Bento Lima fala sobre ex-prefeito Jabes Ribeiro || Foto PIMENTA
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Fogos de artifício pipocaram no céu da Avenida logo após a chegada do prefeito Mário Alexandre e sua comitiva no Centro de Convenções de Ilhéus, por volta das 19h10min desta quinta (18). Estava aberta a 38ª edição do Chocolat Festival, que, por causa da eleição de 6 de outubro, transformou-se em arena política. O grupo do PSD, liderado por Marão e pelo pré-candidato a prefeito Bento Lima, reuniu apoiadores vestidos de amarelo e percorreu os estandes. 

Após a saída do ex-prefeito Jabes Ribeiro da corrida eleitoral, surgiram especulações sobre a possibilidade de uma composição PP-PSD. Nelas, costuma-se lembrar que, em dezembro, a base de Mário Alexandre votou em peso a favor da aprovação de contas do ex-prefeito.

Entrevistado pelo PIMENTA durante a visita ao Festival, Bento Lima disse considerar que esse tipo de conjectura faz parte do processo político e declarou ter um sentimento de solidariedade ao ex-prefeito, segundo ele, pela forma como a retirada da pré-candidatura foi construída. 

Ex-secretário municipal de Gestão e Inovação, Bento também falou da relação com o Governo do Estado num contexto em que o partido do governador Jerônimo Rodrigues, o PT, trilha caminho diferente do PSD em Ilhéus. Leia.

PIMENTAHá rumores de aproximação entre a sua pré-candidatura e o grupo do ex-prefeito Jabes Ribeiro. Procedem?

BENTO LIMA – Na verdade, o prefeito Jabes tem uma história política muito longa e grande nessa cidade e construiu seu score político. Naturalmente, quando ele sai do jogo, algumas pessoas tendem a tentar criar uma aproximação de um grupo que sempre teve disputa com o grupo da deputada Ângela [Sousa] com o nosso grupo. Nós temos posições políticas muito bem definidas, muito bem sedimentadas ao longo de 20 anos de grupo político na cidade de Ilhéus. Entretanto, a saída dele [da corrida eleitoral], da forma como foi feita, do modo como isso foi construído, o que nós temos dado a ele é solidariedade e nos aproximado no sentido humanístico. Porque você sair de um pleito, desistir de uma corrida eleitoral, naturalmente, traz sentimentos. E a gente tem se solidarizado com ele nesse sentido.

Alguém causou dano aos planos do ex-prefeito?

Não, eu não consigo medir isso, porque eu estou em outro campo. Eles estão lidando lá com as suas diferenças, no exercício de tentar unir, de tentar se aproximar. E nós estamos cá, dentro do nosso grupo, fazendo o mesmo. Então, é muito mais você cuidar do jardim para atrair a borboleta do que correr atrás de borboleta. A gente está cuidando do nosso jardim.

Então, seria uma composição bem-vinda.

Não, acho que, dentro do contexto, você não consegue chegar a essa conclusão, não.

Houve um tensionamento entre o grupo do prefeito Mário Alexandre e o grupo de Adélia Pinheiro (PT) e do Governo do Estado. Há um estremecimento na relação com o governador Jerônimo Rodrigues?

Eu não senti nem o tensionamento, muito menos, o estremecimento. Na verdade, nós temos dentro de Ilhéus, como eu disse, uma posição política muito bem firmada, uma estrada muito bem pavimentada. Nós temos resultados políticos e administrativos colocados. Quando digo resultados políticos, a gente observa a votação do governador Jerônimo dentro da cidade. A gente observa tudo que o prefeito Mário construiu e está deixando de legado. Isso tudo está sendo colocado na mesa dentro desse processo eleitoral. O PT de Ilhéus tem uma posição divergente dessa. Uma visão diferente dessa que nós vemos. Mas, tudo dentro do campo da política e da democracia. Ninguém é dono da verdade. A verdade está sempre sendo construída.

Existe a possibilidade de aliança com o PT de Ilhéus?

Cenas do próximo capítulo.

Valderico Junior fala sobre saída de Jabes da corrida eleitoral || Imagem TiTV
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O pré-candidato a prefeito de Ilhéus pelo União Brasil, Valderico Junior, avalia que, na Carta aos Ilheenses, o ex-prefeito Jabes Ribeiro (PP) não declarou apoio a ele, Valderico, por respeito a aliados. No documento, Jabes formalizou a retirada da pré-candidatura a prefeito

Segundo Junior, a declaração de apoio de Jabes Ribeiro ao seu nome veio, de forma explícita, na última reunião da frente partidária, no mesmo sábado (13) da divulgação da Carta. 

Nesta entrevista ao PIMENTA, o pré-candidato do União Brasil também fala do diálogo com outros partidos que não integram a base do Governo Jerônimo Rodrigues; aponta a unidade como única forma de vencer o pleito de 6 de outubro; rechaça notícia de briga e comenta o papel do vice-presidente nacional do UB, ACM Neto, na construção da aliança partidária em Ilhéus. Leia.

PIMENTA – O que foi determinante para a decisão do ex-prefeito Jabes Ribeiro de retirar a pré-candidatura?

VALDERICO JUNIOR – Fizemos várias reuniões, análises. União Brasil e PP sabem da importância da unificação. Somente assim poderemos ter competitividade para ganhar as eleições. Fizemos várias pesquisas, com fontes distintas, e construímos os critérios, dentre eles, intenção de voto, que é primordial. Tem que ter voto. Não adianta não ter rejeição e não ter voto. A gente tem perspectiva de crescimento e estabeleceu critérios como intenção de voto, rejeição, transferência de voto, embate direto e desejo da cidade, principalmente isso, com [pesquisas] qualitativas. E chegamos num denominador para ter unidade. É difícil. São várias pessoas, várias mentes, mas a gente tem a necessidade de caminhar em conjunto para ter um time forte e competitivo para ganhar as eleições.

Pesou o entendimento de que seu nome tem maior viabilidade eleitoral e melhores condições de unir a oposição?

Isso. Reúne as melhores condições para poder disputar a eleição com a oposição unificada.

Na Carta aos Ilheenses, o ex-prefeito não fez declaração de apoio. Ele fez isso na reunião de sábado?

Sim. A Carta exige muito cuidado. São muitas pessoas e muitos sentimentos envolvidos, uns bons, outros ruins. A gente precisa ir dialogando e construindo. Mas, o próprio ex-pré-candidato Jabes Ribeiro pontuou, na reunião com a frente ampla, a sua decisão de apoiar, seguindo um compromisso feito não só comigo, mas com todos, de apoiar a candidatura escolhida pelo grupo, e a gente poder criar as melhores condições. Isso foi declarado na reunião da frente ampla. E, se não me engano, na segunda ou terceira frase da Carta, ele fala que continuará seguindo [a posição da frente]. Ele não cita o nome do pré-candidato do União Brasil, mas por uma questão de respeito aos seus.

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Diferente do que foi dito por parte da mídia, não teve briga.

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Qual foi o papel de ACM Neto nessa construção?

Fundamental. Lá em 2022, a gente começou todo o processo e visualizou essa união. Todo esse grupo, reunido em prol da candidatura de ACM Neto, conseguiu colocar 10 mil votos de frente para o Governo [do Estado], que investiu na cidade e pensava que tinha hegemonia aqui. No voto a gente mostrou que, com união, é possível lutar. E Neto foi fundamental nessa transparência dos critérios, dos dados, para que pudéssemos chegar firmes nessa consolidação. Diferente do que foi dito por parte da mídia, não teve briga. [A escolha do candidato] foi totalmente construída por várias mãos. Estou feliz, otimista e com o entendimento de que a gente tem muito o que somar para evoluir.

Qual foi a reação das pessoas nesses primeiros dias após o anúncio do ex-prefeito?

As pessoas reconhecem a força e a história política do ex-prefeito Jabes Ribeiro. Uma decisão como essa dá uma energia muito grande. Junto com o desejo da cidade de renovar, ter o apoio do grupo do PP e dos outros partidos da frente, onde nós estamos discutindo caso a caso para poder ter essa unidade e para que as pessoas possam confiar no projeto como um todo, que vem sendo construído por todos eles. Eu gostaria muito da participação desses partidos não só para ganhar a eleição, mas para pensar e administrar Ilhéus. O calor do povo tem sido cada vez mais forte. A gente sente isso no apertar de mão, no abraço, nas palavras.

E as lideranças da frente partidária, como reagiram?

Cada um tem seus compromissos com seus pré-candidatos e sua linha, mas a racionalidade tem sido predominante. Por mais que você goste mais do candidato A, B ou C, você entende que, com unidade, a gente tem viabilidade para ganhar – e é o único jeito que nós temos. Temos discutido bastante, cada um com seu tempo e sua maneira, mas com a responsabilidade da discussão de um projeto para Ilhéus.

O PP condicionou o apoio à indicação do vice da sua chapa?

Não. Mais uma vez, a importância da experiência do ex-prefeito Jabes Ribeiro, que se colocou à disposição para discutir o melhor nome, a melhor composição, para que a gente agregue mais no processo político. Não adianta simplesmente cargos por cargos, partido A, B ou C impondo que vai indicar a vice. A melhor composição, a maior viabilidade, é o que precisa ser pensado para ganhar as eleições.

A definição do vice vai ficar para a reta final do prazo das convenções?

Isso está sendo discutido no dia a dia. Estamos buscando o melhor entendimento. Se Deus abençoar e a gente conseguir fazer as composições e construir unidade em um tempo menor, não tem por que segurar tanto. Claro, temos o prazo legal, a partir do dia 20 agora até o dia 5 do próximo mês.

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Dialogo, dialogarei com qualquer um.

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Procede que você conversou sobre possível aliança com o PT?

Não. Em nenhum momento foi conversado sobre possível aliança. Comigo, pelo menos, não. Represento o União Brasil na cidade e tenho diálogo e amigos em todos os partidos. Sou um ser político e tenho capacidade de dialogar com qualquer um. Não há inimigo, há divergência política, um olhar diferenciado, prioridades diferentes. É em cima disso que a gente trabalha. Dialogo, dialogarei com qualquer um que seja, mesmo não estando no mesmo campo. O diálogo é bom para tudo, mas respeitando o espaço de cada um. Mas, repito, não conversei com o PT sobre aliança em Ilhéus.

Como andam as conversas com o pré-candidato Augustão e o PDT?

O PDT é importante nesse processo. Temos construído uma boa relação. Claro, eles têm os pensamentos deles e nós temos os nossos. O tempo é cada vez mais curto e esse diálogo tem sido mais frequente. Sempre tive uma excelente relação com Augustão. Sempre respeitei muito o presidente Humberto [Neto] e toda a sua equipe. Tenho um caminho super aberto de diálogo com eles para a gente construir o melhor conjunto para a cidade de Ilhéus.

Jerônimo entrega moradias em Itabuna e fala sobre eleições nas cidades-chave da Bahia || Foto PIMENTA
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O governador Jerônimo Rodrigues entregou, nesta sexta-feira (5), os 80 apartamentos construídos pelo programa Bahia Minha Casa no Jaçanã, em Itabuna. Os imóveis vão abrigar famílias atingidas pela segunda maior enchente da história do município, no final de 2021. O lar, segundo o mandatário, é ambiente de segurança, tranquilidade e formação, elementos caros à dignidade humana. Após o descerramento da placa, concedeu entrevista em que falou sobre o cenário eleitoral e citou municípios como Salvador, Vitória da Conquista, Itabuna e Ilhéus.

Sobre as cidades do sul da Bahia, disse trabalhar para que aliados vençam as eleições deste ano e apontou que é possível superar o desempenho eleitoral da base governista em 2022, enfatizando a confiança na gestão do prefeito Augusto Castro (PSD) em Itabuna e o diálogo com o prefeito de Ilhéus, Mário Alexandre (PSD), e com a pré-candidata do PT na Terra da Gabriela, Adélia Pinheiro. 

Na sua avaliação, a base construiu consenso em torno da pré-candidatura de Geraldo Junior (MDB) em Salvador, e a articulação da capital ganhou mais consistência com a indicação da ex-secretária Fabya Reis (PT). 

Na entrevista, também descreveu seu estilo na condução do Governo e do Conselho Político, afirmando priorizar o diálogo e a escuta. Conforme o governador, não se pode querer ditar o destino político das cidades baianas a partir da capital. Leia.

PIMENTA – O senhor é presidente do Conselho Político do Governo. Qual vai ser o desenho para o enfrentamento eleitoral, daqui a pouco?

JERÔNIMO RODRIGUES – Não é daqui a pouco (Risos). Já estou nessa pegada há tempo, pensando em cada município da Bahia. Temos um conjunto de partidos no Conselho, com bons entendimentos. Onde tiver uma liderança de um partido, do PCdoB, [por exemplo], que esteja à frente, sozinho, liderando, não tem como desancorar. É ali. Tem locais que temos dois, três nomes. Temos que sentar, debruçar e encontrar saída. E tem lugares que falta fechar um vice, a bancada de vereadores está montada. Estamos desenhando isso de acordo com a realidade. Por exemplo, pegamos Salvador com cinco, seis nomes, e fomos construindo, dialogando, e chegamos a um consenso com o nome de Geraldo Júnior.

Há resistência do partido do senhor, o PT, ao nome escolhido.

Não. Não resistência. Em qualquer lugar, de qualquer partido, as pessoas não fecham 100%. Mas, nesse caso, posso lhe dizer, teve consenso geral. E, agora, com a chegada de Fabya Reis, isso unificou ainda mais. Geraldo conhece a cidade. Tem estudado bastante. Tem se debruçado sobre o projeto. Temos um projeto de Estado. Não pode ninguém ficar pensando que não tem debate, uma disputa política de um projeto para Salvador, que é na mesma linha da disputa de um projeto para a Bahia. Aqui, temos aliados de primeira hora, quem me carregou no ombro, foi solidário comigo na hora que precisei. Não tem dúvida nisso.

Jerônimo: “confiamos na gestão de Augusto” || Foto PIMENTA

As negociações conduzidas em Itabuna e Ilhéus fazem com que o Governo creia em vitória dos aliados?

Trabalhamos para isso, porque não se muda a política como o senhor pegou a chave ali,  fechadura boa, abriu, entrou na casa. Na política não é assim, tem histórico. Essa foi uma região que não tivemos boa performance. Precisamos melhorar Ilhéus e Itabuna, principalmente. Esses municípios são espelhos para a região e temos possibilidade real de reverter a situação em Itabuna, estamos construindo. Estive lá em Ilhéus, entregando a ampliação do aeroporto. Estive com Marão, com Adélia, é uma boa disputa interna, em casa, mas [a vitória] tem que vir para o colo da gente. É dialogar com maturidade e resolver. Não posso perder a possibilidade de continuar sendo parceiro de Ilhéus e Itabuna. Não posso me dar a esse luxo. As dificuldades a gente trata. Confiamos, por exemplo, na gestão municipal de Augusto. Voltamos de uma entrega de uma Unidade de Saúde da Família, de uma visita ao Hospital de Base, tudo feito com muito carinho. Entregamos essa unidade habitacional. Estamos indo anunciar novos investimentos importantes para Itabuna. No Conselho, o respeito que tenho é de não fazer, como alguns fizeram no passado e fazem, de Salvador querer mudar a política aqui. Não é assim. Temos que respeitar quem lidera o município, quais são as forças nossas. São forças vivas. Temos um potencial muito forte no oeste, extremo-sul, aqui no litoral, baixo-sul e na região metropolitana.

O senhor disse mais cedo, em entrevista ao PIMENTA, que tem um estilo, que não vai impor, mas vai mostrar qual é. Qual vai ser esse estilo na negociação eleitoral e na condução do governo?

Já está revelado. Sou do diálogo, da escuta. Em Conquista, temos Lúcia, do MDB, e Waldenor, dois nomes nossos. Vou empurrar Lúcia da carroceria? Vou tirar Waldenor sem construir isso? Não dá para fazer assim. Não faremos assim. Quem topa o diálogo vai encontrar diálogo. Tenho procurado isso. Conversei bastante com Adélia, com o grupo de Adélia, com o grupo de Marão, porque não estou governando e gerenciando com a estrela do PT. Estou governando com um símbolo, uma insígnia, de um Conselho que tem oito, nove, dez partidos. Então, é Éden que tem que fazer a boa disputa do PT, é Wagner. Pelo PSD, é Otto. Isso não desarruma a casa. Pelo contrário, fortalece a nossa potencialidade de ficarmos mais unidos, de eles confiarem quando a gente diz: a palavra nossa é essa. Quando dermos a palavra, pode saber que a gente vai enfrentar até a última gota do suor da gente. Aqui em Itabuna, em Ilhéus e na região também estamos fazendo esse movimento.

Para Isaac, Augusto é o pior prefeito da história de Itabuna
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O médico, enfermeiro, ex-policial militar e ex-secretário municipal de Saúde Isaac Nery é uma liderança em ascensão na política de Itabuna. Nas eleições de 2020, candidatou-se a prefeito pelo Avante e obteve 7.498 votos (7,25%). No pleito seguinte, tentando uma cadeira na Câmara dos Deputados pelo Republicanos, foi o escolhido de 11.460 eleitores itabunenses (10,65%).

Filiado ao PDT desde março, o pré-candidato a prefeito falou ao PIMENTA sobre o desempenho de sua pré-campanha, defendeu o ensino em tempo integral como forma de alavancar a educação no município e fez duras críticas ao prefeito Augusto Castro (PSD), em quem tenta colar a pecha de “pior” gestor da história da cidade.

Apesar de reconhecer que, neste momento, nenhum prefeiturável assumiria a disposição de se candidatar a vice-prefeito, Isaac diz acreditar que a oposição vai se unir para derrotar o atual gestor municipal. Leia a entrevista.

PIMENTA – Qual é o balanço de sua pré-campanha até aqui?

ISAAC NERY – Nossa pré-campanha tem sido através de propostas. Não tem apoio financeiro como o prefeito, que tem a máquina, e o deputado Pancadinha, que tem acesso aos recursos dele. Temos feito uma pré-campanha impulsionando as nossas redes sociais, conversando com a população, falando das nossas propostas. Isso tem tido um desempenho muito bom, surpreendente, graças a Deus. Estamos finalizando o mês de junho surpreendendo. As pesquisas divulgadas até agora são fakes. Não mostram o crescimento real de Dr. Isaac Nery. No meio da população, você vê como está o nome de Isaac Nery e como nossas propostas são aceitas. A população nos vê e enxerga um pré-candidato que fala a verdade, que faz promessas, mas executáveis.

Quais propostas têm sido bem recebidas?

Cuidar de gente. Sempre digo que cuida de gente quem gosta de gente, quem ama gente. Itabuna está destruída. Não consegue atrair empresas. O prefeito não gera emprego, não atrai empresas. Ao contrário, a Tel fechou. Estivemos lá. Segundo a gerente, Itabuna perdeu dois mil postos de trabalho com a saída da Tel. A gente tem falado de educação, porque as escolas de Itabuna estão fechadas, e colocaram os alunos em outras escolas, todas cheias, com salas lotadas. Um calor absurdo. São fatores que desestimulam a criança.

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Quero ver a criança acordar sábado de manhã já sonhando em ir segunda-feira para a escola.

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Como melhorar a educação?

Nossa proposta é educação em tempo integral, a partir do ano que vem, com fé em Deus. Não só reformar, Itabuna precisa construir algumas escolas-modelo. Vamos ter recursos para isso através do Fundeb, uma parte chega este ano e outra, no ano que vem. Utilizaremos esses recursos para construir escolas-modelo, implementar uma escola de qualidade, para que a criança fique apaixonada e deseje ir à escola todos os dias. Quero ver a criança acordar sábado de manhã já sonhando em ir segunda-feira para a escola.

Como avalia a gestão da saúde?

Está acabada. A Secretaria Municipal de Saúde e o Hospital de Base devem a fornecedores. No Hospital de Base, a ressonância ficou meses parada. Só agora botou para consertar. O arco cirúrgico, meses parado, só agora mandou consertar. Todos os dias, faltam dezenas de itens básicos, antibióticos, drogas vasoativas, material para fazer diálise em paciente, esparadrapo, lençol. A população está comprando bolsa de colostomia, inclusive os pobres, que não têm condições de comprar, R$ 23 uma bolsa, o Creadh [Centro de Referência de Reabilitação e Desenvolvimento Humano] não fornece. A desculpa é licitação. Mentira! É que deve ao fornecedor e não paga.

A que você atribui esses problemas e como superá-los?

Má gestão. Tirou um cara técnico [da Fasi] para colocar o presidente de um partido, o Republicanos, por conta de jogo político. Daqui a pouco, esse indivíduo, que não tem competência nenhuma para gerir, mostrou que não tinha, é exonerado do cargo. Agora, coloca o ex-prefeito de Itajuípe [Marcone Amaral no comando da Fasi]. Não há preocupação em colocar um gestor que tenha conhecimento técnico. O Hospital deve a fornecedores e não paga. Você vê uma má gestão muito clara. Em 2020, o repasse para o Hospital de Base era de R$ 3,8 milhões e não faltava a quantidade de material que falta hoje. No ano passado, respondendo a um dos meus vídeos, o prefeito disse que estava repassando R$ 6,4 milhões para o Hospital de Base. Se você fizer a conta da variação dos insumos e outras despesas de 2020 para 2023, vai ver que não houve uma variação para consumir a diferença de R$ 2,6 milhões. Tem alguma coisa lá que não está correto. É má gestão.

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O prefeito está usando o mesmo modus operandi de outros prefeitos. Passou dois anos e oito meses fora. No caso desse, em Salvador.

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E a infraestrutura da cidade?

O prefeito está usando o mesmo modus operandi de outros prefeitos. Passou dois anos e oito meses fora. No caso desse, em Salvador. Outros ficaram em Itabuna, mas não trabalharam. Eles passam dois anos e oito meses sem fazer nada na cidade, só maquiando, para quando faltar um ano para a eleição, colocar o asfalto sonrisal. Observe que o gestor está gastando uma fortuna com asfalto, mesmo com recursos do estado. O asfalto é de péssima qualidade. Onde colocou, pocou tudo. A chuva vem e poca tudo. Não coloca rede de drenagem de água e esgoto, não coloca meio-fio. É uma coisa para enganar a população.

Como está o diálogo com outros partidos?

Tenho dialogado com todos. Tive reuniões frequentes com Capitão Azevedo, tive reuniões com Geraldo Simões. Em fevereiro, me reuni com o deputado Pancadinha. Tive reuniões, ano passado, com o pré-candidato do PL, Chico França. Só não tive reunião com o atual gestor. E não faço questão mesmo, até porque é nosso adversário político. Pessoalmente, não temos nada contra o outro, eu espero. Mas, tenho conversado com todos os pré-candidatos e partidos para buscar apoio em torno do nosso nome para prefeito de Itabuna.

Já recebeu alguma sinalização positiva?

Todos são pré-candidatos. Ninguém define a questão de ser vice, mas creio que, até meados de julho, a oposição vai se unir para derrotar o pior prefeito que essa cidade já teve.

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Eu tinha medo do Capitão sair e dizerem que tomei o partido. Não queria ter esse estigma em Itabuna.

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Após a sua chegada ao PDT, Azevedo deixou o partido e foi para o União Brasil. Ficou alguma rusga com o ex-prefeito?

Não. O motivo pelo qual o Capitão trocou o PDT pelo União Brasil não sei. Fui convidado pelo presidente do PDT, Fernando Neto, em janeiro. Não fui, porque já havia um pré-candidato. Disse: “caso o Capitão saia do PDT e não tenha outra pessoa, eu vou. Enquanto o Capitão estiver, não irei. Eu tinha medo do Capitão sair e dizerem que tomei o partido. Não queria ter esse estigma em Itabuna. Em março, numa reunião com o ex-vereador Milton Gramacho, o Capitão me convidou para o PDT, porque eu já estava com a conversa adiantada com o União Brasil. Já sabia que o Capitão tinha a intenção de ir para o União Brasil, só não sabia se ele iria, de fato. O desejo dele era ser pré-candidato pelo União Brasil.

O prefeito Augusto Castro recebeu gestos positivos do governador Jerônimo Rodrigues para as eleições deste ano. Qual é o peso que Jerônimo pode ter? Será muito influente?

Acho que não. Graças a Deus, o povo de Itabuna tem uma questão interessante. Presidente nunca influenciou, muito menos governador, senadores, ministro. Geraldo Simões foi prefeito na época do carlismo. Na primeira eleição dele, em 1992, venceu o candidato do governador. Depois, em 2000, venceu Fernando Gomes, e o governador era César Borges. Com Wagner governador, o PT não venceu em 2008. Fernando era o candidato de Rui Costa em 2020 e quem ganhou foi Augusto, que não era o preferido de Rui, embora estivesse na base, porque tinha o apoio do senador Otto Alencar. Não haverá peso nenhum.

Por essa lógica, apesar da vitória em Itabuna em 2022, é justo pensar que ACM Neto não vai ser um cabo eleitoral forte neste ano.

Não diria um forte cabo eleitoral. Tem um peso, tem, mas não tem o peso de ganhar uma eleição. Tem o peso de conseguir votos, claro, tanto Jerônimo para o lado de Augusto quanto ACM Neto para o candidato que ele for apoiar. Não tenho dúvida disso. Mas, a eleição quem decide é o povo de Itabuna.

Então, você também não acredita em uma disputa com influência da política nacional, do lulismo e o do bolsonarismo.

Fizemos uma pesquisa em fevereiro. Não existe influência nacional ou estadual na eleição de Itabuna para prefeito. Quando falo influência, é para decidir a eleição.

O PDT compõe o Governo Federal e já esteve próximo do Governo da Bahia, mas, há um bom tempo, mantém-se afastado. Caso o senhor seja eleito, isso poderia ser um obstáculo aos interesses de Itabuna?

O Brasil evoluiu muito nessa questão da democracia, e a Bahia também. É necessário separar a disputa entre lados políticos e o que a população precisa. Vamos ter apoio de deputados federais da situação e da oposição ao governo federal. Tenho certeza que o governador Jerônimo tem sensibilidade suficiente para entender que a população não pode ser prejudicada porque o prefeito de Itabuna é oposição a ele no estado. Passou a eleição, vamos procurar o governador e falar dos nossos projetos.

Ana Karen fala sobre os rumos do novo PCBR
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A quadra do Sindicato dos Bancários, no Centro Histórico de São Paulo, recebeu o 17º Congresso Extraordinário do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário. Foi também o ato de fundação do PCBR, criado por militantes que deixaram o PCB após o racha de julho de 2023. Ao PIMENTA, a professora Ana Karen, do Comitê Central do partido nascido no início deste mês, falou das resoluções do Congresso e do horizonte político do organismo.

Médica e professora da Universidade Estadual de Feira de Santana, na Bahia, Ana esclarece que não haverá disputa pela legenda do PCB, mas o novo partido reivindica a trajetória centenária do movimento comunista nacional e internacional. “Consideramos fundamental ter em mente toda a história que já atravessamos e construímos dentro do País, apontando os acertos e erros, bem como refletindo sobre ela para traçar, também, novos caminhos”.

Um dos elementos chaves do Congresso, afirma, foi a leitura de que há uma guerra inter-imperialista em desenvolvimento, com a atuação da Rússia na Ucrânia, por exemplo. Segundo Ana Karen, seria equivocado enxergar na Rússia contemporânea os antigos aliados soviéticos. Com base em uma categoria analítica que atribui ao pensador brasileiro Ruy Mauro Marini (1932-1997), ela vê o país do leste europeu e a China como forças sub-imperialistas, que expandem seu capital para disputar recursos humanos e naturais em países como o Brasil.

Outra posição tirada do Congresso, acrescenta, é a de que o PCBR buscará fazer jus à definição de partido marxista-leninista, com liberdade de crítica e unidade de ação, elementos que, segundo a professora, se perderam no PCB:

– No PCB, apontávamos processo intenso de burocratização, com giro à direita das principais direções, que vinham impondo um conjunto de federações no Brasil. Ou seja, ao invés de termos um partido nacional, capaz de olhar as diversas nuances do País e de se projetar enquanto organismo inserido na classe trabalhadora, tínhamos uma disputa entre comitês regionais. Cada um queria fazer de determinado jeito, muito ligado a um certo caciquismo, com uma briga mais para estar na direção do que para formar um organismo nacional centralizado.

REVOLUÇÃO

O PCBR também nasce como partido de oposição ao Governo Lula, mas à esquerda, observa Ana Karen. Ela concorda com a avaliação de que, nos últimos 35 anos, o pensamento liberal dominou o campo das esquerdas, sob a liderança do Partido dos Trabalhadores, e aponta o caminho para recolocar a revolução no horizonte da ação política:

– [Precisamos estar], cada vez mais, inseridos e lado a lado com a classe trabalhadora nas suas pautas imediatas. Por exemplo, como estão os preços dos alimentos? Como está hoje o acesso ao SUS? Estamos falando de uma classe trabalhadora que acessa o SUS. O Governo está propondo e ponderando atacar os pisos [constitucionais] da saúde e da educação. Se hoje já temos dificuldades, imagina se esses pisos forem quebrados?

Abaixo, assista à entrevista completa.

Adélia Pinheiro: PSD não faz parte do campo progressista || Foto Pimenta
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Do escritório da professora Adélia Pinheiro (PT) é possível ver quase todo o campo do Estádio Mário Pessoa, em Ilhéus. Um grande mapa do município toma a parede diante da mesa de reunião. “Esse não tem anotação”, observou a pré-candidata a prefeita, autorizando o PIMENTA a fotografar o mapa. Nesta pré-campanha, até aqui, a cartografia da ex-secretária de Estado desenha aliança de centro-esquerda, com os partidos Mobiliza e PSOL, além de PCdoB e PV, que integram a federação com o PT.

“A adesão do Mobiliza e do PSOL e o ato de apoio do PCdoB são marcos importantes, significativos, de fortalecimento da pré-candidatura e do nosso campo”, avalia a pré-candidata.

Ouvidos pelo site, membros do PSOL afirmaram que o acordo com o PT enfrentou resistência de socialistas que não querem estar no mesmo palanque do prefeito Mário Alexandre e do pré-candidato de seu partido, PSD, o advogado e ex-secretário municipal Bento Lima, num eventual acordo entre PSD e PT.

Segundo a petista, a conversa com o PSOL não abordou essa hipótese e se concentrou na busca de estratégia vitoriosa para as eleições de 6 de outubro. “Estamos colocando toda a força e expectativa no diálogo com partidos do campo progressista”, emendou. O PIMENTA questionou se o PSD faz parte do mesmo campo. “A princípio, não”, respondeu Adélia Pinheiro.

BEBETO

O site também quis saber das conversas com o PSB do vice-prefeito Bebeto Galvão, pré-candidato a prefeito. “Nossos diálogos são sempre respeitosos, com o entendimento de que há um percurso de pré-campanha, e cada um e uma [segue] da sua forma. Tenho todo o respeito pelo percurso que o PSB e o pré-candidato Bebeto vêm percorrendo”, declarou Adélia, acrescentando ter expectativa de aprofundamento da interlocução com o partido.

AUGUSTÃO

O vereador Augustão, pré-candidato a prefeito de Ilhéus pelo PDT, já fez declarações hostis a Adélia, para quem perdeu disputa interna antes de deixar o PT. Diante dessa constatação, a petista respondeu com elogios, recordando que o parlamentar tem história no campo progressista, assim como o PDT.

– Ele tem trajetória de vida muito alinhada ao campo de esquerda. Já não estou falando exclusivamente do PDT, mas sim do pré-candidato Augustão, como o conhecem, com sua trajetória que me traz muito respeito e admiração. Tenho a convicção de que assim ele permanece.

VICE

Médica e professora aposentada da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), onde exerceu dois mandatos de reitora, Adélia Pinheiro traçou as características do (a) vice ideal. Para ela, uma majoritária deve ser formada por candidatos com histórias de vida, experiências e competências complementares:

– É o que nos leva à chapa que esteja mais de acordo com os anseios da população e dos compromissos que a gente tem e que venha a firmar com a população de Ilhéus.

A definição, no entanto, ficará para as vésperas das convenções, ponderou.

“MOVIMENTAÇÃO ESTRATÉGICA”

Adélia defende renovação política || Foto PIMENTA

Numa manhã de setembro de 2021, o então governador e hoje ministro da Casa Civil, Rui Costa, entregou a segunda ponte construída em seu governo, em Ilhéus, sobre o Rio Almada, no distrito de Aritaguá, e de uso exclusivo do Complexo Intermodal Porto Sul. Havia acabado de voltar de viagem à China e usou o gigante asiático como exemplo de país onde se priorizam as políticas de Estado e não de governo.

Para Rui, o mesmo foi feito pelos governos do PT na Bahia com os projetos do Porto Sul e da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), fazendo justiça, segundo ele, ao legado do engenheiro Vasco Neto (1916-2010) para o desenvolvimento da infraestrutura de transporte do Brasil.

Perguntamos a Adélia Pinheiro se aquela perspectiva de longo prazo, defendida por Rui, poderia ser transportada para a formação de quadros políticos e se era a ideia que o ex-governador tinha no horizonte quando a delegou, em 2019, o comando da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação e, em 2021, da Pasta de Saúde. A pré-candidata concordou. Foi uma semente?

“Prefiro chamar de movimentação estratégica, que deu visibilidade, participação e empoderou um agente político do interior da Bahia. No Litoral Sul, no eixo de Ilhéus, há algum tempo, vínhamos falando da necessidade de renovação, de novas lideranças mais alinhadas com as necessidades da população e a construção de políticas públicas vinculadas à garantia de direitos e aos compromissos do campo progressista. Tem uma coerência muito grande. Fazer parte, ser uma pessoa com essa movimentação no tabuleiro político, é muito importante para mim. Me dá a oportunidade de trazer a liderança em benefício da minha terra e das pessoas que moram aqui”.

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Nascido em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia, Jardel Couto, 42 anos, guarda memórias afetivas das visitas com a família a Ilhéus. Eram dias de veraneio. Da década de noventa, recorda dos pais segurando as crianças pelas mãos para atravessar a rodovia e chegar às barracas da Praia do Sul. Nos anos de 2000 a 2015, frequentou muito Olivença. Gosta da cidade, das praias e vê semelhanças culturais entre os modos de ser do conquistense e do ilheense, o que atribui à proximidade das regiões e a uma identificação entre os baianos fora do eixo cultural de Salvador.

Hoje executivo-chefe da VCA Construtora, Jardel voltou a Ilhéus para lançar o primeiro empreendimento imobiliário da empresa na cidade, o residencial Castélyah, em frente à Praia dos Milionários. O lançamento ocupou o espaço social do Cidadelle Sul, onde o CEO da VCA  recebeu o PIMENTA, neste sábado (8).

Na entrevista exclusiva, detalhou o projeto, que terá 257 unidades e diferentes faixas de preço. Apontou facilidade na aprovação de financiamento próprio da construtora, com parcelamento de até 100 vezes e entrada de 10% do valor total.  “Algo incomum no mercado”, ressaltou.

Também descreveu a qualidade arquitetônica das duas torres e dos apartamentos do residencial Castélyah, com assinatura do renomado arquiteto baiano Antônio Caramelo. O executivo também falou sobre a expansão da VCA Construtora dentro e fora do estado e de parceria com o programa Minha Casa Minha Vida em Ilhéus. Leia.

PIMENTA- Quais são as principais características do Castélyah?

JARDEL COUTO  – Entramos em Ilhéus com a perspectiva de trazer características distintas do que o mercado está acostumado. Primeiro, é um produto com quantidade maior de unidades para conseguir trazer o preço de condomínio dentro da realidade da maioria das pessoas. O condomínio tem que ser convidativo para não ser um empecilho ao investidor ou mesmo para aquela pessoa que não quer ter o valor muito alto, porque, como eles dizem, se torna um aluguel para o resto da vida. Esse não é o objetivo. O objetivo é que a pessoa tenha um condomínio ajustado para ela sentir que está pagando por algo que vale a pena, com o grande serviço que ai receber?

E o que o condomínio vai oferecer?

Área de lazer muito robusta, decorada e mobiliada. Academia, piscina com vista para o mar, espaços de jogos adultos e infantis. Nossos prédios, entendemos que não é só o metro quadrado. Não é vender bloco de concreto. É vender a experiência que o cliente vai ter lá dentro. Para isso, agregamos muitos serviços. Como tem muito investidor que adquire pensando na locação, principalmente de curto prazo, por ser Ilhéus, uma cidade tão badalada agora na mídia mais do que nunca, agregamos ao nosso produto áreas de lazer, onde você tem a loja de conveniência, com padaria, lavandeira compartilhada. O pensamento é fazer com que esse cliente esteja assistido nas suas necessidades mais básicas. Afinal de contas, quem vai passar férias não quer cozinhar. A pessoa quer lazer, momento de descanso e vai comprar o que precisa na loja de conveniência ou na padaria.

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A Praia dos Milionários é objeto de desejo para as pessoas da própria região e do Brasil inteiro.

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A localização ajuda.

Sim, privilegiada. A orla sul está sendo revitalizada. A Praia dos Milionários é objeto de desejo para as pessoas da própria região e do Brasil inteiro. A gente tem cliente do país todo. Talvez Ilhéus esteja no seu melhor momento desde quando a conheço. Sou conquistense. Estou acostumado a vir para cá. Meus pais pegavam pelas mãos das crianças e atravessavam a rodovia para ir às barracas de praia. Então, conheço Ilhéus há muito como turista. Mas, hoje, a cidade pulsa diferente. Talvez esse tenha sido o principal motivador para que a VCA descesse a Serra do Marçal e viesse para cá também.

Como é o processo decisório para um investimento desse porte?

Estamos estudando a cidade há três anos. Ilhéus pulsa de uma forma diferente. Isso nos anima. É o moral da população, como a comunidade enxerga a cidade. Essa transformação de Ilhéus. Acho que veio muito de dentro para fora.

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O moral hoje é diferente. As pessoas acreditam mais na cidade de Ilhéus, falam melhor, isso reverbera positivamente.

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Com os investimentos na infraestrutura urbana?

Sim, muito, mas vejo a maior mudança no comportamento da população. O moral hoje é diferente. As pessoas acreditam mais em Ilhéus, falam melhor, isso reverbera positivamente. Claro que a macroestrutura auxiliou demais o crescimento da cidade, a nova ponte, a revitalização da orla, mas a transformação é maior do que essa. Hoje, o número de pessoas de todo o país comprando imóveis em Ilhéus é muito grande. É o resultado de um desenvolvimento da própria comunidade. Antigamente, você não tinha opção de lazer, de um bom barzinho, de um bom local. Hoje você encontra tudo em Ilhéus. A cidade se transformou. E vocês têm um apelo maravilhoso, que é esse lindo mar. Hoje, vejo Ilhéus na sua melhor fase desde quando a conheço.

Como são os apartamentos do Castélyah?

É um produto com formatação bem interessante. Ele foi desenvolvido pelo arquiteto Caramelo, que é um cara bem conceituado. Ele foi muito feliz em trazer três opções de plantas diferentes. Estamos falando do quarto e sala; dois quartos com suíte; três quartos com suíte; e do duplex. A planta de três quartos tem apartamento com duas vagas de garagem, o que não é tão comum. Com essas três opções de plantas, você consegue atender diversos perfis. Serão 257 unidades.

E os preços?

É produto de médio e alto padrão, em frente à Praia dos Milionários. Tem valor agregado bem maior, com acabamento em porcelanato, rebaixamento de forro de gesso, prédio pastilhado, vidro temperado e laminado. É uma qualificação maior que a gente dá aos prédios. Tem unidade a partir de R$ 293 mil, chegando a R$ 1 milhão. Uma coisa importante é que a VCA é uma das poucas construtoras no mercado que atua financiando o cliente em médio prazo. Com essa unidade de R$ 293 mil, estamos falando em 10% de entrada, R$ 29 mil, e saldo parcelado em até 100 vezes.

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“Temos uma operação voltada para o Minha Casa, Minha Vida”.

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O que a VCA tem em vista em Ilhéus? Ouvimos falar de condomínio horizontal em Olivença, procede?

Vocês estão bem informados (risos). A VCA é uma empresa conquistense, baiana do interior, assim como vocês, e a gente deseja muito crescer. Queremos levar uma empresa do interior da Bahia a um lugar a ainda mais distante. Neste ano, a gente chega a um valor geral de vendas em torno de R$ 1,5 bilhão. É um número gigantesco para uma empresa local. Nosso pensamento é sempre de longo prazo. Não conquistamos isso da noite para o dia. Vai ser assim também com Ilhéus. Qual é o nosso pensamento? O Castélyah é o primeiro empreendimento, mas, anualmente, queremos ter uma consistência de lançamentos imobiliários que chegará a algo em torno de R$ 350 milhões nessa região. Você vai ter o condomínio de médio e alto padrão, que é esse que estamos lançando agora, frente mar. Já tem um horizontal sendo desenhado, pé-na-areia, na região de Olivença, e temos uma operação voltada para o Minha Casa, Minha Vida.

Como vai ser o do ‘Minha Casa’?

É um produto fantástico, com área de lazer maravilhosa, voltado para uma renda de R$ 2000, R$ 2.500. Com R$ 4 mil, o cara consegue comprar um três quartos bacana. Nosso pensamento é trazer para a cidade várias opções de moradia para os perfis diferentes de consumidores, que talvez não estejam sendo tão assistidos nesse momento.

Onde será construído o do ‘Minha Casa’?

Ainda não posso revelar a localização.

Será apenas um do ‘Minha Casa’?

Não. Quando entramos na região, começamos a fazer planejamento de longo prazo, porque antes de chegar nessa fase do lançamento do produto imobiliário, temos muitas etapas a cumprir e cada mercado tem suas nuances. O nosso tem seus níveis de complexidade. Temos aqui, hoje, sendo desenhados sete projetos. Cada um em estágios diferentes, que serão lançados em momentos distintos. No mercado imobiliário, você nunca divulga com muita antecedência, porque aquele produto pode não se cumprir naquela data. Pode ser que o perfil do cliente, naquele momento, não é de compra. Nós deixamos todos os produtos engatilhados para lançar no melhor momento. Em relação ao ‘Minha Casa’, é uma esteira que não para. Não posso te falar um número hoje aqui.

Quais são as outras cidades onde a VCA já atua?

A VCA está em 11 cidades, duas no Pernambuco, o restante na Bahia. Ela nasceu em Vitória da Conquista, desceu para a Península de Maraú, temos um resort à beira-mar, pé na areia. Desenvolvemos um em Guanambi, fomos para Juazeiro, Alagoinhas, Barreiras, Luís Eduardo Magalhães e partimos para Caruaru e Petrolina. Estamos na iminência de chegar a Montes Claros, em Minas Gerais, e Rio Grande do Norte.

Valderico Junior reafirma que não será vice de Jabes || TiTV
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O pré-candidato a prefeito de Ilhéus pelo União Brasil, Valderico Junior, afirma que as pré-candidaturas de Bento Lima (PSD) e de Adélia Pinheiro (PT) representam o mesmo grupo no poder, sob o guarda-chuva do Governo do Estado. Para ele, a diferença é que o nome de Bento demonstra menor viabilidade.

“Dentro desse contexto, o Governo do Estado coloca um nome para criar viabilidade um pouco maior, tentando ir onde o povo deseja, tentando ludibriar que apresenta algo novo, mas a gente sabe que não é. As figurinhas são as mesmas”, disparou em entrevista ao PIMENTA.

“Se você olhar um retrato de três meses atrás, vai ver a ex-secretária [Adélia] dividindo cenários com o prefeito [Mário Alexandre]. A gente sabe que é o mesmo grupo, cada um tentando fazer seu espaço, mas eles tendem a estar juntos no final. Não tenho dificuldade de observar isso. É uma questão de viabilidade. Não deu certo com Bento, coloca Adélia para ver se vai”, emendou.

“PULVERIZAR É O QUE A SITUAÇÃO QUER”

A exemplo da posição defendida pelo ex-prefeito Jabes Ribeiro, pré-candidato do PP (veja aqui), Valderico Junior disse que um cenário com a oposição dividida só interessa a PT e PSD. Por isso, segundo ele, a necessidade do diálogo entre os partidos que não apoiam os governos estadual e municipal, alinhados à direita no espectro político.

“Na verdade, pulverizar é o que a situação quer. Para ganhar as eleições, temos que estar todos juntos. Não só Valderico, ou seja, União Brasil, PP, PDT, se possível, PL, Novo, qualquer partido que pense realmente em tirar a esquerda do nosso processo aqui, o PT ou PSD, para não haver essa continuação do mandato. A gente sabe que vai ter que conversar, independente de quem for candidato”, explicou.

Valderico vê sua pré-candidatura cada vez mais forte e discorda da interpretação segundo a qual a frente ampla estaria se desintegrando (relembre). “Estou muito tranquilo com essa construção, tendo em vista que o momento é de renovação. A gente entende que Ilhéus quer o novo, mas o diálogo tem que haver sempre. É nisso que o União Brasil tem se pautado, mas não quer dizer que está se afastando ou não [da frente]”.

 “SEMPRE ME PERGUNTAM”

Sobre a interlocução com Jabes, o pré-candidato do União Brasil voltou a afirmar que não existe a possibilidade de ser candidato a vice em uma chapa liderada pelo ex-prefeito. “Tenho que deixar sempre claro isso, porque é uma das coisas que as pessoas sempre me perguntam. Não serei vice de Jabes Ribeiro, como ele também já pontuou que não será nosso vice. Não tem problema algum. É manter a conversa, porque pulverizar é o pior cenário. Dialogando, a gente vai construir um projeto vitorioso”.

CAFEZINHO

O PIMENTA questionou a Valderico se era verdadeira a informação de que ele teria uma reunião com o pré-candidato a prefeito de Ilhéus pelo PDT, Augustão, na capital baiana, de onde conversou com o site. “Não. Nem sabia que ele está em Salvador. Mas, me interessou. Quem sabe a gente pode tomar um café, mas não estava sabendo. Vou passar uma mensagem para ele”, respondeu.

Makrisi fala sobre a possibilidade de ser vice na chapa de Adélia
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O PSOL analisa a possibilidade de retirar a pré-candidatura de Makrisi Angeli a prefeito de Ilhéus e iniciar, formalmente, discussão sobre aliança com a professora Adélia Pinheiro, pré-candidata da Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV). O movimento foi tema de reunião extraordinária da Executiva municipal do partido na quarta-feira (29), revela Makrisi em entrevista ao PIMENTA.

– Ilhéus caminha para uma disputa entre a direita, com possibilidade de retrocesso, de um retorno, e a intenção de fazer um governo progressista. Diante dessa conjuntura, deliberamos que é hora de abrir um diálogo formal com a pré-candidatura do PT – explicou o pré-candidato.

Ilhéus precisa de um governo que inverta as prioridades da Prefeitura, avalia Makrisi. Na educação, por exemplo, isso significa priorizar a contratação de professores por meio de concurso, abandonando as seleções precárias, aponta. Segundo ele, essa é a única forma de promover a capacitação continuada do magistério. “A prioridade tem sido fazer uns caixotes que chamam de escola, fazer contratos temporários, precarizando, para garantir apenas que tenha uma pessoa na sala de aula”, dispara.

Militante do PT por 18 anos e ex-vereador (2016-2020), Makrisi considera que os demais pré-candidatos ainda não firmaram compromissos objetivos com a população de Ilhéus. E coloca a pré-candidatura do PT no bolo.

“Todas as pré-candidaturas, inclusive a da companheira Adélia,  não demonstraram claramente à sociedade as suas prioridades e seus compromissos. Está posto que a pré-candidatura [de Adélia] representa o Governo do Estado, dialoga com os movimentos populares, com a esquerda, assim como a gente. Mas, precisamos saber se o que o PSOL enxerga como inversão de prioridades vai caber nessa proposta”.

VICE?

O PSOL também sonda a possibilidade de indicar candidato a vice na chapa liderada pela Federação Brasil da Esperança, diz Makrisi. “Temos um nome, que é o meu, que pode fazer um debate para compor a majoritária. Como é que eles recebem essa possibilidade de compormos juntos essa chapa majoritária? É outra questão”.

Makrisi afirma que o PSOL ainda vai definir os termos do acordo que pretende levar à Federação. Mas, ao PIMENTA, antecipou o que defenderá no partido. O passe livre no transporte coletivo para estudantes da rede municipal é um dos pontos, diz o pré-candidato. “Não abro mão. Outro ponto é a nova licitação do transporte público”, acrescentou.

PLANEJAMENTO

O socialista afirmou que a gestão do prefeito Mário Alexandre (PSD) é responsável pela desfasagem do orçamento do município em relação aos de cidades de porte semelhante, a exemplo de Porto Seguro e Jequié. “Nosso orçamento é quase a metade do de Itabuna”, emenda, atribuindo o problema à falta de planos municipais estratégicos para a captação de recursos.

“Ilhéus precisa de um choque de gestão. O que isso significa? No primeiro ano, disparar a construção dos planos municipais. Sem eles, a gente perde muito. Estou falando de recursos. A Universidade Federal do Sul da Bahia apresentou sua proposta de criação do Plano Municipal de Redução de Riscos. A Prefeitura aparece bancando que está fazendo, mas quem está fazendo é a Universidade. Só que o Plano Diretor está vencido há oito anos, e o Plano de Redução de Riscos depende do Plano diretor. Não temos os planos de saneamento e de habitação, não temos quase nenhum plano”, conclui.

Walmir Rosário transforma entrevista em aula de jornalismo
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Walmir Rosário é um contador de histórias, no melhor sentido da expressão. Radialista, jornalista, escritor e advogado, faz da palavra instrumento de trabalho. Com cinco décadas na estrada, sua trajetória se confunde com a história recente do jornalismo no sul da Bahia. Tudo começou no rádio. “Por acaso”, recorda Walmir ao PIMENTA. Estreou com participações em programas religiosos da Rádio Sociedade de Feira de Santana, dos Capuchinhos.

Nascido em Ibirataia, em 1950, viveu em Itabuna desde os dois anos. Deixou o município cedo para estudar nos seminários dos Capuchinhos, em Vitória da Conquista e Feira de Santana. Quando a ordem de inspiração franciscana assumiu a Rádio Clube de Itabuna, sob o comando de Frei Hermenegildo, Walmir voltou para a cidade, manteve as participações em programas religiosos e foi contratado pela emissora.

Nos tempos áureos do cacau, integrou a equipe de comunicação da Ceplac. Também apresentou o programa De Fazenda em Fazenda, na Rádio Difusora de Itabuna. Na imprensa escrita, foi editor dos jornais A Região e Agora e repórter do Correio da Bahia – hoje Correio 24h. Prestou serviços, como freelancer, a jornais de Salvador e das regiões Sudeste e Sul do Brasil.

Ainda na comunicação, atuou em campanhas eleitorais e foi assessor e secretário das prefeituras de Itabuna, Ilhéus, Itajuípe, Floresta Azul e Canavieiras. Com a persona de advogado, militou em Itabuna (inclusive, como procurador do município), Ilhéus e Canavieiras, onde mora atualmente.

Já publicou livros como Josias Miguel – 70 anos de história; Crônicas de Boteco, um guia sem ordem; Como sobreviver à pandemia; Os Grandes craques que eu vi jogar – nos estádios de Itabuna e Canavieiras; O Berimbau, valhacouto de boêmios. Tem mais quatro obras no prelo e escreve crônicas semanais no blog que leva seu nome. e que também é reproduzido por este site.

Nesta entrevista ao PIMENTA, Walmir Rosário recupera os grandes nomes das redações grapiúnas e conta momentos pitorescos e tensos que viveu na cobertura da política. Também analisa o exercício da profissão no sul da Bahia e compara a dinâmica entre a sociedade civil organizada e a imprensa nas cidades de Ilhéus e Itabuna. Leia.

PIMENTA – Quais são as características elementares de uma boa história?

WALMIR ROSÁRIO – Todas as histórias são boas, dependendo de como são contadas. Basta ter começo, meio e fim bem definidos que agradará. Claro que um personagem forte, por si só, se garantirá. É preciso que o comunicador compreenda a mensagem que o personagem carrega e a transmita para o texto. O personagem pode ser político, empresário, médico, engenheiro, policial, infrator, cumprindo pena ou não, padre, pastor, ou o chamado “alguém do povo”. Basta que tenha uma história verdadeira para contar. E todas as histórias são boas, volto a dizer, a depender do ponto de vista, pois pouco se conhece da vida de uma pessoa, desde a mais simples até as que ocupam os altos cargos, os poderosos. Cada um tem o que dizer.

E as de um bom narrador?

Saber ouvir, apurar, ter paciência e senso de desconfiança quando não conhece o personagem. Não pode deixar o personagem correr solto, falar à vontade. É bom interromper a entrevista quando acredita que a fala não tem sentido. Se for verdadeira, ele retomará sem problemas. Um bom narrador tem que ter um bom ouvido, anotar tudo que considere importante e, se possível, gravar. Na gravação dá para sentir a emoção do entrevistado, se fala a verdade ou não, a depender da segurança – não confundir com nervosismo. O comunicador tem que ser um profissional especialista em conhecimentos gerais, saber concatenar a história, ligar um fato a outro, conhecer lógica, mesmo de forma rudimentar, e ter raciocínio rápido. É esse feeling que vai tornar a narrativa agradável, texto simples e de fácil leitura, e, sobretudo, verdadeira. E isso é tudo que agradará a um leitor, não importando o seu nível de escolaridade. Escrever para todos é o ideal e mais inteligente.

É possível comparar a qualidade do jornalismo de 40 anos atrás com a do atual? Evoluiu?

Apesar de saudosista, as comparações nem sempre são verdadeiras, pois é preciso situar o tempo, o espaço, os costumes. No século passado, até o início da década de 1950, boa parte dos jornais eram veículos de propaganda de partidos e governo. Em Itabuna este fato está bem documentado por Ramiro Aquino no seu livro De Taboca a Itabuna, 100 anos de jornalismo. A partir de 1960, houve uma mudança na forma da apresentação dos textos e diagramação. Dessa época pra cá muito se falou em jornalismo com isenção, e até que chegou a ser praticado pela direção dos principais veículos, embora muitos pequenos também tenham feito o dever de casa. Do ano 2000 para cá, a militância política voltou em cheio aos meios de comunicação, só que agora com o engajamento da direção.

Falta isenção?

Briguei muito nos veículos de comunicação para manter a democracia, dividindo os espaços com a sociedade. Muitas vezes, fui incompreendido. Cada um tem sua ideologia, mas não pode ser vendida se sobrepondo aos fatos. Se o jornalista quer expressar opinião, que assine seu pensamento. Não pode é influenciar numa matéria substantiva, adjetivando-a, distorcendo os fatos. Há algum tempo os comunicadores se revestem de policiais, representantes do ministério público, juízes, sem os poderes conferidos. Muitas vezes, causam prejuízos irreparáveis e o mea-culpa não é feito com o destaque do dano. Sempre dei espaço a todos os segmentos. Vez ou outra, no mesmo número do jornal, assinava um artigo contrário àquela posição. Então, posso afirmar, houve uma perda de qualidade, embora tenhamos bons veículos e excelentes profissionais.

Poderia citar profissionais em quem se inspirou no jornalismo?

Minha infância e adolescência foi bastante rica na comunicação, pois ouvíamos e líamos grandes profissionais. Em Itabuna, em frente ao Colégio Estadual, ficava a sede do Intransigente, para onde eu ia ver formatar o texto do jornal em tipos frios, conversar com os redatores. No Diário de Itabuna, ainda na Paulino Vieira, ficava horas conversando com Milton Rosário, o editor da época. Na publicidade, me encantava com as sacadas rápidas de Cristóvão Colombo Crispim de Carvalho (CCCC); o mesmo com Nelito Carvalho, os editoriais do poeta santamarense Plínio de Almeida no rádio e nos jornais; o poder da lábia de Titio Brandão, Germano da Silva, Pedro Lemos, Gonzales Pereira, Orlando Cardoso, Geraldo Santos (Borges), Edson Almeida, Iedo Nogueira. E, nos jornais do sul, Carlos Castelo Branco, Nélson Rodrigues, Waldir Amaral, Rui Porto e tantos outros.

O jornalismo do sul da Bahia conseguiu estabelecer identidade e marcas próprias? Ele tem (teve) expoentes no patamar da nossa literatura, por exemplo?

O poeta e escritor Plínio de Almeida é um deles. Alguns jornais, muitos deles de vida efêmera, trouxeram grandes nomes. Um desses veículos foi o SB – Informações e Negócios, uma maternidade do jornalismo e literatura de Itabuna, capitaneado por Nelito Carvalho. Época de Jorge Araújo, Manoel Lins, Hélio e Célio Nunes, Firmino Rocha, Antônio Lopes, Kleber Torres. Quase esqueci de dois monstros sagrados, Telmo Padilha e Hélio Pólvora.

Qual foi o episódio mais pitoresco que viveu na comunicação política?

Walmir relembra episódio pitoresco ao lado de José Adervan

No jornal Agora, fazíamos constantes matérias sobre os serviços públicos nos bairros. Numa delas, recebemos reclamações da Prefeitura de Itabuna, de que não seriam verdadeiras. Como confiava na repórter, resolvi convidar o diretor José Advervan para ir constatar a veracidade. Quando chegamos lá, a situação era pior do que a narrada. Quando voltávamos, Adervan recebeu uma ligação do prefeito para dizer que era tudo mentira, no que o diretor revela que ele estava justamente vindo de lá e que teria comprovado as denúncias já publicadas e outras várias. E tudo acabou em risadas.

Tem mais?

Eu era editor do jornal A Região e repórter do Correio da Bahia. A Região não era bem-vista pelo governo municipal e eu fui atender a um convite da assessoria para elaborar um caderno especial de 32 páginas para a Prefeitura de Ilhéus. Época de festas juninas, inauguração de obras, apresentação de um novo futuro com a vinda de empreendimentos. Cheguei, fui anunciado e me pediram para aguardar numa antessala, até que fosse encerrada uma reunião com os profissionais. De onde eu estava, ouvia tudo que falavam. De repente, o assunto da reunião deles foi a elaboração de um caderno vibrante sobre Ilhéus, que eles comparavam com uma edição de A Região. Isto até que fui visto, quando passaram a esculhambar o jornal A Região. Tranquilo, continuei sentado, aguardando ser chamado para a pauta do especial do Correio da Bahia.

E o momento mais tenso que já enfrentou?

O jornalismo é sempre tenso, desde a entrevista, a apuração, a redação e o fechamento do jornal – escrito, falado e televisado. Imagine quando alguém se sente contrariado em seus interesses. Já recebi a visita de pessoas que já chegam prometendo bater, matar. Como editor, sempre tinha que comprar a briga, por telefone ou pessoalmente. Nunca me intimidei e, de início, busquei uma conversa franca e educada, o que quase sempre conseguíamos.

Já teve ameaça?

Várias. A primeira no caso da venda da Sulba, em que fiz uma série de reportagens para o Agora; de outra feita prometeram me matar quando estivesse em um bar; que poderia ser preso em flagrante por posse de drogas em meu carro. Nesse caso sugeri que melhor seria colocar litros de whisky ou cachaça, do contrário ninguém acreditaria. Mas continuo vivo.

Os movimentos sociais, as entidades de classe e a imprensa de Itabuna têm mais influência nas disputas eleitorais do que em Ilhéus?

Infelizmente, os jornais perderam espaço em Itabuna e Ilhéus. Os que continuam sobrevivem como podem e bem-feitos. Há uma grande diferença na comunicação entre Itabuna e Ilhéus, e uma distinção é a sede dos canais de TV. De certa forma, em Itabuna, a comunicação sempre foi mais incisiva, e as entidades de classe sempre souberam utilizar os veículos de comunicação em causa própria. Esse poder ficou maior com as mídias sociais, de maior agilidade e sem filtros. Os políticos que sabem interagir com a dita imprensa e as redes sociais levam grande vantagem. Mas, nos últimos anos, Ilhéus avançou no poder da mídia tradicional e da rede social, não só com as notícias corriqueiras, como também das analíticas, influenciando mais eleitores. Desde os anos 1980 que o sociólogo Agenor Gasparetto costuma dizer que a eleição em Ilhéus é decidida um ano antes. Como exemplo mais antigo, a eleição de Valderico Reis, em 2004. Duas cidades, pesos diferentes, mas que passam a ficar com a mesma cara, pelo trabalho de alguns dos comunicadores ilheenses.

Em entrevista, Jerberson explica decisão política
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O ativista político Jerberson Josué, filiado ao PT há 26 anos, decidiu apoiar a pré-candidatura de Bento Lima (PSD) a prefeito de Ilhéus. Na cidade, o PT apresentou a pré-candidatura da professora Adélia Pinheiro, ex-secretária da Educação da Bahia. Os dois nomes disputam espaço na base do Governo Jerônimo Rodrigues, e o de Bento tem o apoio do prefeito Mário Alexandre, Marão.

Para Jerberson, sua decisão não balança o tabuleiro político. “É apenas um movimento pessoal, de apoio ao secretário Bento, acreditando que ele pode ser uma opção virtuosa para a nossa cidade, para Ilhéus seguir avançando e melhorando, com a parceria fundamental do Governo do Estado”, declarou nesta entrevista ao PIMENTA. Leia.

PIMENTA – Você deixa o Partido dos Trabalhadores?

Jerberson Josué – Não pedi desfiliação. Mas, é aquela coisa. Normalmente, quando alguém discorda do pessoal, eles tendem a querer expulsar. Particularmente, não estou preocupado com isso. Quero o melhor para Ilhéus e sempre quis ajudar a nossa cidade da melhor maneira possível. Meu foco é esse.

Houve desentendimento com a direção do PT?

Não. Fiz uma grande reflexão sobre o processo de construção política, nesses anos, sobre quem eu sou e como as pessoas se comportam, como sou tratado. A gente tem que ter um semancol. Sempre analisei que fui subaproveitado, enquanto outros grupos políticos sempre me convidaram para compor. Quando você não é valorizado em um time, tem que buscar sua melhora. É assim que as coisas fluem.

Vai entrar no Governo Marão?

Estou conversando sobre minhas contribuições, como posso contribuir com minha visão de mundo e a experiência política. Não tem nada definido.

Para deixar claro, você não pretende se desfiliar do PT?

Não. É o Partido do meu coração. Estou filiado desde os 18 anos e militei, ativamente, desde os 13, 14 anos. São mais de 30 anos nessa luta. É apenas uma opção pontual, dentro da base do Governo do Estado, mas com a possibilidade de contribuir de forma mais ativa no processo.

Como foi o diálogo com Bento?

Tivemos uma conversa rápida. Ele gostou muito [da minha adesão à pré-campanha]. A gente já tinha uma boa relação. Na verdade, foi um convite feito por João Rocha, que me levou até o prefeito Mário Alexandre para adiantar as conversas.

De Adélia sobre Marão: "é o articulador da base em Ilhéus"
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A secretária da Educação da Bahia, Adélia Pinheiro, manifestou ao prefeito Mário Alexandre o desejo de ser candidata a prefeita de Ilhéus nas eleições deste ano. “Tive a oportunidade de conversar [com Marão] e de, respeitosamente, reconhecer que ele é o prefeito dessa cidade. É a pessoa que articula a base local que dá apoio ao Governo [Jerônimo Rodrigues]”, revelou a pré-candidata em entrevista ao PIMENTA.

“Respeitando a posição política do prefeito, disse a ele: ‘estou colocando meu nome à disposição, com todo o respeito’”, acrescentou.

Na avaliação da pré-candidata, a interlocução respeitosa, considerando e ouvindo os demais pré-candidatos, é o caminho para a unidade governista. “Com diálogo, vamos construir esse processo e tenho a firme convicção – é importante ressaltar – de que nós, da base, seremos capazes de, com respaldo na boa política, encontrar a situação de ter uma única chapa que reúna e represente os nossos anseios”.

PRESENÇA X REPRESENTAÇÃO

Marão e Adélia fazem o “L” na Festa de Iemanjá em Ilhéus || Foto Redes Sociais

Reitora da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) por dois mandatos, Adélia deixou o cargo em 2019 para assumir a Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação. Antes da Educação, também comandou a Saúde da Bahia. Quando anunciou a intenção de se candidatar a prefeita, passou a ser questionada, publicamente, sobre a ausência no cotidiano de Ilhéus. Para a secretária, esse questionamento desvaloriza o fato de que representa a cidade e a região no Governo do Estado.

“Tenho 59 anos e morei em Ilhéus por 54. […] Estou há cinco anos em Salvador por força de representação do Litoral Sul e do meu município. Sou uma agente política que ocupa um lugar importante numa Secretaria que é pilar do Governo do Estado. Com isso, colho não o reconhecimento da importância do lugar que ocupo e da experiência que tenho, mas colho um sinal de desvalorização velada em razão de não estar aqui e estar lá. Pois, estou lá representando aqui. Esse é o meu território de compromisso primeiro”.

Ressaltou que, quando o exercício dos cargos lhe permitiu, sempre esteve Ilhéus, como no início deste mês. “Vim cumprir agenda institucional da Educação, acompanhando jornadas pedagógicas nas nossas escolas. Mas, também, representando o nosso Governo, estive reunida com o nosso prefeito de Ilhéus para tratar dos impactos das chuvas”, exemplificou.

DESAFIOS DO MUNICÍPIO

A pedido do site, Adélia Pinheiro traçou panorama sobre os desafios prioritários do município, ressalvando que a definição de prioridades passa, necessariamente, pelo diálogo com a sociedade. “Mas, preciso reconhecer, é claro, algumas dimensões que já me colocam em alerta”.

Ela mencionou a necessidade de integração da extensa zona rural do município, com investimentos em mobilidade; a requalificação das áreas mais afetadas por deslizamentos de terra e alagamentos nos períodos de chuva; o norteamento do uso responsável e adequado do espaço urbano; e discorreu sobre os segmentos econômicos de Ilhéus, a exemplo do turismo, indústria e serviços de saúde e educação.

“É importante trazer as novas possibilidades que a Fiol e o Porto Sul nos dão, fazendo despontar o município em um novo cenário, que é o cenário de um grande porto, de outros produtos que não aqueles tradicionalmente embarcados aqui pelo Porto de Ilhéus”, apontou.

PARTIDO

Uma vitória de Adélia Pinheiro em outubro, caso seja candidata a prefeita, quebraria dois tabus da política ilheense. Seria a primeira mulher eleita para o comando do Executivo e, ao mesmo tempo, representaria o primeiro mandato conquistado pelo PT na Prefeitura de Ilhéus (o ex-prefeito Newton Lima se filiou ao partido já no final do segundo mandato, em 2011).

Questionada sobre a resistência de parte da sociedade ao PT, a secretária saiu em defesa do partido. “Faço parte de um grupo político liderado pelo PT, que fez os grandes investimentos em Ilhéus. Vou citar alguns, não todos: a ponte Jorge Amado; Hospital Materno-Infantil; Hospital Costa do Cacau; investimento nas escolas públicas da rede estadual; nova estrada que liga Ilhéus e Itabuna, pelo outro lado do rio; duplicação dos primeiros quilômetros da BA-001 em direção a Olivença; investimentos em saneamento da zona sul da cidade; policlínica regional; e a ponte sobre o Rio Almada para apoio à Fiol e ao Porto Sul”.

Também afirmou que, no Governo Federal, o PT lidera projeto que dá estabilidade interna e respeito internacional ao País. “É isso que trago e represento. A política que trabalha pela sustentabilidade ambiental e para todos os setores produtivos. São políticas que se voltam para o grande setor, mas também dão conta da economia circular e solidária, do empreendedorismo. Ao mesmo tempo que acolhe a população de idosos, cuida da juventude e das crianças. É desse partido que estou falando. É com muito orgulho que digo que a gente cuida de Ilhéus”, concluiu.

Secretário Marcos Japu faz balanço do Festival Sabores de Itacaré e revela novidades do verão 2024
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O secretário municipal de Cultura e Turismo, Marcos Souza (Japu), avalia de forma positiva a décima edição do Festival Gastronômico Sabores de Itacaré, que teve seu ponto alto de 30 de novembro a 2 de dezembro, mas segue até o próximo dia 20 nos bares e restaurantes da cidade. Pela primeira vez, o evento tem a curadoria do Instituto Capim Santo.

Nesta entrevista ao PIMENTA, o secretário assegura a continuidade da parceria nas próximas edições do Festival e apresenta um balanço da atual. Também revela resultados obtidos pela cidade após a investida na última exposição da Associação Brasileira de Agências de Viagens, Abav Expo 2023, em novembro, no Rio de Janeiro. Entre as novidades, o destaque para Itacaré na matéria de capa da revista de bordo das aeronaves da Azul Linhas Aéreas, em janeiro de 2024. Leia. 

PIMENTA – Como a Secretaria de Turismo e Cultura avalia a décima edição do Festival Sabores de Itacaré?
Marcos ‘Japu’ Souza – A avaliação é super positiva. O evento foi um sucesso: gastronomia em alto padrão, cultura popular, agricultura familiar e música. Estamos muito satisfeitos. Ainda faremos uma checklist de pontos positivos e negativos. Já planejando o próximo evento, vamos observar os detalhes que faltaram para corrigir no futuro.

Quais foram as iniciativas tocadas pelo Instituto Capim Santo na curadoria do evento?

O Instituto organizou o tema e os convidados para palestras e aulas shows. Selecionou pesquisadores, chefs, bartenders e educadores da área de gastronomia para trazer os conceitos de origens, ancestralidade, família e essências baianas, com respeito às tradições locais. A equipe também alinhou os pratos apresentados dentro do tema, com os ingredientes locais e regionais.

Festival teve curadoria do Instituto Capim Santo

O Instituto continua à frente da curadoria nas próximas edições?

Com certeza. Queremos ampliar a parceria, juntando o Capim Santo, o Barco Itacarezinho e a Prefeitura de Itacaré. A ideia é criar um programa de TV, com a comunidade ribeirinha do Rio de Contas, chefs de cozinha da cidade e convidados. Nesse formato piloto, queremos uma troca de experiências. Os visitantes vão cozinhar para a comunidade e vice-versa. Tudo com itens da agricultura familiar e pescados regionais.

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O impacto para a nossa gastronomia é grande e reflete na economia da cidade.

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É possível fazer um balanço dos impactos do Festival para a cultura gastronômica da cidade ao longo desses dez anos?

O impacto para a nossa gastronomia é grande e reflete na economia da cidade. Outro ponto muito positivo foi a presença das manifestações culturais, com a nossa tradicional puxada da Praça das Mangueiras até a Praça São Miguel, evolvendo o circuito Pituba-Passarela-Orla. Neste ano, a gente conseguiu inserir estandes de comida de rua no Festival, com o mesmo padrão dos grandes estabelecimentos. São empreendedores que trabalham duro nas ruas da cidade. Nada mais justo do que incluir e prestigiar empreendedores, que trabalham duro e um dia vão conquistar seus estabelecimentos.

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“O trade tem papel fundamental, assim como a comunidade. Essa relação nos traz a certeza de que o caminho está bem pavimentado”.

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Qual é o nível de integração do trade, comunidade e das outras secretarias municipais com o evento?

O trade tem papel fundamental, assim como a comunidade. Essa relação nos traz a certeza de que o caminho está bem pavimentado. Falamos do trade, mas também do comerciante e empresário local, que, mesmo não estando dentro do evento, forneceram itens para o consumo e produção de tudo que foi exposto. O agricultor familiar, a cadeia produtiva do cacau, artesãos, charcutarias etc. O Festival envolveu todas as secretarias, mas destaco o apoio total do prefeito Antônio de Anízio e o trabalho da equipe da Setur: Marcelinho, Patrícia, Erasmo, Gabriela, Kikiu, Dudu, Ronara e Miguel.

Banda Filhos de Jorge se apresenta no Festival Sabores de Itacaré

Itacaré fez grande ofensiva de divulgação na Abav Expo 2023, no Rio. A cidade já colhe frutos desse trabalho?

A cidade já colhe um hortifruti inteiro. Depois da Abav, mantivemos um fluxo satisfatório, com lotação acima do esperado na maioria dos feriados. O empresário Luís Paulo, do Restaurante Casa de Taipa, nos apresentou balanço das suas vendas, com os melhores resultados em 15 anos. Diversos hotéis e cabanas de praia sinalizam no mesmo sentido. No Road Show com a Azul Viagens, percorremos cinco cidades em três estados. Apresentamos Itacaré para cerca de 500 operadoras. Trouxemos o jornalismo da Azul Viagens, e Itacaré vai ser a capa da edição de janeiro da revista de bordo de todas as suas aeronaves. Neste mês, a CVC chega com um Fantour em Itacaré. Sem dúvida, nossa presença na Abav abriu muitos caminhos.

Em entrevista, Lúcio Vieira Lima fala sobre o MDB nas eleições de 2024 || Foto Reprodução
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O ex-deputado federal Lúcio Vieira Lima gosta de analogias. Foi com uma que ele explicou por que o tempo urge pela definição do nome da base estadual para a disputa de Salvador em 2024. Nas eleições e no futebol, os grandes times fazem pré-temporada, lembrou o presidente de honra do MDB-BA, em entrevista ao PIMENTA.

Depois, referindo-se ao cenário de Ilhéus, recorreu ao automobilismo para traduzir a situação em que o postulante a uma candidatura não consegue viabilizá-la. “Isso é igual à Fórmula 1. Quando tem pouco espaço, na primeira curva, um carro sobra”.

Nas cidades com propaganda eleitoral de rádio e TV, os emedebistas têm peso no tempo de exposição. Esse é um dos trunfos do partido em Itabuna, por exemplo, onde o MDB iniciou conversa com o pré-candidato Geraldo Simões (PT) e deve dialogar com o prefeito e candidato à reeleição, Augusto Castro (PSD). Leia. 

PIMENTA – O vice-governador Geraldo Júnior é o melhor nome para unificar a base em uma eventual candidatura a prefeito de Salvador?

Lúcio Vieira Lima – Na opinião do MDB, é. Foi vereador da capital, presidente da Câmara e fez uma bela campanha com o governador Jerônimo. Hoje, é o mais conhecido e reconhecido por todos. Não vejo, no momento, nome melhor do que Geraldo Júnior para unificar a base e, principalmente, ganhar a eleição.

O senador Jaques Wagner alertou que não há muito tempo para a apresentação da pré-candidatura da base em Salvador. Qual avaliação o senhor faz desse timing e o que falta para a definição?

Não sei o que falta e concordo com o senador Jaques Wagner. Está demorando, porque ninguém pode negar que a candidatura de Bruno Reis [atual prefeito de Salvador] é favorita. É igual no futebol. O grande time faz pré-temporada para chegar 100% no campeonato. É o que temos que fazer. Botar o pré-candidato do Governo nas ruas, para que fature com os avanços da gestão. Se a candidatura só for apresentada lá adiante, não vai ocorrer nada disso. Até para, se for o caso, cicatrizar eventuais feridas na base do governador, por ser uma candidatura disputada.

Já tem alguma ferida?

Se você tem uma disputa, logicamente, vai abrir ferida. O tamanho da ferida – se é apenas uma fissurazinha ou não – só depois, mas o tempo é responsável por curar eventuais feridas. Por isso, digo eventuais.

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Converso com qualquer um. Quero o melhor para Itabuna.

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Como está a relação do MDB com o Governo Augusto Castro e a pretensão do prefeito de Itabuna de ser reeleito?

Na eleição passada, o MDB já não apoiou Augusto. Lançamos a candidatura de Charliane Sousa. Então, não vejo por que tanta estranheza. Converso com Augusto, converso com qualquer um. Quero o melhor para Itabuna. As conversas do MDB com Augusto ainda não se iniciaram. Estou conversando com o ex-prefeito Geraldo Simões, mas não me nego a conversar com nenhum outro pré-candidato.

Dos nomes colocados, é possível dizer qual seria o melhor para Itabuna?

Se vou conversar com todos, só poderei falar qual é o melhor nome depois de concluir essas conversas, porque não é pelo nome, mas pelo projeto que vai capitanear. Logicamente, Geraldo tem larga experiência. Foi deputado [federal], secretário de Estado, prefeito de Itabuna. Já o apoiamos em 2000, se não me engano, quando ele foi eleito. Geraldo tem todas as condições para capitanear um projeto para a cidade. Conhece Itabuna como poucos. Sem dúvida, é um fortíssimo candidato. É um forte candidato, também, a receber o apoio do MDB.

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Em Ilhéus, fala-se muito da secretária da Educação da Bahia, Adélia Pinheiro. 

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Qual será o papel do MDB nas eleições de Ilhéus?

O MDB sempre tem um papel de grande importância, decisivo, por sua grandeza, pelo que acrescenta em tempo de rádio e nas cidades que têm TV. Em Ilhéus, fala-se muito da secretária da Educação da Bahia, Adélia Pinheiro. Tem a pré-candidatura do ex-presidente da Câmara [Jerbson Moraes]. Para uma conversa sobre apoio, a primeira coisa é saber quais são os nomes. Em Ilhéus, você não sabe. Ninguém sabe ainda qual é o candidato de Marão. Se perguntar se a secretária Adélia confirma que vai ser candidata, ainda não confirma. Sobre o ex-presidente da Câmara, tem uma questão partidária. Isso é igual à Fórmula 1. Quando tem pouco espaço, na primeira curva, um carro sobra. Alguém tem que sobrar, porque não vai ficar um candidato de Marão e outro do ex-presidente da Câmara.

Marão e sua mãe, a ex-deputada Ângela Sousa, no Chocolat Festival || Foto PIMENTA
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O prefeito Mário Alexandre (PSD) comentou, em entrevista exclusiva ao PIMENTA, o Anuário de Segurança Pública. Segundo o levantamento, em 2022, Ilhéus teve a 14ª maior proporção de mortes violentas do País. Marão também falou da demanda de prefeitos do sul da Bahia pela retomada do projeto do aeroporto internacional, assim como pela conclusão da reforma do Aeroporto Jorge Amado, que se arrasta há anos.

Outro assunto abordado é a queda do ritmo do segundo trecho da duplicação da BA-001, na zona sul da cidade, que será complementado pela requalificação da orla. Parte delicada do projeto é a padronização das cabanas de praia. Marão fala, ainda, sobre a importância econômica do Chocolat Festival, que movimentou Ilhéus nos últimos dias. Leia.

PIMENTA – Como o Governo Municipal recebeu os dados do Anuário de Segurança Pública?

MARÃO Nós fortalecemos e capacitamos a Guarda Municipal. A grande maioria [das mortes violentas] tem relação com o tráfico de drogas. A Polícia Militar, junto com a Polícia Civil, tem procurado fazer movimentos estratégicos para combater esse crime organizado.

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Vamos nos reunir com o ministro Flávio Dino para angariar recursos.

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O assunto é discutido com o Estado?

Estamos em constante diálogo. Conversamos com o governador sobre a ampliação dos serviços. A nova delegacia, na Avenida Esperança, vai ser entregue neste mês. Tem o concurso público da PM e buscamos a conscientização da comunidade. Ilhéus, hoje, é muito mais iluminada do que a cidade que peguei há 7 anos. Você andava na Soares Lopes, por exemplo, e não tinha luz. Hoje, você tem lâmpadas de led em quase toda a cidade. São coisas importantes para evitar a violência, um problema de todo o País. Nesta terça-feira [25], estou indo ao Ministério da Justiça, em Brasília, nessa parceria [das três esferas de governo] do Pronasci 2. Vamos nos reunir com o ministro Flávio Dino para angariar recursos para fortalecer a segurança e promover a paz na nossa cidade.

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A gente não pode deixar o nosso aeroporto de lado.

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A Prefeitura de Ilhéus se articula com o Estado e o Governo Federal para a retomada do projeto do aeroporto internacional?

No segundo governo Lula, na época de Wagner [governador], o projeto do aeroporto era na Ilhéus-Serra Grande, inclusive com áreas desapropriadas. Estamos retomando. Lula disse que precisamos fazer o projeto. Conversamos com a Seinfra, na Amurc, no Consórcio [do Litoral Sul]. É uma união. Não é só o prefeito de Ilhéus. O prefeito de Ilhéus ajuda, colabora, mas tem que ter uma força conjunta dos prefeitos da região, porque o aeroporto fortalece a região, a cidade de Ilhéus, o turismo, a economia, os polos industriais, o Porto Sul.

E a reforma do Aeroporto Jorge Amado?

A gente não pode deixar o nosso aeroporto de lado. Se você olhar, a pista do Santos Dumont é menor do que a nossa. Então, enquanto não sai o aeroporto internacional, estamos cobrando o fim da reforma [do saguão do Jorge Amado].

O ritmo da duplicação na zona sul caiu. O que houve?

Estamos indo pra SPU [Secretaria do Patrimônio da União] para concluir a questão das cabanas de praia, das barracas, pra gente poder negociar, vendo como é que a gente vai padronizar. As pessoas, às vezes, querem denegrir a imagem [da gestão]. A gente não vai derrubar as barracas. Vamos padronizar as barracas. A imprensa, às vezes maldosa, fala em “derrubada de barraca”. Não tem derrubada de barraca.

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A gente trabalha para que a SPU entenda que ali é um projeto orla e que a gente vai respeitar a padronização, o meio ambiente, a linha de marinha.

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Não vai ter demolição?

Isso é assegurado por liminar. Tem uma liminar que, até então, não foi derrubada. Mas, se for derrubada a liminar, aí existe demolição. O que o município tem feito? A gente trabalha para que a SPU entenda que ali é um projeto orla e que a gente vai respeitar a padronização, o meio ambiente, a linha de marinha. Tudo isso é discutido com a SPU. Já demos o primeiro projeto. Estamos indo lá pra ver se precisa de ajuste. Então, eles reduziram [o ritmo da duplicação] um pouco, pra gente poder concluir. Ali vai ser a orla mais bonita do Brasil. Estamos indo no Desenbahia por um empréstimo com juros baixíssimos e uma carência de quatro anos [para que os cabaneiros padronizem seus estabelecimentos].

Marão é tietado por estudantes no Chocolat Festival || Foto PIMENTA

Qual é a importância do Chocolat Festival para a economia da cidade?

É o maior evento de cacau e chocolate da América Latina, parceria muito forte do Governo da Bahia e da Prefeitura de Ilhéus com os empresários, a economia solidária, a agricultura familiar, o Sebrae, as organizações não governamentais. É um conjunto de forças produzindo e inovando o cacau. Estive com Walter Pinheiro, do Cimatec, estamos pensando em construir uma refinaria do cacau. Um espaço para aproveitar não só a amêndoa, mas também a casca, o que sobra do cacau, o miolo. Agora, você sabe que não é mais cachaça, é cauchaça [risos]. Ou seja, isso vende, você agrega o valor.

Com o Governo do Estado, vamos levar o destino sul da Bahia para a França, Portugal e Bélgica. Isso fortalece a nossa cidade e aquece a economia. São quase R$ 15 milhões que rodam na nossa cidade, com mais de 170 empresas ligadas a cacau e chocolate. Há sete anos, eram apenas oito ou dez empresas.