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Mas hoje, 7 de abril, Dia do Jornalista, vamos exaltar os mágicos resultados do trabalho feito com compromisso. Aquele que permite ver a alegria de uma mulher aposentada após penar por anos com uma doença crônica e saber que um texto seu contribuiu com tal resultado.

 

Celina Santos

Em plena era da liberdade de expressão, o jornalista não pode fazer perguntas alusivas a assuntos de interesse público? Precisa mesmo responder de forma grosseira quando algo provocou constrangimento em nossas autoridades? Que democracia é essa, para vermos exaltação ao tempo em que não se podia formar um grupo de amigos no meio da rua para bater o bom e velho papo?

Desculpem o desabafo, mas é doloroso ver um companheiro de trabalho apurar um fato o dia inteiro, com RESPONSABILIDADE, para dar a notícia ao vivo no dia seguinte e ver duas pessoas saltarem em frente à câmera berrando que aquele veículo era lixo.

Como assim? O trabalho exercido há anos, com toda dignidade, não merece atenção e respeito? Eis um exemplo recente em Itabuna, sul da Bahia, mas sabemos de acontecimentos semelhantes em vários estados, Brasil afora. La-men-ta-vel-men-te!

Esta semana, vimos uma manifestação pública pelas tão perigosas redes sociais fazendo piada com o passado de uma jornalista que fora presa grávida, por três meses, durante a Ditadura Militar (sem eufemismos, por favor!). Parte desse tempo, testemunhou, na companhia nada aprazível de uma cobra.

A ironia recordando o tal episódio na prisão deu-se um dia após a profissional exercer a liberdade de criticar uma autoridade (sim, posição conferida pelo voto popular a cada quatro anos). A vontade é ralhar: “seus pais não lhe deram educação?”. Opa …

É triste ver que o trabalho sério daqueles que buscam averiguar os fatos antes de noticiá-los (sim, eis um dos papéis do verdadeiro jornalista) relegado à suspeita de “fake” (termo norte-americano para designar o que é falso). Tudo aquilo que não cabe num legítimo veículo de comunicação, vale reiterar.

O mais perverso é ver tantas pessoas acreditando no que leem por aí; colocando a própria saúde e/ou o bem-estar dos filhos em risco; alguns até confessando que não se informam pelos canais onde haja jornalistas (diferente dos que espalham boatos, pois a esses cabe apenas o velho termo fofoqueiro).

Mas hoje, 7 de abril, Dia do Jornalista, vamos exaltar os mágicos resultados do trabalho feito com compromisso. Aquele que permite ver a alegria de uma mulher aposentada após penar por anos com uma doença crônica e saber que um texto seu contribuiu com tal resultado.

Aqui falamos de dona Edna Oliveira Melo. Lembram dela? (Essa história foi tornada pública em 2009, a partir de um texto assinado por esta que vos escreve e logo abraçada pelos colegas jornalistas em Itabuna. No ano passado, em tempos de pandemia, ela seguiu para outro plano).

E a alegria de alguém que encontra um familiar desaparecido, quando foi vista a imagem dele em uma reportagem escrita ou em vídeo? Ou a festa quando entrevistamos um centenário ou centenária, dali colhendo lições de vida que não têm preço…?

Eu poderia citar (com licença para encerrar na primeira pessoa do singular) “n” exemplos, mas fico por aqui celebrando nossa valorosa profissão. Ao mesmo tempo, rogando para prevalecer na sociedade a certeza de que são maioria, sim, aqueles a honrar nossa profissão.

Celina Santos é chefe de redação do Diário Bahia e, concursada, integra a assessoria da Câmara de Itabuna. Formada em Comunicação Social (Rádio e TV) pela Uesc; Jornalismo pela UniFTC; e pós-graduada em Jornalismo e Mídia pela então FacSul (Unime).

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Vamos recolocar o Brasil nas mãos dos Brasileiros e substituir o ódio pelo amor, a violência pela paz, o preconceito pelo acolhimento, a morte pela vida, o egoísmo pelo espírito colaborativo, o individualismo pela solidariedade, o medo pela confiança de que é possível transformar o mundo em um lugar melhor para se viver

 

Wenceslau Júnior

Nesta sexta-feira, 25 de março de 2022, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) comemora seu primeiro centenário de fundação. Em 1922, em um ambiente de luta por direitos sociais e trabalhistas embalados pelo ideal socialista fruto da Revolução Russa 1917, nove jovens, a maioria operários, e alguns intelectuais se reuniram em Niterói (RJ) para fundar o Partido Comunista do Brasil.

O ambiente nacional era de uma classe operária em formação e também de enorme ebulição cultural que buscava a formação de uma cultura genuinamente brasileira. Refiro-me especialmente à Semana de Arte Moderna, que também comemora seu centenário neste ano de 1922.

Impossível narrar a história deste século sem recorrer à história de lutas dos comunistas. Na organização dos primeiros sindicatos combativos, na luta pelas Reformas de Base e na resistência em defesa da democracia nos momentos de exceção, lá estavam os militantes e dirigentes comunistas. Mais da metade desse tempo o Partido viveu na clandestinidade.

Nas décadas de 30 e 40 enfrentamos a Ditadura do Estado Novo, que aliada ao nazifascismo oprimiu duramente o povo brasileiro que não aceitava a exclusão e brutalidade dessa política. O Estado Novo entregou covardemente Olga Prestes para morrer nos campos de concentração nazista.

De 1º de abril de 1964 a 15 de março de 1985, enfrentamos a Ditadura Militar, inclusive pegando em armas na heroica Guerrilha do Araguaia. Em 16 de dezembro de 1976 vários dirigentes do Comitê Central foram presos, torturados e mortos em São Paulo (SP), no episódio conhecido como Chacina da Lapa, entre os presos e torturados estava o saudoso Camarada Haroldo Lima, que sobreviveu à tortura, mas não resistiu ao negacionismo brasileiro, morrendo de Covid-19 em 24 de março de 2021.

Ao longo desses 100 anos o PCdoB sempre defendeu a democracia, a justiça social, o respeito à diversidade brasileira, o direito dos trabalhadores e trabalhadoras, a liberdade de culto religioso, incluída pela primeira vez em Constituição Federal pelo Deputado Comunista Jorge Amado na Constituição de 1946.

O desafio de defender a democracia nunca foi tão atual e intenso como hoje. A postura genocida, negacionista, machista, misógina, homofóbica, e para traduzir em uma só palavra, nazista, do atual Presidente da República, chama mais uma vez os comunistas à responsabilidade: Iremos honrar a memória dos brasileiros e brasileiras que tombaram na Guerrilha do Araguaia, na Chacina da Lapa, nos conflitos agrários e todos aqueles como Chico Mendes, Marielle Franco, Haroldo Lima, Moa do Katendê, que tiveram suas vidas ceifadas pela brutalidade daqueles que se desumanizaram no exercício do poder.

Vamos recolocar o Brasil nas mãos dos Brasileiros e substituir o ódio pelo amor, a violência pela paz, o preconceito pelo acolhimento, a morte pela vida, o egoísmo pelo espírito colaborativo, o individualismo pela solidariedade, o medo pela confiança de que é possível transformar o mundo em um lugar melhor para se viver, respeitando não só os seres humanos e tratando-os com equidade, mas respeitando também os limites da natureza.

Viva o Partido Comunista do Brasil! Viva a Paz! Viva o Socialismo! Fora Bolsonaro!

Wenceslau Junior é advogado, professor, presidente do PCdoB de Itabuna e membro da comissão política estadual do PCdoB.

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Não permitir espaço político para os caroneiros de plantão também está na ordem do dia. A nossa Itabuna precisa de paz social, de união em favor da superação dos nossos atrasos históricos e de formação de uma ambiência que atraia o capital financeiro e a instalação de novas oportunidades de negócios.

 

Rosivaldo Pinheiro

A governança pública requer permanente alinhamento entre as forças políticas nas composições da equipe de gestão e o tecnicismo necessário para o seu funcionamento. Assumir o Poder Executivo é abraçar tal problemática e buscar de forma habilidosa essa permanente aliança. O outro grande desafio é atender a uma sociedade que sofre com a falta de atenção dos poderes públicos e que vislumbra a cada eleição a oportunidade de superação das dificuldades na vida de cada um.

O ambiente social na maioria das cidades acaba em permanente efervescência, cada um a seu modo querendo garantir os benefícios para si, independentemente das diretrizes do projeto vitorioso na eleição. São recursos limitados e demandas ilimitadas, o que exige priorização das ações pelo eleito. Nesse contexto, faz-se necessária uma comunicação célere e ajustada ao projeto que está sendo colocado para todos, evitando ruídos que contribuam para a não pacificação do ambiente político-social.

A consciência dos gestores passa pelo entendimento de que estão administrando um grande condomínio, repleto de direitos e com o poder nas mãos para alcançarem o mundo através das redes sociais. Nesse novo contexto, o estreitamento dos laços entre “o síndico” (chefe do executivo) e os “condôminos” (população) é exercício cotidiano. É importante que todos entendam, na atual conjuntura, a falta do braço federal para ajudar os municípios com liberação de recursos específicos para que estes possam elaborar politicas públicas capazes de melhorar de forma substancial a vida do povo no curto prazo.

Todos sabemos da gravidade imposta pela crise da saúde com a pandemia e o aumento dos preços, por falta de uma política econômica nacional com vistas a minimizar o aumento dos alimentos na casa dos brasileiros, com consequente piora na vida das famílias. Essa realidade ainda está agravada nas cidades atingidas pelas enchentes, nesse particular, a cidade de Itabuna enfrentou no período natalino a sua segunda pior tragédia provocada pelas chuvas nos seus 111 anos de emancipação política, tendo quase 40% das áreas habitadas alagadas.

O pós-enchente deixou a cidade nos primeiros dez dias com um verdadeiro cenário de guerra. As tensões históricas advindas da desatenção dos poderes públicos do passado para as diversas regiões da cidade e, em particular, para as regiões socialmente mais vulneráveis, vieram para a ordem do dia e as redes sociais potencializaram a elevação do nível de tensão, alastrando um sentimento de revolta nesses espaços da cidade. Não à toa, alguns oportunistas estrategicamente tentam se aproveitar do atual momento.

Para o pós-enchente, a gestão municipal itabunense elaborou um arrojado projeto de transferência de renda, um apoio direto para as famílias que foram diretamente afetadas pelas águas. A ação chamada de Recomeço é quase 80% custeada pelo erário municipal (recurso próprio) e pouco mais de 20% pelo dinheiro arrecadado através de doações via pix.

Itabuna é a única cidade brasileira que está possibilitando a liberação de R$ 3 mil para cada família cadastrada, dentro dos critérios da lei municipal. Contraditoriamente, também é a única que vem enfrentando reações através de protestos por aqueles ainda não alcançados pelo benefício, mesmo a gestão se colocando aberta ao diálogo. Para percebermos a importância da ação efetivada pelo Cartão Recomeço, foram injetados diretamente na economia local mais de R$ 10,5 milhões. Deste montante, mais de R$ 7 milhões saíram do cofre municipal.

O desafio está posto, os esforços para que adentremos num novo momento e possamos de fato recomeçar estão latentes. Não permitir espaço político para os caroneiros de plantão também está na ordem do dia. A nossa Itabuna precisa de paz social, de união em favor da superação dos nossos atrasos históricos e de formação de uma ambiência que atraia o capital financeiro e a instalação de novas oportunidades de negócios.

Esse deve ser o sentimento que todos precisam ter e celebrar nos nossos 112 anos de emancipação política, no próximo 28 de julho, com um novo sentimento “condominial”. É importante que cada um entenda que a cidade onde vivemos é nossa e que precisa da participação de cada um para apresentar melhoras e que os poderes públicos são partes extremamente importantes nessa construção.

Rosivaldo Pinheiro é formado em Economia e especialista em Planejamento de Cidades (Uesc).

As sextas-feiras na sede do Agora eram regadas a informação e bom papo nas recepções de Adervan
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A depender da amplitude do evento, o eficiente fotógrafo Waldyr Gomes se tornava um competente churrasqueiro; o editor que vos fala, um chef a elaborar um pièce de résistance da culinária brasileira; sem falar nos préstimos de José Nazal com sua festejada culinária árabe, diretamente de Ilhéus.

 

Walmir Rosário 

Se Deus não o tivesse requisitado para que ficasse ao seu lado, o jornalista José Adervan de Oliveira completaria – fisicamente – nesta quinta-feira (3 de março de 2022) 80 anos de idade. Sua ausência nos deixa saudades dos encontros, embora continue pra sempre em nossos corações, com sua calma, sempre em busca de um norte para o sul da Bahia, como deixou escrito nos textos da Coluna Livre, no jornal Agora.

Neste seu aniversário estariam presentes amigos tantos, parentes, admiradores de sua perseverança e do seu espírito conciliador. Uma comemoração não seria bastante para receber o abraço de tantos, que seria necessário preestabelecer um roteiro: em casa, na quinta-feira, parentes e amigos mais chegados; na sexta-feira, no jornal Agora, todos, sem distinção, como recomendaria o ritual.

E garanto que os 80 anos seriam comemorados em alto estilo, como todas as festas que promovia. Como esquecer o corre-corre do fechamento das sextas-feiras, jornal mais “gordo” com os cadernos do fim de semana e a atenção que dispensávamos aos convidados? Como um bom grapiúna que teve a felicidade de nascer em Boquim, Sergipe, era um grande anfitrião.

A depender da amplitude do evento, o eficiente fotógrafo Waldyr Gomes se tornava um competente churrasqueiro; o editor que vos fala, um chef a elaborar um pièce de résistance da culinária brasileira; sem falar nos préstimos de José Nazal com sua festejada culinária árabe, diretamente de Ilhéus. Pratos fartamente regados com as melhores cachaças baianas e mineiras, além de uma variedade de whiskys, escoceses, claro.

Aos poucos, chegavam em turmas os convidados. O pessoal chegava, se integrava ao bate-papo, bebia, comia e iam embora, também em turmas. Por fim, o pessoal que o ajudaria a fechar as portas e fazer companhia na passada pelo Alto Beco do Fuxico e Kati-Kero, no Pontalzinho, com Juvenal e Tonet. No período, assistíamos aos telefonemas de ministros, governador, secretários estaduais, prefeitos e amigos ausentes.

E o ritual das sextas-feiras era sagrado, com mudanças apenas de intensidade. Nesse meio tempo, quando aparecia uma figura de destaque na política ou economia, concedia uma entrevista durante o ágape, sem a menor cerimônia. Essas mal traçadas linhas nos dá uma visão da importância do jornal Agora como meio de comunicação regional, linha traçada pelo mestre José Adervan.

Mesmo com as mudanças na economia e na tecnologia de comunicação, o jornal Agora continuou com seu prestígio junto aos leitores, apesar da diminuição no número de cadernos e páginas. Com a morte de José Adervan, em 12 de fevereiro de 2017, o Agora continuou circulando por algum tempo, mas não resistiu e encerrou suas atividades, deixando quase muda Itabuna e região.

O jornal Agora teve sua edição circulando em 28 de julho de 1981, por obra e graças de José Adervan e Ramiro Aquino, jornalistas e bancários (Banco do Brasil). Durante todo esse tempo ofereceu aos leitores não apenas notícias, mas a participação efetiva de um consagrado meio de comunicação nos problemas regionais. Em 1° de janeiro de 2003 o Agora deixa de ter circulação semanal e passa a ser diário, incrementando sua participação no mercado.

O Agora era a cara de Adervan. Democrático, informativo, opinativo e com fôlego suficiente para fomentar e participar de todas as campanhas institucionais da região cacaueira. Nesses cinco anos de ausência de Adervan, está mais que provado que a região cacaueira – não só os leitores – perdeu um bastião, reconhecido ponta de lança em todas as lutas regionais.

Esta quinta-feira (3 de março) é dia de lembrança, de comemoração pelo legado deixado por José Adervan, como bancário, jornalista, empresário, economista, professor universitário, visionário. Os tempos mudam, as pessoas passam, a obra fica e passarão por análises permanentes, com destaque para as boas e recomendações de esquecimento para as sem relevância.

Como diz a canção: Quem sabe faz a hora, não espera acontecer. Foi como agiu Adervan.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

A escritora de origem ucraniana Clarice Lispector (1920-1977)
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Afinal, em uma sociedade “pseudoglobalizada”, o que mais sobram são as mazelas para uma porção de pessoas a enfrentá-las. Vão ser verificados o aumento do custo dos alimentos e do combustível e a escassez de diversas mercadorias.

 

Efson Lima – efsonlima@gmail.com

A guerra travada entre Rússia e Ucrânia muito chama a atenção dos brasileiros. O conflito rapidamente se incorporou às conversas da população. Deixou de ser tema exclusivo da diplomacia e adentrou aos milhares de lares. Para além de se tratar do maior conflito armado após a Segunda Guerra Mundial na Europa, o Brasil recebeu milhares de ucranianos nos séculos XIX e XX, permitindo uma ligação forte entre brasileiros e ucranianos. Sabemos que a maior parte desses imigrantes foi para o sul do país, mas registramos que uma das representações ucranianas advém da literatura, cuja incursão da família se iniciou no Nordeste, no Recife: Clarice Lispector.

Quando fui ao teatro pela primeira vez, em Ilhéus, pude assistir ao espetáculo “Hora da Estrela”, texto adaptado da obra homônima da escritora Clarice Lispector por uma companhia de teatro de Salvador. A minha ida ao teatro foi mediada pela estimada professora Tereza Damásio, hoje docente da Uneb, em Ipiaú. Tocado pela narrativa da obra, fui procurá-la para fazer a leitura. O enredo do livro conta a história de Macabéa, jovem nordestina de Alagoas, que, aos 19 anos, vivia no Rio de Janeiro. Órfã, mal se lembrava dos pais, que morreram quando ela ainda era criança. Para além de nós brasileiros que ganhamos com a presença de Clarice Lispector, o mundo foi impactado pela literatura da judia ucraniana.

A professora Neuzamaria Kerner, membro da Academia de Letras de Ilhéus, provoca nossa reflexão sobre a “Terra de Clarice”, leia-se Ucrânia, por meio de sua poesia:

Insanidades/beligerâncias/fingidas inteligências/fincadas na lei do poder/ Os reinos reencarnados/retornam com reis revoltados/brincando de ver morrer/ Ó, Clarice, onde está você?/ Como está a sua Ucrânia/sofrida pela insânia/de um desejo de ter?/ Os mandantes mal domados/que detêm sujos segredos/ainda não sabem que terra/é só um punhado de terra/que escorre por entre os dedos./ Ó, Clarice, sua gente Macabéa,/neste mundo onde se erra/dá um outro valor à terra/que poucos podem saber/.

A poética denuncia o conflito e exprime a violência adotada pela Rússia para o controle do território ucraniano.

Clarice Lispector foi uma exímia cronista. Certamente, se viva estivesse, estaria sofrendo com suas angústias e sua eterna introspecção. Seguramente, buscaria narrar que, enquanto as bombas despencam sobre a Ucrânia, cujo país luta para afirmar sua identidade, em razão de sempre ter sofrido invasões e anexações, os brasileiros vão tomando partido. Não obstante, sinalizaria que fica aparentemente fácil se posicionar quando estamos a milhares de quilômetros de distância e esses não serão os corpos que servirão de escudos. Muitos menos não conhecerão a orfandade provocada por guerras inúteis e desprovidas de bem-estar à coletividade.

Por outro lado, ela saberia reconhecer que se trata de um conflito complexo. A situação da geopolítica levou o planeta ao alerta jamais visto após a Guerra Fria. De um lado, a Ucrânia com seu pleno direito de autodeterminação, em tese, de ingressar na OTAN e na União Europeia; por outro lado, a Rússia, cercada por um arco de forças militares, as quais por diversas vezes já foram usadas para atender interesses do Ocidente. Antes que nos esqueçamos, a nossa geração está a conhecer novas duras sanções econômicas impostas a uma nação. No início, a desconfiança da efetividade das medidas propostas, na sequência, uma Europa unida pela primeira vez e um Ocidente à espera do próximo capítulo.

A histórica neutralidade da Suíça foi quebrada e a nossa geração conheceu a ameaça nuclear. O último domingo foi histórico: a ONU precisou adotar uma estratégia para convocar sua Assembleia Geral para deliberar sobre o conflito. Os nossos olhos ficaram arregalados e vão continuar nos próximos dias. Afinal, em uma sociedade “pseudoglobalizada”, o que mais sobram são as mazelas para uma porção de pessoas a enfrentá-las. Vão ser verificados o aumento do custo dos alimentos e do combustível e a escassez de diversas mercadorias.

Efson Lima é doutor em Direito pela UFBA, advogado, professor de Direito Internacional e membro da Academia Grapiúna de Letras e da Academia de Letras de Ilhéus.

Jaques Wagner e Rui Costa: unidade da base governista passa por acerto dos amigos de longa data
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Se a ideia de ficar sem mandato incomoda Rui, o governador também não parece disposto a se candidatar novamente a deputado federal, alternativa que resolveria quase todos os problemas da coalizão governista no estado e, de quebra, teria força para turbinar a chapa proporcional do PT de forma avassaladora.

 

Thiago Dias

É tradição que governadores populares postulem cadeira no Senado. Tradições, naturalmente, não vinculam os agentes políticos, ainda que exerçam influência sobre seus movimentos.

O ex-governador Jaques Wagner (PT), por exemplo, só foi eleito senador em 2018, quatro anos após deixar o Palácio de Ondina. Nas eleições de 2014, o grupo governista escalou Otto Alencar (PSD) e garantiu a única vaga ao Senado.

O cenário atual tem elementos parecidos com o de 2014. Um governador popular no fim do segundo mandato, Rui Costa (PT), e apenas uma cadeira para a Câmara Alta, novamente pleiteada por Otto.

Até o início da semana passada, quando lideranças governistas da Bahia se reuniram com Lula em São Paulo, o roteiro de 2014 parecia consolidado para 2022. A chapa majoritária teria um petista candidato a governador, Wagner, com Otto disputando a reeleição e o PP indicando o candidato a vice-governador.

Ainda durante a reunião daquela terça-feira (15), surgiu a especulação de mudanças à vista, sugerindo a retirada da pré-candidatura de Wagner, que seria substituído por Otto como candidato a governador, abrindo caminho para Rui se candidatar ao Senado. Uma semana depois, ficou claro que as possíveis alterações da composição da majoritária não agradam a Wagner nem a Otto, além de Gilberto Kassab, presidente do PSD, que chamou a hipótese de “punição”.

E a Rui, agradariam? Ao que tudo indica, sim, pois é o próprio governador quem se coloca à disposição dos aliados para ser candidato ao Senado ou se manter no governo até o final da gestão (veja aqui).

A tradição política não torna atraente a governadores a possibilidade de disputar vaga para a Câmara dos Deputados, já que, para estes, o caminho natural é mesmo o do Senado. No entanto, se a ideia de ficar sem mandato incomoda Rui, o governador também não parece disposto a se candidatar novamente a deputado federal, alternativa que resolveria quase todos os problemas da coalizão governista no estado e, de quebra, teria força para turbinar a chapa proporcional do PT de forma avassaladora.

Thiago Dias é repórter e comentarista do PIMENTA.

Arléo no lançamento da 5ª edição de "Notícia Histórica de Ilhéus", em 2013 || Foto ALI
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O professor Arléo foi um defensor da memória regional e, portanto, agora, compete-nos fomentar a preservação da dele, consequentemente, preservaremos a da Nação Grapiúna.

 

Efson Lima || efsonlima@gmail.com

O professor Arléo Barbosa merece inúmeros adjetivos para qualificar suas ótimas características. Para além da amizade que desenvolveu com inúmeros intelectuais sul-baianos, ele foi um profissional exemplar nas relações de trabalho e formou uma geração de jovens grapiúnas, como eu.  O professor Arléo Barbosa não lecionava, ele narrava a História como se estivesse vendo os fatos e com isso transportava-nos para a cena. Provocava-nos paixão pela  disciplina e não importava quais fatos seriam estudados, ele conduzia-nos com tamanha maestria, cativando-nos, sem prejuízo da reflexão crítica. O quadro de giz estava sempre pronto, mas não para receber a sistematização conteudista, e, sim,  as sínteses em forma de linha do tempo que passavam a fazer parte para sempre de nossas memórias.

Infelizmente, os humanos morrem e com a passagem para o além das linhas físicas, impõe-se uma enorme dor e uma saudade que misturada com sofrimento no primeiro momento vai sendo amenizada nos dias vindouros e vai deixando os melhores registros. Comentários maravilhosos não faltarão sobre o professor Arléo Barbosa. Certamente, inúmeros, centenas, milhares estão a aparecer. Lembro-me do dia 11 de setembro de 2001, quando ele me recebeu no Colégio Fênix para conceder uma entrevista sobre  a História de Ilhéus; recordo – me também dele ter me recebido em janeiro de 2020 para conceder entrevista sobre a Academia de Letras de Ilhéus e a atuação dele na Academia. Professor Arléo não limitava tempo; não fazia cara feia e não faltava conteúdo para abordar em suas entrevistas, exposições e aulas.

Tive o prazer de participar do lançamento de uma das edições do livro Notícia Histórica de Ilhéus, sem sombra de dúvida, o primeiro lançamento em que fui na vida, estive acompanhando a então vereadora Marlúcia Paixão e Élvio Magalhães, assessor da edil naquele tempo. Quem não se lembra das revisões do professor Arléo Barbosa, no programa Bahia Meio Dia, da TV Santa Cruz, sobre possíveis assuntos a serem cobrados no vestibular da UESC? Professor Arléo lecionou em dois momentos tendo eu na turma: um intensivo para o vestibular da Uesc e durante todo o ano de 2005, no Pré-vestibular Fênix.

O professor Arléo Barbosa vai deixar um império, não do ponto de vista físico ou financeiro, mas toda uma geração que lhe conheceu e lhe renderá tributo pelo compromisso em que sempre teve com a educação e com as pessoas. O professor Arléo foi o maior historiador da Nação Grapiúna. Nas entrevistas, humildemente, ele referendava uma estudiosa americana que havia pesquisado sobre Ilhéus. Professor Arléo juntamente com a professora Horizontina Conceição iniciou uma sistematização sobre a História de Ilhéus. Na sequência,  visando as comemorações dos 100 anos de elevação de Ilhéus à categoria de cidade, conseguiu arregimentar o livro Notícia Histórica de Ilhéus, que alcançou a 5ª edição.

Professor Arléo Barbosa faleceu neste sábado (19), em Ilhéus

Na última conversa que tive com ele, o professor pensava em reeditar a obra. O livro se tornou uma referência para todos e continuará sendo. As obras dele ficarão eternizadas e continuarão a compor as referências de diversos cursos e obras. Mas elas precisam ser incorporadas na vida das escolas e em definitivo na vida acadêmica das universidades da Bahia. Não se pode falar de Bahia sem  abordar a Capitânia de São Jorge de Ilhéus e sem tocar na Nação Grapiúna, e não significa ser bairrista, regionalista. Os fatos evidenciam a necessidade do conteúdo a ser tratado para compreender o chão baiano e a brasilidade que nos movem. Qualquer aspecto fora dessa linhas é tentativa de impor o cerceamento e contar os fatos pela metade.

A região merece fazer inúmeras homenagens ao professor Arléo Barbosa. Lamento profundamente ele não ter recebido o título de doutor honoris causa pela Universidade Estadual de Santa Cruz, quiçá um póstumo? Mas, não choremos o leite derramado, avancemos: a Universidade pode criar, em parceria com a Academia de Letras de Ilhéus, concurso monográfico/ ensaísta para saudar esse grande mestre. Deixemos as nossas vaidades de lado para reconhecer o mérito daquele que foi gigante no seu tempo e continuará a ser. Não se trata de favor, mas de obrigação e estímulo à promoção da Historiografia. Outras homenagens merecem ser articuladas, que tal Câmara de vereadores, a Prefeitura de Ilhéus entrarem em ação? O professor Arléo foi um defensor da memória regional e, portanto, agora, compete-nos fomentar a preservação da dele, consequentemente, preservaremos a da Nação Grapiúna.

As contribuições do professor Arléo são percebidas na nota da Editus, Editora da Universidade Estadual de Santa Cruz, que lamenta a morte do escritor e ressalta que  ele “durante anos, se dedicou a pesquisar e ensinar a história regional. Atuou como parecerista da Editus por diversas vezes, sempre dedicado e prestativo. Era também integrante da Academia de Letras Ilhéus e nunca poupou esforços para compartilhar conhecimentos e saberes.”

O professor e jornalista Alderacy Júnior, um estudioso da literatura regional, exibiu nas redes sociais a primeira edição do livro Nhoesembé,  exemplar constante na Sala de Leitura Ruy Póvoas, na Casa Ouro Preto, em Ilhéus e para saudar a memória do professor Arléo Barbosa, ele perfilou “ Vou recordar do Arléo como um grande cidadão, uma pessoa que amava história e soube ser o historiador.”  Ele ressalta ainda que ministrava cursos de Redação na Academia de Letras de Ilhéus, quando o professor Arléo Barbosa era o então presidente do sodalício.

O canal Tupy no mundo, no Instagram, gerenciado por Sophia Sá Barretto, fez uma homenagem ao professor Arléo Barbosa, cujo historiador esteve em uma live promovida pelo perfil e mediada pela professora Maria Luiza Heine. Na rede, elas entabularam as homenagens recebidas pelo eterno mestre em vida: “Cidadão Ilheense e detentor da Comenda de São Jorge dos Ilhéus por serviços prestados à cidade. Mestre em Educação na linha de História e Cultura. Membro da Academia de Letras de Ilhéus. Professor da UESC por muitos anos até  sua aposentadoria[…]Um exímio Especialista em História Regional, História Contemporânea e em Educação Brasileira e foi Diretor Pedagógico do  Colégio Fênix de Ilhéus”, concluiu o perfil no Instagram.

As homenagens ao professor Arléo Barbosa sucedem nas redes sociais, diversas pessoas e autoridades postam sobre o falecimento do professor Arléo Barbosa, mas, especialmente, evidenciam a contribuição dele para a formação de cada um e as relações interpessoais sólidas estabelecidas, bem como o vasto subsídio do educador para a educação e a promoção da História Regional.

Alcides Kruschewsky, em caixa alta no Facebook, exclamou “ARLÉO BARBOSA, IMORTAL!” e avançou para considerar que “Faleceu a maior referência viva da educação de Ilhéus, da cultura, do saber…Este era talvez uma das últimas excelentes referências incontestáveis na área educacional da nossa cidade, na nossa cultura. Um patrimônio invejável, um acervo inestimável, um talento inimitável, com uma ternura indispensável.” O ex-vereador em Ilhéus e colega de trabalho em uma repartição bancária não poupa adjetivos para qualificar a vivência afetiva de ambos. Sem dúvida, o professor Arléo Barbosa foi isso para quem o conheceu.

Sem embargo, Nelson Simões, ex-candidato a prefeito em Ilhéus, na postagem do ex-vereador, diz o seguinte:  “Será que existe um único cidadão ou cidadã em Ilhéus que tenha tido o desprazer de ter sido ofendido pelo professor Arléo? Não há! Meu professor de História em 73 e 74 no CEAMEV. Contava a História. Desde os primórdios a vivenciou. Um brilhante intelectual. Ilhéus mais pobre. Arléo Barbosa saí da vida e entra na História”, concluiu de forma brilhante a postagem.

O professor Ramayana Vargens, em áudio aos seus confrades da Academia de Letras de Ilhéus, disse que o professor Arléo Barbosa foi um ser “corajoso e empreendedor na educação. Excelente diretor de escola. Pessoa querida por todos que o conheciam. Um grande humanista”. Ainda Ressalta o papel desempenhado pelo professor na sistematização do livro sobre a história de Ilhéus,  que reverberou para difusão da cidade no Brasil e no exterior.

Infelizmente, temos que oferecer adeus ao eterno mestre e professor Arléo Barbosa, mas é sem pleonasmo. Foi professor e mestre de diversas gerações. Estava sempre com o conteúdo pronto e atualizado na mente, a didática nos dedos e no exercício performático da docência. Para além do império educacional que construiu, pois, sua obra segue em cada um de nós, ele buscou ter uma família generosa. Aproveitemos  para agradecer a professora Cláudia Arléo por tão bem cuidar do homem público que foi o professor Arléo, igualmente, as generosidades dos filhos ( Roberto, Ronaldo, Renato, Rosana e Thiciano) e daqueles que compuseram o conceito ampliado de família.

Efson Lima é doutor, mestre e bacharel em Direito (Ufba), advogado e membro da Academia Grapiúna de Letras  e membro-eleito para a Academia de Letras de Ilhéus.

Vista aérea do Teotônio Vilela, bairro ilheense que completa 40 anos || Foto José Nazal/Arquivo
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José Nazal

Uma das coisas que mais me impressionam, até hoje, é a falta de conhecimento da população no que concerne à história do chão em que vivemos: a história de nossa rua, de nosso bairro, de nossa cidade. Penso que isso se traduz no pouco sentimento de pertença que vemos em parte das pessoas.

A formação das Terras de São Jorge dos Ilhéus remonta aos primórdios da colonização do Brasil, faltando apenas doze anos para se completar 500 anos do que foi a “Capitania dos Ilhéos”. Em sua obra do Século XIX, Historia da America Portugueza, Sebastião da Rocha Pita anotou:

Em quinze graus escassos tem assento a província dos Ilhéus, assim chamada pelos que a natureza lhe pôs na foz do rio. A sua cabeça é a Vila de São Jorge: tem igreja matriz, duas capelas, uma de Nossa Senhora da Vitória, outra de São Sebastião, e um colégio dos religiosos da Companhia. Duas fortalezas a defendem, uma na barra, outra apartada dela, mas sobre um monte eminente ao mar.

O Plano de Desenvolvimento Local Integrado do Município de Ilhéus – PLAMI, finalizado em 1969, traz um completo levantamento da evolução urbana de Ilhéus, com mapas mostrando a ocupação nas primeiras sete décadas do Século XX. A partir daí, o crescimento foi vertiginoso, forçoso e desordenado.

No meio dessa semana, fui procurado pela Superintendência de Comunicação Municipal (SUCOM) com o pedido de concessão de uma fotografia do bairro Teotônio Vilela, com o propósito de ilustrar a matéria divulgação a comemoração dos 40 anos de formação do bairro. Respondendo afirmativamente que cederia, argumentei que a seriam 43 anos e não os 40 informados. Sugeri que buscassem informações para não prejudicar a própria história do bairro e, pior, levar aos moradores uma informação equivocada.

No dia seguinte, vendo a divulgação equivocada (na minha opinião), ratifiquei que os dados oferecidos à SUCOM continham enganos históricos, que poderiam ser observados facilmente pelas datas, como por exemplo: a divulgação de atos atribuídos ao então prefeito Jabes Ribeiro, no ano de 1982. Ora, Jabes foi eleito em 15 de novembro de 1982, assumindo o governo em 1983. Como poderia ser responsável por decretos e leis de 1982 não sendo o prefeito? Nesse ano o prefeito de Ilhéus era Antônio Olímpio Rehen da Silva.

Infelizmente, nos tempos de hoje, há uma prática de se publicar sem aferir devidamente os fatos. Em uma simples consulta ao “Dr. Google” facilmente seriam encontrados dois artigos acadêmicos que tratam da formação do bairro, respectivamente das professoras Gilselia Lemos Moreira e Elzita Ferreira Vidal.

A professora Gilselia Moreira (2005) anotou:

O PLAMI entre outras indicações destinava a expansão da malha urbana para a zona oeste da cidade e propunha a construção de um centro de equipamentos comunitários, um cemitério parque e a estação rodoviária. Em 1977 a prefeitura desapropriou uma área de 261.800 m², conhecida como São Francisco, para a instalação do Centro Administrativo – segundo o Diário Oficial de nº 3.328 de 14 de outubro. […]

Assim, em 30 de janeiro dos anos de1980, através de Decreto nº 017, publicado no Diário Oficial nº 3.434, desapropriou-se uma área com 100.000 m², – antiga fazenda Gomeira. Essa área foi então loteada e várias famílias carentes receberam cada uma um lote, juntamente com um cartão de posse. É exatamente a partir daí que se inicia o processo de ocupação e produção do bairro Teotônio Vilela. No entanto, os moradores do bairro apresentam outra versão dessa história.

E a professora Elzita Vidal (2009) anotou:

Os dados sobre o histórico do bairro, que serão apresentados a seguir, foram coletados através de entrevista com o Presidente da Associação de Moradores do Bairro Teotônio Vilela. A formação do bairro se deu no final dos anos de 1970, com a instalação de pessoas oriundas das fazendas de cacau, desempregadas pela crise nas lavouras de cacau. Estas pessoas ocuparam o loteamento conhecido na época como Gomeira, loteamento este formado na terra desapropriada pela Prefeitura Municipal de Ilhéus para a implantação de um Centro Administrativo, equipamentos comunitários e loteamento popular. […].

Em uma área do loteamento foi construído um cemitério chamado “Horto das Orquídeas”, destinado ao sepultamento de moradores de maior poder aquisitivo da cidade, porém em 1980 o cemitério foi desativado e em seu local foi construído um barracão de madeirite para abrigar a Escola Municipal. No início de 1980, o loteamento recebeu o nome de Teotônio Vilela, em homenagem a Teotônio Brandão Vilela, Deputado, Senador e Vice-Governador de Alagoas. O motivo da homenagem foi a verba federal alocada pelo então Senador, para a indenização da terra invadida, que deu origem ao Bairro Teotônio Vilela. O ano de 1980 marca a consolidação do bairro, com a construção do Posto de Saúde, a iluminação das principais ruas do bairro, e a criação da Associação de Moradores do Bairro Teotônio Vilela. Esta associação conquistou, junto ao Poder Público, o fornecimento de água para o bairro, a instalação de telefone público, melhorias para a Escola Municipal, ampliação do Posto de Saúde, da iluminação pública, instalação do módulo policial com viaturas e, com o crescimento do bairro, novas invasões aconteceram em seu entorno com as seguintes denominações: Vilela Norte, Barro Vermelho e Vilela Sul.

Face ao exposto, ouso sugerir à SUCOM, com o luxuoso apoio da Associação de Moradores do Teotônio Vilela e de moradores mais antigos, para que seja feita justiça à história do Bairro e da Cidade, sobretudo em respeito aos primeiros cidadãos ocupantes da localidade, aqueles mais penaram nessas primeiras décadas de sua formação urbana. Eu conheci a Gomeira desocupada e também visitei muito o sítio Tanguape, dos herdeiros de Líbia Vieira das Neves. Era um bucólico lugar!

José Nazal é fotógrafo, memorialista, ex-vice-prefeito de Ilhéus (2017-2020), ex-secretário de Planejamento e Desenvolvimento Sustentável de Ilhéus e autor de Minha Ilhéus – Fotografias do Século XX e um Pouco de Nossa História.

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Termina o primeiro tempo da partida em zero a zero. Os jogadores entram para o segundo tempo e a torcida impaciente começa a gritar: Queremos o Bomba, queremos o Bomba!

 

Walmir Rosário

Confesso que o futebol praticado hoje não mais me emociona e nem mesmo os jogos da seleção brasileira me convidam a uma vaga no sofá na sala, ou numa mesa de bar ou a casa de amigos, como fazia antigamente. Utilizo a televisão de casa para assistir aos filmes, documentários, musicais e aos jogos (não me condenem precipitadamente) do Glorioso Botafogo, costume que adotei do último campeonato brasileiro pra cá.

Confesso que estou bastante satisfeito com as poucas partidas de futebol assistidas, nas quais vejo os valores individuais jogarem para o coletivo, driblando, lançando bolas para os atacantes, fazendo os belos e necessários gols para vencer as partidas. Me recuso – terminantemente – a assistir jogos em que os “craques” de agora têm medo da bola e a maltratam constantemente apenas para satisfazer os caprichos dos pobres treinadores.

Frequentemente sou chamado de saudosista, o que simplesmente não me ofende, ao contrário, me deixa feliz por gostar de apreciar o bom futebol e não esses de planos construídos numa prancheta de um treinador qualquer. Como não gostar dos craques que sabem dominar a bola e fazem acontecer nos campos desse Brasil afora. Relembro dos telefonemas recebidos do saudoso professor Gabriel Saraiva, comentando o show de bola dos craques do Botafogo, e até do Bahia (este não me emocionava).

Pois fiquem os senhores e senhoras sabendo que não apenas os times do Rio de Janeiro e São Paulo possuíam craques capazes de nos emocionar com jogadas maravilhosas, às vezes desconcertantes, terminadas em gols, ou não. Para não ir tão longe, vou me ater aos jogos realizados no meu “terreiro”, com a famosa seleção amadora de Itabuna (hexacampeã baiana) e o Itabuna Esporte Clube.

Para não encher a paciência dos leitores, não citarei aqui centenas de craques que fizeram a história futebolística baiana, embora não possa esquecer Santinho, os irmãos Leto, Carlos, Lua e Fernando Riela, Ademir Chicão, Luiz Carlos, Bel, Tombinho, o baixinho Ronaldo Dantas, Itajaí Andrade, João Xavier, dentre muitos outros. A grande maioria desses jogadores formaram o Itabuna Esporte Clube, criado em 23 de maio de 1967.

Devidamente profissionalizados, os craques tiveram que se adaptar ao novo estilo de preparação física e tática, agora com os profissionais do Rio de Janeiro, São Paulo e até Rio Grande do Sul. Se antes eram uma só família, esse clã cresceu bastante com os novos “parentes” contratados nos estados do sudeste brasileiro, aos poucos, a maioria dos filhos da casa abandonaram (ou foram obrigados a abandonarem) o futebol.

E essa atitude caiu como uma luva para os técnicos daquela época, a exemplo do conhecido “Velha” e outros que o substituíram, entre eles o gaúcho Ivo Hoffmann, que aqui chegavam, avaliavam o elenco e pediam grandes reforços. E assim iam ao Rio de Janeiro com a missão de selecionar craques que não tinham chances nos grandes times e trazê-los para brilhar e fazer brilhar o Itabuna.

Só que muitos desses jogadores eram arrebanhados nos campos de pelada e vinham em sociedade com os técnicos, que levavam uma gorda comissão (e bota gorda nisso). Numa destas viagens, Ivo Hoffmann vai ao Rio de Janeiro para trazer um zagueiro, dois meios-campistas, dois atacantes e um ponta-esquerda, para substituírem os que se encontravam “bichados”, ou que iriam para o banco.

Desta turma toda, a maior necessidade do Itabuna Esporte Clube era o ponta-esquerda, que há muito sofria de uma contusão crônica. Apresentação feita na sede do clube, na rua Barão do Rio Branco, o destaque era um jogador negro, baixinho, gordinho, de nome Bolete (acredito que pela compleição), já nomeado pelo técnico Ivo Hoffmann como a bomba a ser lançada no próximo jogo contra o Leônico, o conhecido “moleque travesso”.

No treino da sexta-feira, que aprontava a equipe para o jogo do domingo, eis que Bolete é convocado para entrar em campo, e se apresenta todo serelepe correndo pela ponta-esquerda. Um sucesso! Terminado o treino, os repórteres esportivos encheram o técnico Ivo de perguntas, sobre o jogo de domingo e a estreia dos jogadores, melhor dizendo, da bomba a ser lançada contra o Leônico.

Nas emissoras de rádio e nos jornais itabunenses as manchetes eram o lançamento da bomba. Bomba pra lá, bomba pra cá, o nome Bolete foi logo substituído por Bomba. No domingo, a vermos a escalação do Itabuna no vestiário do velho Campo da Desportiva, o Bomba ficaria no banco e deveria entrar no segundo tempo, para arrasar o manhoso Leônico da capital.

Termina o primeiro tempo da partida em zero a zero. Os jogadores entram para o segundo tempo e a torcida impaciente começa a gritar: Queremos o Bomba, queremos o Bomba! Lá pelos 15 minutos o ponteiro-esquerdo bichado pede para sair e o campo da Desportiva vai abaixo gritando Bomba, Bomba, Bomba. Ele se aquece com uma rapidez impressionante para o delírio da torcida.

Na primeira bola que pega, sai em disparada pela esquerda em direção ao Jardim do Ó e quando o lateral direito corre em sua direção para contê-lo, eis que o Bomba tropeça em suas próprias pernas e cai. E a torcida, em silêncio sepulcral na Desportiva, assiste a chegada da maca para retirar o Bomba de campo. Ninguém conseguia entender nada. A Bomba deu chabu e o assunto passou a ser proibido no Itabuna, que dispensou o atleta.

Anos depois, numa conversa com Bel (Abelardo Moreira), que integrou o Itabuna, ele me contou que no dia da partida não encontraram no vestiário as chuteiras 39 que calçaria Bolete, o que foi motivo que ele ficasse no banco. A solução encontrada foi ele jogar com duas chuteiras de número 38. Mas como a Lei de Murphy diz que não há nada que não possa piorar, as chuteiras eram ambas para calçar o pé esquerdo.

Desse jeito, não há bomba que resista!

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

Sofia Manzano, professora da Uesb e pré-candidata à presidência da República pelo PCB
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Sofia Manzano pode até vir a ser um traço eleitoral, mas estará certamente construindo o traçado da história, criando passos para a construção de um Governo Popular.

 

Carlos Pereira Neto Siuffo

O analfabetismo político ou o senso comum muito rebaixado levam a criações bizarras.

É muito comum ouvir de pessoas pouco esclarecidas politicamente frases do tipo: “Só voto para ganhar”; “Não perco meu voto”; “Só voto em quem ganha”. A pessoa vota na propaganda mais divulgada, vota na pessoa mais conhecida, como se fosse um jogo de perde ou ganha.

O PCB lançou Sofia Manzano pré-candidata à presidência da República, e vi gente comentar: “Não tem um traço…”. Ora, essas pessoas pensam o processo político-social como um simples jogo de perde e ganha eleitoral. Não enxergam a história. Para essas pessoas, a vida é estática.

Quem viveu o período da ditadura militar lembra como o MDB era nem um traço. Em 1974, ele explode e vence as eleições de ponta a ponta, mesmo com as inúmeras restrições impostas pelas regras ditatoriais.

O PT, quando surgiu, era uma espécie de patinho feio eleitoral, estigmatizado até por parte da esquerda. Nem traço era, mas tinha um acúmulo de lutas políticas-sociais nas costas e acabou elegendo presidente da República. Depois, foi se degenerando. Perdeu as ligações sociais mais profundas. Virou uma máquina institucional e vai carregando os votos das lembranças.

Não é fácil remar contra a corrente. Imaginem ser oposição no nazismo e no fascismo. Mas, havia. No início, eram poucos e persistentes. Hitler meteu uma bala na própria cabeça e Mussolini foi fuzilado pelos partisans e dependurado num posto.

As eleições são fundamentais e importantes, mas a luta política é muito mais larga e profunda e, em verdade, se não houver forte organização popular e muita pressão, as mudanças são cosméticas. Não se iludam com o imediato e com a visão do palmo da mão.

Se fosse tudo estático, não teria havido golpe nem a besta do Bolsonaro seria o presidente ilegítimo, mas eleito.

Sofia Manzano pode até vir a ser um traço eleitoral, mas estará certamente construindo o traçado da história, criando passos para a construção de um Governo Popular.

A luta continua!

Carlos Pereira Neto Siuffo é professor de Direito da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc).

Semana de Arte Moderna completa 100 anos neste domingo (13)
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Cem anos depois, ainda estamos em uma plena Semana de Arte Moderna, que precisa ressignificar nossa caminhada, quebrar o parnasianismo da elite e desmascarar uma gente que se finge de inocente.

Efson Lima

Após 100 anos da Semana de Arte Moderna, o que temos é um Brasil que procura sua identidade. As inquietações permanecem, e o país está “pluridiversificado”, tem-se uma plêiade de vontades e pouco foi feito até aqui. Uma coisa é certa: de lá para cá jamais fomos os mesmos. As coisas não ficaram no lugar. Deixamos de ser um país rural e adentramos na urbanização. As cidades foram amontoando gente. Para abastecer toda essa gente, a agricultura foi maximizada e continuou a encher os bolsos de alguns.

Nas cidades, os postos do setor de serviços são ocupados por aqueles que, supostamente, são os mais habilitados. A indústria se tornou pujante, cada vez mais tecnológica e empregando menos pessoas. Os nossos cabelos nos centros urbanos são depósitos para as fuligens, que se dispersam nas nossas carapinhas e se impregnam em nossa pele. Os rios se tornaram nossos esgotos, pois conferem maior fluidez para as nossas sujeiras.

O Brasil de ontem é o mesmo de hoje quando o assunto são as castas e quem pode mais na república federativa. O QI ( Quem Indica) continua a desafiar os princípios republicanos e condena a nação no trópico. Cem anos depois, uma elite continua a fazer a festa. Todos podem fazer arte, mas nem todos são valorizados. Apenas os bem “indicados” alcançam um patamar de visibilidade, estes são apresentados na TV e aparecem nos jornais impressos. As revistas fazem o arremate final com bastante tinta e brilho. Os quadros, leiam-se as telas, agora são usados para disfarçar as propinas.

O Brasil continua sendo o país dos corpos. As pessoas malham e se exibem nas ruas e avenidas, que são vitrines. Sem falar nas redes sociais, que potencializam e são senhas para as curtidas. Não vou me fazer de santo: eu adoro! Não sou pudico.

As músicas incentivam os tapas nas mulheres e as ofendem. Colocam-nas no porão da história. As bichas, publicamente, são esquartejadas. Os corpos negros caem nas ruas das cidades. Somos todos fiscalizados e monitorados no maior controle da História. Apologias a crimes contra a humanidade, constantemente, são defendidas por alguns em nome da liberdade de ofender minorias e tragédias humanas.

Sentimos saudade dos rebeldes com causa de 1922. Eles descortinaram nossa realidade e impuseram uma caminhada menos romântica. Seria trágico se pegássemos aquele caminho da pura idealização. O Brasil de hoje é plural e continuará a ser. Tem enormes desafios diante dos quais minha geração “já” fracassou. Precisamos recorrer à próxima geração para amenizar as angústias.

No contexto atual, as mulheres se rebelam, mas as regras estão bem delimitadas. Serão superadas. Os negros buscam quebrar as correntes, mas há quem ache beleza em artesanato com réplicas de pessoas escravizadas para comercialização em aeroporto. Cem anos depois, ainda estamos em uma plena Semana de Arte Moderna, que precisa ressignificar nossa caminhada, quebrar o parnasianismo da elite e desmascarar uma gente que se finge de inocente.

Efson Lima é mestre e doutor em Direito pela UFBA, advogado, professor, escritor e membro da Academia Grapiúna de Letras.

Proprietários de veículos devem ficar atentos aos prazos para quitar o IPVA
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O IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) é destinado a todos os proprietários de veículos e de ser pago anualmente. No estado da Bahia, a alíquota do imposto é calculada em 2,5% sobre o valor de mercado de cada veículo. Este valor é encontrado na Tabela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). O pagamento pode ser feito presencialmente e/ou via app de bancos credenciados (Banco do Brasil e Bradesco, por exemplo).

Existem 4 opções de quitação desse imposto.

A pessoa pode optar por pagar o IPVA com 20% de desconto em cota única até o dia 10 de fevereiro deste ano. Ou pagar com 10% de desconto em cota única na data demonstrada na tabela, de acordo com o número final da placa (confira tabela abaixo).

Prazos para pagamento em cota única  (Fonte Sefaz/BA)

Também pode optar por pagar parcelado em até 5 vezes sem desconto (veja tabela abaixo).

Tabela com prazos de pagamento para quem vai parcelar (Fonte Sefaz/BA)

Ícaro Mota é consultor automotivo e diretor da I´Car. A coluna é publicada às sextas-feiras.

Advogado Geraldo Borges apresenta projeto de revitalização do esporte itabunense
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A simplicidade do projeto é uma demonstração de sua viabilidade e execução, e que pode ser iniciado com a alocação de poucos recursos, parceria e muita criatividade. Geraldo Borges colocou a bola na marca do pênalti, cabe, agora, ao Executivo chutá-la em gol.

 

Walmir Rosário | wallaw2008@outlook.com

Itabuna sempre foi considerada uma grande praça esportiva, tanto pela quantidade e qualidade de seus jogadores, quanto pelos torcedores, apaixonados pelo futebol, voleibol e outras modalidades esportivas. Há décadas, equipes amadoras fascinavam os torcedores no acanhado campo da Desportiva nas tardes de domingo, sem falar na seleção amadora de Itabuna, hexacampeã baiana.

Se praticávamos um futebol de excelência, nos orgulhávamos em receber as grandes equipes brasileiras do passado, que exibiam craques como Mané Garricha, Evaristo de Macedo, Bellini, Zico, Roberto Dinamite, dentre outros astros da constelação do América, Flamengo, Vasco, Fluminense, Botafogo, dentre tantos outros. Mas isso faz parte de um passado constantemente relembrado com carinho pelos itabunenses.

Inconformado com a situação de penúria que chegou o esporte – em suas várias modalidades – o radialista, advogado e mestre em Administração Pública, Geraldo Borges Santos, resolve dar o pontapé inicial na partida de soerguimento do esporte na cidade. E não é a sua primeira iniciativa, pois desde o final dos anos 1960, junto com Ramiro Aquino e Yêdo Nogueira, liderou uma campanha para a construção do Estádio Luiz Viana Filho.

Agora, se empenha em colaborar o escrever um projeto, no sentido de provocar ações da administração pública municipal, para a criação de uma política que possibilite recrutar, selecionar e envolver jovens em todos os bairros de Itabuna para a prática de esportes em suas diversas modalidades. Para tanto, considera fundamental a recuperação da Vila Olímpica de Itabuna, integrando o Ginásio de Esportes ao Estádio Luiz Viana Filho.

O projeto, elaborado em abril de 2021, foi entregue ao vereador Ronaldão, para que seja alvo de debate entre a sociedade, o Legislativo e o Executivo. Acredita Geraldo Borges que, se por um lado a expansão imobiliária acabou com os campos de peladas na periferia da cidade, em muitos bairros foram construídas quadras de esportes, hoje subutilizadas ou destruídas por falta de uma política pública de conservação, o que prejudica o esporte.

Geraldo Borges cita os feitos esportivos de Itabuna, que se destacou no futebol, voleibol, futebol de salão, natação, atletismo e basquetebol, neste, sagrando-se terceiro colocado nos Jogos Abertos de Santo André (SP). No Futebol, foi campeã do Torneio Antônio Balbino, em 1957, por ocasião da inauguração dos refletores do estádio da Fonte Nova, com a presença do presidente Juscelino Kubitschek, o início ao hexacampeonato.

Ainda no futebol, o Itabuna Esporte Clube foi vice-campeão baiano de profissionais, em 1970. Na mesma balada, os juniores do Itabuna se consagraram campeões baianos em 1971, época em que revelou grandes jogadores, entre eles Perivaldo, convocado posteriormente para a Seleção Brasileira. Tempos depois, por falta de incentivo, o Itabuna caiu para a segunda divisão e permanece inativo como clube de futebol.

Geraldo Borges, o autor do projeto

Para o autor, todos os feitos e conquistas de antes deveu-se ao trabalho empírico de alguns colégios e campinhos de bairros, e hoje a cidade conta com a Universidade Estadual de Santa Cruz, a Unime e a FTC, faculdades de Itabuna e entorno, que dispõem de cursos de educação física. Daí sairão os recursos humanos especializados no preparo de jovens, recorrendo a professores e alunos, estes últimos na condição de estagiários, remunerados ou não, por meio de convênios autorizados pelo Legislativo.

Além da Vila Olímpica, integrada por um grande Estádio de futebol com pista de atletismo (inacabada, é verdade) e estrutura do ginásio de esportes e piscina, a Prefeitura poderá firmar parcerias e convênios com clubes sociais e entidades privadas. Enquanto isso, o município buscará mais recursos junto aos governos federal, estadual e a iniciativa privada para custeio e investimentos.

Conforme especifica o projeto de Geraldo Borges, os recursos para implantar o projeto podem ser alocados no orçamento da Secretaria Municipal de Esportes, que já conta rubricas específicas e técnicos capacitados para empreender as atividades. Para ele, um projeto dessa grandeza encontrará grandes parceiros entre empresas ligadas aos esportes, a exemplo das indústrias de confecção de material esportivo.

Clique e confira aqui o projeto

Conclui-se, portanto, que a cidade tem uma estrutura básica de equipamentos públicos voltados para o esporte, grande contingente de jovens ávidos para envolvimento em atividades esportivas e de atletismo. Tudo isso aliado a uma população que gosta de esportes, com histórica tradição de sucesso, restando ao Executivo e Legislativo estabelecerem uma política pública que possa beneficiar toda a comunidade.

A simplicidade do projeto é uma demonstração de sua viabilidade e execução, e que pode ser iniciado com a alocação de poucos recursos, parceria e muita criatividade. Geraldo Borges colocou a bola na marca do pênalti, cabe, agora, ao Executivo chutá-la em gol.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

Marcelo Sá faleceu no final de semana, em Salvador || Reprodução Instagram
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A cultura chora, mas todos choram, porque todos perdemos. Mas, lembrem-se, só sentimos que perdemos porque ganhamos muito com sua presença atuando entre nós, e para os que nem conhecia, mas sabia que existiam. O que Marcelo nos deu, nada tira.

 

Alcides Kruschewsky

Não, não é da Cultura, e é, não somente, então… É comunitário, de uma “roda grande”, enraizada pelos mundos que formam o universo. Por isso, tantas manifestações, tantos seres que o admiravam, amavam, e nem sempre declaravam. Que surpresa dolorosa!

Marcelo não é tudo que andam dizendo após sua passagem. Com certeza é mais que isso. Porque o sentimento de perda coletiva é espontâneo, sincero, doído.

Ah, quem não teve a oportunidade de sua companhia, da mesa com ele, da praia, da arte e desfrutou da sua inteligência, do seu refinado humor, perdeu, sim.

O talento de Marcelo transcendia, sem ambição pessoal. Sabia o que estava fazendo. Levei-o para o rádio, noticiava a agenda cultural comentada. Eu chamava: “Hooggggg”. E ele respondia, “chegueeeeiiii”…

Era engraçado! Era propositadamente ridículo e engraçado. Feito para chocar e rir. E ríamos, gargalhadas fartas desde as 6h30min da manhã, ele “morto” de sono… reclamando que eu ía matar ele… Um stand up de primeiríssima, se quisesse, dava show desde o “Caderno 2”, bar saudoso tocado por essas geniais Badarós.

Marcelo sempre tinha algo a acrescentar e chamava nossa atenção para as causas que se envolvia, querendo engajamento. Tudo não era seu, mas para todos. Quem está dizendo que sentiu e está sentindo sua partida, está mesmo!

Esses tempos não têm sido fáceis, não têm sido bons (ou será pecado assim dizer?). Mas, mesmo diante de tantas vicissitudes, creiam, ainda há motivos para concluirmos que a vida é bela e que vale a pena viver e buscarmos a felicidade, a outra certeza da existência de Marcelo. Pois é, ele, no seu dia a dia, buscava a felicidade nas coisas mais simples e importantes às quais se dedicava, dentre elas as pessoas a quem queria bem.

A cultura chora, mas todos choram, porque todos perdemos. Mas, lembrem-se, só sentimos que perdemos porque ganhamos muito com sua presença atuando entre nós, e para os que nem conhecia, mas sabia que existiam. O que Marcelo nos deu, nada tira.

O amor fica para sempre dentro de cada um.

Te amamos, amigo! Vá em frente, para a luz, sempre! VALEU, POR TODOS NÓS, VALEU!

Alcides Kruschewsky é empresário, ex-vereador e ex-secretário municipal de Ilhéus e radialista.

Chevrolet trará ao Brasil o Cruze Midnight Made in Argentina || Divulgação
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Fabricado por “nossos” hermanos, a Chevrolet anuncia que chegará ao Brasil o Cruze Midnight 2022. A repaginada no visual traz uma beleza agressiva e encanto aos olhos de quem os vê. Carregado de detalhes na cor preta e com uma diminuição significativa de itens cromados, não escapou nem mesmo a logo da Chevrolet.

Ele será comercializado em 3 cores – a tradicional, preto ouro negro, e também estará disponível nas cores cinza satin e azul eclipse. Tem rodas de 17 polegadas redesenhadas e diamantadas, interior escurecido, e bancos de couro, o Cruze conta com ar-condicionado automático, direção elétrica, multimídia Mylink com projeção sem fio para Android auto e Carplay, Onstar, conexão 4G com Wi-fi, câmera de ré, app MyChevrolet e partida por botão com chave presencial.

O motor é o velho conhecido Ecotec 1.4 turbo de 150 cavalos quando abastecido na gasolina e 153 cavalos quando abastecidos com etanol, entregando 24,0 kgfm no primeiro e 24,5 kgfm no segundo, ambos com câmbio automático de seis marchas.

Segundo a montadora, houve recalibragem no motor e câmbio para trazer mais agilidade. Ainda não foi revelado o novo preço nem mesmo a data que começará a ser vendido no nosso país.

Ícaro Mota é consultor automotivo e diretor da I´Car. A coluna é publicada às sextas-feiras.