensa italiana é a única lida por todos os 115 cardeais que votarão no conclave a partir de terça-feira. São os especialistas daqui que acompanham em fartura toda a glória e o infortúnio da igreja, enquanto a maioria dos grandes veículos de comunicação deixa no Vaticano uma equipe pequena, capaz de repercutir bem menos o que se passa por estas bandas.
Quando os diários italianos especulam sobre candidatos a papa, a leitura não pode ser tatibitate. Pode até haver convicção de quem planta notícia. Mas não se descarta lobby de assessores e, sem dúvida, uma disfarçada tentativa de inviabilizar um adversário. Muitas vezes, por os holofotes sobre um papabile serve exatamente para cristalizar impressões e evitar novas adesões.
Pois neste domingo, dois potenciais oponentes nas votações rezaram missas pré-conclave diante de mais jornalistas do que fiéis. Já são citados como os líderes da corrida para a sucessão do papa emérito Bento 16. O que pregaram não importa muito, nada saiu do roteiro. Mas os relatos dos jornais locais certamente não ajudam o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer.
Na agência italiana Ansa, a mais dedicada na cobertura do Vaticano, e nos jornais “La Reppublica” e “La Stampa”, dom Odilo é citado como “candidato da Cúria”, enquanto o arcebispo de Milão, Angelo Scola, faria parte de uma corrente reformista. O mesmo tom usou o canal de notícias 24 horas da TV estatal, a RAI, que exibiu um longo perfil do brasileiro depois de ignorá-lo até aqui.
A Cúria Romana, envolvida em uma série de denúncias de corrupção, é tudo o que a maioria dos 115 votantes quer evitar. O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, um dos pivôs de um escândalo de desvio de verbas da igreja, é tido como o apoio mais tóxico do conclave: quem ele apoiar, quase certamente será derrotado, dizem os especialistas italianos.
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eduardo thadeuEduardo Thadeu | ethadeu@gmail.com

Fatores por nós já bastante conhecidos e identificados, fizeram com que a produção da tradicional região cacaueira baiana perdesse importância e começasse a derrapar em um mar revolto de enganos e interesses, por vezes escusos, travestidos de ciência de ponta, mas a serviço do oligopólio já instalado.

Não é nenhuma novidade que a commodity cacau e seu mais refinado produto final, o chocolate, sofrem influências de um mercado oligopolizado e de tal forma concentrado que não se vislumbra precedente ou comparação em nenhuma outra cadeia produtiva iniciada no setor primário.
É por demais conhecida a situação de que cinco ou seis grandes compradores e processadores da matéria-prima cacau, a amêndoa, detêm quase 100% do mercado mundial, mercado este que, sem muito alarde, envolve algumas dezenas de bilhões de dólares.
Apesar dessas cifras, esse mesmo mercado deixa somente 7% dos ganhos em sua ponta inicial e, em contrapartida, tem 74% dos ganhos auferidos pela indústria alimentícia que utiliza os sabores e o nome do chocolate.
A novidade oligopólica aqui é que os processadores finais, aqueles que colocam as cáries nos dentes de nossos filhos ao açucararem o cacau, são os mesmos que detêm o poder de compra da matéria-prima original, o nosso bom e saudável fruto, o Cacau.
O Brasil, representado pela Bahia, já foi um importante fornecedor deste mercado internacional. Fatores por nós já bastante conhecidos e identificados, fizeram com que a produção da tradicional região cacaueira baiana perdesse importância e começasse a derrapar em um mar revolto de enganos e interesses, por vezes escusos, travestidos de ciência de ponta, mas a serviço do oligopólio já instalado.
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Allah-GóesAllah Góes | allah.goes@hotmail.com
 

Como nada é tranquilo nos mandatos dos vereadores itabunenses , já tem gente de olho na vaga de Solon.
 

Nesta semana, tomou posse para a legislatura 2013/2016, o vereador Solon Pinheiro, mas, enquanto a posse dos outros edis se deu na primeira Sessão desta legislatura, ocorrida no dia 1º de janeiro último, a posse do novo vereador se deu por força de determinação judicial publicada no Diário Oficial do último dia 28 de fevereiro (DPJ nº 037).
No processo nº 910-76.2012.6.05.0028, o juiz da 28ª Zona Eleitoral, Dr. André Dantas Vieira, fundamenta a sua decisão no fato de nos autos ter sido “comprovada a prática vedada” de abuso de poder econômico, havendo assim captação ilícita de sufrágio, o que ensejou, tanto a cassação do diploma do vereador Carlos Coelho, como a aplicação de multa a ser paga por este no valor de 50 mil UFIRs.
Mas o embate não acaba aí, pois o agora ex-vereador Carlos Coelho já entrou com Recurso Eleitoral contra a decisão da 28ª Zona Eleitoral, alegando que de forma alguma veio a praticar ato de abuso de poder econômico que culminasse em captação ilícita de sufrágio, vez que não prometeu nenhuma vantagem em troca do voto, mas, como este Recurso não tem efeito suspensivo, permanecerá fora do mandato até que o TRE-BA realize o julgamento, o que deve ocorrer nos próximos meses.
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walmir rosárioWalmir Rosário | wallaw1111@gmail.com

A crítica é sempre bem-vinda e deve ser vista como um instrumento de feedback e não como um texto pejorativo com o viés de denegrir a imagem do governo.

Esta célebre frase acima aparece na Bíblia Sagrada várias vezes, ditas por profetas diferentes, numa demonstração clara da separação dos poderes (?) terrenos e divinos. Esse texto é uma demonstração cabal de que a relação entre o cristianismo e a política, especialmente no que tange à separação da Igreja e do Estado é uma realidade, principalmente no Brasil.
Mesmo assim, quando convêm, falsos profetas usam e abusam, em vão, do nome de Deus para tentar remendar coisas malfeitas no mundo terreno. Algumas vezes e em determinadas situações até conseguem, haja vista a benevolência com que essas declarações são vistas por certos setores da imprensa. E elas, as declarações, são ditas por políticos ou seus asseclas para agradar aos assessorados.
Esses dois parágrafos acima demonstram e explicam a minha indignação pelo pedido do pastor Ernesto Soares, chefe de cerimonial da Prefeitura de Itabuna, pedir uma trégua de 90 dias da imprensa e da população com o prefeito Vane do Renascer. Ainda por cima solicitou que a população se una numa corrente de oração, para que Deus ilumine os passos do prefeito Vane e de sua equipe.
Ora, no livro sagrado está dito textualmente: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus súditos pelejariam, para não ser eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.” (João 18:36).
Portanto, não serão as orações – sempre bem-vindas para o nosso espírito –, mas as ações desenvolvidas pela equipe de governo que irão mudar a cara da cidade.
E essas ações deveriam – ou já foram iniciadas, não tenho certeza – ter sido feitas no início do governo, observando e separando o bom do ruim, o que deve ser pago e o que deverá ser recusado. Quais os erros, omissões e ações maléficas praticadas pela administração anterior e entregues à Justiça para que eles possam pagar malfeitos e não o Município. E tudo isso faz parte de ações praticadas no campo material e não espiritual.
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Este blog concorda com a necessidade de tempo razoável para que o novo governo itabunense resolva todos os problemas deixados pela administração passada e, quando faz cobranças, não é por desconhecer ou ignorar o quanto a administração passada prejudicou a cidade. É, simplesmente, porque só há um governo ao qual hoje a população pode recorrer, e não se trata, claro, da gestão finada em dezembro.
É óbvio e não precisa ser repetido a todo momento que o prefeito Claudevane Leite recebeu uma “herança maldita”, mas é preciso ter muito cuidado para que a exaustiva repetição de um fato notório não se transforme em pretexto para a falta de ações. A população está sendo até econômica na bronca, pois tem simpatia pelo prefeito e grande parte dos itabunenses certamente ainda confia nele.
O que se exige não é solução imediata para tudo, num ilusório passe de mágica. Mas as cobranças não podem ser vistas por certos setores do governo como negativismo ou apedrejamento. Por mais que a crítica incomode, ela deve servir – quando justa e correta – para indicar correções que precisam ser feitas.
Em vez de lembrar a todo momento da óbvia herança maldita, por que não se concentrar no principal lema do prefeito em campanha, que foi a palavra “mudança”? Um motorista, quando pretende mudar de direção, olha num primeiro momento o retrovisor para ter a segurança do que irá fazer. Depois, segue em frente e não precisa ficar o tempo todo mirando o que já passou. É essa a atitude que a população quer ver o governo adotar.
Se as condições não permitem grandes mudanças imediatas, que pelo menos o governo dê sinais claros de que ela ocorrerá em algum momento não tão distante. Evitar e combater velhos vícios, buscar soluções criativas para administrar com eficiência os recursos disponíveis e ter a transparência como princípio são posturas extremamente necessárias para que se vislumbre que há algo realmente novo na política local. Por outro lado, discursos e práticas repetidos, e bastante conhecidos, tendem a produzir uma frustração que Itabuna não merece viver mais uma vez.

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Manu BerbertManuela Berbert | manuberbert@yahoo.com.br
 

O que se vê é um investimento absurdo numa cultura fadada à baixaria.

 
A escritora Lya Luft, que dispensa apresentações por ser conhecida e reconhecida nacionalmente, escreveu no texto A boa escola – Revista Veja de 27 de fevereiro – que todos têm o direito de receber uma educação que os coloque no mundo sabendo ler, escrever, pensar, calcular, tendo ideia do que são e onde se encontram, e podendo aspirar a crescer mais. Disse que isso é um dever de todos os governos, o que na teoria é lindo, mas na prática a gente desconhece.
Falta interesse em tornar o brasileiro inteligente e politizado, e sobra investimento “nas bolsas”. É como questionou brilhantemente o jornalista e assessor de imprensa Carlos Alberto Vittorio em seu blog, No bico do urubu, no texto Fui promovido a pobre: “será que não dá pra entender que um povo cheio de sabedoria de escola e mais escola não vai acreditar mais nas bolsas? Será que não deu ainda pra entender que um povo escolado fica sabido demais da conta e aí bota tudo a perder?”
Como educação e cultura caminham juntas, não precisa ser de fato inteligente para perceber que o caos está instalado. O que se vê é um investimento absurdo numa cultura fadada à baixaria, ao ponto de assistirmos o povo votar numa música chamada Camaro Amarelo como a melhor do ano de 2012. Porém, se pararmos para analisar as opções que a toda poderosa Rede Globo nos ofereceu, até que fomos inteligentes.
A vida segue e o governo investe naquilo que é prioridade para ele, claro. O Ministério da Cultura aprovou um projeto de Claudia Leitte com valor que chega a ser cinco vezes maior que o valor do projeto de Gilberto Gil e quase ninguém comentou. A verdade é que enquanto alguns estão se indignando com as mazelas das escolas públicas e a cultura mesa de bar à qual estão nos submetendo, a maioria está lendo “Cinquenta tons de cinza”. E eu estou quase achando que é mesmo a melhor opção.
Manuela Berbert é jornalista, publicitária e colunista do jornal Diário Bahia.
 

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Felipe de PaulaFelipe de Paula | felipedepaula81@gmail.com

Todos estão habituados a experimentar suas formações através de “caixinhas” de conhecimento. Definidas, de limites conhecidos e objetivando alcançar a formação específica. Hoje isso se redefine.

Está longe de ser novidade a ideia de que vivemos na chamada Sociedade da Informação. Uma série de teóricos apontam as bases das novas relações e ações sociais a partir da lógica de um sem número de caminhos possíveis para o aprendizado. A noção de exclusão social está formada, em muito, pela acessibilidade à informação experimentada.
Contudo, os impactos oportunizados por essa realidade nem sempre são tão conhecidos. Pode-se lançar mão da analogia de que estamos aprendendo a pilotar o avião enquanto o mesmo voa.
Passamos a lidar com a percepção da instantaneidade. Se antes podíamos viver aguardando vários dias até tomarmos conhecimento de algum acontecimento, hoje apenas alguns breves segundos são suficientes para despertar angústias variadas. Não desejamos ficar à margem.
E na educação não é diferente. Todos estão habituados a experimentar suas formações através de “caixinhas” de conhecimento. Definidas, de limites conhecidos e objetivando alcançar a formação específica. Hoje isso se redefine. A interdisciplinaridade passa a demandar um profissional sem limitações em enxergar que existem temáticas, debates, conhecimentos fundamentais para sua atividade que não pertencem ao fluxograma tradicional de seu curso.
É o tempo do aprendizado colaborativo, no qual o aluno que aprende e repassa seu conhecimento sai ainda mais enriquecido. É tempo do aprendizado dialógico, pautado fundamentalmente na resolução de problemas. É tempo de um professor que se coloca muito mais como um mediador do conhecimento e não como um dono exclusivo do saber.
A interdisciplinaridade é o caminho. Saber muito sobre seu campo sem se limitar a ele. Essa é a atitude de um profissional que se forma em um mundo em que as novas tecnologias oportunizam visitas a galerias de arte, bibliotecas, cidades, conversas com intelectuais de qualquer lugar do globo. Não dá mais para encarar educação da mesma maneira. Os conhecimentos não podem ser aplicados de forma fragmentada, mas dentro de um contexto repleto de conexões com áreas distintas e que se complementam.
É tempo de uma nova universidade – e também deve ser de uma nova escola. Pensar e repensar a educação em todos os níveis. Formar um estudante compatível com os tempos contemporâneos, prontos para lidar com as diferenças e a resolução de problemas. Diversas ações têm sido desenvolvidas nesse sentido. Algumas mais tímidas, outras mais profundas. Que tenhamos sempre a disposição de construir algo novo e mais adequado. E que o avião citado acima não demande pouso definitivo, apenas voos cada vez mais intensos, que oportunizem belas paisagens, experiências e aprendizados.
Felipe de Paula é comunicólogo, mestre em Cultura e Turismo e professor.
 
 

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marco wense1Marco Wense
 

Na mesma noite, Fernando saiu com Eduardo para jantar no restaurante “Baby Beef”. Um Eduardo Anunciação extremamente preocupado com o retrato equivocado que Fernando fez da oposição.

 
Eduardo Anunciação, jornalista excepcional e incomparável no seu estilo, pressentiu que Geraldo Simões seria o adversário com o qual o então poderoso Fernando Gomes deveria se preocupar.
Anunciação era muito próximo de Fernando Gomes. Além de conselheiro político, foi assessor parlamentar do ex-prefeito de Itabuna na Câmara dos Deputados.
Derrotando Renato Costa e Davidson Magalhães, na sucessão municipal de 1996, Fernando Gomes chega ao comando do Centro Administrativo Firmino Alves pela terceira vez.
Na noite de 31 de dezembro, véspera da posse, ainda comemorando a vitória, Eduardo disse: “Fernando, o seu adversário em 2000 chama-se Geraldo Simões.”
Fernando olhou para Eduardo e riu. Eduardo insistiu: “Este menino vai longe. Não mais amedronta a classe média por ser do PT. Pode costurar uma aliança com Davidson Magalhães, Ubaldo Dantas e Renato Costa.”
Fernando Gomes, no alto da sua ignorância política, continuou rindo. Segundo o próprio Eduardo Anunciação, já em um lugar chamado eternidade, “Fernando discordava dando risada, na base do deboche.”
Fernando achava que Geraldo Simões, Ubaldo Dantas, João Xavier, Renato Costa e Davidson Magalhães estavam na enfermaria política. Eram trapos políticos.
Na mesma noite, Fernando saiu com Eduardo para jantar no restaurante “Baby Beef”. Um Eduardo Anunciação extremamente preocupado com o retrato equivocado que Fernando fez da oposição.
Geraldo Simões se elege prefeito de Itabuna na sucessão de 2000, tendo Ubaldo Dantas como vice. O presságio de “Gaguinho” virou realidade.
Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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raimundosantanaRaimundo Santana | sintesir@hotmail.com

Resta ao presidente e demais membros do colegiado ilheense desvencilhar-se de qualquer paixão ideológica às diretrizes teóricas do sistema e deliberar por alguma medida que ponha fim aos desmandos praticados, ainda que seja a suspensão momentânea da gestão plena.

O SUS é um projeto que assume e consagra os princípios da universalidade, equidade e integralidade da atenção à saúde da população brasileira. Ademais, se acrescentam os princípios estratégicos, que dizem respeito a diretrizes políticas, organizativas e operacionais, que apontam como deve vir a ser construído o sistema que se quer conformar. Tais princípios são, como se sabe, a descentralização, a regionalização, a hierarquização e a participação social.
É inegável que, teoricamente, os princípios e normas do SUS são apaixonantes, principalmente para os militantes da saúde, e, como agentes do sistema de saúde, devemos trabalhar fortemente para a implementação e consolidação dos seus princípios e normas.
Contudo, nós não vivemos nas teorias. Vivemos em cidades reais, com problemas reais. É aí que o controle social, representado no Conselho Municipal de Saúde, composto por gestores da saúde, trabalhadores da saúde, prestadores de serviços de saúde e usuários dos serviços de saúde, órgão consultivo e deliberativo, desempenha um papel preponderante.
Ao Conselho Municipal de Saúde, cabe acompanhar diligências, debater, encaminhar denúncia, quando necessário, junto aos órgãos competentes e deliberar sobre temas relativos ao sistema de saúde do município.
Assim sendo, situações como a que se instalou na saúde do município de Ilhéus há algum tempo, carece de uma atuação firme e urgente por parte do Conselho local de saúde, pois temos fortes indícios de que o Fundo Municipal de Saúde está em colapso, devendo três meses de faturamento aos prestadores de serviços da cidade, gerando atrasos dos pagamentos dos salários dos trabalhadores e os usuários ficando sem assistência.
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Helenilson Chaves

Espera-se, em caráter imediato, uma medida que impeça a importação desenfreada de cacau, absolutamente desnecessária neste momento.

É com satisfação que vemos a iniciativa dos produtores de cacau do Sul da Bahia de promover manifestação contra a importação de cacau. Um movimento que não deve se limitar aos produtores, mas a toda sociedade organizada.
Por conta da queda na produção de cacau brasileira, a importação de amêndoas da África e da Ásia se tornou necessária para manter as indústrias em funcionamento.
Ocorre que nos últimos dois anos, a safra brasileira vem apresentando um processo contínuo de recuperação, chegando a 137 mil toneladas na safra 2012/2013. E a tendência é de que esse volume aumente na próxima safra.
Com isso, o que era solução, se transformou em problema. A manutenção das importações faz com que as indústrias processadoras deixem de comprar o cacau nacional. E com oferta crescente, os preços despencam, chegando a irrisórios 58 reais a arroba. Um valor que não cobre nem os custos de produção.
É importante observar que mesmo com dividas astronômicas e dificuldades para a obtenção de novos créditos, os produtores sul baianos, dotados de notável espírito empreendedor, conseguem retomar a produção e delinear um quadro em que o cacau volte a ser um fator preponderante na economia regional, com a necessária ressalva que não se pode mais pensar em monocultura.
Mas, por outro lado, não se pode tratar o cacau como uma cultura irrelevante, que já deu o que tinha que dar.
E é aí que entra a necessidade de uma ação governamental mais efetiva, transformando em realidade projetos de recuperação da lavoura, como o PAC do Cacau.  É o mínimo que se pode esperar como retribuição a um produto que tanto contribuiu com a economia do Brasil e da Bahia e que ainda tem muito oferecer aos sul-baianos.
Espera-se, em caráter imediato, uma medida que impeça a importação desenfreada de cacau, absolutamente desnecessária neste momento; além do risco de introdução de novas pragas numa lavoura que já sofreu o suficiente com a vassoura-de-bruxa.
Um dos grandes pecados do produtor de cacau ao longo de décadas foi o excessivo individualismo, a completa ausência de espírito coletivo, a incapacidade de mobilização.
A manifestação contra a importação de cacau pode sinalizar um novo paradigma, em que a soma de esforços de uma sociedade que luta para se reerguer, resultará numa união permanente, que nos tornará fortes o suficiente para sermos ouvidos e atendidos em nossas justíssimas reivindicações.
Helenilson Chaves é diretor-presidente do Grupo Chaves.

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josé januárioJosé Januário Félix Neto | netto_felix74@hotmail.com

A Procuradoria Geral do Município, a Câmara Legislativa de Itabuna e a Secretaria de Trânsito Municipal, não podem deixar, à própria sorte, condutores sem a profissionalização correspondente a sua atividade.

Surgido na Alemanha na década de 1990, o serviço de mototáxi apareceu e ganhou força no Brasil na região Nordeste. Isso devido ao baixo preço das motocicletas, migração do homem do campo para as cidades e taxa altíssima de desempregados no serviço formal, de carteira assinada, e a ineficiência dos serviços de transporte público oferecidos à sociedade.
Com o advento da Lei 12.009, de 29 de julho de 2009, os serviços de mototáxi e motofretista foram condicionados à regra de concessão pública de exploração de transporte de passageiros e, no segundo plano, da entrega de mercadorias. A lei inovou e estabeleceu critérios para os condutores que atuam como prestadores desses tipos de serviços nas cidades brasileiras, tendo como objetivo a legalização da profissão.
Em Itabuna esse tipo de transporte ainda não foi regulamentado, já que a lei deixou a cargo dos municípios a sua autonomia. O profissional que sobrevive desse trabalho necessita do apoio do poder público local no sentido de protegê-lo da discriminação social e estatal, pois são alvos de desconfiança constante e violência por parte de motoristas no trânsito.
A desigualdade social empurra o jovem para sua prática e em sua maioria não possuem capacidade de exercerem a profissão de motofretes e mototáxis devido à falta de qualificação, local de trabalho e quantidade de motocicletas adequadas para cada área da cidade de acordo à sua densidade demográfica, iniciando uma fiscalização abusiva para sua atuação já que não existem regras definidoras e fiscalizatórias específicas.
Além disso, o cliente de motofretes ou passageiro de mototáxi estará protegido, pois terá, ali, um profissional identificado e qualificado e não os “motoqueiros” que fazem da profissão um bico, sem qualquer responsabilidade com a vida dele e dos outros.
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