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(Foto Pimenta).
O servidor José Carlos Veridiano (“Badega”) é o novo coordenador-regional do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal (Sintsef). Eleito no final do ano passado, Veridiano concedeu entrevista em que fala das prioridades do Sintsef nas regiões do Sul, Extremo-Sul e Baixo-Sul.
Veridiano criticou a direção-geral da Ceplac, Helinton Rocha. Para o dirigente sindical, Helinton não tem percebido que falta rumo ao órgão federal. O coordenador do Sintsef diz que o novo regimento interno da Ceplac foi feito ao bel prazer do diretor-geral e dos seus assessores diretos. Acompanhe os principais pontos da entrevista concedida ontem à tarde na redação do PIMENTA.
PIMENTA BLOG – Quais são as prioridades da nova diretoria?
JOSÉ CARLOS VERIDIANO – Como ceplaqueano, tenho como uma das prioridades a reestruturação da Ceplac, mas o sindicato não se resumirá à Ceplac. Nós temos um grande problema a ser resolvido quanto aos funcionários da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), antiga Sucam. Não há direção na Funasa e os convênios com as prefeituras, em sua maioria, não funcionam. A turma que vai para o interior está ficando em depósitos, junto com produtos inflamáveis, inseticidas, larvicidas. É uma situação deprimente.
PIMENTA – A Ceplac está enfrentando uma greve de terceirizados. O que está ocorrendo?
VERIDIANO –  Nossos companheiros da área de serviços gerais, terceirizados, de uns seis meses para cá, têm sofrido com atrasos de salário constantemente. Eu tenho impressão que falta competência, compromisso da parte da direção-geral para resolver essa questão. Tivemos uma reunião com o diretor da Ceplac e fomos incisivos, duros. Queremos que o doutor Helinton Rocha e o seu assessor, Antônio Siqueira, resolvam este problema, sob pena de nós paralisarmos 100% o trabalho dos terceirizados, e não apenas serviços gerais.
PIMENTA – Da reunião, saiu algum resultado concreto para a demanda dos funcionários?
VERIDIANO – A direção geral chamou todos os sindicatos e associações do órgão para falar de concurso público. Não discordo da necessidade de contratação, mas acredito que a reestruturação da Ceplac, via projeto de lei, é tão urgente quanto o concurso.

Veridiano Entrevista Pimenta______________

A Ceplac não se modernizou. Parece que temos três Ceplacs, precisamos torná-la ágil para servir melhor à sociedade.

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PIMENTA – Por que?
VERIDIANO – A Ceplac está sustentada em um decreto-lei há 57 anos e fica a mercê dos governantes de plantão, correndo o risco de deixar de existir em uma canetada. Mostramos ao diretor geral que a mesma prioridade para a contratação de pessoal vale para o projeto de lei, a reestruturação. A Ceplac não se modernizou. Parece que temos três Ceplacs, precisamos torná-la ágil para servir melhor à sociedade.
PIMENTA – Para ter esta agilidade, o que é necessário?
VERIDIANO – O órgão precisa ser reestruturado. Está faltando rumo e o diretor-geral não tem percebido isso, pois ele fala como se tudo estivesse muito bem. Ele e muitos dos assessores diretos dele em Brasília não são da Ceplac, não conhecem a Ceplac, a exemplo desse Antônio Siqueira, que é hoje quem decide para onde o dinheiro vai. Isso tem atrapalhado muito.
PIMENTA – A Ceplac já passou por muitas crises. Esta de agora é a maior, mais grave?
VERIDIANO – Em relação à continuidade, não.  Falo quanto ao funcionamento da instituição, que está muito ruim e o diretor tem contribuído muito para isso. Por exemplo, o regimento interno aprovado agora não foi aquele construído pelos servidores. É capenga, ruim, feito de acordo com a vontade das pessoas que estão dirigindo departamento, não conhecem a história da Ceplac. A direção maior da Ceplac precisa ter conhecimento técnico, mas com articulação política. As coisas hoje se decidem politicamente. Sinto que o diretor-geral é, meramente, um técnico, burocrata.

______________Veridiano Entrevista2 Pimenta

A direção maior da Ceplac precisa ter conhecimento técnico, mas com articulação política. As coisas hoje se decidem politicamente. Sinto que o diretor-geral é, meramente, um técnico, burocrata.

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PIMENTA – Por que ele é, como o senhor diz, o regimento é “capenga, ruim”?
VERIDIANO – Ele centraliza tudo em Brasília, tira o poder das superintendências. Trabalhamos por um regimento interno ótimo para todos, enxuto, que teve a participação do doutor Antônio Zugaib. E esse regimento não foi o discutido por nós. Alguém pegou lá e fez ao bel prazer. Foi uma coisa ruim. O regimento deverá ser reparado.
PIMENTA – E o concurso público?
VERIDIANO – Não vamos abrir mão da reestruturação da Ceplac através de projeto de lei. Claro, junto com a contratação de pessoal. O órgão tem 26, 27 anos que não contrata ninguém, realiza concurso.
Confira a íntegra da entrevista clicando no “leia mais”, abaixo.
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Ariosvaldo Vieira Buerarema - 2O vereador Ariosvaldo Vieira concedeu entrevista ao Pimenta enquanto aguardava para ser ouvido pela delegada Katiana Amorim, nesta noite de quarta-feira (12), no Complexo Policial de Itabuna.
Ariosvaldo afirma que nunca participou de protestos (“sou totalmente contra”) e considerou a prisão arbitrária.
A polícia acusa o vereador de não ter respeitado ordem para que fosse para dentro de casa (ele mora próximo à região do conflito).
O Batalhão de Choque impôs toque de recolher à comunidade do Bairro Novo.
Confira a entrevista com o vereador.
BLOG PIMENTA – Como foi a ação da Tropa de Choque?
ARIOSVALDO VIEIRA – Dois policiais invadiram minha casa e me acusaram de incitar a multidão (que interditou a BR-101, nesta noite de quarta, 11). Minha filha de um ano e dez meses estava no meu colo quando eles me prenderam.
PIMENTA – Qual foi a reação do senhor no primeiro momento?

ARIOSVALDO – Eu me identifiquei, disse que era vereador e advogado. Impuseram um toque de recolher [no Bairro Novo]. Assim que me pegaram, lançaram spray de pimenta nos meus olhos. Minha família ficou desesperada sem entender o que estava acontecendo.
PIMENTA – Quanto à acusação da tropa de choque, o senhor participou dos protestos?

ARIOSVALDO – Eu não participo desses movimentos. Sou totalmente contra. A gente entende que polícia é para dar segurança à população, mas quando acontece uma coisas dessas… Mas errado é o governo que não fez nada [para resolver a situação em Buerarema].
PIMENTA – Como o senhor define a ação da polícia?

ARIOSVALDO – Foi uma prisão arbitrária. (O vereador dá uma pausa e, logo em seguida, destaca…) A guarnição que me trouxe [para o complexo] não é a mesma que me prendeu.

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Erick Ettinger: tempos de paz.
O biomédico Eric Ettinger inicia seu segundo mandato consecutivo à frente da provedoria da Santa Casa de Misericórdia de Itabuna, com desafios como o o projeto de construir um prédio com 12 andares que abrigará o novo centro médico da instituição que já é o maior complexo hospitalar do interior do Norte/Nordeste. Em entrevista ao PIMENTA, o provedor fala sobre as dificuldades enfrentadas pelas instituições filantrópicas, aborda a necessidade de contar com apoio político para manter e ampliar os serviços e toca num tema delicado: a dívida de 5 milhões do município com a Santa Casa.
Leia abaixo os principais trechos:
PIMENTA – Quais são os planos da provedoria neste novo mandato à frente da Santa Casa?
Eric Ettinger – Nosso plano está calcado na busca do equilíbrio econômico-financeiro da instituição, que tentamos alcançar nesse último ano, mas não conseguimos devido aos cortes que foram feitos pelo Estado. Nós pretendemos primeiramente obter esse equilíbrio e estamos com boas conversações com o município, já que a gestão plena voltou e nós esperamos este ano receber em dia a remuneração pelos serviços da Santa Casa. Com isso, será possível cumprir o nosso orçamento.
PIMENTA – Sem perder de vista o equilíbrio financeiro, que investimentos a instituição projeta para este novo biênio?
Eric Ettinger – A gente pensa em construir um centro médico aqui no Hospital Calixto Midlej Filho. É um projeto que temos desde 2006 e que a Santa Casa, pela falta de recursos, não conseguiu. Será um prédio com 12 andares, em frente ao laboratório e ao banco de sangue, onde haverá atendimento tanto particular como para pacientes do SUS. Se nós tivéssemos iniciado a construção desse centro em 2006, já teríamos inaugurado. Desde então, já surgiram três centros médicos em Itabuna. Faremos também novos investimentos em aparelhagem, adquirindo equipamentos que ainda não há em Itabuna e região, e vamos melhorar nosso pronto-atendimento, levando-o para esse novo prédio.
PIMENTA – Você falou sobre a expectativa da Santa Casa quanto a uma maior agilidade dos repasses financeiros da Prefeitura. Como está hoje esse relacionamento com o governo municipal?
Eric Ettinger – A relação hoje, tanto com a Secretaria de Saúde como com o próprio prefeito, é muito boa. Eles estão no início da gestão plena, ainda na arrumação da casa, então a gente está dando um crédito e espera que, no máximo em 60 dias, esteja tudo organizado e que tudo venha a ocorrer a contento.
 

Temos em nosso planejamento a construção de uma UTI no Hospital Manoel Novaes, outra no São Lucas e a ampliação geral da UTI do Calixto Midlej Filho.

 
PIMENTA – A carência de leitos de UTI é uma questão que preocupa a Bahia e também a região sul do estado. Como a Santa Casa tem enfrentado essa deficiência?
Eric Ettinger – Temos em nosso planejamento a construção de uma UTI no Hospital Manoel Novaes, outra no São Lucas e a ampliação geral da UTI do Calixto Midlej Filho. Há uma carência de 3 mil leitos de UTI na Bahia e nós estamos buscando aumentar nossa oferta. Queremos transformar o Hospital São Lucas em um centro de referência em cardiologia, o que vai ser muito bom não só para Santa Casa, como para Itabuna e toda a região. Vamos realizar um simpósio de cardiologia, reunindo a macrorregião sul, para apresentar nossa disponibilidade. Nós temos cirurgiões cardíacos, temos hemodinâmica e contamos com especialistas em cardiologia que são referência na Bahia e no Brasil.
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Otto pode abrir mão de vaga.
Otto pode abrir mão de vaga.

A vaga ao Senado na chapa governista é dada como certa para o vice-governador Otto Alencar. Ao PIMENTA, Otto disse que a Câmara Alta é o seu projeto, mas afirmou que pode abrir mão da vaga para garantir a unidade na base e ampla aliança para 2014. A vaga iria, possivelmente, para o PP.

A chapa governista será encabeçada pelo PT. O nome já escolhido é o do secretário da Casa Civil e deputado federal licenciado, Rui Costa.

Otto ainda falou da obra de duplicação da Rodovia Ilhéus-Itabuna (BR-415). Segundo ele, a licitação já está pronta e deve sair agora em dezembro. A previsão otimista é de que as obras possam começar em março do próximo ano.

Confira os pontos principais da entrevista.

PIMENTA – A chapa já está montada?

OTTO ALENCAR – O governador que vai decidir.

PIMENTA – Comenta-se que a chapa seria Costa governador, Nilo vice e o senhor senador, com o PP ficando com vagas em tribunais de contas e com a presidência da Assembleia. É isso?

OTTO – Não há discussão nesse sentido. O governador vai sentar e resolver lá na frente. Estou pleiteando o senado, mas digo a você, com toda a sinceridade, que se precisar de abrir mão [da vaga ao Senado] para não haver briga, eu abro. Já fiz isso tantas vezes quando participei do grupo de Antônio Carlos. Eu não sou daqueles que bota na cabeça como uma obsessão para ter o poder. Para mim, vale muito mais a harmonia. Se tiver que abrir mão, abro.

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josivaldo gonçalvesPor 13 a 10, o sindicalista Josivaldo Gonçalves foi eleito, há pouco, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Itabuna (CSMI) em disputa contra a chapa encabeçada pela enfermeira Gisleide Lima Silva. O pleito ocorre meses depois de uma tentativa de golpe por parte do Governo Vane (relembre aqui).

A chapa vencedora é formada, ainda, pelo comerciário Francisco Gomes Filho, a bancária Liamara Bricídio e o secretário de Assistência Social de Itabuna, José Carlos Trindade. A composição é governista, mas Josivaldo Gonçalves assume o cargo com discurso de “independência”.

Um dos mais duros difíceis desafios dos novos conselheiros será decidir quanto ao retorno da Gestão Plena e o que é necessário para que o município volte a administrar os recursos da média e alta complexidade em Saúde. É uma bolada anual que pode chegar a, aproximadamente, R$ 140 milhões. Ainda comemorando a vitória, Josivaldo concedeu rápida entrevista ao blog, por telefone.

BLOG PIMENTA – Quais serão os primeiros desafios do novo conselho?

JOSIVALDO GONÇALVES – O desafio é trabalhar para que o conselho volte à normalidade. Temos para analisar o Plano Ação da Saúde, votar a prestação de contas [dos ex-gestores da Saúde] e decidir sobre o retorno da Gestão Plena.

PIMENTA – A chapa eleita é encabeçada por membros do PCdoB ou do governo. Como vai agir o novo conselho? Será governista, também, nas ações?

JOSIVALDO – A linha nossa vai ser pela lisura e moralidade. Quando o governo assumiu, nós [agentes de saúde e agentes de combate à dengue] fizemos greve e manifestação. Mostramos que somos aliados, mas agimos com independência.

PIMENTA – Mas o Conselho terá também independência?

JOSIVALDO – Sim. Não negamos que somos do PCdoB, mas a posição é de independência. Aprovaremos o que for bom, positivo para a cidade.

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everaldo anunciacaoENTREVISTA / Everaldo Anunciação

O sindicalista Everaldo Anunciação é o candidato com maior leque de apoios, entre os cinco que disputam o diretório do PT baiano. Natural de Ilhéus, com carreira de servidor público federal na Ceplac, Everaldo, de 53 anos, foi vereador em Itabuna (1997-2000), presidente da Associação dos Técnicos Agrícolas do Cacau (Stac), diretor do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal (Sintsef) na Bahia e presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT)/ Regional Cacaueira, entre outros cargos. Atualmente, é secretário de Organização do PT.

Nesta entrevista ao PIMENTA, o petista fala sobre a disputa, contesta o caminho das prévias para escolher o candidato à sucessão de Jaques Wagner e rebate a crítica feita pelo jornalista Ernesto Marques, também postulante ao comando do diretório, sobre o excesso de comissões provisórias do PT nos municípios.  Segundo Everaldo, as comissões são escolhidas pelos filiados e não indicadas por “caciques”. Ele diz que a crítica tem a ver com “ falta de conhecimento da vida partidária”.

PIMENTA – Neste ano em que o PT completa uma década no comando do país e Wagner se aproxima do último ano de seu segundo mandato na Bahia, o PED tem um significado especial?

Everaldo Anunciação – Sim, vamos realizar eleição num momento em que a sociedade brasileira e baiana sinaliza reconhecimento do PT como o partido de maior confiabilidade do eleitorado. Acredito que é resultado de um projeto implementado a partir dos governos Lula, Dilma e Wagner, diversas administrações municipais e ações parlamentares que na prática transformaram para melhor a vida de milhões de mulheres e homens que necessitam da política pública para realizar seus sonhos, seu direito de ser felizes.

PIMENTA – Mas o que o PED representa na prática?

EA – É muito gratificante destacar que esse PED introduz na prática alterações significativas para o fortalecimento da vida partidária, que é a instituição da paridade, com a presença de 50% de homens e 50% mulheres em todas as instâncias de direção, as cotas para negros, jovens e índios… Elegerá também delegadas e delegados ao nosso congresso de dezembro, que vai o permitir um bom balanço dos 33 anos de fundação, dez anos de Governo Federal e sete de Governo Estadual. Com certeza, vamos ajustar rumos e ações estratégicas para o partido e para a continuidade e avanços dos  nossos projetos. Temos uma grande participação de filiados e filiadas, cerca de 900 mil no Brasil e 42 mil na Bahia aptos a votar.

PIMENTA – Quais foram os acertos e os erros do PT no poder?

EA – Sem sombra de dúvida, temos um saldo bastante positivo. O principal acerto foi manter a coerência de ter feito políticas e ações para os mais necessitados e esquecidos pelos governos anteriores. Por exemplo, o governo Wagner, em parceria com o Governo Federal do presidente Lula e agora com a presidenta Dilma, se destaca nos programas PAC, Minha Casa Minha Vida, Bolsa Família, Prouni, ensino técnico, crescimento do Polo Petroquímico, expansão da mineração, gasoduto, Fiol, adutoras no São Francisco, recuperação total da malha rodoviária federal, polo de energia eólica, ampliação de uma para cinco universidades federais, 16 Ifet (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia), entre outras ações. Um detalhe muito importante: na área da educação, FHC não criou uma universidade sequer, Lula criou 14 e Dilma está instalando mais quatro. O orçamento do MEC em 2002 era de R$33,1 bilhões. Em 2012 saltou para R$86,2 bilhões. Em dez anos, foram construídas 259 escolas técnicas, quantidade maior que em toda a história do país.

PIMENTA – E os erros?

EA – Do ponto de vista do que poderia ser melhorado, ainda que não dependesse exclusivamente do nosso partido, as reformas política e tributária precisam ser melhor discutidas e articuladas com a sociedade civil organizada para que a democracia e a distribuição de renda possam ser consolidadas num país com riqueza extraordinária.

PIMENTA – Há vozes no próprio PT que acham que o partido se burocratizou e cartorizou. Você concorda com essa avaliação?

EA – Essas vozes existem e eu as respeito, mesmo sendo minoritárias dentro do partido. Mas não concordo. Um partido que está organizado em todos os municípios, que tem relação com todos os movimentos sociais de expressão no Brasil na Bahia, que nasceu e participa das grandes lutas do povo brasileiro na prática, demonstra a sua relação direta com o cotidiano do povo. Óbvio que o partido cresceu na ocupação de espaços executivos e legislativos, as demandas aumentaram e cabe a nós agora um novo olhar para melhorar a sua comunicação, organização, formação nos espaços em que atua sem perder seus princípios, mas adequando-o à nova realidade tecnológica e principalmente de demandas oriundas do pensar daqueles que querem mais democracia, políticas públicas e têm compromisso com a sociedade justa igual e fraterna, uma sociedade socialista. Para isso, precisamos cada vez mais aperfeiçoar e aumentar a eficiência da máquina partidária como instrumento necessário para a execução dos nossos planejamentos.Leia Mais

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tiago-feitosaO empresário Thiago Feitosa, filho do deputado Geraldo Simões, aceitou convite do ex-prefeito João Henrique, de Salvador, filiando-se ao PSL.

Deixou o PT. Pela nova legenda, pode concorrer ao cargo de deputado estadual.

Com 31 anos, Feitosa fala de política, rebate que sua ida para o PSL seja a consolidação do projeto familiar de obtenção de mandatos na política e também fala do passado, quando acabou respondendo a processo sob acusação de ter participado de confusão em apartamento de um produtor rural. O caso deu polícia e foi parar na Justiça. Thiago fala em exageros típicos de período eleitoral por parte da imprensa e diz estar pronto. Confira abaixo:

BLOG PIMENTA – Por que essa opção de deixar o PT e ingressar no PSL?

THIAGO FEITOSA – Sempre acompanhei a carreira política da minha família. Sou apaixonado pelo PT e seus quadros, como Lula, Wagner, Dilma e Geraldo. Quando a segunda suplente de senadora [Juçara Feitosa] disputou as últimas eleições em Itabuna [2008 e 2012], diziam que se tratava de projeto familiar. Então, recebi convite do ex-prefeito João Henrique e do presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, e do estadual, Toninho, para engrossar as fileiras do PSL.

PIMENTA – Mas aí continua o projeto familiar. Só muda o partido, não acha?

THIAGO – Mas não foi Geraldo quem me convidou nem estou com candidatura lançada. Fui convidado pelos dirigentes do PSL e busco nova compreensão de partido. E essa palavra independência tem batido em meu ouvido. É uma vontade minha, um espaço onde tivesse altivez e voz. Eu reuni minha família – pais e esposa – e optei por ser independente politicamente.

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Meu projeto não é individual, é no plural, só não é familiar.

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PIMENTA – Fora do PT?

THIAGO – Continuo dizendo que minha bandeira é outra, mas o sangue é vermelho. É a decisão mais importante de minha vida, aos 31 anos de idade. Espero ter acertado. Conto com muitos companheiros. Consultei diversos na região, ouvi minha turma. As pessoas entenderam que seria uma oportunidade. Meu projeto não é individual, é no plural, só não é familiar.

PIMENTA – Dá para superar as questões do passado, superar esta imagem?

THIAGO – Todos me conhecem. A política na região é muito acirrada. Confundem sigla, bandeira e ideologia partidária com família. Já sofri muito em Itabuna, como meu pai, por discriminação, antes por ser petista. Antes, ser do PT era feio, hoje que a gente governa a Bahia e o Brasil… Precisou de Geraldo Simões para mudar. E tinha aquela imprensa que não contribui com a região nem com o Brasil. Fica difamando as pessoas em vez de discutir projetos. Essa coisa de imagem acho que já foi superada. Sou pai de família, empresário. E podem perguntar: sou bom filho, bom marido, bom pai e bom amigo.

PIMENTA – E como ficou o processo de 2008?

THIAGO – O processo já passou o prazo. Quem tem todo o relatório são meus advogados.

— Clique em “leia mais”, abaixo, para conferir a íntegra da entrevista.

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Roberto José da Silva - foto Thiago Pereira
Presidente da Ficc aposta na cultura para reduzir violência em Itabuna (foto Thiago Pereira)

Roberto José da Silva tem um currículo diversificado. Presidente da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (Ficc) desde janeiro, ele é geógrafo com pós-graduação em Planejamento de Cidades e mestrado em Geografia com ênfase em Criminologia de Ambientes. Estudioso da questão da violência, Roberto José afirma ver a cultura como instrumento de transformação e defende a tese de que muitos jovens se perdem no chamado mundo do crime porque não vislumbram outras opções. Para Roberto, em algumas comunidades o traficante está se tornando o ídolo, o modelo perseguido pela criança. Ele propõe estratégias para que o agente de cultura assuma esse papel e se torne a referência.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista concedida pelo presidente da Ficc ao PIMENTA:

 

PIMENTA – Qual é a realidade do cenário cultural hoje em Itabuna e que projetos a Ficc tem desenvolvido para o setor?

 Roberto José  –  Primeiro eu tenho que dizer que a gente precisou dar um freio de arrumação na casa, não só no contexto estético da fundação, mas também na funcionabilidade, na mecânica dos projetos da fundação. Hoje temos aqui uma equipe de projetos, que eu diria que é uma equipe de excelência. Nós já temos dezenas de projetos cadastrados no Siconv (Sistema de Convênios do Governo Federal) e alguns em instituições como Banco do Brasil e Itaú. Conseguimos recentemente aprovar um projeto de leitura da embaixada da Alemanha e possivelmente em novembro a gente bote esse projeto para andar.

PIMENTA – Como vai funcionar esse projeto de leitura?

RJ –  Na verdade, a gente tem a intenção de promover a Feira Literária Internacional do Cacau,  trazer essa marca para Itabuna e vamos iniciar com uma célula, que é esse projeto de leitura. O projeto já tem um corpo e está na fase final de formatação. A Uesc entrou também na organização e inclusive uma parte da feira vai acontecer no Centro de Arte e Cultura Paulo Souto, no campus da universidade. É possível que a feira seja realizada ainda este ano, em dezembro.

PIMENTA – Quando se fala em eventos desse tipo, logo lembramos de que Itabuna carece de espaços adequados. Como a Ficc encara esse problema?

RJ – Nós estamos arrumando isso e temos alguns projetos andando, mas precisamos organizar a política pública cultural do município. O primeiro passo foi alinhar Itabuna à política nacional de cultura, para facilitar a vinda de recursos fundo a fundo. Nossa minuta de fundo já está criada e estamos encaminhando esse documento à Procuradoria Geral, para em seguida ser enviado para votação na Câmara. Esse fundo vai receber recursos de três fontes, no mínimo, que são os governos federal, estadual e municipal. No município, o repasse se dá por meio de um percentual do ISS e do IPTU. Fizemos o processo de adesão do município, que deu muito trabalho. Foi publicada agora no Diário Oficial da União, no dia 31 de julho, a adesão de Itabuna ao Sistema Nacional de Cultura, que se constitui na nova política de gestão do Governo Federal, que é participativa e ouve as bases. As ideias que se tem de política cultural são múltiplas, mas quem mais entende do assunto são as pessoas que estão na base e essas pessoas precisam ser ouvidas quando a gente vai propor algum tipo de política.

PIMENTA – A entidade se propõe a cobrar a conclusão das obras do Teatro e Centro de Convenções, paradas há sete anos?

RJ – O governo municipal quer que o Estado conclua aquele centro, mas o Estado em tese não tem interesse porque não quer fazer a gestão do espaço, talvez por julgar que o equipamento não terá um retorno econômico. O que eu reitero é que nem sempre deve haver essa visão economicista com relação a equipamentos culturais. A visão deve ser humanista e a nossa proposta é a de que, uma vez concluído o Centro de Convenções, a Ficc faça a gestão, que pode ser compartilhada. Acreditamos que é um equipamento que pode se manter com a promoção de eventos. Naquele espaço existe uma questão judicial. O Ministério Público entrou para rever a cláusula de reversão, já que, como se sabe, o ex-prefeito Fernando Gomes acabou pleiteando o terreno de volta. Não obstante, o município já reiterou ao Estado seu interesse de ver aquele espaço concluído e colaborar com a gestão.

PIMENTA – E com relação a outros espaços, há algo em vista?

RJ – Temos alguns projetos já encaminhados. Por exemplo, um de cinema e teatro, com forte possibilidade da verba chegar ainda este ano, e até meados de 2014 nós finalizarmos a obra. Há um espaço no centro da cidade, com boas condições de mobilidade, mas ainda não podemos dar mais detalhes, pois ainda estamos negociando. É importante dizer que estamos construindo uma política de adquirir, construir e reformar equipamentos culturais. Por exemplo, a Praça Laura Conceição, aqui em frente à Ficc, nós temos um projeto para requalificá-la. Vamos dotar essa praça de uma conotação cultural, então ela terá um anfiteatro ou uma concha acústica. A área no entorno da Ficc será transformada em um “quarteirão cultural”. No imóvel onde hoje está o Samu, que vai se tornar regional e precisará de uma nova central, será instalada a biblioteca infantil Monteiro Lobato. O espaço atualmente ocupado pela Ficc será o museu da cidade, com salas temáticas que demonstrem a construção dos signos de Itabuna, e a sede da Ficc irá para o Espaço Cultural Josué Brandão, após a transferência da Câmara de Vereadores para outro local.

Foto Thiago Pereira
Foto Thiago Pereira

 

É impossível extinguir a violência da convivência humana, mas é possível reduzi-la a índices aceitáveis, e a cultura é um forte instrumento nesse sentido porque ela alimenta a alma.

 

 

PIMENTA – E o Conselho de Cultura, que ainda não está organizado no município?

RJ – O Conselho de Cultura do Município não existia. Há mais de dez anos ele não tinha uma reunião, estava inativo. Nós montamos a minuta do Conselho de Cultura. Em novembro do ano passado, foi criado um Fórum Municipal de Cultura, encabeçado por vários artistas, a exemplo do pessoal da Acate (Associação Cultural Amigos do Teatro), e nós ouvimos as propostas e as trouxemos para a mesa de discussão. A partir daí, montamos a minuta e agora estamos fazendo os diálogos das mesas setoriais para que elas elejam seus representantes. O conselho estará constituído e funcionando até o final do ano, inclusive para que o fundo comece a ser movimentado.

PIMENTA – Há um projeto de longo prazo para o setor?

RJ – Está em formatação o um plano decenal, que vai além dos governos que passaram e que passarão, e acena para uma política permanente, feita na base, democraticamente. Para fazer esse plano, nós precisamos do diagnóstico da situação cultural do município, porque não podemos apresentar propostas culturais sem conhecer o “paciente”. Estamos fazendo um levantamento dos equipamentos culturais da cidade, considerando a cultura material e imaterial, além dos equipamentos de apoio. Estamos levantando isso para ter um norte para os editais de fomento à cultura que iremos lançar.

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Ernesto diz que o PT precisa restabelecer o diálogo com os movimentos sociais (foto Pimenta)
Ernesto diz que o PT precisa restabelecer o diálogo com os movimentos sociais (foto Pimenta)

O jornalista Ernesto Marques, vice-presidente da Associação Baiana de Imprensa, tem consciência de que trava uma luta desigual, mas diz que representa a voz da “planície” na disputa pela presidência do PT na Bahia. Segundo ele, o partido se burocratizou, seus dirigentes se encastelaram nas instituições e perderam as linhas de comunicação com os movimentos sociais.

Ernesto prega que é preciso “acordar um certo tipo de dirigente petista que, como diz o presidente Lula, se acostumou a ficar com a bunda na cadeira e se esqueceu de que a obrigação de todo petista é estar o tempo inteiro com um pé na institucionalidade, mas o outro na vida real, na rua”.

O petista, que enfrentará no Processo de Eleição Direita (PED) a poderosa chapa encabeçada por Everaldo Anunciação, secretário estadual de Organização do PT, discorda dos “companheiros” que classificaram as manifestações de junho como orquestrações da direita e afirma que os brasileiros finalmente aprenderam que a democracia funciona.

Em tempo: as eleições dos novos diretórios petistas em todo o País serão realizadas no dia 10 de novembro.

 

PIMENTA – Para começar, como o senhor avalia essa situação ma disputa pelo diretório de Salvador, onde o secretário Rui Costa teria incentivado a formação uma chapa para combater Marta Rodrigues, liderança ligada a Walter Pinheiro. Já temos aí uma prévia da disputa de 2014?

Ernesto Marques – O que está em vias de se configurar em Salvador é mais ou menos o que a gente observava no começo do ano, como aglutinação de campos divergentes dentro do partido. Nós criamos um campo chamado “PT Mais Forte”, que deu origem à nossa chapa e tinha basicamente as mesmas forças que hoje estão se aglutinando em torno de Marta (Rodrigues). É claro que para nós já estava evidente, desde aquele primeiro momento, onde se encontram as contradições. Não era à toa que nós constituíamos esse campo, exatamente na expectativa de ter um espaço para debate sobre 2014, mas também sobre 2013.

PIMENTA – Onde estão as contradições?

EM – Primeiro você estrutura um partido, prepara esse partido do ponto de vista organizativo, para que então você tenha melhor condição de enfrentar a batalha eleitoral. Os argumentos do agrupamento majoritário foram suficientes para quebrar a unidade do campo, mas não para nos submeter a ponto de aderir à ideia do “chapão”.  Decidimos manter a postulação que já apresentávamos antes, de que esse agrupamento tinha consistência e força política para disputar e vencer as eleições internas do partido. Como houve algumas defecções, inclusive da própria EDP (Esquerda Democrática Popular), liderada pelo deputado (Nelson) Pelegrino, nós mantivemos a nossa “levada” e estamos cada vez mais convencidos do acerto da nossa posição.

 

PIMENTA – Mas há um tensionamento no PT na capital…

EM –  O tensionamento em Salvador recoloca exatamente o confronto, no bom sentido, como nós estamos acostumados no PT, entre dois campos que têm visões não exatamente opostas, mas em alguns pontos divergentes em relação à condução que deve dar ao partido aqui na Bahia, assim como com relação às questões nacionais. Há uma tentativa de antecipar as coisas em relação a 2016, o que talvez seja um pretexto para se aglutinar um bloco com a intenção –  segundo se diz na imprensa, mas não ouvi isso de nenhuma liderança – de isolar o deputado Nelson Pelegrino dentro da sua principal base, que é Salvador e a Região Metropolitana. É difícil fazer isso porque qualquer pessoa pode contestar a trajetória do companheiro Pelegrino, mas ninguém pode negar a liderança que ele é e o papel que exerceu na construção do partido em Salvador. A capital hoje é o berço do que antes a gente chamava de carlismo e nós não temos nenhuma dúvida de que precisamos fazer uma oposição muito séria, consistente e contundente à Prefeitura, e isso não se confunde com fazer oposição à cidade, são coisas muito diferentes. Temos visões muito diferentes sobre como tratar os problemas de Salvador.

PIMENTA – O senhor faz uma crítica à forma como o PT fez oposição a João Henrique e propõe uma atuação diferenciada agora com ACM Neto. Em que pontos devem se estabelecer as diferenças?

EM – Há uma coisa muito estranha quando o prefeito propõe o aumento do IPTU e cinco dos sete vereadores do PT aprovam esse aumento. É um sinal muito preocupante de que o partido não está conseguindo tratar as matérias adequadamente e esgotar o debate interno antes de ir para as votações na Câmara. Segundo o tributarista e também vereador Edvaldo Brito (PTB), é um aumento que pode chegar a 35% e ainda restabelecer a tributação em cascata, que é uma coisa que o Brasil já tinha abolido há muito tempo. O vereador Waldir Pires (PT) também já apontava sérios vícios de inconstitucionalidade na reforma tributária. Essas questões estão sendo tratadas como se cada vereador fosse dono do seu mandato, mas na verdade os mandatos pertencem ao partido, e este faz oposição ao prefeito ACM Neto. No fundo, o que está em jogo é qual a qualidade da oposição que vamos fazer. Será uma oposição low profile, de baixa intensidade, ou faremos uma oposição sistemática, que, repito, não se confunde com oposição à cidade, mas deixa muito claro qual é o entendimento nosso sobre política urbana, habitação popular, transporte público, movimentos sociais e mais uma série de questões que nos diferenciam bastante. E não dá para misturar água com óleo.

PIMENTA – O senhor discorda da política de “boa vizinhança” entre o PT e ACM Neto?

EM – Essa tentativa de isolar Pelegrino talvez seja exatamente pelo desejo de fazer uma oposição de baixo perfil, o que, no caso do prefeito João Henrique, gerou para nós uma conta muito grande a pagar. Inclusive porque uma parte da população de Salvador não identificava os investimentos do Estado, vendo-os como obras do ex-prefeito João Henrique, a exemplo da Via Expressa. O fato de termos apoiado João Henrique no segundo turno de 2004 e termos participado de seu primeiro governo deixou essa coisa mal resolvida, porque o PT não apresentou claramente para a cidade se era oposição ou se era situação no governo João Henrique. Neste atual governo, não pode haver qualquer margem de dúvida, até porque o prefeito ACM Neto, com toda justiça, personifica o outro campo da política baiana, contra o qual nós sempre nos opusemos. Não há porque mudar de posição, tendo em vista que o prefeito ACM Neto continua fiel ao seu berço político e nós também não mudamos. Pelo menos uma parte do PT.

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Não há porque mudar de posição, tendo em vista que o prefeito ACM Neto continua fiel ao seu berço político e nós também não mudamos. Pelo menos uma parte do PT.

 

PIMENTA – Esses conflitos do PT não decorrem da opção que o partido fez pela política de alianças para alcançar resultados eleitorais? Ou seja, não é uma consequência do pragmatismo do partido?

EM – O PT vive problemas que são naturais em um partido que tem 33 anos de idade, embora não seja um dos partidos mais velhos do país. Nesse tempo, nós deixamos de ser um partido pequeno, de gueto, para progressivamente conquistar cadeiras nos parlamentos em todos os níveis: prefeituras, governos estaduais, até o governo federal. A gente vive as dores de um partido que já tem um bom tempo no governo e este exercício naturalmente expõe as nossas contradições, o que inclusive é muito salutar, principalmente se a gente entende a contradição como uma coisa natural da democracia, a ser enfrentada sem muito receio.

PIMENTA – Seria o lado positivo da crise?

EM – Essa é a parte da crise que eu acho natural e a gente tem que conviver com ela, discuti-la exaustiva e permanentemente, para encontrar as saídas sem perda de consistência política. Em relação a alianças, a história mostra que ninguém ganhou sozinho. Nem nas revoluções armadas, nem nos processos democráticos. Sempre é necessário se fazer alianças e na democracia ganha mais quem agrega mais. O governador Jaques Wagner ensina isso e reafirma a todo tempo. Fazer alianças não é problema e isso o PT já tem resolvido há muito tempo. Você pode questionar a qualidade das alianças e a gestão dessas alianças após as eleições. Nós podemos observar que é difícil constituir e manter uma aliança que seja muito ampla no espectro ideológico e no aspecto numérico.

PIMENTA – Não é esse o caso da aliança “super ampla” em torno do governo Wagner?

EM – Gerir uma base com cerca de 50 parlamentares em 63 é de fato uma engenharia política extremamente complexa. Aquela lógica que a gente aprende em casa, de ceder sempre o  lugar para a visita, é mais ou menos assim que acontece na política. Para acomodar os aliados, é natural que o partido que é o centro da aliança seja mais generoso na abertura de espaços para acomodar os aliados. O problema é exatamente a gestão desses espaços e nos parece que houve equívocos graves na direção partidária, na hora de gerir as alianças, seja na distribuição dos espaços no governo, seja no posicionamento na hora das coligações. Ter ex-carlistas no governo também não representa nenhuma dificuldade porque comunistas trabalharam nos governos carlistas o tempo inteiro, ou sendo servidores de carreira, e portanto cumprindo sua obrigação como servidor público, ou em alguns casos porque atenderam convites profissionais e tiveram também que de alguma maneira cumprir uma tarefa política. E eu não me lembro de um governo carlista ter virado comunista por causa disso.

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Marival Guedes, de Salvador

O jornalista e escritor, doutor em Comunicação, Emiliano José, participou em Salvador de um debate sobre a “Democratização dos Meios de Comunicação”, promovido pelo Levante Popular da Juventude.

Emiliano foi vereador, deputado estadual e é suplente de Deputado Federal (PT). Nesta entrevista ele fala também sobre a ação que o pastor Átila Brandão, acusado de torturar presos políticos, ingressou contra ele. E aborda os governos Lula e Dilma e o mensalão.

BLOG PIMENTA – O que significa a democratização dos meios de comunicação? Como seriam os meios de comunicação democratizados?

EMILIANO JOSÉ – Seria, do ponto de vista formal, absolutamente simples: bastaria que os artigos de 220 a 224 da Constituição Federal fossem regulamentados e respeitados. Só que, na correlação de forças do Brasil, não há nada simples com relação a esta questão. Creio que nós avançamos muito de 1985 pra cá, e avançamos de maneira acelerada nos últimos dez anos com os governos do presidente Lula e com a presidenta Dilma.

PIMENTA – Quais os principais avanços?

EMILIANO – Especialmente as políticas estruturantes de distribuição de renda possibilitando que 70 milhões de pessoas mudassem sua qualidade de vida, possibilitando a constituição de um mercado de massas no Brasil, velha bandeira de toda a esquerda brasileira, com os programas que foram colocados em prática, de modo especial o Bolsa Família, o programa de valorização do Salário Mínimo, o Prouni, a Política de Cotas, a valorização dos negros e das negras, o reconhecimento da presença da mulher na vida  brasileira, os direitos humanos. Tudo isso indica um novo Brasil, um país bastante diferente.

PIMENTA – Mas ainda falta muito.

EMILIANO – A gente reconhece que a concentração de renda ainda é gigantesca, a desigualdade ainda é grande e as condições de vida do nosso povo precisam melhorar muito. Acabar com a miséria extrema é apenas o primeiro passo.

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A GRANDE MÍDIA: Esta velha mídia é herdeira direta  da Casa Grande.

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PIMENTA – Voltando à democratização da mídia brasileira…

EMILIANO – Neste quesito, inegavelmente, não conseguimos andar. Não temos ilusão de mudar a grande mídia, a mídia hegemônica. Ela vai continuar sendo o que é, um grupo de poucas famílias que controlam o discurso de interpretação do Brasil. Esta velha mídia é herdeira direta  da “casa grande”, vem lá de trás. Ela tem uma visão preconceituosa, elitista. A senzala deve ficar no seu lugar sem se mexer. Este preconceito desrespeitoso, por exemplo, contra o presidente Lula vem de lá. É como se afirmassem que um sujeito operário nordestino não teria o direito de invadir o território da casa grande que é a Presidência da República.

PIMENTA – Não acha a reação natural, diante de séculos de controle?

EMILIANO – Mas não foi Lula, foi o povo que decidiu governar o Brasil. E esta mídia suporta menos ainda o fato de que Lula foi o maior presidente da história do Brasil.

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DEMOCRATIZAÇÃO – Este grupo não quer sair de cena e não queremos que ele saia de cena. Só que queremos democratizar a mídia.

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PIMENTA – Na leitura do senhor, a chamada grande mídia defende um grupo. Seria isso mesmo?

EMILIANO – A casa grande tem lado e não descansa. A mídia diz: “ nós é que devemos ser oposição a este projeto político de esquerda”. Judite Brito, presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), declarou isso em 2010: “a oposição é muito fraquinha, então, nós temos que cumprir o papel que ela não cumpre”.  Então se assumem como partido político. [Antonio] Gramsci, notável intelectual italiano, dirigente comunista, tratava disso lá atrás. Ele diz que um grupo de jornais ou revistas pode se constituir num partido político. Este grupo não quer sair de cena e não queremos que ele saia de cena. Só que queremos democratizar a mídia.

PIMENTA – De que forma seria esta democratização?

EMILIANO – Vinicius Lima, um dos intelectuais que mais têm estudado esta questão, diz que é preciso horizontalizar a propriedade dos meios no Brasil. Por que apenas um grupo de famílias pode ser dono das ondas eletromagnéticas, das redes de TV, das emissoras de rádio? Por que políticos têm que ser donos dos meios de comunicação?  A Constituição proíbe os monopólios dos meios de comunicação, mas nós só vivemos de monopólios. Não se permite a propriedade cruzada, porém temos propriedade cruzada.

 

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REGULAÇÃO NOS EUA: Ora, os Estados Unidos por acaso censuram ao proibir a propriedade cruzada?

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PIMENTA – A proposta de regulação da mídia provoca muitas reações.

EMILIANO – Quando falamos na regulação, a velha mídia salta com sabre na mão dizendo que queremos a censura. Ora, os Estados Unidos por acaso censuram ao proibir a propriedade cruzada? Eles têm regulação muito rigorosa.

PIMENTA – O que deveria ser modificado aqui no Brasil nesta área?

EMILIANO – Nós precisávamos de uma legislação que proibisse que políticos detivessem o controle dos meios de comunicação, que não houvesse monopólio, propriedade cruzada, não se fizesse o escândalo cotidiano do desrespeito aos direitos humanos que a Constituição proíbe. Alguns programas extrapolam, e muito, a legalidade ao exibir pessoas presas, ao exibir o sangue, a morte, ao propor praticamente a pena de morte. Programas horrendos cotidianamente são exibidos na TV aberta. É preciso modificar isso.

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ESCÂNDALO SIEMENS-METRÔ: Fossem Serra e Alckmin do PT, eles diriam: os dois ladrões meteram a mão no dinheiro público.

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(Foto Moreira Mariz/Ag. Senado)

Marival Guedes, de Salvador

O senador Walter Pinheiro afirma que o minuto do celular pré-pago no Brasil é o mais caro do mundo e os serviços prestados pelas operadoras de telefonia são ruins. Estimativas apontam que, pelo menos, 80% dos celulares no país funcionem nesse sistema.

Pinheiro diz ter adotado várias ações contra as empresas telefônicas pra que elas cumpram o contrato com os usuários. Acompanhe uma rápida entrevista concedida pelo senador baiano ao blog.

PIMENTA – Qual a avaliação que o senhor faz sobre os serviços prestados pelas telefônicas?

PINHEIRO – Nós temos que fazer a utilização deste serviço para a área de educação, saúde e segurança. Usar ao extremo um serviço que é um importante insumo para o desenvolvimento e que na prática as empresas, todas multinacionais, até mesmo a Oi que agora tem uma participação da Portugal Telecom, mesmo trabalhando com tecnologia de ponta, ainda é muito atrasado.

PIMENTA – E os lucros são altos …

PINHEIRO – São empresas que faturam muito, o sistema fatura mais de 170 bilhões. Então nós estamos cobrando da estrutura pública, Anatel principalmente e  Ministério das Comunicações, que haja um rigor maior para que as empresas cumpram os contratos.

PIMENTA – Repercutiu ligação telefônica entre a presidente Dilma e o ex-presidente Lula que teve a linha cortada. [O fato aconteceu no dia oito de agosto do ano passado. A ligação caiu três vezes, na presença  do ministro  das Comunicações, Paulo Bernardo. Dilma não gostou e pediu providências ao ministro]. Houve algumas ações após este episódio?

PINHEIRO – A Anatel fez ações. Não é só a queda de ligação com Dilma, é de todos os brasileiros. Aquela foi uma das milhões das ligações que caem. As empresas fazem promessas e não cumprem.

PIMENTA – E o usuário paga caro…

PINHEIRO – Muito caro. O minuto do celular pré-pago no Brasil é o mais caro do mundo. Então tem que mudar. Várias ações foram adotadas. O governo tomou posições, assim como a Anatel, mas é preciso ir além. Volto a dizer, nós estamos falando de um serviço que tem excelência de tecnologia. Então, não pode prestar um serviço ruim.

PIMENTA – Concretamente, o que foi feito em um ano?

PINHEIRO – Nós estamos com várias ações. Entramos no Ministério Público, na Anatel, cobramos multa, cobramos cumprimento do contrato, entramos com um projeto no Senado para que as empresas cumpram o contrato. São estas ações que estão em curso.

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Jabes (1)O prefeito Jabes Ribeiro diz que a Prefeitura de Ilhéus precisa cortar R$ 3 milhões da folha de pagamento e a proposta de um pacto com os servidores, o que inclui a não concessão de reajuste salarial, é justamente para evitar a necessidade de demissões. Segundo ele, o município tem duas opções: “deixar tudo como está ou o diálogo”. Os servidores estão em greve geral há quase duas semanas.

Na entrevista ao PIMENTA, Jabes fala em situação falimentar do município, nega que tenha contribuído para o caos financeiro com os precatórios e faz críticas tanto aos servidores quanto ao Reúne Ilhéus.

O prefeito acredita que os sindicatos estejam tentando medir forças com o governo e disse que está disposto a assumir o custo do enfrentamento. “Acho que é um pouco de teste, de enfrentamento de forças. Isso não me incomoda”.

Confira a entrevista concedida durante a inauguração da sede da Bahiagás em Itabuna, dia em que Jabes e secretários enfrentaram protestos e xingamentos no centro da cidade. O prefeito ainda falou porque dispensaria a reeleição: “Eu já fui reeleito uma vez e não gostei nada. Dá para trabalhar em 4 anos”.

BLOG PIMENTA – Os sindicatos cobram proposta de reajuste, mas o governo diz que não tem como atender. Dá para chegar a um acordo?

JABES RIBEIRO – Só existem dois caminhos para Ilhéus. É deixar tudo como está, desrespeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal, não ter dinheiro para nada… A folha chega a comprometer quase 70%, o que tem levado o governo a não poder atender os serviços básicos, essenciais. Eu me recuso. O outro caminho é o diálogo.

PIMENTA – Os sindicatos têm outros números. O comprometimento com a folha significaria 55% das receitas.

JABES – Nós estamos propondo uma empresa especializada para conferir os números. Em 2011, a folha de pessoal já estava em 64%. A informação que temos do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) é de que em 2012 ultrapassa 70%. Janeiro a maio deste ano, está na faixa dos 78,6%. Vamos contratar uma empresa técnica, vamos conferir [os percentuais]. Mas até agora é só me dá aumento, me dá aumento.

PIMENTA – E o sr. vai conceder?

JABES – Eu estou impossibilitado pela Lei de Responsabilidade Fiscal, além de não ter recurso financeiro. O diálogo está aberto. O Pacto por Ilhéus tem resposta positiva da sociedade organizada. Ministério Público presente, OAB, todos… Eu só não consegui pacto com os servidores.

PIMENTA – As negociações vêm de algum tempo e a resistência do servidor seria justamente por entender que há como sair este aumento.

JABES – Não, não. Pelo amor de Deus. Eles sabem que não há.

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GREVE DOS SERVIDORES Acho que é um pouco de teste, de enfrentamento de forças. Isso não me incomoda.

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PIMENTA – E por que sabendo disso, como o senhor diz, o funcionalismo continua em greve?

JABES – Acho que é um pouco de teste, de enfrentamento de forças. Isso não me incomoda. Eu quero é o diálogo. Se for deixar como está, é caos. Ou então, vamos fazer um freio de arrumação. Isso tem um custo.

PIMENTA – O governo está disposto a assumir esse custo?

JABES – Não tenha dúvida. Meu compromisso não passa por popularidade momentânea, mas reorganizar a cidade. Nisso aí, nós temos o apoio da sociedade organizada.

PIMENTA – E como é mensurado esse apoio, a partir do pacto, pesquisa?

JABES – Eu tenho sido transparente. Essa é a única forma.

PIMENTA – O que levou a esse caos na gestão?

JABES – A arrecadação em Ilhéus caiu muito ao longo dos últimos anos. Nós éramos o terceiro ICMS da Bahia. Hoje, somos o 16º. As despesas só fazem crescer.

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DÍVIDAS COM PRECATÓRIOS – Grande parte dos precatórios é do governo Antônio Olímpio. Então, não adianta mais. Já se transformaram em sentenças judiciais. Fazer o quê?

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PIMENTA – Na origem do caos financeiro de Ilhéus estão os precatórios. O senhor é acusado de deixar mais de R$ 60 milhões em precatórios.

JABES – Não, não. Grande parte dos precatórios é do governo Antônio Olímpio. Então, não adianta mais. Já se transformaram em sentenças judiciais. Fazer o quê? Fazer o que fizemos. É parcelar e pagar. Não tem jeito. É sentença transitado em julgado. Tem ainda um terceiro ponto: o governo anterior foi muito complacente com essa coisa de reajuste salarial.

PIMENTA – Complacência em negociação salarial?

JABES – O sindicato chegava, peitava. O prefeito não queria enfrentamento e dava o que se pedia. Se você observar, os aumentos salariais superaram em muito a inflação do período. Se você me perguntar se é justo, claro. O problema é que o empregador está falido.

PIMENTA – O senhor fala de um pacto com a sociedade e servidores. Mas de que forma esse pacto que o senhor propõe poderia ajudar?

JABES – Aí é que está. Nós temos que cortar quase R$ 3 milhões da folha. É preciso sentar e definir como.

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DEMISSÃO DE SERVIDORES – O único caminho que a lei me dá é exatamente a demissão de servidores. O pacto é para evitar isso e preservar o emprego.

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PIMENTA – Numa entrevista, o senhor falou em demissões, até 700 demissões.

JABES – Não, não. Colocando a verdade, o único caminho que a lei me dá é exatamente a demissão de servidores. O pacto é para evitar isso e preservar o emprego, os direitos individuais e, sobretudo, ter um processo de discussão. Até porque, você não terá um pacto eterno.

PIMENTA – Do ponto de vista jurídico, o comprometimento da folha continuará o mesmo. O senhor fala da possibilidade de ser um ficha-suja, ter contas rejeitadas pelos tribunais. Mas no que esse pacto ajuda a reduzir esse nível de comprometimento?

JABES – À medida que você senta [para conversar], começa a ter cenários. Mas se só diz eu quero aumento, eu quero aumento

PIMENTA – Da parte do servidor, o que pode ser proposto?

JABES – A partir do momento que ele sentar, pode propor tudo.

PIMENTA – E do lado do governo, o que propor? Vai mexer na receita?

JABES – Nós estamos trabalhando. É melhoria do cadastro do IPTU… Eu agora estou preparando projeto tributário que é muito inspirado em Salvador. O professor tributarista Edvaldo Brito está vindo nos ajudar nessa discussão. Mas tudo isso só terá efeito no próximo ano. É o princípio da anterioridade. Só que eu tenho que fechar as contas neste ano. Estou aproveitando a Era Franciscana: é diálogo, paciência, humildade, compreensão. Só não me peçam para deixar como está e não cumprir a lei. Isso me afetaria e afetaria o gerenciamento da cidade.

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EXONERAÇÃO DE LEDÍVIA – Se amanhã qualquer secretário não preencher os requisitos mínimos, é outra discussão. Não dá para ter queimação agora.

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PIMENTA – No plano da gestão e da política, muito se fala em substituição na saúde. A secretária Ledívia Espinheira será exonerada?

JABES – O governo não pensa isso. O governo avalia cada secretário a cada dia. Os problemas que ela está passando são os problemas do governo. Portanto, não dá para ter atitude desonesta, responsabilizar fulano. Se amanhã qualquer secretário não preencher os requisitos mínimos, é outra discussão. Não dá para ter queimação agora. Eu estou absorvendo responsabilidade completa do Pacto. Enfim, ou há pacto ou caos.

Para ler a íntegra da entrevista, clique no “leia mais”, abaixo.

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André Saback Movimento Passe Livre entrevista

Marival Guedes, de Salvador

O Movimento Passe Livre Salvador, que ocupa a Câmara de Vereadores desde o dia 22 deste mês, criou uma Tribuna Popular na porta no legislativo, onde serão realizadas diversas atividades. A Câmara está ocupada por 14 integrantes, sendo 11 fixos e três flutuantes, para a troca de informações.

Nesta entrevista, um dos ocupantes, André Saback, formado em Marketing pela Estácio/ Fibe, fala sobre o esvaziamento do MPL, a nova postura do movimento, que agora convoca partidos, a desoneração de PIS/Cofins e o acordo que impede ACM Neto de aumentar a tarifa até 2014. Saback também comenta como seria a implantação do passe livre universal.

BLOG PIMENTA- O presidente da Câmara marcou audiência, mas cancelou. Por quê?

ANDRÉ SABACK – Ele havia marcado na sexta-feira (26) uma audiência para ontem (29), pra buscar caminhos para a solução, inclusive poderia ter a presença do secretário Aleluia. Ele desmarcou a reunião por conta da nossa agenda de atividades e para entender melhor nossas ações e conversar depois.

PIMENTA – Quais as atividades?

SABACK – Nós começamos ontem (segunda-feira) e até a sexta teremos uma tribuna popular aberta a todas as pessoas para que, durante o dia,  se manifestem sobre a questão. À noite, palestras com professores e filmes de movimentos sociais e outras revoltas populares.

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Todo movimento popular tem um pico. Nós chegamos a botar 30 mil pessoas. Há um refluxo e o retorno à base inicial.

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PIMENTA – Nas últimas manifestações, houve uma grande redução do número de participantes. O que provocou este esvaziamento?

SABACK – Todo movimento popular tem um pico. Nós chegamos a botar 30 mil pessoas. Há um refluxo e o retorno à base inicial. No momento, temos nas ruas para participar dos atos nossos membros mais orgânicos e os movimentos sociais mais próximos. Há um poder menor de convocação por que a sociedade já teve esta participação e percebe – talvez por conta da mídia – que o movimento chegou num ápice e declínio. Acaba numa certa acomodação.

PIMENTA – Além da tribuna popular, o que será feito para revitalizar o movimento?

SABACK – A gente está com articulações com os movimentos sociais que não fizeram parte [no primeiro momento], a exemplo dos partidos políticos, sindicatos e movimentos estudantis, porque havia um consenso de que seria “aparelhar”. Mas estamos convocando estes movimentos pra agente poder ter vitalidade pra ir pra rua. Então, pra este ato de quinta-feira, 1º de agosto, nós vamos convocar a população em geral e estes movimentos.

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O MPL nunca foi antipartidário. O apartidarismo se mantém, a gente tem um mecanismo nas nossas assembleias que detecta quais as correntes que estão atuando.

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PIMENTA – Então, acabou o antipartidarismo no MPL Salvador?

SABACK – Na verdade, o MPL nunca foi antipartidário. O apartidarismo se mantém, a gente tem um mecanismo nas nossas assembleias que detecta quais as correntes que estão atuando e consegue com horizontalidade, seguindo nossa Carta de Princípios, bloquear alguma tentativa de aparelhar o movimento.

PIMENTA – Qual o comportamento da mídia durante todo este processo?

SABACK – Teve um comportamento de gangorra. Em alguns momentos, teve um viés interessante que favorecia o interesse pelo movimento. Em outros tentava esfriar, não sei exatamente por qual motivo. Teve altos e baixos no mês de junho e após a ocupação a gente teve a presença da mídia dando certo apoio. Depois começou a se desinteressar,  fazer as entrevistas e não publicá-las ou publicá-las com viés negativo. Talvez isto também seja um agente desmobilizador.

PIMENTA – Quais os dois pontos principais do MPL neste momento?

SABACK – Tiramos da carta de 21 pontos, sete pontos voltados para o município, mas que não precisa basicamente do legislativo. O prefeito [ACM Neto] tendo boa vontade política, pode realizar. E a gente radicalizou num ponto inegociável que é a redução da tarifa. Além disso, ônibus 24 horas, que favorece a população, a ter acesso no dia a dia e à cultura e lazer nos finais de semana quando há atividade à noite e as pessoas são impedidas por falta de transporte.

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A desoneração foi transformada em nova parcela de lucro para os empresários, o que acaba virando uma espécie de reajuste. Então, nada que gere lucro para os empresários até 2014 pode imperar.

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PIMENTA – Qual a proposta de redução?

SABACK – A gente pediu de R$ 2,80 para R$ 2,50 com base na desoneração do PIS/Cofins, que dá mais ou menos 20 centavos.

PIMENTA – O prefeito ACM Neto alega que há dois anos não tem aumento…

SABACK – O último governo tentou aumentar, mas o Ministério Público agiu e houve um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) definindo que não haverá aumento até 2014. Então, ele não pode aumentar porque está bloqueado.

PIMENTA – E a desoneração não beneficiou as pessoas…

SABACK – A desoneração foi transformada em nova parcela de lucro para os empresários, o que acaba virando uma espécie de reajuste. Então, nada que gere lucro para os empresários até 2014 pode imperar. Vale dizer que o lucro dos empresários do transporte de Salvador é demasiado. Temos uma das maiores tarifas do Nordeste.

PIMENTA – Quando você fala em Passe Livre, é apenas para o estudante ou toda a população?

SABACK – Nossa proposta é gradual. Primeiro a redução, depois o passe livre para estudante, idoso, deficiente.  Uma série de leis que tramitam na Câmara de Salvador nos leva a um segundo passo. Quando o empresário começar a se familiarizar com estas propostas, a gente começa a caminhar em direção ao Passe Livre Universal. Então, que seja o Passe Livre Estudantil o primeiro passo.

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Nós temos municípios que adotaram esta medida, sendo o mais recente exemplo o de  Paulínia (SP) onde a tarifa era R$ 1,00 e neste mês foi decretado o Passe Livre Universal, o fim das catracas.

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PIMENTA – E como será viabilizado?  De onde sairiam os recursos?

SABACK – Uma das possibilidades é o IPTU progressivo, taxando uma alíquota maior dos imóveis com maior porte e destinando esta diferença para um fundo de transporte. Nós temos municípios que adotaram esta medida, sendo o mais recente exemplo o de  Paulínia (SP) onde a tarifa era R$ 1,00 e neste mês foi decretado o Passe Livre Universal, o fim das catracas.

PIMENTA – Qual a outra forma?

SABACK – Temos uma série de estudos que podem criar um novo imposto sobre combustíveis, penalizando o usuário do veículo individual que gera o congestionamento atual, já que há uma lógica errada no sistema de transporte. A gente pensa na inversão, colocando sistema de transporte de massa para toda a população e quem tem carro deve usar para o lazer ou em momentos específicos.

PIMENTA – Haverá uma sessão especial no próximo dia oito na Assembleia Legislativa.  Qual o resultado concreto  que esta reunião pode gerar?

SABACK – Um dos pontos principais, no que se refere ao Estado, é Passe Livre para a Região Metropolitana ou a redução da tarifa coligada à integração com os modais da região e os de Salvador. Porque os ônibus da RM têm tarifa diferente, não aceitam smart card e não estão integrados. O metrô que virá também deverá ser integrado à tarifa daqui. O governo tem que conversar sobre isto, inclusive com outros municípios.

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Padre Acássio, camisa listrada, entre jovens que participaram da Jornada (Foto Pimenta).
Padre Acássio, camisa listrada, entre jovens que participaram da Jornada (Foto Pimenta).

Cerca de 400 jovens e padres da Diocese de Itabuna participaram da Jornada Mundial da Juventude. Coordenador do setor da juventude na diocese, padre Acássio Alves fala das mobilizações no sul da Bahia para a participação do maior evento católico já realizado no País. 

Acássio foi um dos privilegiados com convite para participar da missa privativa celebrada pelo Papa Francisco no último sábado (27), na Catedral Metropolitana do Rio. O pároco concedeu entrevista ao PIMENTA. Padre Acássio acredita que “há uma efervescência, uma busca juventude por Deus”.

Confira.

BLOG PIMENTA – Como foi a mobilização para que os jovens participassem da Jornada Mundial da Juventude?

PADRE ACÁSSIO – Foi um trabalho muito intenso. A gente começou toda a mobilização para a Jornada em 2011, quando a Cruz Missionária e o ícone de Nossa Senhora passaram pelo Brasil. Inclusive, tivemos a alegria de recebê-los, em Itabuna, logo quando chegaram ao país, dentre as 300 dioceses do Brasil. Imaginemos quantas dioceses, paróquias, comunidades foram visitadas e agraciadas. Quando a cruz e o ícone passaram aqui, em 14 de dezembro de 2011, nós não paramos as mobilizações, algo que tem nos deixado muito contentes com os desdobramentos dos trabalhos.

BLOG PIMENTA – Quantas pessoas de Itabuna participaram da jornada?

PADRE ACÁSSIO – Aproximadamente 400 jovens em oito caravanas oficiais, mas fomos informados que muitos foram de forma avulsa, de avião ou de carro. Em números extra-oficiais, foram mais pessoas (600).

BLOG PIMENTA – A Igreja Católica tem um grande desafio com as pesquisas mostrando a perda de fiéis. Qual a importância da jornada dentro deste contexto?

PADRE ACÁSSIO – A nossa preocupação não é tanto com a perda de fiéis. A gente deve considerar o contexto em que nós nos situamos, de grande oferta religiosa e de uma população que aumentou. Isso é normal. A gente não tem condição de atender a todas as demandas. É normal que algumas pessoas façam escolhas.

BLOG PIMENTA – O senhor diz que a quantidade não é o foco. Qual seria, então, o desafio?

PADRE ACÁSSIO – Hoje, estamos preocupados com o catolicismo de qualidade. Números, para nós, não são problema. Não queremos cair nesse proselitismo religioso. A vinda do papa ao Brasil refere-se, exclusivamente, à confirmação da fé dos nossos jovens, ao ânimo das nossas comunidades eclesiais.

Padre Acássio 2 Foto Pimenta

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JUVENTUDE CATÓLICA – Nos encontros e nas pregações, a gente sempre diz “olha, vocês podem continuar frequentando academia, ir pra balada. Basta fazer isso dentro de um bom senso”.

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BLOG PIMENTA – Por que, na opinião do senhor, há um déficit na formação de novos padres no Norte e Nordeste do País?

PADRE ACÁSSIO – Nós podemos falar de inúmeros fatores, como uma pastoral vocacional precária. Temos grande dificuldade de fazer pastoral vocacional. Aqui na diocese, por exemplo, temos muitas vocações, mas o que é preciso fazer? Encontrar meios de atrair estes jovens. As vigílias que temos promovido desde 2012 são prova viva de que existem vocações na Diocese de Itabuna. Talvez, falte, de nossa parte, organização a ponto de atender e acolher essa juventude.

BLOG PIMENTA – Como a igreja tem trabalhado para atrair estes jovens?

PADRE ACÁSSIO – Precisamos refazer nossas estratégias e levar o jovem a perceber que ser católico, ser cristão não significa isolar-se do mundo. Nos encontros e nas pregações, a gente sempre diz “olha, vocês podem continuar frequentando academia, ir pra balada. Basta fazer isso dentro de um bom senso”. Não é afastar-se do mundo, viver isolado, porque a comunidade cristã é uma comunidade de alegria, de pessoas salvas por Jesus.

PIMENTA – Por que ainda perdura esta visão da Igreja Católica?

PADRE ACÁSSIO – Quando se fala em Igreja Católica, logo remetemos aos anos de Igreja Católica. São 2 mil anos de história. Muita gente, desinformada, pensa que nós ficamos lá no passado. Não. A Igreja está se adequando, ela está preocupada em atrair a juventude com novas estratégias de evangelização. A música católica é um grande foco da nossa juventude. Também as artes…

BLOG PIMENTA – E essas estratégias têm dado resultado?

PADRE ACÁSSIO – Testemunhos positivos tem sido os dos padres da nossa diocese. Eles têm nos procurado para dizer “olha, a minha comunidade está com grupo crescente de jovens”. Então, há uma efervescência, há uma busca da juventude por Deus. Enquanto igreja, devemos estar preparados para responder e corresponder a essa juventude.

BLOG PIMENTA – O senhor foi um dos privilegiados em assistir à missa privativa na Catedral Metropolitana.

PADRE ACÁSSIO – Esperamos muito por isso. Recebemos o convite para assistir à missa, estarmos mais próximos do Papa Francisco. É um encontrar com Jesus nos atos e gestos do Papa Francisco.

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(Foto Pimenta).
(Foto Pimenta/Arquivo).

Com o semblante mais tranquilo que a quinta-feira de reuniões tensas, o prefeito Claudevane Leite participava nesta sexta á tarde (26) da inauguração da sede da Bahiagás em Itabuna. Ao lado do vice-prefeito Wenceslau Júnior e do presidente da Bahiagás, Davidson Magalhães, ambos do PCdoB, o prefeito dizia em entrevista ao PIMENTA que ainda não havia definido o nome do novo secretário da Saúde. 

O nome mais provável para o cargo, no entanto, participava da solenidade: o médico e empresário Eduardo Fontes. Vane desconversou quando questionado sobre o nome para o lugar de Renan Araújo, demitido por dificuldades de mostrar avanços em uma área. “Realmente, a atenção básica deixou a desejar, não funciona como gostaríamos”, disse Vane, reconhecendo o esforço do ex-secretário no retorno da Gestão Plena. Confira a entrevista.

BLOG PIMENTA – O que levou à demissão do secretário da Saúde?

CLAUDEVANE LEITE – Entendemos que uma das pastas mais complicadas é a Saúde e reconhecemos que houve um esforço muito grande de Renan [Araújo], mas esse é um momento de mudança, tomar outro rumo, sem briga. No momento que a gente entender que um secretário precisa ser mudado, que precisa de uma dinâmica diferente, a gente vai fazer isso.

PIMENTA – Mas qual o motivo específico da exoneração?

VANE – Nós avançamos em algumas áreas: Cedorf, Hospital de Base, retorno da Gestão Plena, mas, realmente, a atenção básica deixou a desejar, não funciona como gostaríamos. Temos problemas de estrutura e a maioria das unidades é alugada. Mas esse não é o motivo principal da saída dele. A gente entende que precisa de um novo rumo. Por isso, a mudança.

PIMENTA  – Essa mudança  significa avançar em quais áreas?

VANE – O Hospital de Base melhorou bastante. A gente pegou salários atrasados, saiu de 4 para 9 leitos de UTI, amanhã (hoje) vamos inaugurar a reforma geral do hospital, mas o que precisamos hoje é que a atenção básica funcione melhor. Itabuna, como todas as cidades do país, sofre com a falta de médicos. Nós entendemos que essa reivindicação da sociedade  pelo melhor funcionamento dos postos de saúde é legítima. Espero que em agosto, setembro possamos mudar essa realidade com os postos funcionando de uma melhor maneira.

PIMENTA – O senhor já tem algum nome para o cargo?

VANE – Durante a campanha, nós prometemos que os cargos seriam indicação política, mas nunca sem perfil [para a área]. Vamos buscar uma pessoa com perfil. Nessa necessidade urgente de fazer com que a atenção básica funcione, pessoalmente estarei trabalhando neste sentido para que essa dinâmica de melhoria nas unidades possa acontecer o mais rápido possível.

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Não há briga com nenhum partido, muito menos o PCdoB. O PCdoB é aliado, ajudou muito a gente, tem quadros importantes no governo.

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PIMENTA – Dá para conciliar essa função com a de prefeito, levando em consideração a complexidade da Secretaria da Saúde?

VANE – É como eu estou falando… Sou prefeito de todas as secretarias, da saúde, da educação, da infraestrutura, só que colocamos pessoas capazes em cada área. A gente sente hoje que a maior dificuldade da cidade é a saúde. Com certeza, vamos ajudar muito mais a saúde. Estamos mais perto, negociando pessoalmente, vendo a questão dos recursos, para que a gente possa fazer com que a atenção básica, tão criticada com razão pelas pessoas que precisam, funcione melhor.

PIMENTA – O secretário será do PCdoB ou indicado pelo partido?

VANE – Pode ser alguém do PCdoB, pode não ser. Mas eu sempre digo que, do secretário ao gari, a nomeação é do prefeito. Há a indicação, mas sempre a gente analisa.

PIMENTA – Pelo lado político, o senhor não teme um atrito se a indicação não for do PCdoB?

VANE – Com toda a sinceridade, não há atrito no governo. O governo está unido, tem objetivo. É um governo só, uma prefeitura só, um prefeito e todas as secretarias precisam vestir essa camisa que é a da gestão.

PIMENTA – Não há atrito?

VANE – Não há briga com nenhum partido, muito menos o PCdoB. O PCdoB é aliado, ajudou muito a gente, tem quadros importantes no governo… Nós estamos trabalhando com harmonia. Nós só sentimos que precisávamos dar uma nova dinâmica, uma dinâmica melhor à Saúde. Reconhecemos o papel de Renan, que foi útil, deixou coisas boas, mas entendemos que é preciso outra dinâmica.

PIMENTA – O senhor elogiou o trabalho no Hospital de Base. Paulo Bicalho é o nome escolhido para a secretaria?

VANE – Paulo Bicalho é um técnico, já foi secretário [da Saúde]  de Itabuna e de Camaçari, tem todas as condições, mas Paulo tem feito um trabalho fantástico no Hospital de Base. Paulo mudou a realidade do hospital. Quando chegamos, desculpe a expressão, o Base cheirava mal. Era uma situação muito ruim. Com a nossa determinação, confiança, Paulo, sem interferência política, conseguiu sanear o Hospital de Base. A tendência é que ele permaneça no hospital para que possamos ajudá-lo, principalmente após a vinda da Gestão Plena.