Valderico Junior e ônibus em chamas: incêndio virou símbolo de crise do transporte || Fotos Nadson Carvalho e Redes Sociais
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Com três meses à frente da Prefeitura de Ilhéus, o prefeito Valderico Junior (UB) está diante de uma das decisões mais aguardadas do início do governo. O contrato da Viação São Miguel, concessionária do transporte público, vence no próximo dia 13, e cabe ao prefeito decidir se a empresa merece a renovação da concessão.

No debate público, predominam vozes pelo encerramento do vínculo administrativo, com direito a manifestações em vias públicas e discursos acalorados de vereadores. Uma ou outra voz destoa, lembrando as dificuldades que o extenso território ilheense impõe aos empresários do setor.

Ao PIMENTA, Valderico Junior ressaltou a atenção que tem dado ao transporte, o que o levou a participar de ao menos cinco reuniões com representantes das concessionárias. Nelas, cobrou maior cuidado com a manutenção dos ônibus, que, com frequência, envolvem-se em incidentes por falhas mecânicas e má conservação.

O prefeito reconhece que, até o momento, as empresas São Miguel e Viametro não entregaram as melhorias cobradas pela gestão. “Não está acontecendo”. Apesar de reconhecer os problemas, pondera que não pode agir de maneira impulsiva para decidir se renova ou não o contrato da São Miguel. 

Na entrevista, também falou dos desafios para o início do ano letivo nas escolas municipais, as dificuldades decorrentes do bloqueio de recursos da Prefeitura, o enxugamento da folha salarial da Secretaria de Saúde e a interlocução com o governador Jerônimo Rodrigues e com as secretarias estaduais. Leia.

PIMENTA – Após três meses, qual é a síntese deste início de governo?

VALDERICO JUNIOR – Pegamos o município muito debilitado em todas as áreas. Não havia um serviço em pleno funcionamento. O município também sofre com o endividamento de gestões passadas. Só neste ano, cerca de R$ 30 milhões foram bloqueados. Sem os bloqueios, estaríamos em outro patamar. Esse valor representa, por exemplo, talvez metade dos recursos para [reurbanizar] a Soares Lopes, ou um terço de uma reforma na Central de Abastecimento do Malhado. São valores que poderiam ser investidos em obras estruturantes.

Como o senhor avalia os primeiros meses da nova gestão?

Buscamos melhorar a saúde, área mais demandada pela população. Na comparação de dezembro de 2024 com janeiro deste ano, aumentamos os procedimentos médicos em 67%, usando um quarto do orçamento [do mês anterior]. Estou falando de sair de uma folha de R$ 2 milhões para R$ 480 mil. Na educação, a mesma coisa. A gente passa por um processo seletivo e teve que fazer tudo ao mesmo tempo. [A Prefeitura] estava sem contrato para nada, para reformar colégios, estruturas. Ainda tem colégio necessitando de cadeira e várias outras coisas. Temos que ir pontuando, trazendo a legalidade do processo e parando de dar jeitinho. Tinha muito esse negócio em Ilhéus: dá um jeitinho para resolver isso. E não tem que ser assim. Temos que buscar a formatação que a lei exige para servir à população.

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População vai precisar de paciência.

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Já é possível destacar resultados positivos?

Estamos correndo para dar certo. Na infraestrutura, o secretário Gabriel Cerqueira é um engenheiro brilhante e tem o desejo de nos ajudar. Nesta semana, começamos a fazer asfaltamento na zona sul e no Iguape. Mas, a população vai precisar de paciência. A gente precisa de manilhas, mas ainda não tem licitação para isso. Temos a necessidade de sete a oito ambulâncias do Samu. Pegamos com duas funcionando e já viabilizamos mais três ambulâncias. Estive com os pais de crianças autistas e informei que encontramos  – e já buscamos – uma van para o transporte escolar dessas crianças. A van foi destinada ao município, via emenda parlamentar, mas estava parada em Salvador há quase um ano. Quando soube, fui buscar na hora, porque um equipamento desse serve à população e já vamos fazer a entrega. Também vamos retomar obras travadas no governo passado, destravando verba parada na Caixa.

Duas obras do Governo do Estado em parceria com o município estão paradas, a cobertura do canal do Malhado e a duplicação da BA-001. A nova gestão alinhou com a Conder e com a Seinfra-BA o que precisa ser feito para retomá-las?

São processos distintos. Nossos secretários e engenheiros já estiveram na Conder. Fiz questão de estar presente nessa reunião para demonstrar que estamos tratando de gente, de gestão e não de política. Mostramos que o prefeito está muito interessado que a obra seja finalizada. Identificamos inconsistência no uso dos recursos da obra do Malhado [pelo governo anterior]. O município vai ter que prestar conta da gestão passada. O município já recebeu mais do que executou em obra. As medições estão atrasadas. Na zona sul, a segunda etapa da duplicação da BA-001 é de gerência total do Governo do Estado e a gente tem cobrado, insistentemente, o retorno da obra, até para não prejudicar mais um verão. Vamos fazer de tudo para resolver as duas obras o quanto antes, principalmente a do Canal do Malhado, que prejudica comerciantes e a população de uma forma geral.

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Não tenho dúvida de que ele [o governador] poderá fazer um grande trabalho conosco.

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O senhor já teve a oportunidade de conversar pessoalmente com o governador Jerônimo Rodrigues?

Não. Estivemos em secretarias, [conversamos com] alguns secretários, já estive com Jusmari [Oliveira, titular da Sedur], que nos recebeu duas vezes. Com o governador, ainda não tivemos a oportunidade. Estou me colocando sempre à disposição para dialogar, porque nós não temos partido nesse momento. Nosso partido é Ilhéus, e essa é minha bandeira.

O governador esteve em Itabuna recentemente e disse ao PIMENTA que essa conversa deve ser agendada para este mês de abril. Tem data marcada?

Não fui comunicado sobre isso. Estou à disposição. Temos feito a nossa agenda, mas, para chegar até o governador, tenho que ter uma pauta muito bem definida e alinhada, porque é assim que deve ser, é o processo. Quero entender primeiro quais os passos que ele pensa para a cidade de Ilhéus. Tenho os nossos pedidos, é claro, não pode ser diferente. Mas, não tenho dúvida de que estaremos em comunicação. Repito, independe de partido, nossa pauta vai ser Ilhéus. Ele tem voto em Ilhéus e nosso grupo também, e a gente quer o melhor para a nossa cidade e a região toda. Não tenho dúvida de que ele poderá fazer um grande trabalho conosco, e cada um sabe o seu papel.

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Vou cobrar do estado e do governo federal uma interferência [para a retomada das obras da Fiol].

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O senhor teve reunião com representantes da Bamin. O tema foi a paralisação das obras da Fiol?

A empresa veio comunicar ao município a paralisação momentânea da obra e informar que busca um investidor para poder tocar o projeto, que é muito sólido e vai acontecer, não tenho dúvida. Havia a expectativa da venda [do complexo Pedra de Ferro, Fiol e Porto Sul] à Vale, em março, não aconteceu. Por isso, eles estão tirando esses funcionários, metendo o pé no freio, mas continuarão com os projetos ambientais, as contrapartidas e a manutenção [do trecho já construído]. Eu fico triste, porque são de 250 a 300 pais e mães de famílias que vão ficar sem emprego, enquanto a gente precisa que a cidade seja pujante. Me coloquei à disposição e vou cobrar do estado e do governo federal uma interferência, porque a gente não pode deixar um projeto que já tem 60% dos serviços executados ficar parado.

Um assunto incontornável é o transporte público. A decisão de renovar ou não com a concessionária São Miguel já foi tomada? Martelo batido?

O caos do transporte é no Brasil todo. Ilhéus passa por um caos pior. Desde o início da nossa gestão, o município tem cumprido suas obrigações, cuidando das vias urbanas, das estradas rurais. Venho dialogando com as duas empresas. Foram cinco ou seis reuniões com diretores e proprietários, buscando realinhamento e cobrando efetividade. Chegamos ao consenso de que as empresas apresentariam 30 ônibus novos. Não só isso. O compromisso era de mudar tecnologia, ter sinal de wi-fi embarcado e, principalmente, cuidar da frota com a devida atenção, para que a população tenha o serviço prestado. E não é o que está acontecendo. Eu não estou aqui para perseguir ninguém nem para colocar ou tirar alguém. Quero servir da melhor forma à população. Hoje, a maior discussão é sobre o contrato de uma das empresas, que encerra agora no dia 13 de abril. Não posso agir por impulso. Buscamos todos os meios de fiscalizar e cobrar, para que o transporte seja requalificado. A empresa não atendendo, uma ou outra, tomaremos as devidas providências. Estou do lado da população e assim seguirei. Mas, por enquanto, se você me perguntar se está decidido, não está. Está sendo discutido e conversado.

Prefeito Mário Alexandre: "sempre votei no PT" || Foto PIMENTA
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Do PIMENTA

No calor da campanha eleitoral deste ano, três consensos se cristalizaram no debate público de Ilhéus. 1) Bento Lima não tinha chance de ganhar; 2) a vitória seria definida por pequena margem de votos; 3) e o prefeito Mário Alexandre, Marão (PSD), ciente do destino eleitoral de seu correligionário, se quisesse, teria influência para pender a disputa a favor de Adélia Pinheiro (PT) ou de Valderico Junior (UB).

Com a vitória de Valderico pela diferença de 2,75 pontos percentuais (ou 2.639 dos 96.141 votos válidos), a saída de Coronel Resende (PL) do páreo e a conquista do apoio dos que abandonaram o barco de Lima ajudam a explicar a arrancada do candidato do União Brasil na última semana da campanha.

A ultrapassagem de Valderico, tomando de Adélia a liderança nas intenções de voto, foi captada pela última das pesquisas feitas neste ano pelos institutos Sócio Estatística e Gasparetto Pesquisas. O fotógrafo, memorialista e ex-vice-prefeito José Nazal compilou os resultados da série e os publicou em relatório analítico (íntegra). Os últimos números, colhidos até 30 de setembro, mostram Valderico com vantagem de 1,3 ponto percentual a seis dias do pleito.

Resultados das pesquisas eleitorais deste ano em Ilhéus || Tabulação: José Nazal

Conhecida a sentença das urnas, circularam hipóteses sobre os fatores que deram a vitória a Valderico Junior, inclusive a de que o prefeito Mário Alexandre teria favorecido o candidato ligado ao vice-presidente do UB, ACM Neto, líder da oposição ao Governo Jerônimo.

Ao PIMENTA, Marão negou, de forma categórica, que tenha jogado a favor do adversário da base governista e refutou a especulação de que teria preferência pela vitória de Valderico. Para reforçar sua posição, recorreu ao relacionamento político com o  ministro da Casa Civil, Rui Costa; citou o gesto recente do governador Jerônimo Rodrigues, que decidiu entregar o Residencial Jardim Salobrinho ainda durante o seu mandato; relembrou que foi vice-prefeito aliado ao PT e disse que sempre votou no Partido dos Trabalhadores.

Marão: do quase L ao tradicional joinha || Fotos PIMENTA

Na hora de posar para a foto desta entrevista, o prefeito, sorrindo, perguntou se deveria fazer o L – e fez, rapidamente, antes de encolher o indicador e parar o movimento da mão direita num sinal de joia. Leia.

PIMENTA – O senhor e o PT estiveram em lados opostos nas eleições. Houve estremecimento da relação?

MARÃO – De minha parte, nunca. Cada um tem seu destino e resolve o quer. Nunca fui homem de ter estremecimento, até porque quem vota no PT sou eu. Sempre votei no PT, sempre vou votar. Tenho parceria que nunca teve na minha cidade. Sou grato ao ex-governador Rui e ao governador Jerônimo. Acabei de entregar 220 casas antes de vencer meu mandato. Meu legado foi feito nessa parceria, que levei, construí e conquistei a minha referência de lealdade. Com o ministro Rui, nos dois mandatos, tive oportunidade de tê-lo [como aliado] e consegui mais de R$ 1 bilhão de investimentos para Ilhéus e região. Não vou estar mais no mandato, mas continuarei ajudando na parceria que a cidade de Ilhéus construiu através do meu nome, do meu respeito, da minha lealdade. Essas conversas que as pessoas querem falar não têm sentido. O sentido foi sempre de aliar, de juntar e fazer o melhor. Por isso, ganhei duas vezes, mais a eleição de Soane, fui vice-prefeito. Minha política é sempre de fazer o bem. Não quero nunca atrapalhar.

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O que tenho com Rui e a gratidão que tenho a Rui, só se eu fosse muito descarado.

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Circula hipótese de que o senhor teria preferência de perder a eleição para Valderico Junior em vez de Adélia.

Quem está falando isso tem que provar. Nunca tive nenhum tipo de relacionamento [com Valderico]. Pelo contrário, minha relação histórica, desde quando entrei na política, é com a base do governo. O que tenho com Rui e a gratidão que tenho a Rui, só se eu fosse muito descarado. E não é meu perfil. Meu perfil é ganhar junto e perder. Quando ninguém acreditava em Jerônimo, fui o primeiro que levantei a bandeira e falei: o candidato é Jerônimo, porque Rui quis. A gente fez e está aí, hoje, a minha relação de parceria. Ele vem aqui e faz esse gesto todo em relação a mim, por isso agradeço os caras. Mesmo não estando mais prefeito a partir do mês que vem, ele [Jerônimo] fez questão de vir aqui, estar junto com a gente, trazendo e pegando na mão. Tinha muito mais projetos que eu tinha levado. [Dizem:] é o Governo do Estado que faz. Não. O Governo do Estado faz, mas o prefeito leva. Levei e aprovei muitos projetos. Jamais vamos ter uma parceria como essa [com o Governo do Estado], a não ser que uma dia tenha uma Soane ou outro candidato que tenha [boa relação com a base estadual].

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Vou terminar meu mandato para ver a minha vida política.

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O senhor continua no PSD?

Sempre fui do PSD, continuo no PSD. Vou terminar meu mandato para ver a minha vida política. Vou dar uma descansada. Temos o mandato de Soane. Meu momento agora é fechar o mandato. Sou prefeito até dia 31 de dezembro. Aí a gente vai discutir [o futuro].

Deseja ir para a Câmara Federal?

Não. O desejo é do povo. Fui candidato a prefeito [em 2016] para ser candidato a deputado [em 2018], e o povo quis que eu fosse prefeito. Fui reeleito. É o povo que define. A gente vai ver o que eles querem comigo. Eu sou, na verdade, um soldado do nosso governo.

Eric Júnior é coordenador do curso de Medicina da UnexMed Itabuna
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Cirurgião do aparelho digestivo, médico intensivista, ex-provedor da Santa Casa de Itabuna e, desde o ano passado, coordenador do curso de Medicina da UnexMed, Eric Ettinger Júnior falou, em entrevista exclusiva ao PIMENTA, dos desafios de aliar as novas tecnologias no processo de ensino-aprendizagem em cursos de Medicina. O coordenador ainda apontou, para ele, o que é preciso para o aluno tornar-se profissional de excelência.

O coordenador ainda falou da expectativa de construção da clínica-escola, com oferta de consultas gratuitas para pacientes do SUS de Itabuna e municípios do sul da Bahia. Formado há 22 anos, MBA Executivo em Saúde pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Eric Júnior contou também sobre a influência de sua mãe, a médica neonatologista Maria Lúcia de Menezes, em sua formação. Leia abaixo.

PIMENTA – Professor, um excelente aluno será, necessariamente, um bom médico?

ERIC ETTINGER JÚNIOR – Essa é uma pergunta complexa. O que posso lhe dizer é que um mau aluno não será um bom médico. Digo-lhe também que a qualidade de ser um bom aluno não é garantia de que teremos um bom profissional. Para ser um médico de excelência é preciso de muitas competências. Ele precisa ter uma boa relação interpessoal, saber respeitar as pessoas, saber acolher um paciente, dentre outros requisitos. São qualidades que, aqui na faculdade, buscamos desde o início. Somos preocupados com o atendimento humanizado. Temos a missão de contribuir para que o nosso aluno assimile o conteúdo transmitido, desenvolva ou aperfeiçoe características fundamentais de um bom profissional.

Qual a importância do professor na carreira do médico?

Na Medicina tem muito de o aluno seguir o exemplo do profissional que contribui para a sua formação acadêmica. O chamado espelho é muito importante. O aluno costuma seguir os bons exemplos e as boas práticas dos mestres, que, além de serem muito capacitados, são profissionais de boa índole, referência por sua capacidade técnica, comportamento ético, cuidado e trato com o paciente. O nosso desafio como faculdade de Medicina é entregar um bom médico para a sociedade.

Como médico e diante das inovações e adoção cada vez maior da tecnologia, o que o senhor elege como principais desafios?

O principal desafio é preparar o aluno para trabalhar com as tecnologias disponíveis. Formaremos a primeira turma daqui a quatro anos e, certamente, esses profissionais chegarão capacitados para usar o ChatGPT, com todas as tecnologias de informação, e outras tecnologias disponíveis, como aliadas. Hoje, trabalhamos muito com tecnologia. Usamos bastante a Inteligência Artificial para oferecer a melhor assistência aos nossos pacientes. Aqui na faculdade, na nossa rede, usamos bastante a tecnologia para o treinamento dos alunos.

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O nosso desafio como faculdade de Medicina é entregar um bom médico para a sociedade.

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Com relação às tecnologias, o que mudou na Medicina?

Quando me formei, há 22 anos, não existia quase nada dessas tecnologias. Na faculdade, treinávamos em cadáver que passava por inúmeras turmas. Por isso, não conseguimos identificar praticamente nada. Além disso, treinávamos em pacientes. Hoje, são práticas inadmissíveis. Não existe mais isso de 5 e 10 alunos examinando o mesmo paciente, fazer as mesmas solicitações. Trabalhamos com turmas menores para facilitar a orientação mais personalizada. Usamos muito a tecnologia nas simulações de atendimento ao paciente, com inteligência artificial, uso de óculos de realidade virtual e utilização de manequim. Com isso, quando for para a prática, o estudante já vai saber exatamente o que fazer. Esse é um grande avanço que a tecnologia permitiu.

O avanço da tecnologia, certamente, traz mais segurança.

Um dos grandes avanços que a tecnologia nos permitiu no processo de aprendizado na Medicina é a condição de fazermos uma educação médica muito mais ética para o paciente, no sentido de preservá-lo. Eu sou de uma geração em que ainda não existia internet, havia outros meios de treinamentos e as aulas práticas eram bem diferentes das de hoje. Por isso, estamos buscando o que existe de mais moderno para a melhor utilização de conteúdo. Como professores e médicos, estamos cada vez mais antenados. A tecnologia não conseguirá substituir o médico, mas é uma grande aliada nesse processo.

Com essas transformações, o que o professor precisa fazer para manter o estudante atento ao conteúdo? Como é que se capacita para transmitir a mensagem ao seu aluno?

Esse é um ponto sobre o qual temos muito cuidado. Na minha época de estudante, as aulas eram somente expositivas, com o professor na frente do quadro, dando aulas para 100 ou 150 alunos na mesma turma. Existiu uma época em que havia 200 estudantes na mesma sala de aula. Eram mais aulas teóricas expositivas. Não estou dizendo que o ensino era ruim. Pelo contrário, era de excelência. Estou afirmando que hoje é muito diferente. O estudante é protagonista de seu aprendizado. Ou seja, precisa buscar muito mais conteúdo do que antes, quando os professores entregavam todo o material de “mão beijada”. Hoje, usamos a metodologia de ensino que tem como aliada sala de aula invertida e tutorial, onde o professor atua guiando o aluno, indicando os caminhos e compartilhando conhecimentos.

O contato do aluno de Medicina com o paciente ocorre quando?

A nossa formação é para que o profissional seja um médico generalista, com capacidade técnica para atender nas unidades básicas de saúde. Estamos em rede, com unidades em Jequié, Vitória da Conquista e Feira de Santana, mas o nosso curso foi desenhado para Itabuna, sob as perspectivas de saúde do nosso município e da nossa região. Desde o primeiro semestre que preparamos o estudante para atuar aqui, na cidade. É lógico que o aluno, no primeiro semestre, não está preparado para atendimento ao paciente, mas precisa frequentar às unidades básicas de saúde, entender os processos: o papel da enfermeira, recepcionista e como o agente comunitário de saúde faz a territorialização e assiste o paciente. Conhecer o papel de cada um.

E nos demais semestres?

No segundo semestre, o aluno já começa a acompanhar o agente comunitário na visita domiciliar. Paralelamente a isso, na faculdade, está aprendendo como fazer a anamnese (entrevista inicial) com o paciente. No terceiro semestre, supervisionado por um médico-professor, o estudante começa o contato com o paciente para colocar em prática o que viu até aquele momento do curso. É um processo construído e pensado desde o primeiro semestre. O estudante passa por etapas com aulas teóricas e práticas até a formação.

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O bom médico reúne um conjunto de características fundamentais. Ele não pode ser somente aquele que sabe receber e atender bem o paciente, mas entende pouco de Medicina.

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Na Medicina, os melhores profissionais são, necessariamente, os mais talentosos, os mais esforçados?

É importante e preciso reunir talento com esforço. Se o estudante for talentoso, do ponto de vista intelectual, mas sem outras habilidades, não será um bom médico. Se o aluno considerado mediano conseguir desenvolver habilidades importantes durante o processo de formação, talvez ele seja mais bem-sucedido que aquele que começou o curso demostrando conhecimento acima da curva. O bom médico reúne um conjunto de características fundamentais. Ele não pode ser somente aquele que sabe receber e atender bem o paciente, mas entende pouco de Medicina. E não pode ser o contrário. O profissional precisa reunir as qualidades de ser acolhedor, receber bem a família, e fazer o diagnóstico correto, dentre os outros atributos fundamentais. Repito: precisa reunir um conjunto de qualidades.

Itabuna, embora tenha enfrentado algumas dificuldades com perdas de serviços importantes, ainda é considerada um polo regional de saúde. O senhor considera o município um polo regional de Medicina?

Sim. Somos um polo de educação na área de saúde. Apesar de a Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) estar geograficamente no município de Ilhéus, a história dos cursos da área de saúde têm relação muito estreita com os hospitais de Itabuna. O nosso município abriga duas importantes instituições de ensino superior com cursos na área de saúde. Uma dessas instituições é a nossa faculdade, a Unex. Isso mostra a força de Itabuna como cidade-polo. Entendo que é dever da minha geração trabalhar para que possamos colocar profissionais de excelência no mercado e ajudar a melhorar os serviços prestados nessa área.

Em Itabuna, foi feito o primeiro transplante de rim no interior da Bahia. Aqui foi feita a primeira sessão de hemodiálise em um hospital fora da capital. Entendo que tivemos algumas perdas nessa área, mas que precisamos trabalhar para que o município volte ao seu protagonismo. A nossa faculdade tem um papel fundamental, que é formar bons médicos. O nosso objetivo é presentear Itabuna com bons profissionais.

Quais são, hoje, os desafios para os novos cursos da área?

Um grande desafio é a implementação e aproveitamento das novas tecnologias nos cursos. É um desafio, por exemplo, ter professores, de modo geral, com habilidade para uma atender uma nova geração, que surgiu já no meio de tantos inventos tecnológicos. A maioria dos estudantes é de uma geração bem diferente da nossa. Precisamos estar preparados para entender os anseios, perspectivas e sonhos deles. Por isso, promovemos atualizações constantes para atender a demanda de uma geração que é diferente da nossa.

Qual a diferença do público de hoje para o de duas décadas atrás?

Hoje temos um público heterogêneo, com pessoas de diferentes faixas etárias, com 18, 30, 40, 45 anos. Pessoas casadas, com filhos; solteiras. Isso é muito positivo. Na minha época de faculdade, o público era mais homogêneo, na faixa de 18 e 20. É um grande desafio hoje trabalhar esse público tão heterogêneo, de idade e personalidades.

Volto a uma pergunta sua, de como os professores usam a tecnologia, para dizer que o início de semestre promovemos uma semana pedagógica, que, na verdade, são 15 dias para capacitação de professores, para que possam utilizar bem as novas ferramentas tecnológicas. Aproveitamos para fazer uma análise do que poderia ter sido melhor no semestre anterior. Todo o professor é capacitado para entender e aplicar a nossa moderna metodologia de ensino.

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Entendendo que tenho um compromisso de deixar para a saúde de Itabuna bons médicos. Que as pessoas falem assim: esses médicos saíram da Unex. E nos esforçamos todos os dias para isso.

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Doutor, se eu tivesse interesse em cursar Medicina e estivesse visitando os cursos da região, o que senhor me diria para me convencer a escolher a sua faculdade?

Não posso falar sobre os concorrentes. Posso falar da Unex, que é onde estou. Uma certa vez, uma mãe de aluno, fez-me essa mesma pergunta. Eu respondi: porque estou aqui. Não foi para ser arrogante, mas para que ela entendesse o que eu poderia fazer, o que estava ao meu alcance, a nossa estrutura e meu comprometimento em ofertar o melhor possível. Disse-lhe que eu poderia assegurar a qualidade de ensino que a nossa faculdade oferece. Entendendo que tenho um compromisso de deixar para a saúde de Itabuna bons médicos. Que as pessoas falem assim: esses médicos saíram da Unex. E nos esforçamos todos os dias para isso.

Como ocorre essa relação com os alunos?

Fazemos questão de contato direto com os nossos alunos. Sabemos o nome de cada um, da história familiar, se está ou não com problemas, mora longe ou perto. Conversamos com mãe e pai. Mantemos essa relação bem próxima, cuidadosa e familiar. Além da tecnologia, da estrutura e corpo docente, o nosso diferencial é o acolhimento do aluno. Vou no corredor, questiono como eles estão, como foram na prova do dia anterior. Digo: olha, vai até a minha sala para conversamos. Tenho essa proximidade e o compromisso de entregar bons médicos à sociedade. Enquanto estiver aqui, essa relação será assim.

Qual a influência da sua mãe, a média Maria Lúcia de Menezes, em sua formação e na sua carreira enquanto médico? 

Ninguém nunca tinha feito essa pergunta antes. A minha mãe é neonatologista. Desde pequeno, eu via a dedicação dela com os pacientes e a dedicação com que ela se propunha a fazer as coisas. Ela foi uma das fundadoras da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI Neo) do Hospital Manoel Novaes, sempre na vanguarda do tratamento de pediatria. Quando criança, mesmo sentindo falta, porque minha mãe passava muito tempo fora de casa, trabalhando, eu não via isso com negativo. Eu pensava: minha mãe está no hospital, porque está cuidando de alguém que está precisando. O maior exemplo que ela me deu foi de comprometimento com a profissão que ela escolheu. Ela escolheu ser mãe, mas também por ser médica.

Então esse é um legado dela para o senhor?

Sem dúvida. Ela é mãe, mas tem um enorme comprometimento com a Medicina, com a profissão que escolheu. Eu trago isso para a minha vida. Às vezes, a minha filha, de 11 anos, pergunta: poxa, pai, você vai no hospital de novo? E eu respondo: vou porque tem um paciente que está precisando de seu pai. Eu acho que é isso que posso oferecer. Provavelmente, o exemplo da minha mãe tenha me motivado a ser o que sou hoje. Meu exemplo de casa era de uma profissional comprometida. Sempre ouvi coisas boas sempre minha mãe como médica. É isso que tento ser.

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Esse é um grande projeto para 2025. Acreditamos que a Clínica-escola esteja pronta no final do ano que vem e comece a funcionar em 2026. Essa é a nossa meta.

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O que a Unex planeja de investimentos em Itabuna para os próximos anos?

Além do investimento que a faculdade vem fazendo semestralmente, sempre buscando assegurar melhorias para os nossos estudantes e profissionais, ano que vem vamos construir a nossa clínica-escola. A unidade será implantada em um desses blocos. Os alunos continuarão frequentando as unidades básicas de saúde, mas os atendimentos de cardiologia, endocrinologia e neurologia, dentre outros, serão aqui, no campus, com os nossos professores. Serão atendidos pacientes de Itabuna e região. Já somos conveniados com a Secretaria Municipal de Saúde e parceiros da Santa Casa de Itabuna. Vamos oferecer consultas mensais das especialidades, com atuação do nosso aluno numa fase mais avançada. Supervisionados, eles irão atender nesses consultórios. Esse é um grande projeto para 2025. Acreditamos que a Clínica-escola esteja pronta no final do ano que vem e comece a funcionar em 2026. Essa é a nossa meta.

Jardel Couto, CEO da VCA Construtora detalha novo investimento
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Mais de 200 corretores se distribuíam em rodas de conversa na área de eventos do Cidadelle, nesta quinta-feira (10), à espera do segundo lançamento imobiliário da VCA Construtora em Ilhéus, o Kahakai. “Significa praia”, traduziu Jardel Couto, executivo-chefe da empresa, em entrevista ao PIMENTA. A palavra de origem havaiana dá nome ao residencial que será erguido em Olivença, no litoral sul do município, próximo aos resorts Tororomba e Canabrava.

Enquanto o Castélyah, primeiro investimento do grupo em Ilhéus, fica na requisitada Praia dos Milionários, o Kahakai (pronuncia-se Carracai), de estilo pé-na-areia, visa à ocupação de área afastada do foco dos empreendimentos construídos no município, explicou Jardel.

“O Kahakai Beach House fica a 500 metros do Tororomba. Mais de 180 metros lineares de mar. A VCA identificou que é uma área com potencial gigante, que já tem esses dois empreendimentos consolidados, mas sem nenhum novo investimento. Estamos indo um pouquinho na contramão do que o mercado imagina”, acrescentou o CEO, que é formado em Publicidade e Propaganda e costuma pincelar suas explanações com análises dos diferentes perfis dos clientes da construtora.

À frente de uma companhia em franca expansão, com investimentos em 13 cidades de quatro estados (Bahia, Pernambuco, Minas Gerais e Rio Grande do Norte), Jardel Couto detalha, na entrevista a seguir, as características do novo empreendimento em Ilhéus, analisa os efeitos da retomada do aumento da taxa básica de juros (Selic) no setor imobiliário e fala da estratégia de parcelamento da empresa para atrair compradores de todas as faixas de renda, o VCA Facilita. Leia abaixo.

PIMENTA – Qual será o formato do empreendimento?

JARDEL COUTO – O Kahakai é um produto pé-na-areia, que foge um pouco dessa região mais badalada das barracas de praia. Buscamos uma área um pouco mais distante, com características para atender, principalmente, o turista. Querendo ou não, muitas vezes, os empreendimentos se tornam mistos. Você tem o comprador da primeira moradia, o cara da segunda moradia, o cara do veraneio, a locação. O Kahakai é muito voltado para o turista ou o investidor.

Quais são as particularidades do projeto?

Apesar de ser um condomínio, tem todos os atributos de um resort. São mais de mil metros de piscina, muitas opções de lazer. Não tem portaria, mas uma recepção, com espaço para check-in, checkout e o concierge para orientar o turista sobre as atrações locais. Muito mais do que um empreendimento imobiliário, ele se torna uma experiência para o turista e um grande apelo para o público local, porque você leva emprego, renda e um dinamismo econômico maior, com o turista mais próximo da comunidade.

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“São mais de 550 unidades, com três formatos específicos:

Studio, quarto e sala e quarto e sala mais uma suíte.”

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Uma característica dos empreendimentos da VCA é o grande número de unidades como forma de reduzir custos. O Kahakai terá quantas unidades?

São mais de 550 unidades, com três formatos específicos. O studio, para aquela pessoa que quer um espaço como se fosse um hotel. Para aquele que deseja um espaço um pouco maior, você tem um quarto e sala, que já comporta cinco pessoas. Ou você tem um quarto e sala mais uma suíte, que chega a comportar oito pessoas. As unidades são muito mais compactas, porque o desejo é de que as pessoas não fiquem só dentro das unidades, mas circulem em todo o empreendimento, aproveitando o máximo dele.

Qual é a estimativa de preço do condomínio?

Como você colocou muito bem, carregamos na quantidade de unidades para trazer preços mais competitivos e o condomínio como instrumento de valorização. Ele não pode ser fonte de incômodo. Quando você fala que o morador vai pagar acima de R$ 1.000,00, se torna quase uma parcela de aluguel. Nosso objetivo é trazer taxa de condomínio abaixo de R$ 350,00.

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É um empreendimento com olhar para toda a família e para todas as idades. Você consegue desde a brinquedoteca interna até o parque infantil externo. Teremos o espaço teen

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Quais são os equipamentos de lazer?

É como um resort mesmo. São mais de mil metros de piscina, academia, brinquedoteca, espaço pet. Você levou seu pet para a praia, ele está todo sujo. Para não sujar sua unidade, você pode dar banho nele num espaço específico. Você tem três salões de jogos e o espaço pub, que é voltado para os adultos, além de brinquedoteca interna e parque infantil externo. É um empreendimento com olhar para toda a família e para todas as idades. Você consegue desde a brinquedoteca interna até o parque infantil externo. Teremos o espaço teen voltado para o público mais jovem, com espaços para bate-papo, conversa, gravação de vídeo, tudo o que está na moda. Os espaços se conversam, mas eles atendem a todas as idades.

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O Kahakai tem unidade a partir de R$ 179 mil, com toda essa infraestrutura pé-na-areia, o que tem grande valor. E uma coisa muito interessante, que nós já trabalhamos, que é o parcelamento do VCA Facilita.

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Qual é a faixa inicial de preço no lançamento?

A VCA vem sempre com a margem [de lucro] muito apertadinha, tentando construir em volume maior. O Kahakai tem unidade a partir de R$ 179 mil, com toda essa infraestrutura pé-na-areia, o que tem grande valor. E uma coisa muito interessante, que nós já trabalhamos, que é o parcelamento do VCA Facilita.

Como funciona?

É um parcelamento próprio, que torna o pagamento da unidade mais confortável e traz um público que, muitas vezes, tem vontade de adquirir um imóvel, mas não acredita que é possível. Óbvio, a primeira moradia é o principal, mas por que não começar a ter outros sonhos? Com 10% de entrada e saldo em 100 vezes, ele consegue comprar. Aquele cara que tem uma economia pequena consegue comprar, com uma parcela abaixo de R$ 1.600 por mês, ter a casa de praia dele e transformá-la em um bem rentável.

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Com 10% de entrada e saldo em 100 vezes, ele consegue comprar. Aquele cara que tem uma economia pequena consegue comprar, com uma parcela abaixo de R$ 1.600 por mês, ter a casa de praia dele e transformá-la em um bem rentável.

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A construtora também vai oferecer outros serviços?

Sim. O comprador terá a opção de nos entregar a gestão do imóvel para locação. Após a compra da unidade, uma empresa nossa entra em contato com o comprador, perguntando se ele quer fazer a mobília conosco, porque já tem planos específicos de aquisição dessa mobília. Além disso, essa pessoa tem acesso a muitos serviços no pay per use [pague para usar]. Ele está na unidade e pode contratar alguém para limpá-la. Mais do que um empreendimento imobiliário, é trazer experiência, algo que faça sentido para essa pessoa, para que ela se sinta, realmente, dentro de um resort, apesar de estar pagando preço de condomínio.

Qual é o cronograma do projeto? 

Hoje todos os corretores já saem com todas as informações. São mais de 250 profissionais atrelados ao produto. É um número muito marcante, demonstra a força do mercado local e a confiança na marca da VCA. A comercialização começa no mês que vem, novembro, com previsão de início das obras em fevereiro de 2025 e entrega em três anos.

Você já manifestou a preocupação de que o aumento da taxa básica de juros venha a frear o crescimento de todo o setor imobiliário. Ele afetou o plano de expansão da VCA?

O mercado imobiliário sempre trabalha em longo prazo. No Brasil, não é fácil, porque você tem atributos externos que sempre impactam muito na sua operação. Hoje a construção civil passa por duas situações de alerta. A escassez de mão de obra por falta da renovação e a imprevisibilidade da taxa de juros, que é uma preocupação para todo o mercado. Mas, quando você fala no imobiliário, que tem a aquisição em longo prazo, qualquer 0,5% que aumenta na taxa, inevitavelmente, sobe demais o custo desse imóvel em longo prazo.

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O cliente tem ao longo do período de obras, de 36 meses, o valor planejado de que a única correção em cima daquele produto é o INCC. É uma inflação específica do setor. Só que ela está muito controlada, não assusta.

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Vocês vão pisar no freio?

Não. Isso não tende a frear o desenvolvimento da VCA, porque a empresa já entendia a possibilidade de subida do juro e se planejou para esse momento. Daí a criação do VCA Facilita, o nosso parcelamento.

Como o VCA Facilita ajuda a lidar com o aumento da taxa básica de juros?

Mesmo com o aumento da taxa de juros agora, permanecemos com as nossas taxas inalteradas. Isso já é um bom sinal para o consumidor. Não sabemos até quando.

E como afeta a empresa?

A margem [de lucro] está muito espremida. Todos os mercados trabalham com isso. Na construção civil não é diferente. Ela vai espremer margem para conseguir entregar o melhor para o cliente. Um grande componente que tem, no nosso caso, é que, como nós fazemos com correção de INCC até a entrega e, depois da entrega, um juro prefixado mais um índice, que no nosso caso é o IPCA, o cliente tem ao longo do período de obras, de 36 meses, o valor planejado de que a única correção em cima daquele produto é o INCC, que é o Índice Nacional da Construção Civil. É uma inflação específica do setor. Só que ela está muito controlada, não assusta.

Então, ainda é um bom momento para comprar?

Com certeza! Se o consumidor compra um produto hoje, carregado no INCC até a entrega, se ele não comprasse agora, só daqui a três anos, esse produto teria subido muito mais do que o INCC. Ele consegue ganho real na aquisição.

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O mercado está muito aquecido. Tem muita opção, mas o consumidor está ávido, porque ele ficou muito tempo com essa demanda reprimida. Então, ainda é uma boa hora para comprar imóvel. Você consegue uma boa negociação e formatação.

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A valorização do imóvel no período compensa o INCC?

Muito! A verdade é que esse é um momento muito bom para comprar imóvel. O mercado está muito aquecido. Tem muita opção, mas o consumidor está ávido, porque ele ficou muito tempo com essa demanda reprimida. Então, ainda é uma boa hora para comprar imóvel. Você consegue uma boa negociação e formatação. Não é à toa que a VCA está dividindo o imóvel dela em 100 vezes. Isso não é comum no mercado. É a única empresa que vem desenvolvendo esse tipo de estratégia.

Bento Lima fala sobre ex-prefeito Jabes Ribeiro || Foto PIMENTA
Tempo de leitura: 2 minutos

Fogos de artifício pipocaram no céu da Avenida logo após a chegada do prefeito Mário Alexandre e sua comitiva no Centro de Convenções de Ilhéus, por volta das 19h10min desta quinta (18). Estava aberta a 38ª edição do Chocolat Festival, que, por causa da eleição de 6 de outubro, transformou-se em arena política. O grupo do PSD, liderado por Marão e pelo pré-candidato a prefeito Bento Lima, reuniu apoiadores vestidos de amarelo e percorreu os estandes. 

Após a saída do ex-prefeito Jabes Ribeiro da corrida eleitoral, surgiram especulações sobre a possibilidade de uma composição PP-PSD. Nelas, costuma-se lembrar que, em dezembro, a base de Mário Alexandre votou em peso a favor da aprovação de contas do ex-prefeito.

Entrevistado pelo PIMENTA durante a visita ao Festival, Bento Lima disse considerar que esse tipo de conjectura faz parte do processo político e declarou ter um sentimento de solidariedade ao ex-prefeito, segundo ele, pela forma como a retirada da pré-candidatura foi construída. 

Ex-secretário municipal de Gestão e Inovação, Bento também falou da relação com o Governo do Estado num contexto em que o partido do governador Jerônimo Rodrigues, o PT, trilha caminho diferente do PSD em Ilhéus. Leia.

PIMENTAHá rumores de aproximação entre a sua pré-candidatura e o grupo do ex-prefeito Jabes Ribeiro. Procedem?

BENTO LIMA – Na verdade, o prefeito Jabes tem uma história política muito longa e grande nessa cidade e construiu seu score político. Naturalmente, quando ele sai do jogo, algumas pessoas tendem a tentar criar uma aproximação de um grupo que sempre teve disputa com o grupo da deputada Ângela [Sousa] com o nosso grupo. Nós temos posições políticas muito bem definidas, muito bem sedimentadas ao longo de 20 anos de grupo político na cidade de Ilhéus. Entretanto, a saída dele [da corrida eleitoral], da forma como foi feita, do modo como isso foi construído, o que nós temos dado a ele é solidariedade e nos aproximado no sentido humanístico. Porque você sair de um pleito, desistir de uma corrida eleitoral, naturalmente, traz sentimentos. E a gente tem se solidarizado com ele nesse sentido.

Alguém causou dano aos planos do ex-prefeito?

Não, eu não consigo medir isso, porque eu estou em outro campo. Eles estão lidando lá com as suas diferenças, no exercício de tentar unir, de tentar se aproximar. E nós estamos cá, dentro do nosso grupo, fazendo o mesmo. Então, é muito mais você cuidar do jardim para atrair a borboleta do que correr atrás de borboleta. A gente está cuidando do nosso jardim.

Então, seria uma composição bem-vinda.

Não, acho que, dentro do contexto, você não consegue chegar a essa conclusão, não.

Houve um tensionamento entre o grupo do prefeito Mário Alexandre e o grupo de Adélia Pinheiro (PT) e do Governo do Estado. Há um estremecimento na relação com o governador Jerônimo Rodrigues?

Eu não senti nem o tensionamento, muito menos, o estremecimento. Na verdade, nós temos dentro de Ilhéus, como eu disse, uma posição política muito bem firmada, uma estrada muito bem pavimentada. Nós temos resultados políticos e administrativos colocados. Quando digo resultados políticos, a gente observa a votação do governador Jerônimo dentro da cidade. A gente observa tudo que o prefeito Mário construiu e está deixando de legado. Isso tudo está sendo colocado na mesa dentro desse processo eleitoral. O PT de Ilhéus tem uma posição divergente dessa. Uma visão diferente dessa que nós vemos. Mas, tudo dentro do campo da política e da democracia. Ninguém é dono da verdade. A verdade está sempre sendo construída.

Existe a possibilidade de aliança com o PT de Ilhéus?

Cenas do próximo capítulo.

Valderico Junior fala sobre saída de Jabes da corrida eleitoral || Imagem TiTV
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O pré-candidato a prefeito de Ilhéus pelo União Brasil, Valderico Junior, avalia que, na Carta aos Ilheenses, o ex-prefeito Jabes Ribeiro (PP) não declarou apoio a ele, Valderico, por respeito a aliados. No documento, Jabes formalizou a retirada da pré-candidatura a prefeito

Segundo Junior, a declaração de apoio de Jabes Ribeiro ao seu nome veio, de forma explícita, na última reunião da frente partidária, no mesmo sábado (13) da divulgação da Carta. 

Nesta entrevista ao PIMENTA, o pré-candidato do União Brasil também fala do diálogo com outros partidos que não integram a base do Governo Jerônimo Rodrigues; aponta a unidade como única forma de vencer o pleito de 6 de outubro; rechaça notícia de briga e comenta o papel do vice-presidente nacional do UB, ACM Neto, na construção da aliança partidária em Ilhéus. Leia.

PIMENTA – O que foi determinante para a decisão do ex-prefeito Jabes Ribeiro de retirar a pré-candidatura?

VALDERICO JUNIOR – Fizemos várias reuniões, análises. União Brasil e PP sabem da importância da unificação. Somente assim poderemos ter competitividade para ganhar as eleições. Fizemos várias pesquisas, com fontes distintas, e construímos os critérios, dentre eles, intenção de voto, que é primordial. Tem que ter voto. Não adianta não ter rejeição e não ter voto. A gente tem perspectiva de crescimento e estabeleceu critérios como intenção de voto, rejeição, transferência de voto, embate direto e desejo da cidade, principalmente isso, com [pesquisas] qualitativas. E chegamos num denominador para ter unidade. É difícil. São várias pessoas, várias mentes, mas a gente tem a necessidade de caminhar em conjunto para ter um time forte e competitivo para ganhar as eleições.

Pesou o entendimento de que seu nome tem maior viabilidade eleitoral e melhores condições de unir a oposição?

Isso. Reúne as melhores condições para poder disputar a eleição com a oposição unificada.

Na Carta aos Ilheenses, o ex-prefeito não fez declaração de apoio. Ele fez isso na reunião de sábado?

Sim. A Carta exige muito cuidado. São muitas pessoas e muitos sentimentos envolvidos, uns bons, outros ruins. A gente precisa ir dialogando e construindo. Mas, o próprio ex-pré-candidato Jabes Ribeiro pontuou, na reunião com a frente ampla, a sua decisão de apoiar, seguindo um compromisso feito não só comigo, mas com todos, de apoiar a candidatura escolhida pelo grupo, e a gente poder criar as melhores condições. Isso foi declarado na reunião da frente ampla. E, se não me engano, na segunda ou terceira frase da Carta, ele fala que continuará seguindo [a posição da frente]. Ele não cita o nome do pré-candidato do União Brasil, mas por uma questão de respeito aos seus.

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Diferente do que foi dito por parte da mídia, não teve briga.

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Qual foi o papel de ACM Neto nessa construção?

Fundamental. Lá em 2022, a gente começou todo o processo e visualizou essa união. Todo esse grupo, reunido em prol da candidatura de ACM Neto, conseguiu colocar 10 mil votos de frente para o Governo [do Estado], que investiu na cidade e pensava que tinha hegemonia aqui. No voto a gente mostrou que, com união, é possível lutar. E Neto foi fundamental nessa transparência dos critérios, dos dados, para que pudéssemos chegar firmes nessa consolidação. Diferente do que foi dito por parte da mídia, não teve briga. [A escolha do candidato] foi totalmente construída por várias mãos. Estou feliz, otimista e com o entendimento de que a gente tem muito o que somar para evoluir.

Qual foi a reação das pessoas nesses primeiros dias após o anúncio do ex-prefeito?

As pessoas reconhecem a força e a história política do ex-prefeito Jabes Ribeiro. Uma decisão como essa dá uma energia muito grande. Junto com o desejo da cidade de renovar, ter o apoio do grupo do PP e dos outros partidos da frente, onde nós estamos discutindo caso a caso para poder ter essa unidade e para que as pessoas possam confiar no projeto como um todo, que vem sendo construído por todos eles. Eu gostaria muito da participação desses partidos não só para ganhar a eleição, mas para pensar e administrar Ilhéus. O calor do povo tem sido cada vez mais forte. A gente sente isso no apertar de mão, no abraço, nas palavras.

E as lideranças da frente partidária, como reagiram?

Cada um tem seus compromissos com seus pré-candidatos e sua linha, mas a racionalidade tem sido predominante. Por mais que você goste mais do candidato A, B ou C, você entende que, com unidade, a gente tem viabilidade para ganhar – e é o único jeito que nós temos. Temos discutido bastante, cada um com seu tempo e sua maneira, mas com a responsabilidade da discussão de um projeto para Ilhéus.

O PP condicionou o apoio à indicação do vice da sua chapa?

Não. Mais uma vez, a importância da experiência do ex-prefeito Jabes Ribeiro, que se colocou à disposição para discutir o melhor nome, a melhor composição, para que a gente agregue mais no processo político. Não adianta simplesmente cargos por cargos, partido A, B ou C impondo que vai indicar a vice. A melhor composição, a maior viabilidade, é o que precisa ser pensado para ganhar as eleições.

A definição do vice vai ficar para a reta final do prazo das convenções?

Isso está sendo discutido no dia a dia. Estamos buscando o melhor entendimento. Se Deus abençoar e a gente conseguir fazer as composições e construir unidade em um tempo menor, não tem por que segurar tanto. Claro, temos o prazo legal, a partir do dia 20 agora até o dia 5 do próximo mês.

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Dialogo, dialogarei com qualquer um.

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Procede que você conversou sobre possível aliança com o PT?

Não. Em nenhum momento foi conversado sobre possível aliança. Comigo, pelo menos, não. Represento o União Brasil na cidade e tenho diálogo e amigos em todos os partidos. Sou um ser político e tenho capacidade de dialogar com qualquer um. Não há inimigo, há divergência política, um olhar diferenciado, prioridades diferentes. É em cima disso que a gente trabalha. Dialogo, dialogarei com qualquer um que seja, mesmo não estando no mesmo campo. O diálogo é bom para tudo, mas respeitando o espaço de cada um. Mas, repito, não conversei com o PT sobre aliança em Ilhéus.

Como andam as conversas com o pré-candidato Augustão e o PDT?

O PDT é importante nesse processo. Temos construído uma boa relação. Claro, eles têm os pensamentos deles e nós temos os nossos. O tempo é cada vez mais curto e esse diálogo tem sido mais frequente. Sempre tive uma excelente relação com Augustão. Sempre respeitei muito o presidente Humberto [Neto] e toda a sua equipe. Tenho um caminho super aberto de diálogo com eles para a gente construir o melhor conjunto para a cidade de Ilhéus.

Jerônimo entrega moradias em Itabuna e fala sobre eleições nas cidades-chave da Bahia || Foto PIMENTA
Tempo de leitura: 4 minutos

O governador Jerônimo Rodrigues entregou, nesta sexta-feira (5), os 80 apartamentos construídos pelo programa Bahia Minha Casa no Jaçanã, em Itabuna. Os imóveis vão abrigar famílias atingidas pela segunda maior enchente da história do município, no final de 2021. O lar, segundo o mandatário, é ambiente de segurança, tranquilidade e formação, elementos caros à dignidade humana. Após o descerramento da placa, concedeu entrevista em que falou sobre o cenário eleitoral e citou municípios como Salvador, Vitória da Conquista, Itabuna e Ilhéus.

Sobre as cidades do sul da Bahia, disse trabalhar para que aliados vençam as eleições deste ano e apontou que é possível superar o desempenho eleitoral da base governista em 2022, enfatizando a confiança na gestão do prefeito Augusto Castro (PSD) em Itabuna e o diálogo com o prefeito de Ilhéus, Mário Alexandre (PSD), e com a pré-candidata do PT na Terra da Gabriela, Adélia Pinheiro. 

Na sua avaliação, a base construiu consenso em torno da pré-candidatura de Geraldo Junior (MDB) em Salvador, e a articulação da capital ganhou mais consistência com a indicação da ex-secretária Fabya Reis (PT). 

Na entrevista, também descreveu seu estilo na condução do Governo e do Conselho Político, afirmando priorizar o diálogo e a escuta. Conforme o governador, não se pode querer ditar o destino político das cidades baianas a partir da capital. Leia.

PIMENTA – O senhor é presidente do Conselho Político do Governo. Qual vai ser o desenho para o enfrentamento eleitoral, daqui a pouco?

JERÔNIMO RODRIGUES – Não é daqui a pouco (Risos). Já estou nessa pegada há tempo, pensando em cada município da Bahia. Temos um conjunto de partidos no Conselho, com bons entendimentos. Onde tiver uma liderança de um partido, do PCdoB, [por exemplo], que esteja à frente, sozinho, liderando, não tem como desancorar. É ali. Tem locais que temos dois, três nomes. Temos que sentar, debruçar e encontrar saída. E tem lugares que falta fechar um vice, a bancada de vereadores está montada. Estamos desenhando isso de acordo com a realidade. Por exemplo, pegamos Salvador com cinco, seis nomes, e fomos construindo, dialogando, e chegamos a um consenso com o nome de Geraldo Júnior.

Há resistência do partido do senhor, o PT, ao nome escolhido.

Não. Não resistência. Em qualquer lugar, de qualquer partido, as pessoas não fecham 100%. Mas, nesse caso, posso lhe dizer, teve consenso geral. E, agora, com a chegada de Fabya Reis, isso unificou ainda mais. Geraldo conhece a cidade. Tem estudado bastante. Tem se debruçado sobre o projeto. Temos um projeto de Estado. Não pode ninguém ficar pensando que não tem debate, uma disputa política de um projeto para Salvador, que é na mesma linha da disputa de um projeto para a Bahia. Aqui, temos aliados de primeira hora, quem me carregou no ombro, foi solidário comigo na hora que precisei. Não tem dúvida nisso.

Jerônimo: “confiamos na gestão de Augusto” || Foto PIMENTA

As negociações conduzidas em Itabuna e Ilhéus fazem com que o Governo creia em vitória dos aliados?

Trabalhamos para isso, porque não se muda a política como o senhor pegou a chave ali,  fechadura boa, abriu, entrou na casa. Na política não é assim, tem histórico. Essa foi uma região que não tivemos boa performance. Precisamos melhorar Ilhéus e Itabuna, principalmente. Esses municípios são espelhos para a região e temos possibilidade real de reverter a situação em Itabuna, estamos construindo. Estive lá em Ilhéus, entregando a ampliação do aeroporto. Estive com Marão, com Adélia, é uma boa disputa interna, em casa, mas [a vitória] tem que vir para o colo da gente. É dialogar com maturidade e resolver. Não posso perder a possibilidade de continuar sendo parceiro de Ilhéus e Itabuna. Não posso me dar a esse luxo. As dificuldades a gente trata. Confiamos, por exemplo, na gestão municipal de Augusto. Voltamos de uma entrega de uma Unidade de Saúde da Família, de uma visita ao Hospital de Base, tudo feito com muito carinho. Entregamos essa unidade habitacional. Estamos indo anunciar novos investimentos importantes para Itabuna. No Conselho, o respeito que tenho é de não fazer, como alguns fizeram no passado e fazem, de Salvador querer mudar a política aqui. Não é assim. Temos que respeitar quem lidera o município, quais são as forças nossas. São forças vivas. Temos um potencial muito forte no oeste, extremo-sul, aqui no litoral, baixo-sul e na região metropolitana.

O senhor disse mais cedo, em entrevista ao PIMENTA, que tem um estilo, que não vai impor, mas vai mostrar qual é. Qual vai ser esse estilo na negociação eleitoral e na condução do governo?

Já está revelado. Sou do diálogo, da escuta. Em Conquista, temos Lúcia, do MDB, e Waldenor, dois nomes nossos. Vou empurrar Lúcia da carroceria? Vou tirar Waldenor sem construir isso? Não dá para fazer assim. Não faremos assim. Quem topa o diálogo vai encontrar diálogo. Tenho procurado isso. Conversei bastante com Adélia, com o grupo de Adélia, com o grupo de Marão, porque não estou governando e gerenciando com a estrela do PT. Estou governando com um símbolo, uma insígnia, de um Conselho que tem oito, nove, dez partidos. Então, é Éden que tem que fazer a boa disputa do PT, é Wagner. Pelo PSD, é Otto. Isso não desarruma a casa. Pelo contrário, fortalece a nossa potencialidade de ficarmos mais unidos, de eles confiarem quando a gente diz: a palavra nossa é essa. Quando dermos a palavra, pode saber que a gente vai enfrentar até a última gota do suor da gente. Aqui em Itabuna, em Ilhéus e na região também estamos fazendo esse movimento.

Para Isaac, Augusto é o pior prefeito da história de Itabuna
Tempo de leitura: 6 minutos

O médico, enfermeiro, ex-policial militar e ex-secretário municipal de Saúde Isaac Nery é uma liderança em ascensão na política de Itabuna. Nas eleições de 2020, candidatou-se a prefeito pelo Avante e obteve 7.498 votos (7,25%). No pleito seguinte, tentando uma cadeira na Câmara dos Deputados pelo Republicanos, foi o escolhido de 11.460 eleitores itabunenses (10,65%).

Filiado ao PDT desde março, o pré-candidato a prefeito falou ao PIMENTA sobre o desempenho de sua pré-campanha, defendeu o ensino em tempo integral como forma de alavancar a educação no município e fez duras críticas ao prefeito Augusto Castro (PSD), em quem tenta colar a pecha de “pior” gestor da história da cidade.

Apesar de reconhecer que, neste momento, nenhum prefeiturável assumiria a disposição de se candidatar a vice-prefeito, Isaac diz acreditar que a oposição vai se unir para derrotar o atual gestor municipal. Leia a entrevista.

PIMENTA – Qual é o balanço de sua pré-campanha até aqui?

ISAAC NERY – Nossa pré-campanha tem sido através de propostas. Não tem apoio financeiro como o prefeito, que tem a máquina, e o deputado Pancadinha, que tem acesso aos recursos dele. Temos feito uma pré-campanha impulsionando as nossas redes sociais, conversando com a população, falando das nossas propostas. Isso tem tido um desempenho muito bom, surpreendente, graças a Deus. Estamos finalizando o mês de junho surpreendendo. As pesquisas divulgadas até agora são fakes. Não mostram o crescimento real de Dr. Isaac Nery. No meio da população, você vê como está o nome de Isaac Nery e como nossas propostas são aceitas. A população nos vê e enxerga um pré-candidato que fala a verdade, que faz promessas, mas executáveis.

Quais propostas têm sido bem recebidas?

Cuidar de gente. Sempre digo que cuida de gente quem gosta de gente, quem ama gente. Itabuna está destruída. Não consegue atrair empresas. O prefeito não gera emprego, não atrai empresas. Ao contrário, a Tel fechou. Estivemos lá. Segundo a gerente, Itabuna perdeu dois mil postos de trabalho com a saída da Tel. A gente tem falado de educação, porque as escolas de Itabuna estão fechadas, e colocaram os alunos em outras escolas, todas cheias, com salas lotadas. Um calor absurdo. São fatores que desestimulam a criança.

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Quero ver a criança acordar sábado de manhã já sonhando em ir segunda-feira para a escola.

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Como melhorar a educação?

Nossa proposta é educação em tempo integral, a partir do ano que vem, com fé em Deus. Não só reformar, Itabuna precisa construir algumas escolas-modelo. Vamos ter recursos para isso através do Fundeb, uma parte chega este ano e outra, no ano que vem. Utilizaremos esses recursos para construir escolas-modelo, implementar uma escola de qualidade, para que a criança fique apaixonada e deseje ir à escola todos os dias. Quero ver a criança acordar sábado de manhã já sonhando em ir segunda-feira para a escola.

Como avalia a gestão da saúde?

Está acabada. A Secretaria Municipal de Saúde e o Hospital de Base devem a fornecedores. No Hospital de Base, a ressonância ficou meses parada. Só agora botou para consertar. O arco cirúrgico, meses parado, só agora mandou consertar. Todos os dias, faltam dezenas de itens básicos, antibióticos, drogas vasoativas, material para fazer diálise em paciente, esparadrapo, lençol. A população está comprando bolsa de colostomia, inclusive os pobres, que não têm condições de comprar, R$ 23 uma bolsa, o Creadh [Centro de Referência de Reabilitação e Desenvolvimento Humano] não fornece. A desculpa é licitação. Mentira! É que deve ao fornecedor e não paga.

A que você atribui esses problemas e como superá-los?

Má gestão. Tirou um cara técnico [da Fasi] para colocar o presidente de um partido, o Republicanos, por conta de jogo político. Daqui a pouco, esse indivíduo, que não tem competência nenhuma para gerir, mostrou que não tinha, é exonerado do cargo. Agora, coloca o ex-prefeito de Itajuípe [Marcone Amaral no comando da Fasi]. Não há preocupação em colocar um gestor que tenha conhecimento técnico. O Hospital deve a fornecedores e não paga. Você vê uma má gestão muito clara. Em 2020, o repasse para o Hospital de Base era de R$ 3,8 milhões e não faltava a quantidade de material que falta hoje. No ano passado, respondendo a um dos meus vídeos, o prefeito disse que estava repassando R$ 6,4 milhões para o Hospital de Base. Se você fizer a conta da variação dos insumos e outras despesas de 2020 para 2023, vai ver que não houve uma variação para consumir a diferença de R$ 2,6 milhões. Tem alguma coisa lá que não está correto. É má gestão.

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O prefeito está usando o mesmo modus operandi de outros prefeitos. Passou dois anos e oito meses fora. No caso desse, em Salvador.

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E a infraestrutura da cidade?

O prefeito está usando o mesmo modus operandi de outros prefeitos. Passou dois anos e oito meses fora. No caso desse, em Salvador. Outros ficaram em Itabuna, mas não trabalharam. Eles passam dois anos e oito meses sem fazer nada na cidade, só maquiando, para quando faltar um ano para a eleição, colocar o asfalto sonrisal. Observe que o gestor está gastando uma fortuna com asfalto, mesmo com recursos do estado. O asfalto é de péssima qualidade. Onde colocou, pocou tudo. A chuva vem e poca tudo. Não coloca rede de drenagem de água e esgoto, não coloca meio-fio. É uma coisa para enganar a população.

Como está o diálogo com outros partidos?

Tenho dialogado com todos. Tive reuniões frequentes com Capitão Azevedo, tive reuniões com Geraldo Simões. Em fevereiro, me reuni com o deputado Pancadinha. Tive reuniões, ano passado, com o pré-candidato do PL, Chico França. Só não tive reunião com o atual gestor. E não faço questão mesmo, até porque é nosso adversário político. Pessoalmente, não temos nada contra o outro, eu espero. Mas, tenho conversado com todos os pré-candidatos e partidos para buscar apoio em torno do nosso nome para prefeito de Itabuna.

Já recebeu alguma sinalização positiva?

Todos são pré-candidatos. Ninguém define a questão de ser vice, mas creio que, até meados de julho, a oposição vai se unir para derrotar o pior prefeito que essa cidade já teve.

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Eu tinha medo do Capitão sair e dizerem que tomei o partido. Não queria ter esse estigma em Itabuna.

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Após a sua chegada ao PDT, Azevedo deixou o partido e foi para o União Brasil. Ficou alguma rusga com o ex-prefeito?

Não. O motivo pelo qual o Capitão trocou o PDT pelo União Brasil não sei. Fui convidado pelo presidente do PDT, Fernando Neto, em janeiro. Não fui, porque já havia um pré-candidato. Disse: “caso o Capitão saia do PDT e não tenha outra pessoa, eu vou. Enquanto o Capitão estiver, não irei. Eu tinha medo do Capitão sair e dizerem que tomei o partido. Não queria ter esse estigma em Itabuna. Em março, numa reunião com o ex-vereador Milton Gramacho, o Capitão me convidou para o PDT, porque eu já estava com a conversa adiantada com o União Brasil. Já sabia que o Capitão tinha a intenção de ir para o União Brasil, só não sabia se ele iria, de fato. O desejo dele era ser pré-candidato pelo União Brasil.

O prefeito Augusto Castro recebeu gestos positivos do governador Jerônimo Rodrigues para as eleições deste ano. Qual é o peso que Jerônimo pode ter? Será muito influente?

Acho que não. Graças a Deus, o povo de Itabuna tem uma questão interessante. Presidente nunca influenciou, muito menos governador, senadores, ministro. Geraldo Simões foi prefeito na época do carlismo. Na primeira eleição dele, em 1992, venceu o candidato do governador. Depois, em 2000, venceu Fernando Gomes, e o governador era César Borges. Com Wagner governador, o PT não venceu em 2008. Fernando era o candidato de Rui Costa em 2020 e quem ganhou foi Augusto, que não era o preferido de Rui, embora estivesse na base, porque tinha o apoio do senador Otto Alencar. Não haverá peso nenhum.

Por essa lógica, apesar da vitória em Itabuna em 2022, é justo pensar que ACM Neto não vai ser um cabo eleitoral forte neste ano.

Não diria um forte cabo eleitoral. Tem um peso, tem, mas não tem o peso de ganhar uma eleição. Tem o peso de conseguir votos, claro, tanto Jerônimo para o lado de Augusto quanto ACM Neto para o candidato que ele for apoiar. Não tenho dúvida disso. Mas, a eleição quem decide é o povo de Itabuna.

Então, você também não acredita em uma disputa com influência da política nacional, do lulismo e o do bolsonarismo.

Fizemos uma pesquisa em fevereiro. Não existe influência nacional ou estadual na eleição de Itabuna para prefeito. Quando falo influência, é para decidir a eleição.

O PDT compõe o Governo Federal e já esteve próximo do Governo da Bahia, mas, há um bom tempo, mantém-se afastado. Caso o senhor seja eleito, isso poderia ser um obstáculo aos interesses de Itabuna?

O Brasil evoluiu muito nessa questão da democracia, e a Bahia também. É necessário separar a disputa entre lados políticos e o que a população precisa. Vamos ter apoio de deputados federais da situação e da oposição ao governo federal. Tenho certeza que o governador Jerônimo tem sensibilidade suficiente para entender que a população não pode ser prejudicada porque o prefeito de Itabuna é oposição a ele no estado. Passou a eleição, vamos procurar o governador e falar dos nossos projetos.

Ana Karen fala sobre os rumos do novo PCBR
Tempo de leitura: 2 minutos

A quadra do Sindicato dos Bancários, no Centro Histórico de São Paulo, recebeu o 17º Congresso Extraordinário do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário. Foi também o ato de fundação do PCBR, criado por militantes que deixaram o PCB após o racha de julho de 2023. Ao PIMENTA, a professora Ana Karen, do Comitê Central do partido nascido no início deste mês, falou das resoluções do Congresso e do horizonte político do organismo.

Médica e professora da Universidade Estadual de Feira de Santana, na Bahia, Ana esclarece que não haverá disputa pela legenda do PCB, mas o novo partido reivindica a trajetória centenária do movimento comunista nacional e internacional. “Consideramos fundamental ter em mente toda a história que já atravessamos e construímos dentro do País, apontando os acertos e erros, bem como refletindo sobre ela para traçar, também, novos caminhos”.

Um dos elementos chaves do Congresso, afirma, foi a leitura de que há uma guerra inter-imperialista em desenvolvimento, com a atuação da Rússia na Ucrânia, por exemplo. Segundo Ana Karen, seria equivocado enxergar na Rússia contemporânea os antigos aliados soviéticos. Com base em uma categoria analítica que atribui ao pensador brasileiro Ruy Mauro Marini (1932-1997), ela vê o país do leste europeu e a China como forças sub-imperialistas, que expandem seu capital para disputar recursos humanos e naturais em países como o Brasil.

Outra posição tirada do Congresso, acrescenta, é a de que o PCBR buscará fazer jus à definição de partido marxista-leninista, com liberdade de crítica e unidade de ação, elementos que, segundo a professora, se perderam no PCB:

– No PCB, apontávamos processo intenso de burocratização, com giro à direita das principais direções, que vinham impondo um conjunto de federações no Brasil. Ou seja, ao invés de termos um partido nacional, capaz de olhar as diversas nuances do País e de se projetar enquanto organismo inserido na classe trabalhadora, tínhamos uma disputa entre comitês regionais. Cada um queria fazer de determinado jeito, muito ligado a um certo caciquismo, com uma briga mais para estar na direção do que para formar um organismo nacional centralizado.

REVOLUÇÃO

O PCBR também nasce como partido de oposição ao Governo Lula, mas à esquerda, observa Ana Karen. Ela concorda com a avaliação de que, nos últimos 35 anos, o pensamento liberal dominou o campo das esquerdas, sob a liderança do Partido dos Trabalhadores, e aponta o caminho para recolocar a revolução no horizonte da ação política:

– [Precisamos estar], cada vez mais, inseridos e lado a lado com a classe trabalhadora nas suas pautas imediatas. Por exemplo, como estão os preços dos alimentos? Como está hoje o acesso ao SUS? Estamos falando de uma classe trabalhadora que acessa o SUS. O Governo está propondo e ponderando atacar os pisos [constitucionais] da saúde e da educação. Se hoje já temos dificuldades, imagina se esses pisos forem quebrados?

Abaixo, assista à entrevista completa.

Adélia Pinheiro: PSD não faz parte do campo progressista || Foto Pimenta
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Do escritório da professora Adélia Pinheiro (PT) é possível ver quase todo o campo do Estádio Mário Pessoa, em Ilhéus. Um grande mapa do município toma a parede diante da mesa de reunião. “Esse não tem anotação”, observou a pré-candidata a prefeita, autorizando o PIMENTA a fotografar o mapa. Nesta pré-campanha, até aqui, a cartografia da ex-secretária de Estado desenha aliança de centro-esquerda, com os partidos Mobiliza e PSOL, além de PCdoB e PV, que integram a federação com o PT.

“A adesão do Mobiliza e do PSOL e o ato de apoio do PCdoB são marcos importantes, significativos, de fortalecimento da pré-candidatura e do nosso campo”, avalia a pré-candidata.

Ouvidos pelo site, membros do PSOL afirmaram que o acordo com o PT enfrentou resistência de socialistas que não querem estar no mesmo palanque do prefeito Mário Alexandre e do pré-candidato de seu partido, PSD, o advogado e ex-secretário municipal Bento Lima, num eventual acordo entre PSD e PT.

Segundo a petista, a conversa com o PSOL não abordou essa hipótese e se concentrou na busca de estratégia vitoriosa para as eleições de 6 de outubro. “Estamos colocando toda a força e expectativa no diálogo com partidos do campo progressista”, emendou. O PIMENTA questionou se o PSD faz parte do mesmo campo. “A princípio, não”, respondeu Adélia Pinheiro.

BEBETO

O site também quis saber das conversas com o PSB do vice-prefeito Bebeto Galvão, pré-candidato a prefeito. “Nossos diálogos são sempre respeitosos, com o entendimento de que há um percurso de pré-campanha, e cada um e uma [segue] da sua forma. Tenho todo o respeito pelo percurso que o PSB e o pré-candidato Bebeto vêm percorrendo”, declarou Adélia, acrescentando ter expectativa de aprofundamento da interlocução com o partido.

AUGUSTÃO

O vereador Augustão, pré-candidato a prefeito de Ilhéus pelo PDT, já fez declarações hostis a Adélia, para quem perdeu disputa interna antes de deixar o PT. Diante dessa constatação, a petista respondeu com elogios, recordando que o parlamentar tem história no campo progressista, assim como o PDT.

– Ele tem trajetória de vida muito alinhada ao campo de esquerda. Já não estou falando exclusivamente do PDT, mas sim do pré-candidato Augustão, como o conhecem, com sua trajetória que me traz muito respeito e admiração. Tenho a convicção de que assim ele permanece.

VICE

Médica e professora aposentada da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), onde exerceu dois mandatos de reitora, Adélia Pinheiro traçou as características do (a) vice ideal. Para ela, uma majoritária deve ser formada por candidatos com histórias de vida, experiências e competências complementares:

– É o que nos leva à chapa que esteja mais de acordo com os anseios da população e dos compromissos que a gente tem e que venha a firmar com a população de Ilhéus.

A definição, no entanto, ficará para as vésperas das convenções, ponderou.

“MOVIMENTAÇÃO ESTRATÉGICA”

Adélia defende renovação política || Foto PIMENTA

Numa manhã de setembro de 2021, o então governador e hoje ministro da Casa Civil, Rui Costa, entregou a segunda ponte construída em seu governo, em Ilhéus, sobre o Rio Almada, no distrito de Aritaguá, e de uso exclusivo do Complexo Intermodal Porto Sul. Havia acabado de voltar de viagem à China e usou o gigante asiático como exemplo de país onde se priorizam as políticas de Estado e não de governo.

Para Rui, o mesmo foi feito pelos governos do PT na Bahia com os projetos do Porto Sul e da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), fazendo justiça, segundo ele, ao legado do engenheiro Vasco Neto (1916-2010) para o desenvolvimento da infraestrutura de transporte do Brasil.

Perguntamos a Adélia Pinheiro se aquela perspectiva de longo prazo, defendida por Rui, poderia ser transportada para a formação de quadros políticos e se era a ideia que o ex-governador tinha no horizonte quando a delegou, em 2019, o comando da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação e, em 2021, da Pasta de Saúde. A pré-candidata concordou. Foi uma semente?

“Prefiro chamar de movimentação estratégica, que deu visibilidade, participação e empoderou um agente político do interior da Bahia. No Litoral Sul, no eixo de Ilhéus, há algum tempo, vínhamos falando da necessidade de renovação, de novas lideranças mais alinhadas com as necessidades da população e a construção de políticas públicas vinculadas à garantia de direitos e aos compromissos do campo progressista. Tem uma coerência muito grande. Fazer parte, ser uma pessoa com essa movimentação no tabuleiro político, é muito importante para mim. Me dá a oportunidade de trazer a liderança em benefício da minha terra e das pessoas que moram aqui”.

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Nascido em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia, Jardel Couto, 42 anos, guarda memórias afetivas das visitas com a família a Ilhéus. Eram dias de veraneio. Da década de noventa, recorda dos pais segurando as crianças pelas mãos para atravessar a rodovia e chegar às barracas da Praia do Sul. Nos anos de 2000 a 2015, frequentou muito Olivença. Gosta da cidade, das praias e vê semelhanças culturais entre os modos de ser do conquistense e do ilheense, o que atribui à proximidade das regiões e a uma identificação entre os baianos fora do eixo cultural de Salvador.

Hoje executivo-chefe da VCA Construtora, Jardel voltou a Ilhéus para lançar o primeiro empreendimento imobiliário da empresa na cidade, o residencial Castélyah, em frente à Praia dos Milionários. O lançamento ocupou o espaço social do Cidadelle Sul, onde o CEO da VCA  recebeu o PIMENTA, neste sábado (8).

Na entrevista exclusiva, detalhou o projeto, que terá 257 unidades e diferentes faixas de preço. Apontou facilidade na aprovação de financiamento próprio da construtora, com parcelamento de até 100 vezes e entrada de 10% do valor total.  “Algo incomum no mercado”, ressaltou.

Também descreveu a qualidade arquitetônica das duas torres e dos apartamentos do residencial Castélyah, com assinatura do renomado arquiteto baiano Antônio Caramelo. O executivo também falou sobre a expansão da VCA Construtora dentro e fora do estado e de parceria com o programa Minha Casa Minha Vida em Ilhéus. Leia.

PIMENTA- Quais são as principais características do Castélyah?

JARDEL COUTO  – Entramos em Ilhéus com a perspectiva de trazer características distintas do que o mercado está acostumado. Primeiro, é um produto com quantidade maior de unidades para conseguir trazer o preço de condomínio dentro da realidade da maioria das pessoas. O condomínio tem que ser convidativo para não ser um empecilho ao investidor ou mesmo para aquela pessoa que não quer ter o valor muito alto, porque, como eles dizem, se torna um aluguel para o resto da vida. Esse não é o objetivo. O objetivo é que a pessoa tenha um condomínio ajustado para ela sentir que está pagando por algo que vale a pena, com o grande serviço que ai receber?

E o que o condomínio vai oferecer?

Área de lazer muito robusta, decorada e mobiliada. Academia, piscina com vista para o mar, espaços de jogos adultos e infantis. Nossos prédios, entendemos que não é só o metro quadrado. Não é vender bloco de concreto. É vender a experiência que o cliente vai ter lá dentro. Para isso, agregamos muitos serviços. Como tem muito investidor que adquire pensando na locação, principalmente de curto prazo, por ser Ilhéus, uma cidade tão badalada agora na mídia mais do que nunca, agregamos ao nosso produto áreas de lazer, onde você tem a loja de conveniência, com padaria, lavandeira compartilhada. O pensamento é fazer com que esse cliente esteja assistido nas suas necessidades mais básicas. Afinal de contas, quem vai passar férias não quer cozinhar. A pessoa quer lazer, momento de descanso e vai comprar o que precisa na loja de conveniência ou na padaria.

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A Praia dos Milionários é objeto de desejo para as pessoas da própria região e do Brasil inteiro.

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A localização ajuda.

Sim, privilegiada. A orla sul está sendo revitalizada. A Praia dos Milionários é objeto de desejo para as pessoas da própria região e do Brasil inteiro. A gente tem cliente do país todo. Talvez Ilhéus esteja no seu melhor momento desde quando a conheço. Sou conquistense. Estou acostumado a vir para cá. Meus pais pegavam pelas mãos das crianças e atravessavam a rodovia para ir às barracas de praia. Então, conheço Ilhéus há muito como turista. Mas, hoje, a cidade pulsa diferente. Talvez esse tenha sido o principal motivador para que a VCA descesse a Serra do Marçal e viesse para cá também.

Como é o processo decisório para um investimento desse porte?

Estamos estudando a cidade há três anos. Ilhéus pulsa de uma forma diferente. Isso nos anima. É o moral da população, como a comunidade enxerga a cidade. Essa transformação de Ilhéus. Acho que veio muito de dentro para fora.

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O moral hoje é diferente. As pessoas acreditam mais na cidade de Ilhéus, falam melhor, isso reverbera positivamente.

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Com os investimentos na infraestrutura urbana?

Sim, muito, mas vejo a maior mudança no comportamento da população. O moral hoje é diferente. As pessoas acreditam mais em Ilhéus, falam melhor, isso reverbera positivamente. Claro que a macroestrutura auxiliou demais o crescimento da cidade, a nova ponte, a revitalização da orla, mas a transformação é maior do que essa. Hoje, o número de pessoas de todo o país comprando imóveis em Ilhéus é muito grande. É o resultado de um desenvolvimento da própria comunidade. Antigamente, você não tinha opção de lazer, de um bom barzinho, de um bom local. Hoje você encontra tudo em Ilhéus. A cidade se transformou. E vocês têm um apelo maravilhoso, que é esse lindo mar. Hoje, vejo Ilhéus na sua melhor fase desde quando a conheço.

Como são os apartamentos do Castélyah?

É um produto com formatação bem interessante. Ele foi desenvolvido pelo arquiteto Caramelo, que é um cara bem conceituado. Ele foi muito feliz em trazer três opções de plantas diferentes. Estamos falando do quarto e sala; dois quartos com suíte; três quartos com suíte; e do duplex. A planta de três quartos tem apartamento com duas vagas de garagem, o que não é tão comum. Com essas três opções de plantas, você consegue atender diversos perfis. Serão 257 unidades.

E os preços?

É produto de médio e alto padrão, em frente à Praia dos Milionários. Tem valor agregado bem maior, com acabamento em porcelanato, rebaixamento de forro de gesso, prédio pastilhado, vidro temperado e laminado. É uma qualificação maior que a gente dá aos prédios. Tem unidade a partir de R$ 293 mil, chegando a R$ 1 milhão. Uma coisa importante é que a VCA é uma das poucas construtoras no mercado que atua financiando o cliente em médio prazo. Com essa unidade de R$ 293 mil, estamos falando em 10% de entrada, R$ 29 mil, e saldo parcelado em até 100 vezes.

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“Temos uma operação voltada para o Minha Casa, Minha Vida”.

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O que a VCA tem em vista em Ilhéus? Ouvimos falar de condomínio horizontal em Olivença, procede?

Vocês estão bem informados (risos). A VCA é uma empresa conquistense, baiana do interior, assim como vocês, e a gente deseja muito crescer. Queremos levar uma empresa do interior da Bahia a um lugar a ainda mais distante. Neste ano, a gente chega a um valor geral de vendas em torno de R$ 1,5 bilhão. É um número gigantesco para uma empresa local. Nosso pensamento é sempre de longo prazo. Não conquistamos isso da noite para o dia. Vai ser assim também com Ilhéus. Qual é o nosso pensamento? O Castélyah é o primeiro empreendimento, mas, anualmente, queremos ter uma consistência de lançamentos imobiliários que chegará a algo em torno de R$ 350 milhões nessa região. Você vai ter o condomínio de médio e alto padrão, que é esse que estamos lançando agora, frente mar. Já tem um horizontal sendo desenhado, pé-na-areia, na região de Olivença, e temos uma operação voltada para o Minha Casa, Minha Vida.

Como vai ser o do ‘Minha Casa’?

É um produto fantástico, com área de lazer maravilhosa, voltado para uma renda de R$ 2000, R$ 2.500. Com R$ 4 mil, o cara consegue comprar um três quartos bacana. Nosso pensamento é trazer para a cidade várias opções de moradia para os perfis diferentes de consumidores, que talvez não estejam sendo tão assistidos nesse momento.

Onde será construído o do ‘Minha Casa’?

Ainda não posso revelar a localização.

Será apenas um do ‘Minha Casa’?

Não. Quando entramos na região, começamos a fazer planejamento de longo prazo, porque antes de chegar nessa fase do lançamento do produto imobiliário, temos muitas etapas a cumprir e cada mercado tem suas nuances. O nosso tem seus níveis de complexidade. Temos aqui, hoje, sendo desenhados sete projetos. Cada um em estágios diferentes, que serão lançados em momentos distintos. No mercado imobiliário, você nunca divulga com muita antecedência, porque aquele produto pode não se cumprir naquela data. Pode ser que o perfil do cliente, naquele momento, não é de compra. Nós deixamos todos os produtos engatilhados para lançar no melhor momento. Em relação ao ‘Minha Casa’, é uma esteira que não para. Não posso te falar um número hoje aqui.

Quais são as outras cidades onde a VCA já atua?

A VCA está em 11 cidades, duas no Pernambuco, o restante na Bahia. Ela nasceu em Vitória da Conquista, desceu para a Península de Maraú, temos um resort à beira-mar, pé na areia. Desenvolvemos um em Guanambi, fomos para Juazeiro, Alagoinhas, Barreiras, Luís Eduardo Magalhães e partimos para Caruaru e Petrolina. Estamos na iminência de chegar a Montes Claros, em Minas Gerais, e Rio Grande do Norte.

Valderico Junior tem 42,75% || TiTV
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O pré-candidato a prefeito de Ilhéus pelo União Brasil, Valderico Junior, afirma que as pré-candidaturas de Bento Lima (PSD) e de Adélia Pinheiro (PT) representam o mesmo grupo no poder, sob o guarda-chuva do Governo do Estado. Para ele, a diferença é que o nome de Bento demonstra menor viabilidade.

“Dentro desse contexto, o Governo do Estado coloca um nome para criar viabilidade um pouco maior, tentando ir onde o povo deseja, tentando ludibriar que apresenta algo novo, mas a gente sabe que não é. As figurinhas são as mesmas”, disparou em entrevista ao PIMENTA.

“Se você olhar um retrato de três meses atrás, vai ver a ex-secretária [Adélia] dividindo cenários com o prefeito [Mário Alexandre]. A gente sabe que é o mesmo grupo, cada um tentando fazer seu espaço, mas eles tendem a estar juntos no final. Não tenho dificuldade de observar isso. É uma questão de viabilidade. Não deu certo com Bento, coloca Adélia para ver se vai”, emendou.

“PULVERIZAR É O QUE A SITUAÇÃO QUER”

A exemplo da posição defendida pelo ex-prefeito Jabes Ribeiro, pré-candidato do PP (veja aqui), Valderico Junior disse que um cenário com a oposição dividida só interessa a PT e PSD. Por isso, segundo ele, a necessidade do diálogo entre os partidos que não apoiam os governos estadual e municipal, alinhados à direita no espectro político.

“Na verdade, pulverizar é o que a situação quer. Para ganhar as eleições, temos que estar todos juntos. Não só Valderico, ou seja, União Brasil, PP, PDT, se possível, PL, Novo, qualquer partido que pense realmente em tirar a esquerda do nosso processo aqui, o PT ou PSD, para não haver essa continuação do mandato. A gente sabe que vai ter que conversar, independente de quem for candidato”, explicou.

Valderico vê sua pré-candidatura cada vez mais forte e discorda da interpretação segundo a qual a frente ampla estaria se desintegrando (relembre). “Estou muito tranquilo com essa construção, tendo em vista que o momento é de renovação. A gente entende que Ilhéus quer o novo, mas o diálogo tem que haver sempre. É nisso que o União Brasil tem se pautado, mas não quer dizer que está se afastando ou não [da frente]”.

 “SEMPRE ME PERGUNTAM”

Sobre a interlocução com Jabes, o pré-candidato do União Brasil voltou a afirmar que não existe a possibilidade de ser candidato a vice em uma chapa liderada pelo ex-prefeito. “Tenho que deixar sempre claro isso, porque é uma das coisas que as pessoas sempre me perguntam. Não serei vice de Jabes Ribeiro, como ele também já pontuou que não será nosso vice. Não tem problema algum. É manter a conversa, porque pulverizar é o pior cenário. Dialogando, a gente vai construir um projeto vitorioso”.

CAFEZINHO

O PIMENTA questionou a Valderico se era verdadeira a informação de que ele teria uma reunião com o pré-candidato a prefeito de Ilhéus pelo PDT, Augustão, na capital baiana, de onde conversou com o site. “Não. Nem sabia que ele está em Salvador. Mas, me interessou. Quem sabe a gente pode tomar um café, mas não estava sabendo. Vou passar uma mensagem para ele”, respondeu.

Makrisi fala sobre a possibilidade de ser vice na chapa de Adélia
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O PSOL analisa a possibilidade de retirar a pré-candidatura de Makrisi Angeli a prefeito de Ilhéus e iniciar, formalmente, discussão sobre aliança com a professora Adélia Pinheiro, pré-candidata da Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV). O movimento foi tema de reunião extraordinária da Executiva municipal do partido na quarta-feira (29), revela Makrisi em entrevista ao PIMENTA.

– Ilhéus caminha para uma disputa entre a direita, com possibilidade de retrocesso, de um retorno, e a intenção de fazer um governo progressista. Diante dessa conjuntura, deliberamos que é hora de abrir um diálogo formal com a pré-candidatura do PT – explicou o pré-candidato.

Ilhéus precisa de um governo que inverta as prioridades da Prefeitura, avalia Makrisi. Na educação, por exemplo, isso significa priorizar a contratação de professores por meio de concurso, abandonando as seleções precárias, aponta. Segundo ele, essa é a única forma de promover a capacitação continuada do magistério. “A prioridade tem sido fazer uns caixotes que chamam de escola, fazer contratos temporários, precarizando, para garantir apenas que tenha uma pessoa na sala de aula”, dispara.

Militante do PT por 18 anos e ex-vereador (2016-2020), Makrisi considera que os demais pré-candidatos ainda não firmaram compromissos objetivos com a população de Ilhéus. E coloca a pré-candidatura do PT no bolo.

“Todas as pré-candidaturas, inclusive a da companheira Adélia,  não demonstraram claramente à sociedade as suas prioridades e seus compromissos. Está posto que a pré-candidatura [de Adélia] representa o Governo do Estado, dialoga com os movimentos populares, com a esquerda, assim como a gente. Mas, precisamos saber se o que o PSOL enxerga como inversão de prioridades vai caber nessa proposta”.

VICE?

O PSOL também sonda a possibilidade de indicar candidato a vice na chapa liderada pela Federação Brasil da Esperança, diz Makrisi. “Temos um nome, que é o meu, que pode fazer um debate para compor a majoritária. Como é que eles recebem essa possibilidade de compormos juntos essa chapa majoritária? É outra questão”.

Makrisi afirma que o PSOL ainda vai definir os termos do acordo que pretende levar à Federação. Mas, ao PIMENTA, antecipou o que defenderá no partido. O passe livre no transporte coletivo para estudantes da rede municipal é um dos pontos, diz o pré-candidato. “Não abro mão. Outro ponto é a nova licitação do transporte público”, acrescentou.

PLANEJAMENTO

O socialista afirmou que a gestão do prefeito Mário Alexandre (PSD) é responsável pela desfasagem do orçamento do município em relação aos de cidades de porte semelhante, a exemplo de Porto Seguro e Jequié. “Nosso orçamento é quase a metade do de Itabuna”, emenda, atribuindo o problema à falta de planos municipais estratégicos para a captação de recursos.

“Ilhéus precisa de um choque de gestão. O que isso significa? No primeiro ano, disparar a construção dos planos municipais. Sem eles, a gente perde muito. Estou falando de recursos. A Universidade Federal do Sul da Bahia apresentou sua proposta de criação do Plano Municipal de Redução de Riscos. A Prefeitura aparece bancando que está fazendo, mas quem está fazendo é a Universidade. Só que o Plano Diretor está vencido há oito anos, e o Plano de Redução de Riscos depende do Plano diretor. Não temos os planos de saneamento e de habitação, não temos quase nenhum plano”, conclui.

Walmir Rosário transforma entrevista em aula de jornalismo
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Walmir Rosário é um contador de histórias, no melhor sentido da expressão. Radialista, jornalista, escritor e advogado, faz da palavra instrumento de trabalho. Com cinco décadas na estrada, sua trajetória se confunde com a história recente do jornalismo no sul da Bahia. Tudo começou no rádio. “Por acaso”, recorda Walmir ao PIMENTA. Estreou com participações em programas religiosos da Rádio Sociedade de Feira de Santana, dos Capuchinhos.

Nascido em Ibirataia, em 1950, viveu em Itabuna desde os dois anos. Deixou o município cedo para estudar nos seminários dos Capuchinhos, em Vitória da Conquista e Feira de Santana. Quando a ordem de inspiração franciscana assumiu a Rádio Clube de Itabuna, sob o comando de Frei Hermenegildo, Walmir voltou para a cidade, manteve as participações em programas religiosos e foi contratado pela emissora.

Nos tempos áureos do cacau, integrou a equipe de comunicação da Ceplac. Também apresentou o programa De Fazenda em Fazenda, na Rádio Difusora de Itabuna. Na imprensa escrita, foi editor dos jornais A Região e Agora e repórter do Correio da Bahia – hoje Correio 24h. Prestou serviços, como freelancer, a jornais de Salvador e das regiões Sudeste e Sul do Brasil.

Ainda na comunicação, atuou em campanhas eleitorais e foi assessor e secretário das prefeituras de Itabuna, Ilhéus, Itajuípe, Floresta Azul e Canavieiras. Com a persona de advogado, militou em Itabuna (inclusive, como procurador do município), Ilhéus e Canavieiras, onde mora atualmente.

Já publicou livros como Josias Miguel – 70 anos de história; Crônicas de Boteco, um guia sem ordem; Como sobreviver à pandemia; Os Grandes craques que eu vi jogar – nos estádios de Itabuna e Canavieiras; O Berimbau, valhacouto de boêmios. Tem mais quatro obras no prelo e escreve crônicas semanais no blog que leva seu nome. e que também é reproduzido por este site.

Nesta entrevista ao PIMENTA, Walmir Rosário recupera os grandes nomes das redações grapiúnas e conta momentos pitorescos e tensos que viveu na cobertura da política. Também analisa o exercício da profissão no sul da Bahia e compara a dinâmica entre a sociedade civil organizada e a imprensa nas cidades de Ilhéus e Itabuna. Leia.

PIMENTA – Quais são as características elementares de uma boa história?

WALMIR ROSÁRIO – Todas as histórias são boas, dependendo de como são contadas. Basta ter começo, meio e fim bem definidos que agradará. Claro que um personagem forte, por si só, se garantirá. É preciso que o comunicador compreenda a mensagem que o personagem carrega e a transmita para o texto. O personagem pode ser político, empresário, médico, engenheiro, policial, infrator, cumprindo pena ou não, padre, pastor, ou o chamado “alguém do povo”. Basta que tenha uma história verdadeira para contar. E todas as histórias são boas, volto a dizer, a depender do ponto de vista, pois pouco se conhece da vida de uma pessoa, desde a mais simples até as que ocupam os altos cargos, os poderosos. Cada um tem o que dizer.

E as de um bom narrador?

Saber ouvir, apurar, ter paciência e senso de desconfiança quando não conhece o personagem. Não pode deixar o personagem correr solto, falar à vontade. É bom interromper a entrevista quando acredita que a fala não tem sentido. Se for verdadeira, ele retomará sem problemas. Um bom narrador tem que ter um bom ouvido, anotar tudo que considere importante e, se possível, gravar. Na gravação dá para sentir a emoção do entrevistado, se fala a verdade ou não, a depender da segurança – não confundir com nervosismo. O comunicador tem que ser um profissional especialista em conhecimentos gerais, saber concatenar a história, ligar um fato a outro, conhecer lógica, mesmo de forma rudimentar, e ter raciocínio rápido. É esse feeling que vai tornar a narrativa agradável, texto simples e de fácil leitura, e, sobretudo, verdadeira. E isso é tudo que agradará a um leitor, não importando o seu nível de escolaridade. Escrever para todos é o ideal e mais inteligente.

É possível comparar a qualidade do jornalismo de 40 anos atrás com a do atual? Evoluiu?

Apesar de saudosista, as comparações nem sempre são verdadeiras, pois é preciso situar o tempo, o espaço, os costumes. No século passado, até o início da década de 1950, boa parte dos jornais eram veículos de propaganda de partidos e governo. Em Itabuna este fato está bem documentado por Ramiro Aquino no seu livro De Taboca a Itabuna, 100 anos de jornalismo. A partir de 1960, houve uma mudança na forma da apresentação dos textos e diagramação. Dessa época pra cá muito se falou em jornalismo com isenção, e até que chegou a ser praticado pela direção dos principais veículos, embora muitos pequenos também tenham feito o dever de casa. Do ano 2000 para cá, a militância política voltou em cheio aos meios de comunicação, só que agora com o engajamento da direção.

Falta isenção?

Briguei muito nos veículos de comunicação para manter a democracia, dividindo os espaços com a sociedade. Muitas vezes, fui incompreendido. Cada um tem sua ideologia, mas não pode ser vendida se sobrepondo aos fatos. Se o jornalista quer expressar opinião, que assine seu pensamento. Não pode é influenciar numa matéria substantiva, adjetivando-a, distorcendo os fatos. Há algum tempo os comunicadores se revestem de policiais, representantes do ministério público, juízes, sem os poderes conferidos. Muitas vezes, causam prejuízos irreparáveis e o mea-culpa não é feito com o destaque do dano. Sempre dei espaço a todos os segmentos. Vez ou outra, no mesmo número do jornal, assinava um artigo contrário àquela posição. Então, posso afirmar, houve uma perda de qualidade, embora tenhamos bons veículos e excelentes profissionais.

Poderia citar profissionais em quem se inspirou no jornalismo?

Minha infância e adolescência foi bastante rica na comunicação, pois ouvíamos e líamos grandes profissionais. Em Itabuna, em frente ao Colégio Estadual, ficava a sede do Intransigente, para onde eu ia ver formatar o texto do jornal em tipos frios, conversar com os redatores. No Diário de Itabuna, ainda na Paulino Vieira, ficava horas conversando com Milton Rosário, o editor da época. Na publicidade, me encantava com as sacadas rápidas de Cristóvão Colombo Crispim de Carvalho (CCCC); o mesmo com Nelito Carvalho, os editoriais do poeta santamarense Plínio de Almeida no rádio e nos jornais; o poder da lábia de Titio Brandão, Germano da Silva, Pedro Lemos, Gonzales Pereira, Orlando Cardoso, Geraldo Santos (Borges), Edson Almeida, Iedo Nogueira. E, nos jornais do sul, Carlos Castelo Branco, Nélson Rodrigues, Waldir Amaral, Rui Porto e tantos outros.

O jornalismo do sul da Bahia conseguiu estabelecer identidade e marcas próprias? Ele tem (teve) expoentes no patamar da nossa literatura, por exemplo?

O poeta e escritor Plínio de Almeida é um deles. Alguns jornais, muitos deles de vida efêmera, trouxeram grandes nomes. Um desses veículos foi o SB – Informações e Negócios, uma maternidade do jornalismo e literatura de Itabuna, capitaneado por Nelito Carvalho. Época de Jorge Araújo, Manoel Lins, Hélio e Célio Nunes, Firmino Rocha, Antônio Lopes, Kleber Torres. Quase esqueci de dois monstros sagrados, Telmo Padilha e Hélio Pólvora.

Qual foi o episódio mais pitoresco que viveu na comunicação política?

Walmir relembra episódio pitoresco ao lado de José Adervan

No jornal Agora, fazíamos constantes matérias sobre os serviços públicos nos bairros. Numa delas, recebemos reclamações da Prefeitura de Itabuna, de que não seriam verdadeiras. Como confiava na repórter, resolvi convidar o diretor José Advervan para ir constatar a veracidade. Quando chegamos lá, a situação era pior do que a narrada. Quando voltávamos, Adervan recebeu uma ligação do prefeito para dizer que era tudo mentira, no que o diretor revela que ele estava justamente vindo de lá e que teria comprovado as denúncias já publicadas e outras várias. E tudo acabou em risadas.

Tem mais?

Eu era editor do jornal A Região e repórter do Correio da Bahia. A Região não era bem-vista pelo governo municipal e eu fui atender a um convite da assessoria para elaborar um caderno especial de 32 páginas para a Prefeitura de Ilhéus. Época de festas juninas, inauguração de obras, apresentação de um novo futuro com a vinda de empreendimentos. Cheguei, fui anunciado e me pediram para aguardar numa antessala, até que fosse encerrada uma reunião com os profissionais. De onde eu estava, ouvia tudo que falavam. De repente, o assunto da reunião deles foi a elaboração de um caderno vibrante sobre Ilhéus, que eles comparavam com uma edição de A Região. Isto até que fui visto, quando passaram a esculhambar o jornal A Região. Tranquilo, continuei sentado, aguardando ser chamado para a pauta do especial do Correio da Bahia.

E o momento mais tenso que já enfrentou?

O jornalismo é sempre tenso, desde a entrevista, a apuração, a redação e o fechamento do jornal – escrito, falado e televisado. Imagine quando alguém se sente contrariado em seus interesses. Já recebi a visita de pessoas que já chegam prometendo bater, matar. Como editor, sempre tinha que comprar a briga, por telefone ou pessoalmente. Nunca me intimidei e, de início, busquei uma conversa franca e educada, o que quase sempre conseguíamos.

Já teve ameaça?

Várias. A primeira no caso da venda da Sulba, em que fiz uma série de reportagens para o Agora; de outra feita prometeram me matar quando estivesse em um bar; que poderia ser preso em flagrante por posse de drogas em meu carro. Nesse caso sugeri que melhor seria colocar litros de whisky ou cachaça, do contrário ninguém acreditaria. Mas continuo vivo.

Os movimentos sociais, as entidades de classe e a imprensa de Itabuna têm mais influência nas disputas eleitorais do que em Ilhéus?

Infelizmente, os jornais perderam espaço em Itabuna e Ilhéus. Os que continuam sobrevivem como podem e bem-feitos. Há uma grande diferença na comunicação entre Itabuna e Ilhéus, e uma distinção é a sede dos canais de TV. De certa forma, em Itabuna, a comunicação sempre foi mais incisiva, e as entidades de classe sempre souberam utilizar os veículos de comunicação em causa própria. Esse poder ficou maior com as mídias sociais, de maior agilidade e sem filtros. Os políticos que sabem interagir com a dita imprensa e as redes sociais levam grande vantagem. Mas, nos últimos anos, Ilhéus avançou no poder da mídia tradicional e da rede social, não só com as notícias corriqueiras, como também das analíticas, influenciando mais eleitores. Desde os anos 1980 que o sociólogo Agenor Gasparetto costuma dizer que a eleição em Ilhéus é decidida um ano antes. Como exemplo mais antigo, a eleição de Valderico Reis, em 2004. Duas cidades, pesos diferentes, mas que passam a ficar com a mesma cara, pelo trabalho de alguns dos comunicadores ilheenses.

Em entrevista, Jerberson explica decisão política
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O ativista político Jerberson Josué, filiado ao PT há 26 anos, decidiu apoiar a pré-candidatura de Bento Lima (PSD) a prefeito de Ilhéus. Na cidade, o PT apresentou a pré-candidatura da professora Adélia Pinheiro, ex-secretária da Educação da Bahia. Os dois nomes disputam espaço na base do Governo Jerônimo Rodrigues, e o de Bento tem o apoio do prefeito Mário Alexandre, Marão.

Para Jerberson, sua decisão não balança o tabuleiro político. “É apenas um movimento pessoal, de apoio ao secretário Bento, acreditando que ele pode ser uma opção virtuosa para a nossa cidade, para Ilhéus seguir avançando e melhorando, com a parceria fundamental do Governo do Estado”, declarou nesta entrevista ao PIMENTA. Leia.

PIMENTA – Você deixa o Partido dos Trabalhadores?

Jerberson Josué – Não pedi desfiliação. Mas, é aquela coisa. Normalmente, quando alguém discorda do pessoal, eles tendem a querer expulsar. Particularmente, não estou preocupado com isso. Quero o melhor para Ilhéus e sempre quis ajudar a nossa cidade da melhor maneira possível. Meu foco é esse.

Houve desentendimento com a direção do PT?

Não. Fiz uma grande reflexão sobre o processo de construção política, nesses anos, sobre quem eu sou e como as pessoas se comportam, como sou tratado. A gente tem que ter um semancol. Sempre analisei que fui subaproveitado, enquanto outros grupos políticos sempre me convidaram para compor. Quando você não é valorizado em um time, tem que buscar sua melhora. É assim que as coisas fluem.

Vai entrar no Governo Marão?

Estou conversando sobre minhas contribuições, como posso contribuir com minha visão de mundo e a experiência política. Não tem nada definido.

Para deixar claro, você não pretende se desfiliar do PT?

Não. É o Partido do meu coração. Estou filiado desde os 18 anos e militei, ativamente, desde os 13, 14 anos. São mais de 30 anos nessa luta. É apenas uma opção pontual, dentro da base do Governo do Estado, mas com a possibilidade de contribuir de forma mais ativa no processo.

Como foi o diálogo com Bento?

Tivemos uma conversa rápida. Ele gostou muito [da minha adesão à pré-campanha]. A gente já tinha uma boa relação. Na verdade, foi um convite feito por João Rocha, que me levou até o prefeito Mário Alexandre para adiantar as conversas.