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Marco Wense

A briguinha entre os petistas da CNB e da DS, em torno de uma vaga para o Senado na chapa encabeçada pelo governador Jaques Wagner, vai terminar criando um desnecessário constrangimento para o ex-governador Waldir Pires.

A DS, que é a Democracia Socialista, quer a vaga para Walter Pinheiro. A CNB (Construindo um Novo Brasil) lançou o nome do ex-governador Waldir Pires. Como não bastasse, o PCdoB vai indicar Haroldo Lima.

São duas vagas na majoritária. Uma já está “prometida” a deputada federal do PSB e presidente estadual da legenda, a ex-prefeita de Salvador Lídice da Mata. A outra, se for medida em termos de porcentagem, tem 90% de chance para Otto Alencar, conselheiro do TCM.

Os petistas, mais uma vez, azucrinam a vida do governador Jaques Wagner, que não pode prescindir de uma composição política com poucas desavenças, sob pena de não se reeleger.

Essa insistência do PT pode até criar problemas para o presidente Lula, que tem a difícil missão de demover Ciro Gomes, que é do PSB, da sua legítima pretensão de disputar o Palácio do Planalto.

O comando nacional do PSB, presidido pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, já começa a ficar irritado com os petistas da Bahia que, sorrateiramente, trabalham para defenestrar Lídice da chapa majoritária.

O PT, qualquer PT, deve abrir mão da disputa pelo Senado, facilitando o caminho da reeleição de Wagner. Em relação a CNB, que tem o deputado Geraldo Simões como ilustre integrante, que tire, o mais rápido possível, o ex-governador Waldir Pires desse imbróglio.

Nos bastidores do Palácio de Ondina, o comentário é de que o governador Jaques Wagner está irritadíssimo com o comportamento dos companheiros.

Enquanto a articulação política do governo joga água na fogueira da sucessão, os petistas jogam gasolina. É o PT versus PT.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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Marco Wense

O pré-candidato do PMDB à sucessão do governador Jaques Wagner, o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), aparece na terceira posição em todas as pesquisas de intenção de votos.

Se a eleição fosse hoje, Geddel teria a metade dos votos de Paulo Souto (DEM) e Jaques Wagner (PT), tecnicamente empatados. A vantagem do democrata sobre o petista é de menos de dois pontos percentuais.

A polarização do processo eleitoral, com Souto e Wagner disputando voto a voto, seria uma treva para os peemedebistas, principalmente para o presidente estadual da legenda, o peemedebista-mor Lúcio Vieira Lima.

O PT acredita que o maior problema do geddelismo – espécie de carlismo disfarçado, segundo petistas provocadores – é uma inevitável debandada de prefeitos do PMDB para apoiar a reeleição do governador Jaques Wagner.

Se Geddel não crescer nas pesquisas, não mostrar que sua candidatura é eleitoralmente viável, que pode sair vitorioso, vai terminar sendo vítima do próprio pragmatismo do PMDB.

O ministro, em recente entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, deixa transparecer a sua falta de confiança na legenda: “O PMDB, infelizmente, tem tido o pouco salutar hábito de não se escravizar pelo resultado das urnas. O partido precisa ter posição clara. Se é governo ou  oposição”.

A declaração de Geddel é a prova inconteste de que o PMDB é politicamente instável. Não é confiável.  Suas lideranças – vereadores, prefeitos, governadores, deputados e senadores –, com as honrosas exceções, seguem a cartilha da conveniência e do interesse pessoal.

Sob o comando do bom médico Renato Costa, pré-candidato a deputado estadual e presidente do diretório municipal, os peemedebistas de Itabuna, obviamente os mais esperançosos, acreditam que a disputa no segundo turno será entre Geddel e Paulo Souto (DEM).

Os peemedebistas lembram que o então candidato a prefeito de Itabuna, Capitão José Nilton Azevedo, depois de ficar um bom tempo sem nenhuma perspectiva de vitória, foi eleito com mais de 12 mil votos na frente da petista Juçara Feitosa.

A modesta coluna aposta numa disputa acirrada entre Wagner e Souto, com o ministro Geddel fora do páreo. E aí cabe uma pertinente pergunta: Geddel, em um eventual segundo turno, ficaria com o petista ou o democrata?

O ex-presidente estadual do PT, Josias Gomes, pré-candidato a deputado federal, acha que o ministro Geddel Vieira Lima, em decorrência do presidente Lula, fica com Wagner.

Aliás, muita gente tem esse mesmo raciocínio de Josias. Não acredita que Geddel, depois de tudo que Lula fez, transformando-o em um “super-Geddel”, possa trair o presidente da República.

Mas uma outra declaração de Geddel, também no Estadão, não fecha a janela de um possível apoio a Paulo Souto e, muito menos, ao governador José Serra, pré-candidato ao Palácio do Planalto pelo tucanato.

Depois de fazer rasgados elogios a Dilma Rousseff, Geddel deixa nas entrelinhas que não vai aceitar qualquer tipo de indiferença em relação a sua candidatura ao Palácio de Ondina.

E mais: além de exigir a presença de Dilma no palanque, ficará vigilante a qualquer gesto da pré-candidata do PT que possa ser interpretado como favorável ao projeto de reeleição do governador Jaques Wagner.

Geddel Vieira Lima diz: “Só terei posições alternativas se for hostilizado. Se perceber que a construção de um projeto político está condicionada às relações pessoais e não política”.

Para os bons entendedores bastam poucas palavras. No caso em tela, até os incautos percebem que nas “posições alternativas” do ministro está embutida a seguinte ameaça: o apoio do PMDB baiano a Paulo Souto em um eventual segundo turno.

Como a declaração do ministro Geddel Vieira Lima está no plural – “posições alternativas” –, ela pode ser estendida para o pré-candidato do PSDB à presidência da República, o tucano José Serra.

Se o PT quer o apoio do geddelismo no segundo round, seja na sucessão estadual ou presidencial, é melhor tratá-lo com mais carinho. A ponta afiada da estrela vermelha não pode tocar no ministro Geddel.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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Daniel Thame | www.danielthame.blogspot.com

Mais de quarenta dias se passaram desde que o professor Álvaro Henrique Santos, dirigente da APLB-Sindicato em Porto Seguro foi barbaramente assassinado, num típico crime de mando. Na mesma emboscada, ficou ferido o também professor Elisnei Pereira.

Álvaro Henrique vinha liderando uma grande mobilização em defesa da categoria, numa campanha salarial acirrada, o que levanta suspeitas, não comprovadas, de que sua morte tenha ligação direta com a militância sindical.

Após sua morte, os colegas fizeram várias manifestações para exigir uma investigação rigorosa, no sentido de prender e punir os responsáveis.

Chegaram, inclusive, a encaminhar um documento ao Governo do Estado, na expectativa de que um crime tão brutal não fique impune.

Não custa nada lembrar que o atual governador da Bahia, Jaques Wagner, tem um histórico de luta e militância sindical, que lhe valeram perseguições da Ditadura Militar.

Nada mais natural, portanto, que os educadores de Porto Seguro – e por extensão de toda a Bahia – confiem na punição dos assassinos e eventuais mandantes.

Ocorre que até agora nenhuma pessoa sequer foi interrogada e as investigações parecem caminhar a passos de tartaruga.

Pior, existe um silêncio perturbador em torno do caso, que tanto pode significar que a polícia nada divulga para não atrapalhar as investigações, como revelar que não existe pista alguma e que nada avançou desde que Álvaro foi emboscado e morto, numa localidade da zona rural de Porto Seguro.

Por conta dessa indefinição no tocante às investigações, os educadores decidiram utilizar a única arma de que dispõem: a greve.

Paralisaram as atividades, para chamar e atenção e exigir providência para evitar que a morte do professor Álvaro, a exemplo de tantas e tantas outras, não caia na vala comum do esquecimento.

É preciso que o Governo do Estado, através das secretarias de Segurança Pública e de Justiça, fique atento e cobre da polícia maior eficiência das investigações.

Deixar sem solução o assassinato de um educador que perdeu a vida em defesa da categoria é um péssimo exemplo e um incentivo a novos crimes desse tipo.

É, também, uma espécie de segunda morte para o professor Álvaro, que já foi vítima da brutalidade e agora não pode ser vítima da impunidade de seus algozes.

Daniel Thame é jornalista e blogueiro

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Jorge Barbosa

(Para entender o artigo abaixo, clique aqui)

A luta dos trabalhadores é por dignidade e não piedade. A nossa luta é por melhores salários e condições dignas de trabalho e de vida. É bom esclarecer que a categoria bancária possui, de acordo com a CLT, uma jornada de trabalho de 30 horas semanais. Porém, na prática, poucos trabalham seis horas por dia, devido à cobrança pelo cumprimento de metas abusivas e a própria necessidade do atendimento à clientela.

Esses são os principais motivos para que tenha, entre seus efetivos, diversos colegas afetados por lesões por esforços repetitivos (LER/DORT), doenças psicossomáticas e neurológicas.

Argumentamos também que defendemos o desenvolvimento econômico com a valorização do trabalho. Nesse sentido, não é possível que empresas do porte do Banco do Brasil, Bradesco e Itaú/Unibanco, que lucraram apenas no primeiro semestre do corrente ano de 2009, respectivamente, mais de 4 bilhões de reais, paguem um piso salarial que depois do último reajuste oscila de um mil a um mil e quatrocentos reais (em números redondos).

Quem concorda com tal prática demonstra claramente um posição ideológica favorável ao capital financeiro e diametralmente contrária aos interesses da classe trabalhadora.

Nossa convenção coletiva nacional e nossos acordos coletivos específicos e complementares são exemplos para as demais categorias. Além disso, buscamos a consciência de classe e a solidariedade (inclusive aos docentes) entre aqueles que vivem de vender o seu labor.

Só a luta conquista direitos, pois ela é o motor da história.

Jorge Barbosa é presidente do Sindicato dos Bancários de Itabuna e Região

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Wenceslau Júnior | wenceslauvereador@gmail.com

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Vivemos mais de três décadas agonizando as consequências de uma excludente e perversa monocultura. Podridão parda, queda internacional dos preços, vassoura de bruxa, ausência de investimentos em ciência e tecnologia, baixa produtividade e a falta de diversificação da agricultura parecem ter condenado a nossa região ao fracasso.

Porém, o maior problema que enfrentamos durante todo esse tempo foi a completa ausência de uma política pública que tivesse como principal objetivo superar a crise e retomar o desenvolvimento econômico e social com respeito ao meio ambiente.

Vários anos de carlismo. Muita propaganda. Ação zero. Falava-se em desenvolvimento do turismo e estamos até hoje a mercê de infraestrutura nas principais cidades turísticas da região. Fizeram da crise do cacau algo semelhante à indústria da seca nordestina.

Muitos Filhos e Juniors foram eleitos e reeleitos com base no discurso da salvação da lavoura. Foi-se o ICB; asfixiaram a Ceplac e a única instituição de caráter regional que conquistamos foi a Uesc. Diga-se de passagem, com muita luta da comunidade.

É necessário reconhecer o esforço empreendido não só pelo governo Wagner como também pelo governo do presidente Lula. O reconhecimento é não só pelas inaugurações de obras realizadas em vários municípios, a exemplo de Coaraci e Itacaré, que recebem a visita do governador neste 31 de outubro e no dia três de novembro, oportunidade na qual irá inaugurar a rodovia Camamu-Itacaré, bem como a ponte que faltava para concretizar a ligação dos municípios, encurtando a distância para Salvador, via Bom Despacho e, por conseguinte, fomentando o turismo na região.

Deve-se reconhecimento principalmente por apresentar uma proposta concreta de retomada do desenvolvimento regional. Os investimentos em infraestrutura (Porto Sul; Aeroporto; Ferrovia; ZPE; GASENE Cacimbas-Catu), o PAC do Cacau, que finalmente saiu do papel, acompanhados do Instituto Federal de Educação Tecnológica (Ifet), que será instalado às margens da rodovia Ilhéus-Itabuna, propiciarão um novo ciclo de desenvolvimento econômico numa região completamente esquecida pelos governos passados.

Acho justa a preocupação do movimento ambientalista,que defende um maior debate dos projetos, buscando dimensionar melhor os impactos sociais e ambientais que serão gerados pelos empreendimentos. Porém, não podemos prescindir de encontrar soluções justas e compensações socioambientais que atendam, sobretudo, as populações excluídas. Ampliar as áreas das Unidades de Conservação e aportar mais recursos para criar reais condições de sua proteção deverá ser prioridade.

Também deve ser prioridade viabilizar recursos e apoio técnico para execução de obras de saneamento ambiental nos municípios que poluem as bacias do Almada e do leste para a preservação das nascentes e do rico manancial hídrico da região.

Entendo como mais do que necessária a criação da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSULBA), a qual, juntamente com a UESC, que já cumpre um importante papel cientifico, e o futuro IFET, propiciarão o desenvolvimento científico-tecnológico necessário ao desenvolvimento sustentável, qualificando a mão-de-obra local para ocupar bons postos de trabalho nos futuros empreendimentos.

Contudo, não podemos perder esta oportunidade, pois o compromisso expresso por Wagner e Lula para nossa região é algo nunca visto na história. O momento é rico, aproveitemos, mas não sejamos ingênuos.

Não podemos permitir que o retrocesso retorne ao poder, no nosso país e no nosso estado. Os neoliberais que destruíram o país e fizeram da Bahia o seu maior laboratório não merecem interromper esse processo de retomada do desenvolvimento.

Parabéns Wagner e Lula! Viva ao sul da Bahia!

Wenceslau Júnior é advogado, professor da Uesb, vereador e presidente do PCdoB de Itabuna.

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Torquato Neto | novothor4@hotmail.com

Torquato

Estive em Vitória da Conquista [em setembro] e, como acontece em todas as vezes que chego naquela cidade, me bateu um misto de sentimentos, pois, apesar de não ser filho de Ilhéus, eu a adotei como se fosse cidade natal, apesar de ser oriundo de Vitória da Conquista.

Não posso deixar de me sentir humilhado se formos comparar as duas cidades. Não se tem nem por onde começar. Seria um atrevimento da parte de qualquer ser vivo e pensante cometer uma atrocidade dessas.

Incrível como o poder público de Vitória da Conquista trabalha. Não estou querendo dizer aqui que seja perfeito. Não, não é, mas mesmo que quisesse ficar tão ruim quanto o daqui, não conseguiria. Em setembro, o prefeito de Conquista mostrou uma reportagem de como eles estão resolvendo o problema do lixo.

Fica a minha sugestão ao prefeito: agende uma visita ao colega Guilherme Menezes, de Conquista. Não se faça de rogado, dê uma passada por lá e pergunte, aprenda como fazer e tente melhorar pelo menos isso aqui em nossa cidade.

Digo pelo menos isso porque tenho consciência de que querer outras coisas é exigir muito do nosso administrador. E olha que não tenho muita certeza se esse nome “administrador” cabe.

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Gustavo Atallah Haun | g_a_haun@hotmail.com

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É certo, e ninguém duvida disso, que todos os trabalhadores têm direito à greve, segundo a própria CLT. É mais do que correta toda forma de manifestação que extermine de vez a opressão, o autoritarismo, a falta de liberdade, o arrocho salarial, as péssimas condições de trabalho, etc.

O que nos deixa de orelhas em pé é saber que existem certas classes de trabalhadores que desfrutam de um status quo privilegiado dentro da engrenagem capitalista da batida mais valia e, mesmo assim, agridem a população inviabilizando seus trabalhos em paralisações enfadonhas e intermináveis. Os bancários fazem parte dessa ala exclusivíssima.

O que se pode dizer dessa classe? Se pudéssemos estratificar os empregos, certamente os bancários desfrutariam do topo da pirâmide, poderíamos até chamá-los de “burguesia” dos trabalhadores, pois desfrutam de tantas benesses que a grande massa proletária sonha dormindo e acordada!

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Daniel Thame | www.danielthame.blogspot.com

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É de causar estranheza da reação de alguns setores, Igreja Católica à frente, a uma frase bobinha do presidente Lula, acerca de uma hipotética aliança de Jesus com Judas, caso o Redentor retornasse a Terra e, em vez de redimir os homens do pecado, separar os bons dos maus, levar os bons para o Reino dos Céus e encaminhar os maus para o fogo eterno dos infernos; resolvesse exercer algum cargo público de relevância, presidente da República, por exemplo.

Useiro e vezeiro em usar metáforas, geralmente com o futebol, Lula justificou alguns acordos que faz para manter a governabilidade dizendo mais ou menos o seguinte:

– Se Jesus fosse presidente, teria que fazer acordo até com Judas…

Judas Iscariotes, como todos sabem, foi o discípulo que, segundo os Evangelhos, traiu Jesus e, com um singelo beijo, entregou-o aos romanos.

A traição de Judas talvez ficasse em segundo plano na História caso o povo, já naquele tempo com uma vocação inacreditável para votar errado, instado por Pôncio Pilatos a escolher entre Jesus e Barrabás (um ladrão, precursor de uma considerável parcela de políticos), não tivesse optado por Barrabás.

Escolheu o ladrão!

E lá foi Jesus para o sacrifício da crucificação e posterior ressurreição, alçado à condição de principal personagem da Humanidade em todos os tempos, base de uma religião que atravessou dois milênios.

E lá foi Judas, virar sinônimo de traição, malhado e escorraçado ano após ano, vilipendiado como símbolo de tudo o que há de ruim no mundo.

Em sendo Judas o que foi, o que Lula fez foi apenas uma brincadeira sem maiores conseqüências, falando numa linguagem que todo mundo entende.

À pergunta de alguns jornalistas sobre alguns políticos com os quais se aliou para manter a tal governabilidade, certamente se referindo a José Sarney, Renan Calheiro e Fernando Collor de Melo, Lula usou a metáfora de que até Jesus teria que se aliar a Judas para governar o Brasil.

Como se sabe, o Congresso Nacional, sem o qual ninguém consegue governar, não é nenhum colégio de freiras carmelitas ou seminário de monges beneditinos.

Algum incauto que cometesse a imprudência de promover ali uma espécie de Santa Ceia, correria o risco de, na hora de repartir o pão e compartilhar o vinho, não encontrar nem pão nem vinho, devidamente surrupiados por algum dos “Judas” que por lá se proliferam.

Lula não disse nada que não seja senso comum e nem mesmo os “Judas” vestiram a carapuça ou sentiram-se ofendidos, visto que não são dados a essas aleivosias. O negócio deles é acumular o pão e o vinho (aqui, recorreremos à metáfora lulista) e o povaréu que se dane.

Daí que, não faz sentido esse reação de setores da Igreja Católica, como se Lula tivesse cometido um sacrilégio digno da Santa Inquisição.

De mais a mais, caso Jesus realmente voltasse a Terra sem aviso prévio, mais do que com a profusão de Judas na política e em outras áreas, certamente ficaria chocado como o seu Santo Nome é usado em vão.

Inclusive por aqueles que, por dever de fé e oficio, deveriam zelar pela sua imagem e sua verdadeira mensagem.

Amém!

Daniel Thame é jornalista e blogueiro

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Osias Ernesto Lopes

Pra frente é que se anda, diz o velho e conhecido ditado popular, repetido desde os tempos dos nossos avós.

Não tenho dúvida que a candidatura do colega Andirlei Nascimento é a mais natural. Jovem (mas experiente) e dinâmico advogado, Andirlei se mostra como a única opção de avanço. Sensibilidade, solidariedade, amizade, responsabilidade, companheirismo, são algumas das suas várias qualidades. É um “velho” companheiro!

Me lembro, sim, do movimento “Advogados em Ação”. Dele tive a honra e a satisfação de participar, ativamente. Vi na chapa de Andirlei outro vibrante militante do movimento, nosso amigo Ruy. Lembro que a luta ali encetada tinha como objetivo exatamente a retirada da nossa subseção do passado a que estava ligada. Vencemos. E vamos vencer, de novo.

Não quero falar de outros candidatos, todos colegas de profissão. Falo do meu, que é o melhor para a OAB neste momento.

“Pra frente é que se anda”! Andirlei para Presidente!

Osias Lopes é advogado eleitoral, ex-procurador-geral do Município e ex-secretário de Administração de Itabuna.

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Carlos Demeter

“Todos manipulam de acordo com os seus

interesses e na medida de suas forças”

Mais uma vez a ONG Floresta Viva, sitiada em área Uruçuca-Serra Grande, entra em ação através de um Projeto sem pé e sem cabeça “ Criação de um parque marinho na Pedra de Ilhéus”.

Na verdade o que está por trás desta manobra é criar obstáculos para impedir o desenvolvimento em Ilhéus.

Explicando:

Se esta medida for aprovada, este parque ficará entre três portos:

– O porto atual;

– O Porto Pesqueiro que ficará na baía do Pontal; e

– O Futuro Porto Sul.

É preciso esclarecer para a população – e principalmente para os pescadores artesanais – quais são os verdadeiros impedimentos e restrições estabelecidos com um Parque Marinho:

Futuramente, haverá uma grande movimentação de barcos pesqueiros, cargueiros, lanchas e com certeza eles vão criar uma área de amortização e de não-movimentação que certamente irá chocar com a rota natural.

Além do mais, está na hora de exigir estudos mais profundos para avaliar quais os efeitos positivos e negativos na vida dos habitantes com a criação deste parque marinho. Isso, para não ocorrer o mesmo que ocorreu com o Parque do Conduru quando o Estado deu o maior calote nos proprietários.

Até hoje tem fazendeiro que ainda não recebeu por suas propriedades. Hoje o Parque é o maior centro de retirada de madeira, pois não há fiscalização. Na verdade, está servindo apenas para o Floresta Viva arrecadar fundos de instituições estrangeiras e repasses dos governos Federal e Estadual. Come uma parte e outra eles fingem que estão trabalhando com as comunidades tradicionais.

Vejam o exemplo do que esta acontecendo na vizinha cidade de Canavieiras com a criação da Reserva Extrativista.

Outro exemplo vergonhoso é a criação do Parque da Esperança, uma área de aproximadamente 500 hectares que hoje serve de refúgio para foragidos da lei, ladrões de lenha e madeira. O município não se dá ao trabalho de colocar uma fiscalização e estimula criar mais uma Unidade de Coisa Alguma (UCA). Certamente, há por trás alguma fundação com muito dinheiro para repassar e deixar mais rico alguém…

Pergunto – Porque a Universidade e este Sr. Gil Marcelo Reuss não estabelecem um projeto para tentar melhorar a vida das pessoas que estão morando nos manguezais?

Além de ajudar as pessoas a solucionar seus problemas indiretamente, estará ajudando o MERO-CANAPU. “Este com certeza tem um vasto oceano para morar e não paga aluguel” ;

Por que o Floresta Viva não se junta à Universidade e faz um projeto de cunho social, no Salobrinho, por exemplo, que tem uma comunidade de pescadores de pitu, camarão e curucas? Sabe por que? Porque o bicho-homem não dá lucros para estas ONGs de fachada que dispõem de uma infraestrutura vasta para execução de projetos com animais e vegetais, afinal eles não falam!!!

E se falassem, iriam desmascarar quem são estas pessoas travestidas de bons cidadãos cheios de boas intenções.

Carlos Demeter Filho é advogado e agricultor.

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Daniel Thame | www.danielthame.blogspot.com

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Na mesma semana em que um infarto fulminante impediu Ferreirinha de chegar aos 100 anos, uma bala perdida impediu a pequena Maria Eduarda Ribeiro Dias de ultrapassar seu primeiro ano de vida.

O quase um século de Ferreirinha, morto no domingo; e o apenas um aninho de Maria Eduarda, assassinada com um tiro no peito na segunda-feira, formam o contraste de uma cidade capaz de garantir a longevidade de uns, mas incapaz de impedir a morte mais do que precoce de outros.

O fazendeiro Ferreirinha, morava na Zildolândia, um bairro classe média de Itabuna. Viveu o suficiente para, aos 85 anos, casar-se com a estudante Iolanda, então com 16 anos, uma paixão arrebatadora e ao mesmo tempo inusitada, que lhe rendeu fama internacional e o título de “Garanhão de Itabuna”, que ostentava com indisfarçável orgulho.

Ao morrer, após lutar bravamente contra uma seqüência de enfermidades, Ferreirinha já tinha seu nome inscrito na história de Itabuna. Seu sepultamento reuniu centenas de pessoas, entre familiares, amigos ou simples curiosos, que o conheciam apenas por conta da fama.

Maria Eduarda morava no bairro São Pedro, um dos mais carentes de Itabuna, onde a violência impõe a lei e o medo aos moradores, gente trabalhadora e decente. Não viveu nem o suficiente para dar os primeiros passos, nessa caminhada incerta rumo a um futuro que para ela agora é apenas uma interrogação ou uma abstração.

Ao morrer de forma abrupta e violenta, ganhou o noticiário policial das rádios, televisões e jornais. Seu sepultamento reuniu apenas gente simples do bairro, que cobrou Justiça, mas sabe dos riscos que é abrir a boca para protestar contra a impunidade dos marginais.

Maria Eduarda, sem fama nem fortuna, está fadada a virar apenas estatística, um número a mais no elevadíssimo número assassinatos em Itabuna.

Maria Eduarda foi vítima de uma dessas balas perdidas que por uma dessas coisas inexplicáveis só encontram gente inocente.

Baleada dentro de casa numa rua chamada – suprema ironia – Liberdade.

Liberdade é justamente o que falta para os moradores do São Pedro e de outros tantos bairros da periferia de Itabuna, prisioneiros em suas próprias casas.

De Ferreirinha se pode dizer que teve a sorte de, a despeito de duas guerras mundiais, ter nascido num tempo em que a violência cotidiana não produzia tantas vítimas fatais. Viu o mundo dar um salto tecnológico, o homem pisar na Lua e virou não apenas o século, mas também o milênio. ´

Amou e foi amado, teve filhos, netos, bisnetos e ainda viveu uma bela paixão outonal.

De Maria Eduarda se pode dizer que não teve sorte alguma, mas o azar de ter nascido num tempo em que nem um bebê inocente está seguro dentro de casa, quando essa casa está localizada numa área de guerra urbana, onde sobreviver é quase um milagre.

O intervalo de apenas um dia separou as mortes de Ferreirinha e Maria Eduarda.

Quase um século separou as vidas de Ferreirinha e Maria Eduarda.

Personagens diferentes, vidas diferentes, que talvez nem coubessem na mesma história.

Mas que se encaixam perfeitamente quando inseridos na história de uma cidade que celebra Ferreirinha mesmo na morte e chora a Maria Eduarda sem vida.

Uma cidade que num intervalo de 24 horas alçou Ferreirinha a condição de mito e empurrou Maria Eduarda à condição de anjo caído.

Balas perdidas, vidas perdidas.

Até quando?

Daniel Thame é jornalista e blogueiro

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Ricardo Kotscho

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O Lula vai quebrar a cara em Honduras! Vai correr sangue nas ruas de Tegucigalpa e ele será o culpado! O Lula vai tomar uma surra do Obama em Copenhague! Vai dar Chicago! Agora a popularidade do Lula vai despencar!

Pois é, amigos, foi uma atrás da outra. A urubuzada (nada a ver com a grande torcida do Flamengo, por favor!) jogou contra e perdeu todas, perdeu o rumo. Vocês já repararam? A oposição simplesmente sumiu de cena.

Em 2009, a turma do contra, representada por aqueles célebres 6% que reprovam o governo Lula, começou jogando tudo na crise econômica mundial, que quebraria o Brasil. O Brasil não só não quebrou como saiu da crise mais forte do que entrou.

Já nem me lembro de todas as crises do fim do mundo anunciadas durante o ano, mas tivemos depois a dengue, a crise do Senado, a gripe suína, a história da Lina, a CPI da Petrobrás, o diabo a quatro. E nada do Lula cair nas pesquisas.

A palavra crise não saía das manchetes, e nada. Quando a crise não era aqui, era em Honduras _ por culpa da política externa do governo brasileiro, claro. Agora que as coisas estão se acalmando por lá e tudo indica uma saída negociada com os golpistas devolvendo a Presidência a Manuel Zelaya, a urubuzada já está recolhendo os flaps.

Com a vitória do Rio para sediar a Olimpíada 2016 transmitida ao vivo de Copenhague, não teve jeito de esconder o importante papel do presidente Lula nesta conquista. Os 6% de inconformados e seus bravos representantes na imprensa e no parlamento devem ter entrado em profunda depressão. Por isso, sumiram _ pelo menos, por algum tempo.

Restam apenas alguns blogueiros histéricos e seus comentaristas amestrados blasfemando na janela, vendo as ruas em festa, os bares lotados em dia de semana, a indústria, a bolsa, o emprego e a renda crescendo novamente, a autoestima do brasileiro lá em cima, a vida seguindo alegre seu rumo.

Claro que sempre será possível fazer escândalo com qualquer coisa, como esta crise do Enem, uma história até agora muito mal contada, que vai atrasar a data dos vestibulares. E daí? Fora os candidatos e professores que irão perder alguns dias de férias, qual o drama para o restante dos brasileiros?

Conheça o Balaio do Kotscho

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Allah Góes | allah.goes@hotmail.com

Promulgada em sessão conjunta do Congresso Nacional no último dia 23 de setembro, a “PEC dos Vereadores”, hoje Emenda Constitucional n°58/09, além de ter reduzido os gastos com as Câmaras Municipais, que gerará uma economia na ordem de R$1,8 bilhão, já está causando polêmica por conta do contido no Inciso I do seu artigo terceiro.

Neste dispositivo, de claro entendimento, é expressamente afirmado que a validade da Emenda, no que se refere ao aumento do número de vereadores nas Câmaras Municipais, se dará “a partir do processo eleitoral de 2008”, ou seja, dá condições jurídicas a que os atuais suplentes possam reivindicar sua posse imediata.

Mas, embora o texto da EC n°58/09 leve a entender que os seus efeitos passam a valer a partir da eleição de 2008, a posse dos suplentes, conforme já dissemos em outros artigos, não deverá ser automática, pois dependerá tanto do número de vagas constantes das Leis Orgânicas de cada cidade, como da efetiva diplomação destes na Justiça Eleitoral.

E aí é que começam as dificuldades para que os supelntes assumam, pois o presidente do TSE, ministro Carlos Ayres Britto, remeteu ofício a todos os TREs do Brasil, informando que aquela Corte decidiu que a data limite para a aplicação da emenda para esta legislatura seria o do prazo final para a realização das convenções partidárias.

Vejam o que diz o texto: A propósito da recente Emenda Constitucional n° 58, de 23 de setembro de 2009, e sem a pretensão de interferir na esfera da autonomia interpretativa desse TRE, encaminho a Vossa Excelência a resposta que este TSE ministrou à Consulta n° 1.421/DF, DJU de 7/8/2007. Resposta que obteve a unanimidade dos votos dos ministros da Corte, e cuja ementa ficou assim redigida: (…)‘todavia. a data-limite para a aplicação da emenda em comento para as próximas eleições municipais deve preceder o inicio do processo eleitoral, ou seja, o prazo final de realização das convenções partidárias.’ (flJ. 7-8).

Assim, entende o TSE, os suplentes só poderiam assumir as vagas se a EC n°58/09 tivesse sido aprovada, e promulgada, antes de 30 de junho de 2008 e, em tendo sido aprovada após este prazo, somente valerá o aumento aprovado para as eleições de 2012, no que, conforme também já por diversas vezes opinei, discordo, pois Emenda Constitucional é auto aplicável, e à qualquer tempo.

Além deste posicionamento do TSE, a OAB, por decisão de seu Conselho Federal, protocolou na última quinta-feira, uma ADIn – Ação Direta de Inconstitucionalidade, contra a Emenda. E, se não bastasse, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu uma liminar para que a Justiça Eleitoral nos estados fique impedida de dar posse aos suplentes dentro das vagas criadas pela Emenda.

Este pedido se deveu ao fato de que alguns suplentes já tomaram posse, a exemplo do ocorrido na cidade de Bela Vista de Goiás – GO, onde dois vereadores já assumiram a função, fato este que poderá acontecer em outras cidades do Brasil.

Como se vê, por conta da demora de nosso Congresso em aprovar, por razões eleitoreiras, somente agora uma PEC que já tramitava desde 2004, só após um posicionamento do STF, que é a Corte Constitucional responsável pela verificação da rigidez da Constituição, é que teremos a certeza de que haverá, ou não, aumento no numero de Vereadores ainda nesta legislatura.

Allah Góes é Advogado Municipalista.

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Adylson Machado

A ação policial noticiada, que desaguou na morte de quatro jovens entre 14 e 20 anos no Santa Inês, demonstra clara evidência: usuários (se todos) pagaram com a vida pela circunstância de terem sido alcançados pelo vício, sem direito à recuperação.

Usuários, afirmamos, porque não há qualquer relato informando sobre comercialização ou quantidade de droga apreendida no local, o que remete o comum mortal a compreender que “boca de fumo” não mais é somente o local de comercialização, mas também o de uso. E dessa forma, uma casa qualquer (do Santa Inês ao Góes Calmon, do Novo Horizonte ao Jardim das Acácias) passa a ser considerada “boca de fumo” se nela estiver alguém usando droga.

Emblemática (e estarrecedora) a versão apresentada de que um deficiente visual recebeu a Polícia a tiros e tombou no confronto.

Alguma coisa está mal contada: se os jovens estavam dentro de casa, como a polícia, recebida a tiros, venceu a fortaleza, estando no descampado, a céu aberto, sem ferimento em qualquer dos policiais, ainda que de raspão? Talvez devêssemos admitir que foi o deficiente visual o autor da iniciativa que resultou no tiroteio.

Mais provável que tenha havido a invasão do local e consumação da reação policial, se admitirmos a versão policial de ter sido recebida a tiros. Necessária a divulgação dos laudos periciais e de quantos os tiros nos corpos de cada vítima.

Pensamos que mais está o fato para uma chacina, que exige rigorosa apuração pelas autoridades competentes (Comando da Polícia Militar, internamente, Ministério Público e Judiciário). Com acompanhamento da Sociedade Civil, Conselho Tutelar, Juízo da Infância e do Adolescente, OAB, GAC, Lyons, Rotary, Maçonaria.

Apenas para provocar nossos leitores: qual a reação da sociedade se entre os usuários alcançados pela reação policial no Santa Inês estivesse um filho de família que freqüenta as colunas sociais?

Quanto aos que defendem o combate às drogas no molde preconizado pelos Estados Unidos (falido, porque não apresenta resultados), donde ações como a realizada no Santa Inês se constituem valoroso exemplo, recomendamos a leitura de “10 razões para legalizar as drogas” no Editorial do Le Monde Diplomatique Brasil, nº 26, de setembro/2009, de autoria do Comandante John Grieve, da Unidade de Inteligência Criminal, da Scotland Yard.

Adylson Machado é professor de Direito Municipal na Uesc

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Daniel Thame | www.danielthame.blogspot.com

De “herança maldita” convencionou-se chamar aquela situação em que um presidente, governador ou prefeito que assume o cargo e se depara com dívidas monumentais e o patrimônio público sucateado, o que praticamente impede a realização de obras e outros investimentos. 

Serve tanto para mostrar o quão irresponsáveis são alguns de nossos administradores, como também como uma bela desculpa para não trabalhar, desviar dinheiro e, num moto-contínuo da politicalha, deixar uma nova herança maldita para o sucessor.

A expressão “de pai para filho” nos remete aos empreendimentos de tradição familiar, geralmente bem sucedidos, que passam de geração a geração e em que o sobrenome tem o mesmo peso da marca da empresa.

Serve para mostrar a solidez de uma família e de uma empresa, que graças a esse lastro, é capaz tanto de resistir às crises eventuais, como se adaptar os novos modelos empresariais, de competição feroz e mercados globais.

Pois, num bairro da periferia de Itabuna, o paupérrimo e esquecido Novo Horizonte (cujo horizonte dos sofridos moradores é quase nenhum), os conceitos conhecidos de “herança maldita” e “de pai para filho”, foram subvertidos de forma trágica.

Troque-se apenas o “de pai para filho” para o “de irmão para irmã” e temos o que se pode chamar, no sentido literal da palavra, de herança maldita.

Como nas melhores casas do ramo, Maria Fernanda dos Santos, a Nanda, de 27 anos, herdou o negócio, bastante rentável ao que parece, do irmão José Fernandes dos Santos, o Bida, de 30 anos, assassinado no ano passado num entrevero com a polícia.

O infortúnio do irmão fez com que a jovem Nanda se apossasse do negócio do irmão, na verdade um empreendimento nada ortodoxo, um concorrido ponto de venda de drogas.

No jargão da reportagem policial, Nanda virou a “Rainha do Tráfico” no Novo Horizonte, uma rainha sem trono e sem coroa, sentada sobre um barril de pólvora.

Que, como não é raro nesse negócio lucrativo, mas extremamente disputado, explodiu.

Seguindo a sina do irmão, Nanda também foi assassinada, não pela polícia, mas provavelmente numa disputa entre traficantes.

Seu corpo foi encontrado num campinho de futebol no São Lourenço, outro bairro onde, na ausência do poder público, o crime impõe o terror aos moradores, gente de bem e trabalhadora obrigada a conviver com o medo e a violência. 

Nessa tragédia familiar e ao mesmo tempo coletiva que é o mundo das drogas, a herança maldita de Bida para Nanda, que passou de irmão para irmã, se resumiu a uns poucos palmos de terra num túmulo mulambento de um cemitério qualquer, sem direito a choro nem vela.

Esse é um mundo em que reis e rainhas, que na verdade não passam de peões pobres coitados, vêem a majestade virar pó ou fumaça num piscar de olhos.

Ou num apertar do gatilho! 

Daniel Thame é jornalista e blogueiro