Tempo de leitura: 3 minutosMembro do Diretório Nacional do PT e da coordenação da campanha de Jerônimo Rodrigues ao Governo da Bahia, Everaldo Anunciação contemporizou a notícia de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não voltará ao Nordeste antes de 2 de outubro.
Havia a expectativa, no petismo baiano, de que Lula voltasse à Boa Terra para turbinar a candidatura do correligionário, mas a prioridade – enfatiza Everaldo – é mesmo a Presidência da República. “Temos que ser estratégicos”, explicou o dirigente ao PIMENTA, nesta quinta-feira (22), por telefone.
Para o ex-presidente estadual do PT, ainda que o partido busque a vitória de Jerônimo na primeira rodada, o cenário que se desenha na Bahia é o de eleição em dois turnos. Por isso, acrescenta, o fim da disputa nacional daqui a 10 dias, com Lula eleito, pode vir a ser decisivo e favorável ao petista baiano.
Na entrevista a seguir, Everaldo Anunciação também fala da agenda e do desempenho de Jerônimo Rodrigues no sul do estado e rechaça a interpretação segundo a qual o candidato a governador pelo União Brasil, ACM Neto, seria um adversário muito mais forte do que os enfrentados pelos petistas nas últimas quatro eleições estaduais. Leia.
PIMENTA – Como o PT baiano recebeu a notícia de que Lula não voltará ao Nordeste antes de 2 de outubro?
Everaldo Anunciação – Trabalhamos para eleger Lula no primeiro turno. Há um clima nesse sentido. A gente precisa melhorar a votação no Sudeste e no Sul. Temos índices extraordinários no Nordeste. Então, nada mais justo. Temos que ser estratégicos. No caso de Jerônimo, as pessoas começaram a vincular o voto [com a eleição presidencial], por isso o crescimento dele. Em qualquer estado, para qualquer candidato, a presença de Lula é uma contribuição extraordinária, mas a vinda anterior dele já nos deu essa condição.
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“Não vamos tensionar para mudar a estratégia. A contribuição que Lula deu para a arrancada de Jerônimo foi extraordinária”.
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Isso significa que não haverá insistência em trazê-lo?
Não vamos tensionar para mudar a estratégia. A contribuição que Lula deu para a arrancada de Jerônimo foi extraordinária. A presença no lançamento [da pré-campanha, em março], a presença no 2 de Julho, nas manifestações, nas mídias, nos programas eleitorais, tudo isso contribui muito. Como o cenário de hoje [indica] uma eleição de dois turnos na Bahia, para a gente, a eleição de Lula no primeiro turno é fundamental para a vitória de Jerônimo, mas trabalhamos para eleger os dois no primeiro.
Jerônimo abriu a campanha de rua em Itabuna. Ele volta ao sul da Bahia antes do dia 2?
Temos uma agenda na região para o dia 28. Já estão confirmadas Ilhéus e Camacã. Há um pleito dos partidos para um retorno a Itabuna e pedidos de cidades daquela região de Camacã, Santa Luzia, Una. A coordenação está discutindo.
Há preocupação com o desempenho de Jerônimo em Ilhéus?
Eu vi que existiria uma pesquisa apontando que o desempenho estaria aquém da expectativa das lideranças. Essa atividade do dia 28 já estava marcada. Nessa reta final, a campanha vai ganhando força. A gente tem informações muito positivas do crescimento em Itabuna. Como foi a vitória de Wagner, como foi a vitória de Rui, acredito que Jerônimo também será vitorioso.
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“Não vejo essa força na candidatura do ex-prefeito [ACM Neto]. Claro que é outro momento, outra história”.
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Entusiastas da campanha de ACM Neto dizem que ele chega muito mais forte hoje do que Paulo Souto chegou em 2014 contra o quase desconhecido Rui Costa. O senhor vê a campanha de Neto com essa força a mais?
Não vejo assim. Se a gente pegar os números das pesquisas, coincidentemente, eles apresentam os mesmos cenários das eleições de 2006 e 2014. Paulo Souto bastante conhecido, ACM Neto bastante conhecido e Wagner e Rui desconhecidos. As eleições, nesse período de setembro, apresentam números parecidos. Jerônimo é quem tá apresentando 31% no Datafolha, enquanto Rui aparecia no Ibope com 28% [em 2014]. Não vejo essa força na candidatura do ex-prefeito. Claro que é outro momento, outra história. Não se pode negar isso, mas nós estamos discutindo uma eleição que se nacionaliza, naturalmente, pelas características da conjuntura atual.