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marco wense1Marco Wense

Sem nenhum deboche, confesso que fico na dúvida sobre a banda podre que mais fede, se a do PT ou do PSDB. Se existisse um aparelho para aferir, o nome seria “Fedômetro”.

O deputado federal Antônio Imbassahy (PSDB), com certeza entre os mais aguerridos parlamentares do tucanato e da oposição, sabe que “pau que dá em Chico também dá em Francisco”.

Bastava só a condição de parlamentar para obrigá-lo a esclarecer qualquer denúncia em relação a sua vida pública. Como vice-presidente da CPI da Petrobras a responsabilidade é maior.

O que se espera do tucano é uma explicação convincente sobre o desvio de R$ 166 milhões nas obras do metrô de Salvador durante sua gestão como prefeito.

Em vez de interpelar judicialmente quem o acusou, Imbassahy se defende usando o simplório argumento de que “as denúncias são vazias”. Só faltou dizer que tudo não passa de mais uma “intriga da oposição”.

Ora, ora, se são acusações sem provas, se é mentira, então processe o deputado Afonso Florense (PT) por crime de calúnia e difamação, dando um chega pra lá no “quem cala, consente”.

Bobagem é ficar dizendo que foi “reiteradas vezes escolhido o mais avaliado prefeito do Brasil”, como se um bom chefe de Executivo tivesse o privilégio da imunidade diante de qualquer acusação.

O então presidente Lula tinha uma invejável aprovação, mas era acusado pelos tucanos de ser complacente com os companheiros envolvidos no escândalo do mensalão, com a banda podre do PT, com os aloprados.

Em vez de ficar se regozijando, o tucano tem que mostrar que sua rodilha aguenta o pote, que faz parte do PSDB decente e não do tucanato da Lista de Furnas, do mensalão mineiro, da privataria tucana, metrô de São Paulo e das operações Castelo de Areia. Lava Jato e Zelotes.

Do contrário, o melhor caminho é a renúncia. A função de vice-presidente da CPI da Petrobras é incompatível com qualquer suspeita de desvio de dinheiro público.

Sem nenhum deboche, confesso que fico na dúvida sobre a banda podre que mais fede, se a do PT ou do PSDB. Se existisse um aparelho para aferir, o nome seria “Fedômetro”.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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Gabriel Nascimento artigoGabriel Nascimento | gabrielnasciment.eagle@hotmail.com

Achacar é um termo que vem do hebraico e quer dizer explorar, extorquir, espoliar, tornar refém. É exatamente isso que faz Eduardo Cunha, hoje, enquanto presidente da Câmara dos Deputados.

O Brasil tem um achacador geral da República. Há pouco tempo ninguém ouvia falar nele. Há pouco tempo era um tesoureiro sistemático de campanhas, um radialista conservador, um defensor das pautas da moral cristã. Tudo mudou e ele chegou ao centro do poder, deixando refém a República e as políticas públicas que há mais de uma década vêm mudando esse país.

Achacar é um termo que vem do hebraico e quer dizer explorar, extorquir, espoliar, tornar refém. É exatamente isso que faz Eduardo Cunha, hoje, enquanto presidente da Câmara dos Deputados. Pautas historicamente enterradas por seu teor conservador estão voltando com força. A redução da maioridade penal, medida inconstitucional, quem diria, passou na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.

Ontem, os trabalhadores assistiram à Lei Áurea sendo revogada pelo achaque. Primeiro, FHC desmontou o Estado, abandonando um modelo varguista de obrigação de intervenção para uma tentativa de garantia de bem-estar social. Com o desmonte do Estado, a Lei de Responsabilidade Fiscal impôs limites à contratação, fazendo com que a terceirização fosse uma opção de contratação. Agora Eduardo Cunha desmonta os direitos trabalhistas, aprofundando as reformas neoliberais e rejeitando um modelo varguista de garantia de diretos à classe trabalhadora através da Consolidação das Leis do Trabalho.

No final do século XX, sociólogos questionavam Marx, atualizando o marxismo, sobre a análise do mesmo de que, com a evolução histórica do capitalismo, o proletariado ia se tornar uma classe universal e o capitalismo ia perder força no globo. Atualizando o marxismo, com a última fase do capitalismo, é o contrário que vem ocorrendo. O proletariado é cada vez mais fragmentado e o capitalismo cada vez mais universal.

A terceirização é o último dos estágios de fragmentação da classe trabalhadora. Com a regulamentação e possibilidade de terceirizar qualquer tipo de serviço, o trabalhador perde a identidade coletiva. Fragmentado o trabalhador, é mais fácil ter domínio sobre o seu trabalho através das condições de produção.

Perdendo a identidade coletiva, advoga-se uma individualidade que demarca a competição ao invés da solidariedade e cooperação. Sem identidade coletiva, o trabalhador não consegue se organizar em entidades classistas e a tão demarcada autorrepresentação não passa de uma utopia pós-moderna.

A regulamentação da terceirização é o enterro sistemático da CLT e de seus mais de 60 anos. O Brasil levou séculos para expandir a classe trabalhadora, como foi nos últimos dez anos, para as forças motoras do capital desregulamentarem as condições de trabalho durante uma noite difícil em nossa história. É isso que representa a regulamentação da terceirização: o arcabouço que leva à desregulamentação das condições de trabalho. Terceirizado o trabalhador, suas condições são precárias, seus salários são menores, a eles são garantidos menos direitos, com mais possibilidades de alienação de sua força de trabalho, sem relação direta entre empregador e trabalhador, representando mais lucro para o empregador. Por outro lado, o Estado, já desmontado, sofre consequências: há dificuldade de intervenção para garantia de direitos do trabalhador, já fragmentado, dificultando a política de garantia do salário social indireto.

Por último, a regulamentação da terceirização representa o aguçamento dos pilares de uma sociedade autoritária. Fragmentada a classe trabalhadora, localizada em lugares comuns da produção, sem direitos e à deriva, sem representação e direito a ser representada, as ações práticas são mediadas por situações autoritárias da relação patrão X empregado, sem mediação estatal ou da sociedade civil. Ou seja, o princípio de mercado se desenvolve em detrimento do Estado e da comunidade. Na esfera privada espera-se autoritarismo, política do favor e toda ordem que faz o poder ser vertical, masculino, branco, heterossexual e burguês.

Gabriel Nascimento é mestrando em Linguística Aplicada pela UnB, vice-presidente da Associação Nacional de Pós-graduandos e presidente da Associação de Pós-graduandos da Universidade de Brasília.

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marco wense1Marco Wense

A prioridade do oposicionismo baiano, tendo na linha de frente o DEM, PSDB e o PMDB, é a reeleição do prefeito soteropolitano ACM Neto. A sucessão em Itabuna vai girar em torno das articulações na capital.

Continua o impasse entre o deputado Félix Júnior, presidente estadual do PDT, e o médico Antonio Mangabeira, pré-candidato a prefeito de Itabuna na eleição de 2016.

A declaração de Félix – “quero o partido crescendo com honra e de forma independente, sem ser bengala de A ou B” – pressupõe que o comandante do pedetismo defende candidatura própria na sucessão municipal.

O problema é que Félix Mendonça Júnior diz uma coisa e toma decisões que vão de encontro ao que anda pregando. Ou seja, empurra o PDT para a dependência e o papel de coadjuvante.

Ora, ora, o melhor caminho para o fortalecimento de uma agremiação partidária, para mostrar sua existência e tirar a militância do ostracismo e do desânimo, é ter candidato à majoritária.

O presidente do brizolismo regional caminha na contramão. O PDT não pode se distanciar do eleitorado e, muito menos, destruir sua identidade para ser apêndice de outras legendas.

O PDT de Itabuna, por exemplo, tem a oportunidade de ter candidato próprio à sucessão do prefeito Claudevane Leite (PRB). E um pretendente como Antonio Mangabeira, que pode significar a tão esperada renovação política.

Se a decisão de não ter candidato já é dada como certa, como favas contadas, que o PDT deve apoiar o tucano Augusto Castro, então diga ao doutor Mangabeira: “Olhe, doutor, é melhor o senhor procurar outro partido”. Ponto final.

A prioridade do oposicionismo baiano, tendo na linha de frente o DEM, PSDB e o PMDB, é a reeleição do prefeito soteropolitano ACM Neto. A sucessão em Itabuna vai girar em torno das articulações na capital.

Vale lembrar que a professora Acácia Pinho, que comanda a provisória municipal, apoiou, de maneira até entusiasmada, o prefeiturável Augusto Castro (PSDB) na sua reeleição à Assembleia Legislativa.

Outro detalhe é que Félix Júnior sonha com a possibilidade, ainda que remotíssima, de ser o candidato a vice na chapa encabeçada por ACM Neto, sem dúvida a tábua de salvação do demismo nacional.

O PDT vai terminar sendo bengala dos democratas, peemedebistas e dos tucanos, com o discurso da independência e da honra se tornando cada vez mais frágil, inconsistente e contraditório.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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marivalguedesMarival Guedes | marivalguedes@gmail.com

 

Aos 72 anos, Orlando comanda um dos programas de maior audiência, o Panorama 640. Ele confirma a história, mas se esquiva quando indagado sobre os detalhes: “Vamos esquecer, deixa isso pra lá,” diz educadamente.

 

Eleito prefeito de Itabuna em 1976, pelo MDB, Fernando Gomes começou as manobras para eleger a Mesa Diretora da Câmara. Pediu ao assessor político, jornalista Eduardo da Anunciação, que fosse até a residência do vereador e radialista Orlando Cardoso (Arena) conquistar este voto. O argumento estava dentro de um saco de papel do Supermercado Messias.

Eduardo foi ao encontro de Orlando, mas não conseguiu convencê-lo. Pelo contrário, o vereador irritou-se e não reagiu grosseiramente porque, além de amigos, compreendeu que o assessor cumpria ordens. O “presente” foi devolvido ao prefeito. Um colega perguntou a Anunciação porque ele não ficou com a grana. “Dinheiro não é tudo,” respondeu.

Duda morreu em fevereiro de 2013 aos 67 anos. Nos textos, adotou estilo singular e seu último compromisso profissional foi a coluna Política, Gente e Poder, no Diário Bahia.

Orlando Cardoso completou 53 anos de atividades no rádio ano passado, recebendo homenagens pela conduta. Aos 72 anos, comanda um dos programas de maior audiência, o Panorama 640. Ele confirma a história, mas se esquiva quando indagado sobre os detalhes: “Vamos esquecer, deixa isso pra lá,” diz educadamente.

No entanto, numa das homenagens, lembrou que foi vereador por dois mandatos e não gostou da experiência. Admitiu que foram várias as ofertas, porém nunca negociou um voto, refutou todas. E desafia: “Se alguém disser que me comprou, mesmo com um saquinho de pipocas, pode declarar que eu tornarei público dentro de meu programa.” No seu entendimento, “quem é honesto, não merece aplausos. É obrigação.”

Fernando Gomes, eleito quatro vezes prefeito de Itabuna e três deputado, após a gestão 2005/2008, decidiu morar em Vitória da Conquista. Em discurso na Rádio Difusora, à época sua propriedade, anunciou fim de carreira e desabafou: “A política está fazendo vergonha, com tanta corrupção”.

Marival Guedes é jornalista e retoma as (elogiadas!) crônicas das sextas-feiras no Pimenta.

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marco wense1Marco Wense

A política não costuma socorrer os que dormem. Quem assim procede, termina politicamente defenestrado, sucumbido. Recomendo a Geraldo Simões uma rápida pestana, sob pena de ficar a ver navios.

Já passou da hora de Geraldo Simões ter uma conversa definitiva com o governador Rui Costa sobre sua pré-candidatura a prefeito de Itabuna na eleição de 2016.

Figuras importantes do PT, como Josias Gomes e Everaldo Anunciação, respectivamente secretário de Relações Institucionais do governo da Bahia e presidente estadual da legenda, já se posicionam a favor da reeleição de Claudevane Leite (PRB).

Correligionários de GS são da opinião de que o silêncio de Rui diante do imbróglio PT versus PT, PT geraldista versus PT antigeraldista, é a prova inconteste de que o petista-mor caminha para apoiar o segundo mandato do alcaide.

O problema é que o prefeito Vane ainda não decidiu, de maneira incisiva, peremptoriamente, sem deixar nenhum resquício de dúvida, se será ou não candidato, deixando todos com a pulga atrás da orelha.

Todos, mas especificamente o vice Wenceslau Júnior, que não esconde sua pretensão de disputar o Centro Administrativo Firmino Alves. É bom lembrar que a última investida do vice foi intempestiva e atabalhoada.

Geraldo Simões, não suportando tanta fritura dos “companheiros”, não tem outro caminho que não seja o de procurar outro partido, como, por exemplo, o PSB da senadora Lídice da Mata.

E se o enigmático chefe do Executivo desistir da reeleição? Vai ficar na obrigação de apoiar o candidato do PCdoB, que teria duas opções: o vice Wenceslau ou o deputado federal Davidson Magalhães.

A pertinente e oportuna pergunta, também crucial em um futuro não muito distante, é se o comando estadual do PT e o governador Rui Costa apoiariam o pretendente comunista.

A política não costuma socorrer os que dormem. Quem assim procede, termina politicamente defenestrado, sucumbido. Recomendo a Geraldo Simões uma rápida pestana, sob pena de ficar a ver navios.

PT VERSUS PCdoB

pt-x-pc-do-b1Essa briguinha entre petistas e comunistas, pelo menos aqui em Itabuna, é de priscas eras. Tem origem na então Fespi, hoje Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), quando se enfrentavam, ou melhor, engalfinhavam em torno do comando do Diretório Central dos Estudantes, o DCE.

Eu era do PDT, e por ser de outro partido me rotulavam de direita, mesmo sendo um convicto e apaixonado brizolista. Naquele tempo, ser de direita, no movimento estudantil, era “persona non grata”.

Enfrentando as mentiras do PCdoB e do PT, consegui, depois de ser derrotado na eleição para o DCE, ser eleito presidente do Departamento Acadêmico do curso de Direito, o também desejado DA de Direito.

Voltando ao pega-pega entre petistas e comunistas, eles só se juntam por conveniência política, principalmente quando a cisão pode derrotar os dois grupos. Fernando Gomes já ganhou duas sucessões municipais em decorrência desse racha.

Os dois políticos mais importantes do petismo e do comunismo de Itabuna, sem dúvida o ex-prefeito Geraldo Simões e o deputado federal Davidson Magalhães, se detestam. Fazem teatro quando se encontram.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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jurema cintra oabJurema Cintra | falecomjurema@gmail.com

Fato acontecido recentemente com uma advogada e professora doutora da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), de Ilhéus, foi chocante. Após sua denúncia, apareceram tantos e tantos relatos similares, pavorosos, angustiantes dentro de ônibus urbanos, intermunicipais, estaduais e metrô.

A partir de hoje, toda vez que pegar um ônibus, trem ou metrô vou seguir as regras deste manual, afinal ainda “não sou dona de meu corpo” e estou vulnerável a sofrer violência a qualquer momento:

1- PEGAR  ônibus de calça jeans e blusa de manga comprida, mesmo que esteja fazendo 35 graus ou 40 graus de matar. Na camisa, terá o dizer, na frente e verso: NÃO PASSE A MÃO EM MIM, O CORPO É MEU!!!

2- FAZER adesivo “NÃO PASSE A MÃO EM MIM, O CORPO É MEU!!!” e colar nas malas, no carro, no trabalho, nos banheiros, enfim, eles: os “adoráveis passadores de mão” estão em todos os cantos, temos de monitorá-los;

3 – NÃO ENTRAR em ônibus cheio (entupido), mesmo que perca seus compromissos profissionais, mas não culpe as empresas de ônibus. Coitadas!!! Elas não têm culpa dos ônibus urbanos estarem superlotados e ficarmos sujeitas a tanta falta de segurança, já que assédio sexual e estupro são crimes;

4 – MANTENHA seu celular sempre com a câmera aberta 24 horas para filmar tudo ao redor. Quem sabe não identifica o “tarado”;

5 – Quando a viagem for longa, UTILIZE seu “pau de selfie” e celular, coloque preso no bolsão da frente da poltrona com a câmera ligada e avise ao homem que está do seu lado que ele será filmado durante toda a viagem;

6- PEGUE a câmera GoPro e prenda no cinto filmando a viagem toda. Grave tudo que puder;

7 – Antes de comprar a passagem no balcão da companhia, PEÇA para saber o sexo do passageiro ao seu lado. Só escolha poltrona do lado de mulher;

8 – NÃO PEGUE metrô cheio, só entre no vagão rosa feminino;

9 – LOCALIZE na internet e COMPRE um cinto de castidade medieval, assim, mesmo que tudo isto não funcione, sua genitália estará intocável;

10 – ANDE  com meu megafone portátil na cintura. Se alguém lhe “encoxar”, GRITE para todo o ônibus/metrô ouvir. O megafone dará visibilidade suficiente;

11 – TENHA um segurança particular que será sua eterna testemunha ou então APRENDA umas três artes marciais diferentes. É a chance de entrar no MMA;

12 – Se viajar sozinha, NÃO DURMA. Tome 2 litros de café + guaraná em pó + arrebite + energéticos, faça um coquetel e mantenha-se em ALERTA todo o tempo da viagem e CONVERSE COM todos os passageiros antes de iniciar o trajeto. Assim você terá futuras e possíveis testemunhas;

13 – Se mesmo assim, uma mão boba escorregar para dentro de sua blusa no meio da noite, FIQUE sem tomar banho e guarde toda a roupa, pois afinal o CSI (perícia técnica do Brasil) vai chegar e lhe salvar para obter provas. Tenho certeza que vão colher os resíduos de pele do agressor/assediador que ficaram impregnados em você;

14- Quando o agressor ejacular em cima de você, NÃO SE LAVE mesmo. A perícia(CSI) terá a prova cabal do crime;

15 – SOLICITE as cópias das gravações das diversas câmeras nos ônibus, deve ser algo muito fácil;

16 – GRITE sempre, berre, afinal você fez tudo isso acima e terá provas contra esses covardes, ninguém vai lhe taxar de louca e excessiva ou paranoica, não é?

Bem, depois de tomar todas estas simples medidas de precaução terei muito sucesso para propor uma ação judicial de indenização além das medidas penais contra o agressor com esse arsenal de provas não é? É revoltante saber que toda vez que uma mulher precisa usar um transporte público no Brasil ela, em verdade, está partindo para uma GUERRA. Sim, uma guerra em defesa de seu próprio corpo, pelo direito, pela sua liberdade.

Fato acontecido recentemente com uma advogada e professora doutora da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), de Ilhéus, foi chocante. Após sua denúncia, apareceram tantos e tantos relatos similares, pavorosos, angustiantes dentro de ônibus urbanos, intermunicipais, estaduais e metrô. Fiz este manual bizarro por que nós mulheres temos de entender que, infelizmente, estamos numa guerra de gênero, numa guerra em que a violência machista impera, é preciso criar armas para nos defender, enquanto o RESPEITO não for algo tão difícil de se obter. É preciso sensibilidade e políticas públicas efetivas para garantir os direitos das mulheres. Espero chegar este dia em que homens e mulheres não estarão mais em lados opostos e sim caminhando juntos.

Jurema Cintra Barreto é vice-presidente da OAB de Itabuna e defensora dos Direitos Humanos.

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marco wense1Marco Wense

Duas perguntas são pertinentes: 1) o instrumento da delação premiada só vale para o PT, PMDB e o PP? 2) Por que as doações ao PSDB não são consideradas como propinas?

Concordo com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) em relação ao projeto de Lei que visa punir – com perda do registro – os partidos políticos que receberam ou venham receber recursos ilegais ou derivados de corrupção.

Vou mais longe: tem que cassar o mandato dos candidatos que recebem dinheiro sujo, deixando-os inelegíveis para o resto da vida. O dito cujo tem que ser execrado da vida pública.

O engraçado é que pela Operação Lava Jato, o PT e o PSDB, só para citar duas legendas, já teriam seus registros cancelados, sem falar no que vem pela frente com a instalação da CPI do SwissLeaks – HSBC.

Com contas secretas na Suíça, famosos e conhecidos brasileiros doaram dinheiro a candidatos do PSDB, PT, PSDC, PV, PMDB, PSC, DEM, PP, PROS, PTB, PRB e PSB. Pelo andar da carruagem, vamos ficar sem partidos.

E mais: levantamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aponta que as empreiteiras investigadas pela Lava Jato doaram aos diretórios nacionais do PT e do PSDB valores equivalentes.

Duas perguntas são pertinentes: 1) o instrumento da delação premiada só vale para o PT, PMDB e o PP? 2) Por que as doações ao PSDB não são consideradas como propinas?

Com efeito, veja o que disse o doleiro Alberto Youssef sobre a conhecida Lista de Furnas: “Aécio Neves levava US$ 100 mil por mês”. Vale ressaltar que o esquema durou quase todo o governo FHC.

O telhado do tucano e ex-presidenciável Aécio Neves é de vidro. Quem tem rabo preso é desprovido de credibilidade. Não passa de um simulacro de “paladino da moralidade”. Um falso moralista.

A presidente Dilma Vana Roussef tinha razão quando disse que não ia ficar “pedra sobre pedra”. E as pedras maiores são o PT e o PSDB.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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marco wense1Marco Wense

Uma inominável bobagem. É o mínimo que se pode dizer para os que só acreditam nas informações dos jornais e blogs da capital, nos comentários e opiniões dos articulistas políticos soteropolitanos.

Saiu lá, então é verdadeiro, inquestionável. A notícia tem credibilidade. O que se diz é conclusivo e liquidante. O jornalismo do interior é alienado e desinformado. Ledo engano.

Francamente, como diria o saudoso estadista Leonel de Moura Brizola, não vejo nada de surpreendente na imprensa da “capitá”, principalmente quando o assunto é política.

Aliás, é comum perceber a falta de conhecimento de jornalistas de Salvador em relação ao processo sucessório no interior. Uma das poucas exceções é Samuel Celestino.

Escrevi, em fevereiro, que a oposição decidiu ter um só candidato nos colégios eleitorais maiores. Itabuna, por exemplo, com o ex-prefeito Fernando Gomes (DEM) ou o deputado estadual Augusto Castro (PSDB).

Disse ainda que o parlamentar tucano não criaria nenhum problema para o ex-gestor. Ou seja, abriria mão de sua legítima postulação em nome da importante e imprescindível unidade.

E mais: que depois de Salvador, com a reeleição de ACM Neto, o consenso oposicionista seguiria para Feira de Santana, Vitória da Conquista, Ilhéus e Itabuna.

Só agora, mais de um mês depois, a Coluna Satélite, do Correio da Bahia, noticia sobre a decisão da oposição de lançar um só candidato nas grandes e médias cidades.

Nossa imprensa é forte, atuante e bem informada. Temos bons jornais, blogs e, principalmente, bons comentaristas políticos.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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adroaldo almeidaAdroaldo Almeida | adroaldoalmeida@hotmail.com

Não há uma crise de representação, nem política tampouco de governo. Existe o fim de um jeito e de uma maneira de tomar decisões. Não há destreza política necessária nem arranjo legal para a conveniência dos representados. Um tempo se acabou.

Agora em março de 2015 completamos 30 anos de democracia ininterrupta no Brasil. No mês passado, o PT fez 35 anos de existência e a Constituição Brasileira já tem mais de 26 anos e 85 emendas.

A nossa democracia ainda é jovem e sobrevive num arranjo que mantém atores expressivos dos tempos da ditadura em todos os setores dos poderes, sobretudo no parlamento, mas também no Executivo e no Judiciário. Ainda sobrevivem práticas, regulamentos e líderes do passado autoritário, um arremedo de concertação política que contamina um futuro de melhor representação popular e gestão democrática.

Entretanto, formal e tecnicamente, tudo está funcionando. Existem debates e produção de leis no Congresso, o Judiciário exara decisões, o Governo toca grandes obras, a Imprensa denuncia diuturnamente, a Polícia tem investigado e o Ministério Público denunciado crimes, inclusive com prisões de alguns maiorais tanto da política como dos detentores da riqueza.

Todavia, há uma tensão política que se agrava, vai para as ruas e pode tornar-se enfrentamento social. Mas, não é novidade, ocorreu em 1998 no tempo de FHC; em 2005, com Lula e nas manifestações de junho 2013. Então, o que está acontecendo e qual a saída menos dolorosa?

Parece-nos, apressadamente, que a resposta está no sistema e no modelo. O exercício dos poderes na democracia que temos está muito distante do povo, que, percebendo isso, cansou e resolveu mudar. As formas de gerir o Estado e distribuir o poder chegaram ao limite, estão esgotadas, finalizadas e exauridas. Não se trata apenas de corrupção numa empresa. Não há uma crise de representação, nem política tampouco de governo. Existe o fim de um jeito e de uma maneira de tomar decisões. Não há destreza política necessária nem arranjo legal para a conveniência dos representados. Um tempo se acabou.

Como membro ativo da legenda, ainda no calor da hora, entendo que o PT ainda é o partido legitimado para liderar essa nova jornada, por ser de massas, popular e democrático internamente, mas precisa se reerguer, levantar bandeiras e gritar nas ruas. Unir a sociedade não necessariamente para suas teses, mas para enxergar a virada no tempo histórico que se apresenta: Uma Constituinte Exclusiva, fora de Brasília e do Congresso, para a reforma dos Poderes, todos eles, Executivo, Judiciário, Legislativo e seus suplementares e complementares, o Ministério Público e a Polícia.

Um novo tempo, uma nova ordem.

Adroaldo Almeida é advogado e ex-prefeito de Itororó pelo PT (2009-2012).

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marco wense1Marco Wense

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu vista na Ação Direta de Inconstitucionalidade contra o toma-lá-dá-cá.  A eficaz e imprescindível Adin, proposta pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados, continua engavetada, empoeirada, fora da pauta. São quase 365 dias de “esquecimento”.

Só os insanos e inconsequentes torcem pelo “quanto pior, melhor”, como faz o senador Aloysio Nunes (PSDB), vice de Aécio Neves na última eleição presidencial.

“Quero ver a Dilma sangrar”, diz o tucano sem nenhum constrangimento, verberando com exaltada satisfação, feliz da vida com as palavras, gestos, opiniões e atitudes vampirescas.

Os protestos contra o governo Dilma são assegurados e protegidos pela Constituição Federal. O que é inaceitável é a incitação ao crime e os xingamentos incivilizados dirigidos à nossa presidenta.

O povo, os políticos de oposição, os que pregam o retorno dos militares e os defensores do impeachment têm todo o direito de protestar, desde que pacificamente, sem armas, como preceitua o art. 5°, inciso XVI da Carta Magna.

A aposentada juíza do TJ-BA, a sempre simpática Sônia Maron, tem razão quando diz que “o Brasil não é uma capitania hereditária do partido que elegeu o chefe do Executivo de um dos poderes”.

Mas não pode ser um Brasil de uma oposição raivosa, que, aos gritos, aos berros, chama a maior autoridade do país de “vaca” e “vagabunda”, como aconteceu recentemente em São Paulo.

O mais engraçado é o silêncio, a complacência em torno do que provocou toda essa roubalheira do dinheiro público, sem dúvida o financiamento empresarial de campanhas políticas.

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu vista na Ação Direta de Inconstitucionalidade contra o toma-lá-dá-cá.  A eficaz e imprescindível Adin, proposta pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados, continua engavetada, empoeirada, fora da pauta. São quase 365 dias de “esquecimento”.

A ladainha sobre a maléfica influência do dinheiro no processo eleitoral é de priscas eras. Todo presidenciável promete dar fim, mas depois de eleito foge da discussão como o diabo da cruz.

Veja o que disse o então candidato Juscelino Kubitschek de Oliveira em 11 de fevereiro de 1954: “Pretendo, se eleito presidente da República, propor uma reforma da Constituição, de modo a abolir a violência trazida no predomínio do dinheiro nas eleições”.

Se fosse um protesto para acabar com a impunidade, para colocar os larápios da Petrobras na cadeia, pedindo reforma política e o urgente julgamento da ação da OAB, eu seria o primeiro a comparecer.

Como sou contra o impeachment, a qualquer ruptura democrática, ao ódio, xingamentos e o retorno dos militares ao poder, prefiro ficar na minha modesta residência.

Que o legítimo movimento transcorra com paz e civilidade. E que os senhores políticos – obviamente os irresponsáveis – não coloquem mais lenha na fogueira.

Viva a democracia! Democracia, sim. Golpismo, não.

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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juca kfouriJuca Kfouri | Blog do Juca

Sejamos francos: tão legítimo como protestar contra o governo é a falta de senso do ridículo de quem bate panelas de barriga cheia, mesmo sob o risco de riscar as de teflon, como bem observou o jornalista Leonardo Sakamoto.

Nós, brasileiros, somos capazes de sonegar meio trilhão de reais de Imposto de Renda só no ano passado.

Como somos capazes de vender e comprar DVDs piratas, cuspir no chão, desrespeitar o sinal vermelho, andar pelo acostamento e, ainda por cima, votar no Collor, no Maluf, no Newtão Cardoso, na Roseana, no Marconi Perillo ou no Palocci.

O panelaço nas varandas gourmet de ontem não foi contra a corrupção.

Foi contra o incômodo que a elite branca sente ao disputar espaço com esta gente diferenciada que anda frequentando  aeroportos, congestionando o trânsito e disputando vaga na universidade.

Elite branca que não se assume como tal, embora seja elite e branca.

Como eu sou.

Elite branca, termo criado pelo conservador Cláudio Lembo, que dela faz parte, não nega, mas enxerga.

Como Luís Carlos Bresser Pereira, fundador do PSDB e ex-ministro de FHC, que disse:

“Um fenômeno novo na realidade brasileira é o ódio político, o espírito golpista dos ricos contra os pobres.

O pacto nacional popular articulado pelo PT desmoronou no governo Dilma e a burguesia voltou a se unificar.

Surgiu um fenômeno nunca visto antes no Brasil, um ódio coletivo da classe alta, dos ricos, a um partido e a um presidente.

Não é preocupação ou medo. É ódio.

Decorre do fato de se ter, pela primeira vez, um governo de centro-esquerda que se conservou de esquerda, que fez compromissos, mas não se entregou.

Continuou defendendo os pobres contra os ricos.

O governo revelou uma preferência forte e clara pelos trabalhadores e pelos pobres.

Nos dois últimos anos da Dilma, a luta de classes voltou com força.

Não por parte dos trabalhadores, mas por parte da burguesia insatisfeita.

Quando os liberais e os ricos perderam a eleição não aceitaram isso e, antidemocraticamente, continuaram de armas em punho.

E de repente, voltávamos ao udenismo e ao golpismo.”

Nada diferente do que pensa o empresário também tucano Ricardo Semler, que ri quando lhe dizem que os escândalos do mensalão e da Petrobras demonstram que jamais se roubou tanto no país.

“Santa hipocrisia”, disse ele. “Já se roubou muito mais, apenas não era publicado, não ia parar nas redes sociais”.

Sejamos francos: tão legítimo como protestar contra o governo é a falta de senso do ridículo de quem bate panelas de barriga cheia, mesmo sob o risco de riscar as de teflon, como bem observou o jornalista Leonardo Sakamoto.

Ou a falta de educação, ao chamar uma mulher de “vaca” em quaisquer dias do ano ou no Dia Internacional da Mulher, repetindo a cafajestagem do jogo de abertura da Copa do Mundo.

Aliás, como bem lembrou o artista plástico Fábio Tremonte: “Nem todo mundo que mora em bairro rico participou do panelaço. Muitos não sabiam onde ficava a cozinha”.

Já na zona leste, em São Paulo, não houve panelaço, nem se ouviu o pronunciamento da presidenta, porque faltava luz na região, como tem faltado água, graças aos bom serviços da Eletropaulo e da Sabesp.

Dilma Rousseff, gostemos ou não, foi democraticamente eleita em outubro passado.

Que as vozes de Bresser Pereira e Semler prevaleçam sobre as dos Bolsonaros é o mínimo que se pode esperar de quem queira, verdadeiramente, um país mais justo e fraterno.

E sem corrupção, é claro!

Juca Kfouri é jornalista e mantém o Blog do Juca.

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Valéria Ettinger1Valéria Ettinger | lelamettinger@gmail.com

Enquanto “houver uma mulher em condições não dignas, isso irá repercutir em todas as mulheres” e, assim, todas nós estaremos aprisionadas, sendo conduzidas pelos valores machistas.

Eu recebo flores, mas preciso lutar por igualdade;

Eu recebo flores, mas meu salário é menor que o dos homens;

Eu recebo flores, mas tenho dificuldade de conseguir emprego por causa da maternidade;

Eu recebo flores, mas não tenho o direito de usar a roupa que quero porque sou estigmatizada;

Eu recebo flores, mas dizem que tenho culpa se sou violentada;

Eu recebo flores, mas não existem políticas públicas para a minha saúde enquanto mulher trabalhadora urbana, rural, das florestas e ou do mar;

Eu recebo flores, mas ainda sou tratada como objeto a ser consumido;

Eu recebo flores, mas meu corpo é tratado como uma propriedade privada;

Eu recebo flores, mas dizem que se sou do lar não faço nada e se sou mulher trabalhadora tenho que enfrentar jornadas triplas, sem ajuda e sem reconhecimento;

Eu recebo flores, mas as instituições ainda me tratam com indiferença, escárnio ou dúvida;

Eu recebo flores, mas a CPMI da Violência contra a Mulher ressaltou o assassinato de 43,7 mil mulheres no País entre 2000 e 2010, 41% delas mortas em suas próprias casas, muitas por companheiros ou ex-companheiros;

Eu recebo flores, mas a cultura machista me prendeu em uma identidade de submissão e fraqueza;

Eu recebo flores, mas dizem se sou independente e tenho um bom salário sou uma ameaça aos homens;

Eu recebo flores, mas não posso deixar de enfrentar ou me permitir ser maltratada;

Eu recebo flores, mas ninguém pode me condenar se eu resolver praticar um aborto. As consequências são minhas;

Eu recebo flores, mas gostaria que as mulheres não criassem seus filhos no padrão da cultura machista;

Eu recebo flores e continuarei lutando para que outras mulheres não sofrerem estupros sejam eles individuais ou coletivos;

Eu recebo flores, mas ainda preciso de uma lei que puna severamente os crimes contra a minha integridade física e moral;

Eu recebo flores e gostaria de ver todas as mulheres estudando e trabalhando;

Eu recebo flores e todos os anos, no Dia Internacional da Mulher, lembrarei que nós, mulheres, precisamos nos reconhecer enquanto sujeitos de direitos, nos unirmos em favor de outras mulheres em estado de vulnerabilidade e jamais nos julgarmos por nossas atitudes. Devemos minar cotidianamente todos os espaços de discriminação, romper com os estereótipos, não aceitar e nem reproduzir atitudes sexistas. E, sobretudo, tomar muito cuidado com a criação das filhas e (dos filhos), rejeitar os modelos de feminilidade, desobedecer os códigos de conduta impostos pela divisão sexual do trabalho: mulher não ri assim, não sente e anda assim, não faz, não pode. O feminismo é política e teoria, mas é também um estilo de vida, uma forma de estar no mundo. Trata-se da politização da experiência pessoal (GOMES, 2012, p. 29), pois enquanto “houver uma mulher em condições não dignas, isso irá repercutir em todas as mulheres” (TELES, 2012, p.29) e, assim, todas nós estaremos aprisionadas sendo conduzidas pelos valores machistas.

Valéria Ettinger é professora universitária e assessora do TJ-BA.

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marco wense1Marco Wense

O consenso entre os partidos de oposição ao governo Rui Costa (PT) é de que a união das legendas e de suas principais lideranças é imprescindível na eleição de 2016.

O grito de guerra – “oposição unida, jamais será vencida” – já começa a ser entoado pelo DEM, PSDB, PMDB e pelos eleitores enraizadamente antipetistas.

Em relação a mais importante sucessão, sem dúvida a soteropolitana, não há nenhuma fissura. A sobrevivência política do oposicionismo depende da reeleição do prefeito demista ACM Neto. A tábua de salvação.

Esse acordo, antes implícito e de bastidores, já é do conhecimento de todos, tem o aval dos comandos estadual e nacional e caminha para ficar cada vez mais consistente com a proximidade do processo sucessório.

Depois de Salvador, o consenso segue para Feira de Santana, Vitória da Conquista, Ilhéus e Itabuna. Cada cidade só terá um candidato, podendo ser do PMDB, DEM, PSDB e de legendas de oposição ao governo estadual.

Não existe, portanto, nenhuma possibilidade de Itabuna, por exemplo, ter dois nomes disputando o Centro Administrativo Firmino Alves, o que seria uma imperdoável burrice política.

O leitor atento, curioso, vai fazer duas pertinentes perguntas: 1) Quem seriam os pré-candidatos da oposição? 2) Qual seria o principal critério para definir o prefeiturável?

Respondendo ao segundo questionamento, o critério das pesquisas de intenção de votos é compulsório, tido como definidor quando é preciso tomar uma inadiável posição.

E os candidatos? O ex-prefeito Fernando Gomes e o deputado estadual Augusto Castro, respectivamente pelo DEM e PSDB, são os favoritos. O tucano abre mão da disputa se FG for pré-candidato.

No governismo, com petistas versus petistas, vanistas versus comunistas, a coisa é complicada. Ainda tem o imbróglio de Geraldo Simões, se vai ou não deixar o Partido dos Trabalhadores (PT).

Marco Wense é articulista do Diário Bahia.

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tmp_7710-2147_futebol-a-festa-acabou-01652084600Dom Murilo Krieger

Recomeçaram os campeonatos estaduais de futebol. Isso nos faz lembrar que num passado não muito distante, dirigentes de futebol, crônica esportiva e torcedores se preocupavam com a violência dentro de campo, entre os jogadores. Multiplicavam-se deprimentes espetáculos de uma falsa luta de boxe. Foram feitos progressos no setor, para alegria geral do publico que vai aos estádios para ver o futebol; para quem gosta de apreciar a prática de violência, há filmes suficientes na televisão.

Nos últimos tempos, para surpresa geral, surgiu algo novo. Os desentendimentos, as brigas e os feridos estão, agora, nas arquibancadas em torno do estádio. Jogo de futebol na Bahia é exceção, graças a deus! – -e ocasião de risco a integridade física do expectador. À violência verbal, que alguns procuram justificar como uma necessidade para aliviar o “stress”da vida moderna (?), junta-se uma outra coisa ainda mais lamentável: a física. Os instrumentos que alguns torcedores levam consigo para ir ao estádio fazem nascer uma pergunta: eles estão mesmo pensando no esporte? Restos dos homens primitivos, que pensávamos ter desaparecido completamente com o abandono das cavernas, parecem ressurgir aqui e ali. O futebol, que deveria ser uma festa para os olhos e fonte de alegria para o coração, fica de lado.

Psicólogos e comentaristas esportivos tem procurado explicações para tanta violência. Choca-se o fato de que ela não é exclusiva de nenhum país, de nenhum time ou de nenhuma cidade. Qual reação em cadeia, a violência espalha-se rapidamente por toda a parte e passa a ser considerada “normal” até em lugares tidos como pacatos. Até que ponto irá a violência? Até quando persistirá?
Entre os valores que a violência destrói, chamo atenção para um: a festa. O espírito festivo deveria estar presente em qualquer partida de futebol ou prática esportiva, já que é um aspecto essencial de nossa vida, um profundo anseio do coração humano. A revolução industrial e tecnologia deu origem não apenas a uma melhor qualidade de vida, como também uma gradual redução do tempo de trabalho. É verdade que nem todos participam, ainda, dessas conquistas, mas o processo é irreversível. Crescendo o tempo livre, crescem também as opções de lazer.

Precisamos reconhecer que a quantidade de diversão tem crescido; sua qualidade; nem sempre. Não basta termos alguns momentos de descontração e divertimento, sempre à espera de novas experiências. Fomos criados para fazer uma profunda experiência da alegria. A verdadeira alegria renova o coração, faz crescer o espírito comunitário e gera renovadas expressões de solidariedade. Voltemos ao futebol. A medida em que crescem nos estádios, ou ao redor deles, a briga entre as torcidas e torcedores, perde o futebol e perdemos todos nós. Será tão difícil assim compreendermos que não há um jogo de futebol com um só clube? Que não há paixão clubística se todos estiverem torcendo pelo mesmo time? Que é essencial a existência de pessoas e grupos que agitem bandeiras diferentes e gritem outras palavras de ordem?

O Maracanã não teria graça se só o Flamengo e o Madureira disputassem o campeonato carioca. A presença de bandeiras de outras cores é que torna o espetáculo bonito. Vale o mesmo para os jogos do Bahia, do Vitória, ou para prestar uma homenagem à Irmã Dulce – do Ipiranga.

Façamos do futebol uma festa, um encontro de irmãos, não de inimigos a serem destruídos. Os problemas que precisamos enfrentar dia a dia não são poucos, nem pequenos. Porque aumenta-los? Momentos de descontração nos ajudam a enfrentar e a superar os desafios que se renovam em nossa vida. Por fim um lembrete. O torcedor que deixa sua casa para ir ao estádio de futebol é um ser humano, como cada um de nós. Ele não pode ser visto como um inimigo só porque torce para um time diferente. Respeitá-lo é o primeiro passo para que, juntos, façamos da vida uma festa. Ora, uma festa é tanto mais bela quanto mais pessoas dela participarem.

*Artigo publicado, originalmente, na coluna dominical de Dom Murilo Krieger n’A Tarde.

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robenilson torresRobenilson Torres | robenilson.sena@gmail.com

Achar que a polícia vai resolver tudo é uma visão míope do problema. Temos que sair do binômio polícia-bandido e ocupar a cidade com políticas públicas para que a juventude possa exercer a sua cidadania.

A rotina quase diária de vítimas letais nos faz lembrar que estamos diante de mortes anunciadas em uma cidade que há décadas tem sentido o efeito de seu inchaço demográfico, sem a devida atenção dos gestores às questões estruturantes e causas do problema. A posição é reforçada pelos dados apresentados pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) em que a cidade de Itabuna lidera com os maiores índices de homicídio de jovens e adolescentes do país

É difícil esperar melhores estatísticas, quando bairros como Santa Inês e Antique, frequentemente citados nas páginas policiais, comunidades de abrangência da Base Comunitária do Bairro Monte Cristo, não possuem um único equipamento de lazer, cultura ou sequer uma quadra de esportes. Os poucos equipamentos disponíveis são no centro da cidade e o acesso à cidade para o estudante pobre encontra barreira na lei municipal que regulamenta a meia passagem no transporte coletivo, pois limita seu uso ao trajeto casa-escola, vetando-a no período de férias escolares.

Além da ausência do poder público nos bairros periféricos, outro elemento que merece destaque na reflexão sobre os homicídios de adolescentes e jovens é a desigualdade racial. Segundo levantamento da própria SDH/PR, o risco de um adolescente negro ser vítima de homicídio chega a ser cinco vezes maior que o de adolescentes brancos.

Ouve-se muito dizer que a cidade está refém da violência e até celebrações são feitas quando adolescentes são assassinados ou tombam nos “autos de resistência”. Há uma pérfida surpresa quando as estatísticas são apresentadas colocando Itabuna no topo da violência. Porém, ao invés dos gestores reconhecerem o problema e focar na viabilização de medidas para solucioná-los, contestam os dados e apresentam números de pacotes de “boas ações” realizadas, enquanto a juventude, continua sendo vitimada e a desigualdade social e racial longe de serem dissipadas.

É necessário reconhecer o problema e enfrentar a epidemia estrutural da violência para ser capaz de transformar a realidade em que vivemos e tal enfrentamento não se efetiva somente anunciando construções presídios. Achar que a polícia vai resolver tudo é uma visão míope do problema. Temos que sair do binômio polícia – bandido e ocupar a cidade com políticas públicas para que a juventude possa exercer a sua cidadania com a necessária ação, presença, participação e contribuição das organizações da sociedade civil e das famílias aliada à tarefa de um trabalho intersetorial transversal do poder público.

A melhor forma de se combater a violência, a discriminação racial e a desigualdade é indo às causas que fazem com que estas realidades se imponham, e oferecer aos jovens, preventivamente, alternativas de cidadania, de vida e de esperança melhores do que a opção ofertada pela criminalidade. Somente assim Itabuna deixará de ser noticiada como “Cidade proibida para menores”. Educação é o melhor caminho e pensar Itabuna é pensar a sua a juventude.

Robenilson Torres é educador social em Itabuna.