RENATO E FG

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Marco Wense

É evidente que o apoio do ex-prefeito Fernando Gomes ao médico Renato Costa, presidente do PMDB de Itabuna e pré-candidato a deputado estadual, vai criar uma enxurrada de constrangimentos.

Fernando, com toda sua “delicadeza”, dizia horrores de Renato. A língua de Fernando ficou mais afiada quando Renato se aproximou do petista Geraldo Simões, se tornando o seu principal aliado.

Renato Costa, no entanto, não teve outra saída que não fosse a de aceitar o apoio do ainda vivo fernandismo, sob pena de contrariar o ex-ministro Geddel, o responsável direto pela inesperada e inusitada reaproximação.

GEDDEL E SOUTO

O presidente Luis Inácio Lula da Silva só espera o apoio formal do PMDB a Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à presidência da República, para tomar um posicionamento em relação ao imbróglio envolvendo os dois partidos em alguns estados da federação.

Lula, com sua popularidade lá no céu, já admite a presença de Dilma em dois palanques, como vai acontecer na Bahia com as candidaturas do governador Jaques Wagner (reeleição) e do ex-ministro Geddel.

Lula não vai aceitar é que em um segundo turno entre o PT e o DEM, o PMDB, que passou todo o governo usufruindo das benesses do poder, com mais de cinco ministérios, fique com o candidato do DEM, ex-Partido da Frente Liberal (PFL).

Para o presidente Lula, não tem cabimento Dilma subir no palanque de Geddel e, depois, lá na frente, em uma segunda etapa eleitoral, o ex-ministro passe a apoiar o ex-governador Paulo Souto.

Em conversas reservadas, Lula diz que um possível apoio de Geddel a Paulo Souto seria uma inominável e imperdoável traição.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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Da coluna Tempo Presente (A Tarde):

Por que a Ponte Presidente Dutra, que interliga Juazeiro e Petrolina, está duplicada do meio até o lado pernambucano e é pista única na banda baiana? O DEM prepara uma peça publicitária para atacar o assunto.

O povo, que não perdoa, já está chamando a Presidente Dutra de Ponte Picolé (palito baiano e sorvete pernambucano).

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Leandro Afonso | www.ohomemsemnome.blogspot.com

Já se falou basicamente tudo sobre Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland, EUA/Reino Unido, 2010), de Tim Burton (Edward Mãos de Tesoura, Ed Wood, Sweeney Todd). O problema é que tudo falado sobre parece vir muito mais da expectativa criada (3-D pós Avatar + clássico da literatura + Johnny Depp + Tim Burton) que pela execução – e muito do falado a favor do filme parece mais boa vontade de tietes de Burton-maníacos que real crença no que está projetado.

Lógico que é possível gostar de Alice sem condescendência do autor, até porque o que o filme tem de bom não é o que ligamos necessária e imediatamente a Tim Burton. Pode-se falar do investimento no visual fantástico (no sentido literal), mas ele é menos Tim Burton e mais extravagância auto-importante.

Fascina assistir a tudo aquilo, mas o deslumbre é puramente visual; você fica de boca aberta, sorriso nos dentes, mas com mente vazia e distraída. O que não quer dizer que um filme obrigatoriamente bom é o que obrigatoriamente faz pensar (não temos mais 10 anos), mas sim que a junção entre imagens marcantes e maneira insossa de contar a história aumenta o contraste e potencializa o que há de ruim no filme. Helena Bonham-Carter está sensacional em cada momento, mas temos um restante – inevitavelmente relevante – genérico.

Pode-se falar em feminismo (Alice quer independência, escolher o que faz e com quem casa), em mescla de obras de Lewis Carroll (entre No País das Maravilhas – 1865 e Do Outro Lado do Espelho – 1871), mas sensação é de forte maquiagem que tenta se bastar e não consegue. Em uma história tão narrativa (independente do cânone original, temos aqui o roteiro de um filme narrativo), o deleite com ela não é suficiente.

Visto, em 3D, no Cinemark – Salvador, maio de 2010

Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland, EUA/Reino Unido, 2010)

Direção: Tim Burton

Elenco: Mia Wasikowska, Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Anne Hathaway

Duração: 108 minutos

Projeção: 1.85:1

8mm

Léa

O Robin Hood de Ridley Scott é (extra)ordinário a ponto não só de me deixar sem palavras, como de me fazer esquecer uma das poucas coisas boas dele. Subexplorada, é verdade, mas está lá. Excelente em A Bela Junie (2008) e com ponta (uma das filhas assassinadas no início) em Bastardos Inglórios (2009), todo o desconforto passado por Léa Seydoux ao interpretar uma francesa em meio inglês – sem saber se por limitação dela ou de Ridley Scott – deixa a impressão de que ela é fraquinha que só. Que ela não é nada além de um belo rosto francês, que remete a ninguém menos que Anna Karina. Por favor, ela não é só isso.

Filmes da semana

  1. O Que Terá Acontecido a Baby Jane? (1962), de Robert Aldrich (DVDRip) (***)
  2. Jards Macalé – Um Morcego na Porta Principal (2008), de Marco Abujamra e João Pimental (Cine XIV) (**)
  3. Traição em Hong Kong (2007), de Olivier Assayas (DVD) (***1/2)
  4. O Leopardo (1963), de Luchino Visconti (DVD) (**1/2)
  5. Minha Bela Dama (1964), de George Cukor (DVD) (**1/2)
  6. Um Longo Caminho (2005), de Zhang Yimou (DVD) (*1/2)

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Leandro Afonso é comunicólogo, blogueiro e diretor do documentário “Do goleiro ao ponta esquerda”.

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Quatro pessoas foram assassinadas em um barraco no Gogó da Ema, na região do São Caetano, em Itabuna. As execuções ocorreram por volta da 1h deste domingo. Três homens invadiram um barraco na rua Hélio Aragão e efetuaram os disparos, informa o Xilindró Web.

Das quatro vítimas, só uma foi identificada até agora. Chamava-se Hugo Soares da Silva Filho, 45 anos. Outro executado pelos bandidos foi reconhecido apenas pelo prenome Lucas.

Os homens estavam fortemente armados. Usaram escopeta, espingarda calibre 12 e uma metralhadora. O atendimento foi feito pela Polícia Militar, já que a Civil está em greve desde o dia 19. As investigações somente serão iniciadas com o fim da paralisação nacional.

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A polícia já teria identificado e os taxistas sentem na pele: em Itabuna, uma quadrilha se especializou em roubar táxis. Nos últimos meses, cinco carros foram ‘levados’ somente na praça da estação rodoviária.

Um casal entra no táxi e solicita corrida para outra cidade, alegando ter perdido o ônibus e haver urgência em chegar ao destino. O clima é de apreensão na categoria.

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O jornal Valor traz, no caderno Fim de Semana, uma reportagem reconstituindo o período mais complicado do Governo Lula, em 2005, quando estourou o episódio do Mensalão. A certa altura, se diz que a medida da crise era o consumo de bebidas e comidas.

O comunista Aldo Rabelo sorvia generosas doses de cachaça. O hoje governador da Bahia, Jaques Wagner, enxugava tranquilamente – e sozinho – um litro de uísque, às vezes alternado por rum ou vinho, conta a reportagem. Os dois faziam parte do grupo que monitorava a crise e propunha saídas. Wagner, apesar das altas doses, mantinha “a compostura e a língua afiada”.

A reportagem também revela que a principal arapuca pra tentar pegar o presidente Lula no episódio do Mensalão foi armada pelo senador Antônio Carlos Magalhães e o deputado federal ACM Neto, que arquitetaram a tomada do depoimento quase “camicase” do publicitário Duda Mendonça.

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Azevedo: espaço pra "Marcão" (Foto arquivo 30.06.09).

E não é que a turma do ex-assessor municipal Marcos Gomes voltou a mandar na saúde… Na semana que passou, Marcão, como é chamado pelo prefeito Capitão Azevedo (DEM), conseguiu derrubar Álvaro Catarino, do cargo de coordenador administrativo do Samu 192 em Itabuna.

Marcão colocou em seu lugar (no lugar de Catarino, bem entendido!) um amicíssimo, deslocado da unidade de saúde do Pedro Jerônimo. Tá podendo!

Na gestão do ex-prefeito e pai Fernando Gomes, Marcos, aquele de nome e sobrenome, mandava e desmandava na pasta da Saúde. As suas garras voltaram a crescer. Afiadíssimas, pois.

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Daniel Thame

O estudante José Denisson da Silva Neto, de 17 anos, foi assassinado brutalmente na porta do Colégio Ciso, em Itabuna, na tarde de quinta-feira, dia 20.

Denisson estava na porta da escola, quando dois homens se aproximaram em uma moto e um deles deflagrou quatro tiros que atingiram o estudante na perna direita, abdome, braço esquerdo e nas costas. O jovem, que cursava a oitava série, morreu na hora.

“Não, José Denisson não era apenas um estudante e sim um jovem envolvido com o tráfico de drogas, que morreu numa guerra pela disputa dos pontos de venda”, bradaram os simplistas, reverberando o noticiário policial, quase que com o alivio de que há um marginal a menos em circulação.

Mas não é tão simples assim.

José Denisson era apenas um estudante, jovem da periferia paupérrima de Ilhéus que se mudou para a periferia paupérrima de Itabuna.

O consumo de drogas foi o caminho natural de uma existência em meio a grandes dificuldades e nenhuma perspectiva de futuro.

(Foto Pimenta na Muqueca – 20.05.10).

Um perfil que se encaixa perfeitamente no padrão de crianças e adolescentes que são recrutados pelos traficantes.

De consumidor, ele passou a vendedor de drogas.

Um desses inúmeros soldadinhos do tráfico, que comercializam pequenas quantidades em portas de escolas e bares, ganhando um dinheirinho que mal dá pra sustentar o próprio vício.

E que de tão abundantes no, digamos, mercado, acabam se tornando absolutamente descartáveis, visto que não faltam peças de reposição.

José Denisson foi apenas mais uma peça descartada nessa engrenagem macabra, em que o tráfico encurta a vida de milhares de jovens e adolescentes.

No momento em que José Denisson deixou de ser apenas estudante para se tornar estudante e soldadinho do tráfico, selou o próprio destino.

Morreu como morrem tantos e tantos soldadinhos, tombados numa guerra que quase sempre só atinge a parte de baixo do submundo das drogas.

É lícito supor que se existissem políticas públicas de inclusão de jovens e adolescentes, José Denisson não estaria na porta do colégio, onde encontrou a morte, mas na sala de aula, onde poderia encontrar um futuro melhor.

Inúteis perorações, verborragia pura, diante de um corpo estendido no chão, diante dos colegas de escola, testemunhas de uma lição de violência cotidiana que assusta, mas que não se faz absolutamente nada para evitar.

Não foram apenas quatro tiros que mataram José José Denisson.

Foi também uma arma letal que atende pelo nome de omissão.

Daniel Thame é jornalista, blogueiro e autor do recém-lançado Vassoura.

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Da Gazeta Esportiva

Berola deixa o Vitória (Reprodução Gilvan Martins).

Neste sábado, as transações firmadas entre o Atlético-MG e o Vitória se concretizaram. A equipe mineira, que também sonha em repatriar o meia Daniel Carvalho, acertou a contratação do atacante Neto Berola, ex-Vitória. Em contrapartida, válidos como moeda de troca, os meio-campistas Evandro e Renan Oliveira foram para o clube baiano.

Uma das revelações da última edição do Campeonato Brasileiro, Neto Berola chega a Minas Gerais para fazer concorrência ao ataque formado por Diego Tardelli e Muriqui e para suprir a ausência do contundido Obina. Ricardo Bueno, artilheiro do Paulistão/2010 pelo Oeste, de Itápolis, também é outra aquisição recente do time do presidente Alexandre Kalil.

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Em busca de explicações para a aceleração do crescimento da pré-candidata do PT à Presidência da República, conforme o último Datafolha, caciques tucanos concluíram que Dilma Rousseff foi beneficiada pela superexposição que vem tendo na mídia neste mês de maio. Referem-se especialmente às inserções e ao programa do PT, no qual Lula cantou e decantou as qualidades de sua escolhida.

Para o tucanato, a partir de junho o pré-candidato José Serra irá recuperar o terreno perdido.

Outra leitura do Datafolha, principalmente quando se observa o crescimento das manifestações espontâneas a favor da ex-ministra, projeta exatamente o contrário do que os serristas almejam.

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Marco Wense

Lúcio e Geddel Vieira (Foto Pimenta arquivo 30-08-2009).

Não é verdade que o ex-ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, pré-candidato do PMDB ao cobiçado Palácio de Ondina, esteja despreocupado com a mais recente pesquisa de intenção de voto do instituto Vox Populi.

Na sondagem, o peemedebista aparece na terceira posição com 9%, atrás do democrata Paulo Souto (32%) e do petista Jaques Wagner (41%). O presidente estadual da legenda, Lúcio Vieira Lima, esperava um resultado perto dos 15 pontos.

É evidente que Geddel , para evitar um crescente movimento de desânimo  em sua campanha, principalmente entre os prefeitos do PMDB, faz de tudo para não demonstrar  qualquer tipo de preocupação com as pesquisas eleitorais.

Toda boa articulação do PMDB, atraindo o senador César Borges para compor a chapa majoritária e vários partidos para apoiar o ex-ministro, não surtiu o efeito desejado pelos peemedebistas.

Correligionários bem próximos de Geddel, que apostavam em uma melhora do ex-ministro, alguns até falando em uma situação de empate técnico com Paulo Souto, começam a perder a esperança.

Um segundo turno entre Wagner e Geddel parece cada vez mais distante.

RUMO AO HEXA

Victor Wense, meu filho, com seus 12 anos de vida, aluno do Colégio Sagrado Coração de Jesus, assim que recebeu a tabela da copa do mundo de 2010, fez a seguinte previsão.

Oitavas de Final: França x Nigéria, Inglaterra x Sérvia, Alemanha x EUA, Argentina x Uruguai, Holanda x Paraguai, BRASIL x Chile, Itália x Camarões e Espanha x Costa do Marfim.

Quartas de Final: Holanda x BRASIL, França x Inglaterra, Argentina x Alemanha e Itália x Espanha.

Semifinais: Inglaterra x BRASIL e Argentina x Espanha. A grande final: BRASIL x Espanha.

Para Victor Wense, a Argentina perde da Espanha e ganha da Inglaterra, ficando em terceiro lugar. A seleção brasileira, com o placar de 3×2, ganha da Espanha. O terceiro gol, o da vitória, será marcado pelo zagueiro Lúcio.

Brasil Hexacampeão. É a opinião de Victor Wense.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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RICARDINO, O QUE SE RECUSOU A MORRER

Ousarme Citoaian
Ricardino Batista dos Anjos, justamente homenageado com seu nome no Prêmio de Imprensa da Prefeitura de Itabuna, contava uma história de grande interesse humano. Menino ainda, cavando a vida em Itabuna, foi acometido de doença grave, que o fez submeter-se a tratamento especializado. Depois de algumas tentativas, o médico (dos quadros do INPS, uma espécie de SUS daquela época) chegou à conclusão de que a moléstia era incurável. Recomendou ao doente que fosse “morrer em casa”, numa prova de que não devotava maior apreço à vida dos pacientes.

ALBERTO SEIXAS MUDA O RUMO DA HISTÓRIA

Negro, pobre, só e abalado pela doença, estava prestes a aceitar esse diagnóstico cruel, quando o instinto de sobrevivência falou mais alto (aliás, gritou): a caminho da pensão onde morava, Ricardino (foto) mudou de rota e procurou outro médico. Este o atendeu “por caridade”, jogou fora os remédios até então utilizados e impôs novo esquema de tratamento. “Riscadinho” (como o chamava Jorge Araujo) sobreviveu, fortificou-se e decidiu que só morreria dali a muitos anos, no longínquo 2005. No intervalo, casou-se, teve dois filhos e se fez radialista, jornalista, advogado e pedagogo.

CLARK GABLE “DE PAPO” NA CINQUENTENÁRIO

O nome do médico que o desenganou, não sei; o que o salvou chamava-se Alberto Seixas. Bom de clínica e de conversa, esse Seixas era um homem alto, forte, risonho e bonitão, aproximado ao melhor Clark Gable (… E o vento levou). Mais do que isso, era humano (este caso parece exemplar), fino, cortês, fidalgo, um gentilhomme raro entre médicos ou qualquer categoria, não importa o tempo ou lugar. Seu modelo sobrevive no oftalmologista Carlos Ernane Andrade (foto), que tem mestrado em civilização e gentileza. Quanto a Ricardino Batista, hoje é, mais que foi em vida, dos Anjos.

MATEMÁTICA E COMUNICAÇÃO

Dia desses, opinamos sobre a influência que a matemática exerce na minha forma de expressão, e causei surpresa. Recorramos aos exemplos: “Havia na praia gente de todas as idades”, diz a repórter da tevê, numa matéria de domingo. Essa linguagem é condenável, por imprecisa (é impossível que pessoas de todas as idades estejam na praia). É preferível “de idades variadas” ou coisa parecida. Também comum é a fórmula “toda a diretoria compareceu”. Cuidado para ver se não faltou alguém, o que poria a perder a precisão do relato. Outro: “O investimento do Estado será de R$ 42 milhões” – atenção, que talvez não seja exatamente isto. Melhor é “cerca de R$ 42 milhões”.

RIGOR QUE MELHORA O ESTILO

Devido a seu rigor típico, a matemática auxilia na precisão da linguagem. Voltada para a exatidão e a lógica, quando ela diz “todas as idades” está dizendo “todas as idades”, do recém-nascido ao ancião, com intervalos pequeníssimos. Já se vê que é impossível reunir um grupo de pessoas nesta condição. Talvez seja um conjunto infinito, conforme Cantor (matemático russo) e sua teoria. Da mesma forma, estaria “errada” a informação de R$ 42 milhões, se acaso, na prática, a despesa for ultrapassada (ou reduzida) em qualquer valor, R$ 0,01 (um centavo) que seja. Que importância tem isso para a comunicação? Talvez nenhuma.

A CURVA QUE ALONGA O CAMINHO

“Itabuna perde o título de campeão baiano de Juniores”, diz o jornal, na primeira página (parêntesis para lembrar que a primeira página tem sido chamada, inapropriadamente, de capa). Procuro o fundo do mistério e descubro que o Itabuna Juniores enfrentou o Bahia Idem e perdeu o jogo. Ora, por que cargas d´água o redator não disse logo isso?  O Itabuna perdeu o jogo, não o título, pois não se perde o que não se tem. Deixar de ganhar não é perder. Ainda me surpreendo com esse festival de formas “elípticas” de escrita, quando a reta é a menor distância entre dois pontos.

CAPA É CAPA, NÃO É PRIMEIRA PÁGINA

Falemos em capa, espero que sem levar pedradas dos coleguinhas mais novos. As trocas são naturais numa redação (por exemplo, a máquina de escrever pelo computador), como de resto, em todos os setores da vida: o velho, queira ou não, dará lugar ao novo. Mas capa é capa e primeira página é primeira página (ou, para ficar no modismo partidário, água e óleo que não se misturam). Revistas e livros têm capa – uma proteção com material de maior resistência, diferente das páginas, o miolo do livro ou revista. E o método de trabalho de quem faz capa de revista ou livro é diverso do método de quem “fecha” uma primeira página de jornal.

DA ARTE DE ESCREVER BEM

É provável que Canto de amor e ódio a Itabuna não seja a coletânea ideal do poeta Telmo Padilha. Talvez seja a coletânea possível, neste momento. Vale pela iniciativa da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (FICC) que resolveu fazer uma coisa quase inédita por estas bandas: prestar homenagem a um autor regional. Na verdade, as boas intenções já começam na gênese do livro, com os textos selecionados por José Haroldo Castro Vieira, amigo de Telmo, mas não crítico literário. A Editus/Uesc, que encampou o projeto de edição, tem também grande mérito na homenagem.

O DÉBITO COM TELMO CONTINUA

Adiante-se que tudo isso valeu a pena, pois se não fosse esse livro não seria nenhum outro – e o aniversário do poeta passaria em branco. Mas a cidade continua em débito com Telmo (foto). Sua produção, sobretudo a poesia, ainda tem muita coisa à deriva, anotada às pressas, em papéis inadequados (até canhotos de talões de cheques), já maduras para servir de alimento às traças. Se a FICC, com mais tempo e recursos, tiver condições de sonhar sonho maior, poderia contratar Jorge de Souza Araujo, este, sim, crítico e pesquisador, para a seleção e notas dos inéditos de Telmo Padilha.

FALTA DINHEIRO, SOBRAM PROBLEMAS

O presidente da FICC, escritor Cyro de Mattos (foto), também faria eficientemente esse trabalho, pois tem longa experiência em selecionar textos, tendo coordenado antologias várias, incluindo duas de autores regionais (Ilhéus de poetas e prosadores e Itabuna, chão de minhas raízes). Conhece muito bem as literaturas daqui e de alhures, em prosa e poesia, e por várias vezes antologiou Telmo Padilha. Mas não tem tempo, e a FICC, sem dinheiro e eivada de problemas, já o molesta suficientemente. Jorge Araujo, portanto, é a melhor escolha.

CRÉDITO DE “PROFESSOR” DA UESC

Louvada a iniciativa do presidente da FICC, vamos lembrar que a Editus/Uesc já deu contribuição fundamental às letras regionais, ao editar dois volumes de alta qualidade, com capa dura e papel especial: Expressão poética de Valdelice Soares Pinheiro/2002 e (melhor ainda) Jorge Medauar em prosa e verso/2006. Seria o caso de a FICC chamar aquela editora para o resgate de um dos grandes poetas brasileiros. E é pertinente salientar que Telmo Padilha, autor de mais de 35 títulos, com 16 traduzidos, tem crédito para tanto: era professor Honoris Causa da Uesc.

AZNAVOUR E O “REALISMO” NA CANÇÃO

Charles Aznavour se sentia infeliz com as canções que interpretava, por isso resolveu compor, com a intenção de dizer “coisas que o público não estava acostumado a ouvir”. Seus temas são desamor e conflitos interpessoais, numa espécie de realismo que conquistou milhares de ouvintes. Os jornais eram sua fonte de inspiração. Filho de imigrantes armênios que escaparam do genocídio feito pelos turcos em 1914, ele trabalhou oito anos com Edith Piaf (foto), seguindo-a por toda parte, e foram amigos até a morte da chansonière. “Com ela aprendi que não devia fingir ser outra pessoa no palco, que devia ser eu mesmo, uma pessoa real”, reconhece.

VEIO DUAS VEZES AO BRASIL

Charles Aznavour, nascido Shahnour Vaghinagh Aznavourian (foto),  fez, no mínimo, 600 canções (há quem fale em 850), incluindo 150 em inglês, 100 em italiano, 70 em espanhol e 50 em alemão. Vendeu mais de 100 milhões de discos e apareceu, como ator, em mais de 60 filmes, entre eles, Atirem no pianista, O caso dos dez negrinhos e O tambor. Em 2008, obteve a cidadania armênia e já no início de 2009 se tornou embaixador da Armênia na Suíça. O franco-armênio, que completa 86 anos no dia em que esta coluna é postada (22 de maio), visitou o Brasil duas vezes em 2008, cantando em dez capitais.
</span><strong><span style=”color: #ffffff;”> </span></strong></div> <h3 style=”padding: 6px; background-color: #0099ff;”><span style=”color: #ffffff;”>E FRED JORGE CRIOU CELLY CAMPELLO!</span></h3> <div style=”padding: 6px; background-color: #0099ff;”><span style=”color: #ffffff;”>No auge do sucesso, em 1965, a música teve uma versão no Brasil, gravada por Agnaldo Timóteo. Como costuma ocorrer com as

“AVENTAL TODO SUJO DE OVO”

La mamma vendeu 1,5 milhão cópias, com uma letra de mau gosto atroz, só perdendo, no tema, para aquela da mãe rainha do lar com o chinelo na mão e o avental todo sujo de ovo. Ray Charles a gravou como For mamma e Agnaldo Timóteo (foto), Mamãe, é claro. O tema: a velha matriarca está nas últimas, e a família vem assistir ao desenlace. “Eles vieram, eles estão todos lá/Desde que entenderam este grito/Ela vai morrer, a mamma” (Ils sont venus,ils sont tous là/ Dès qu’ils ont entendu ce cri/ Elle va mourir, la mamma). Nazareno de Brito (para o vozeirão de Timóteo) põe lirismo nessa morte: “O véu da noite vai chegar/E docemente vai nublar/ Os olhos meigos de mamãe”. Bombou. Com brasileiro não há quem possa.

CARISMA QUE ATRAVESSOU O ATLÂNTICO

A melodia e o carisma de Charles Aznavour somados ao êxito dessa canção nos dois lados do Atlântico justificam a presença de La mamma na coluna. É quase como se estivéssemos respondendo ao clamor das ruas.

(O.C.)
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Soou no mínimo como falta de sensibilidade o convite da Associação dos Magistrados da Bahia para um “happy hour comemorativo”, programado para o dia 28 de maio, na sede da associação, em Salvador.

De acordo com a Amab, os comes e bebes vão comemorar os aniversários e promoções ocorridos no semestre. Os críticos, no entanto, ponderam que a atual situação do judiciário baiano – enlameado pela denúncia dos supersalários e paralisado pela greve dos serventuários – não torna o convescote muito oportuno.

Poderia ter ficado para outro momento.

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Será realizado de 26 a 28 de maio, na Casa de Angola – Bahia, em Salvador, o III Seminário: Preconceito na fala, preconceito na cor. O evento é coordenado pela professora Antônia Santos e tem confirmada a presença do doutor Kabengele  Munanga, da USP, como palestrante principal.

Os organizadores propõem um debate sobre uma identidade e um nível de igualdade entre as pessoas, independentemente da cor, atentando para as mais variadas formas de preconceito, seja linguístico, racial, religioso ou social.

O evento, nos dias 26, 27 e 28 de maio, terá atividades sempre no horário das 8h às 12h e das 14h às 17h.

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Acidente matou Regiane e feriu Edgard e Tiago (Fotomontagem Agravo).

O Supremo Tribunal Federal (STF) negou pedido de habeas corpus ao foragido Thadeu Silva Oliveira, acusado de atropelar e matar os estudantes Regiane Vitório e José Fernando Bispo, em 14 de março deste ano. Thadeu e o amigo Adriano Barreto participavam de um racha na avenida Lomanto Júnior, no Pontal, que resultou na morte dos estudantes. Outras três pessoas ficaram feridas.

O pedido de habeas corpus foi negado pelo ministro Dias Toffoli. O advogado de Thadeu, Djalma Eutímio de Carvalho, alegou falta de fundamentação para o decreto de prisão preventiva contra o comerciário, o que seria um “constrangimento ilegal”. O ministro do STF não entendeu assim. Para o magistrado, a defesa errou ao recorrer ao Supremo sem que o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) julgasse o mérito do pedido.

Caso o STF, assim como o STJ, decidisse sobre o caso, haveria “supressão de instância”. Ou seja, como o pedido de HC ainda não havia sido julgado pelo TJ-BA, tanto o STJ e o STF estão impedidos de analisar o pedido. Thadeu está foragido. O outro participante do “pega fatal”, Adriano Barreto, está preso no Ariston Cardoso, em Ilhéus.