Tempo de leitura: 2 minutosAry Carlos
Em comentários recentes em alguns blogs, afirmei que só um fato novo movimentaria as posições políticas na eleição majoritária da Bahia. E disse que este fato novo poderia ser o não apoio do senador César Borges a Jaques Wagner (fato dado como certo por todos; inclusive, o governador). Não que o senador seja um puxador de votos – não o é-, mas muito mais pelo fato político criado.
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De objetivo muda, de imediato, o tempo de rádio e TV de Wagner e Geddel Vieira Lima. Se antes o placar era 11min a 05min para wagner, agora é de 09 a 07. Se levarmos em conta que os candidatos Paulo Souto, Geddel, Bassuma e o do PSOL são oposição a Wagner, poderemos ter aí um placar de 21 a 09min para a oposição.
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A política de alianças posta em prática por Wagner visava aniquilar os adversários (palavras dele), para ganhar as eleições já no primeiro turno, sem depender dos humores incertos do pleito nacional – ou a desgastante negociação com o PMDB regional em um possível segundo turno aqui na Bahia.
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A opção do senador Borges por Geddel passa aos indecisos a sensação de que nada está definido e abre para a oposição a perspectiva de união para um provável segundo turno, estancando, por ora, a debandada de lideranças políticas em direção à chapa governista, fato que ocorreria se saísse a união Borges/Wagner.
Na luta contra o PT, Wagner perdeu e o PT não ganhou.
Wagner sabia de tudo isso e se empenhou para fechar a aliança com o PR. Como se sabe, também ainda há por definir apoio para majoritária dos pequenos partidos. PRB, PSL, PSDC, PRP,PTC, PMN, PHS e PTdoB (PTN apoia Souto e PRTB a Geddel) podem acrescentar alguns segundos às coligações que apoiarem. São os chamados partidos redondos – ou seja, não tem lado, coligam-se onde obtiverem mais vantagens. São, digamos, pragmáticos.
Mas, no final, Wagner errou. Acreditou na história contada por Jonas Paulo que o PR estava isolado e, portanto, viria de qualquer jeito. As últimas declarações públicas de Wagner já transparecia isto. As outras lideranças do PT já tinham certeza. Houve salto alto. Subestimaram os adversários, velhas raposas políticas. Esta adesão de César a Geddeel tem ainda outro efeito colateral: aumentará o nível de exigência da base aliada.
Na luta contra o PT, Wagner perdeu e o PT não ganhou, pois a não-coligação proporcional com o PR não altera para melhor as pespectivas eleitorais do partido. E, digo mais, enfraquece a tese do presidente do partido de fazer várias coligações na proporcional.
Ary Carlos é historiador, pesquisador e dirige o instituto de pesquisas de opinião Inpei.