Seleção de Veteranos Augusto Mangabeira é o terceiro, em pé, da esquerda para a direita || Arquivo Walmir Rosário
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Se não for pecado, torço que o Todo-poderoso forme uma seleção imbatível. Competência eles têm, pois aqui foram testados e aprovados.

 

Walmir Rosário || wallaw2008@outlook.com

Longe de mim querer me imiscuir nas coisas divinas, especialmente do céu, mas não posso deixar de me manifestar acerca de alguns acontecimentos passados de um certo tempo pra cá. Pelo que tenho notado, Deus tem feito escolhas bastante significativas nas pessoas levadas para junto dele, nos deixando chorosos. Esse fato me dá a impressão de que ele pretende formar uma seleção de futebol aí por cima.

E num ato de contrição, vou logo pedindo desculpas, se for o caso: “Eu pecador, me confesso a Deus Todo-poderoso, que pequei muitas vezes, por pensamentos, palavras, atos e omissões, por minha culpa, minha máxima culpa…”. Não quero, aqui, dar pitacos sobre as decisões divinas, e vou ressaltando que estou arrependido de todos os pecados que por acaso aqui cometerei. Mas não é só por minha culpa.

Desde cedo – ainda na infância – me acostumei com as imagens produzidas pelos artistas plásticos – especialmente os pintores – sobre o céu, com aquelas paisagens tranquilas, sempre nas cores azul e branco, e os personagens em profunda contemplação. Peço perdão caso meu raciocínio venha profanar a morada celestial, mas acredito que não combina a enlevação dos pensamentos com a prática do futebol nesta santa morada.

Os amigos que me perdoem se insisto em falar desse tema, misturando fatos mundanos e divinos. Mas minha mente não consegue alcançar o porquê dessas escolhas – o que é mais um pecado. Nos últimos tempos perdemos por aqui Léo Briglia, Fernando Riela, Lua Riela, Luiz Carlos, Daniel Souza Neto (Danielzão), e agora, sem mais nem menos, Nelito Pedreira, João Augusto Mangabeira França e Pelé. De uma só vez!

Nelito e Augusto foram dois baques feios. Parece até aquelas cenas de filmes hollywoodianos. Amigos tão chegados no futebol e na vida, foram embora, sem mais nem menos, em cerca de 44 horas. Nelito, por anos professor de química, empresário do ramo do comércio agropecuário, esportista, aos sábados, não dispensava o encontro com os amigos para o “baba” semanal. E lutou para ter um campo próprio.

Assim que soube da morte dos dois amigos, liguei para outro em comum, Napoleão Guimarães, que lamentou o desaparecimento de Nelito e Mangabeira, com os quais conviveu e trabalhou ao lado deles por vários anos. Contou-me a situação debilitada em que os dois se encontravam e enalteceu a passagem deles no planeta terra. “Parece até que combinaram”, arriscou dizer Napoleão.

João Augusto Mangabeira França era um itabunense nascido em Senhor do Bonfim, com passagem pela capital baiana, onde exerceu a profissão de jogador profissional no Galícia, o Demolidor de Campeões, primeiro Tricampeão Baiano de futebol. Em campo, desempenhava o ofício de zagueiro, não daqueles acostumados a tirar a bola do adversário com chutes e pontapés, mas com classe, se antecipando às jogadas.

Em Itabuna foi professor de Educação Física, professor de Inglês, vendedor de produtos agropecuários e empresário do ramo de representações de empresas, mais conhecido como caixeiro viajante. Viajou pelo sul e extremo sul da Bahia vendendo produtos alimentícios aos supermercados. Não dispensava passar o fim de semana em Itabuna para o “baba” dos veteranos, no estádio Luiz Viana Filho, e depois no bairro Jorge Amado.

Juntos, cursamos direito, ainda na Federação das Escolas Superiores de Ilhéus e Itabuna (Fespi), depois Uesc. Ainda acadêmico, era conhecido pelo carinhoso nome de Corregedor, título dado por nós, pela sua idade superior à nossa e pelo seu jeito de dar seu parecer para finalizar as discussões. No período de provas estudávamos em sua casa, grupo de estudos que se transformava num encontro etílico após umas boas doses da famosa Cuba Livre.

Por muitos anos me abastecia com as histórias e estórias do seu tempo como jogador profissional no Galícia. Ele se divertia com a diversidade de cultura e temperamento dos jogadores e contava passagens memoráveis acontecida em campo e extracampo. Dentre os seus personagens prediletos o colega Apaná Venâncio e o treinador Sotero Montero, este pela surrada frase: “É pelo arriar das malas que conheço o bom jogador”.

Por algum tempo o Dr. Augusto Mangabeira frequentou as lides forenses, mas não se conformava com as pesadas gavetas nas quais dormitavam os processos, mesmo sendo arquivados em armários de prateleiras de aço, portanto, fáceis de serem vistos e retirados para apreciação. Continuou se dedicando às pastas de representação, tirando pedidos nos armazéns e supermercados, nos quais era bastante conhecido e querido.

Passamos um certo tempo sumidos entre nós e recebia notícias dele quando encontrava o seu irmão, o médico Antônio Mangabeira, que uma das vezes me informou sobre o acometimento de Alzheimer. Outro colega desde os tempos da universidade, o advogado José Augusto Ferreira Filho, me contou que, ao chegar para uma audiência, encontra o colega Augusto Mangabeira, desta feita não no mister de advogado, mas como parte, quando era requerida sua interdição, por causa dos esquecimentos provocados pelo mal.

Todos que por aqui passam cumprem sua missão, mas não sei o que está sendo reservado para eles lá em cima. Se não for pecado, torço que o Todo-poderoso forme uma seleção imbatível. Competência eles têm, pois aqui foram testados e aprovados.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

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Ainda não compreendemos o potencial total da IA, mas já sabemos que o impacto em todos os setores é extremamente grande.

 

Andreyver Lima

Já não é novidade que as máquinas assumem uma variedade de papéis. Elas ajudam na agricultura, na produção de energia, no transporte e na comunicação. No entanto, a próxima fronteira da automação já está sendo usada para melhorar cada parte de nossas vidas agora.

Em 2023, a inteligência artificial (IA), se tornará ainda mais difundida, à medida que a cultura digital acelera. A inteligência artificial embutida em nossos dispositivos atuais, poderá substituir uma nova leva de profissionais humanos.

Mas essa não é a única maneira que essa tecnologia pode remodelar nossa relação com os computadores e a interação entre humanos, em um mundo cada vez mais digital.

MAS COMO ESSES EFEITOS PODEM SE MANIFESTAR NO MUNDO REAL?

A Inteligência Artificial se tornará a nova cultura digital, assim como um novo conjunto de ameaças. O surgimento de grandes dados criou uma oportunidade sem precedentes para a criatividade e inovação na era digital. Mas com a IA se tornando mais prevalecente, nossas responsabilidades também se tornaram mais complexas. Precisamos permanecer atentos com o uso desta ferramenta mais poderosa que a humanidade já criou, seja para a criatividade, o debate, a colaboração, mas também pelos potenciais riscos políticos por seu mau uso.

A ÚLTIMA FRONTEIRA DO DIGITAL

Da ascensão da cultura digital ao crescimento da realidade virtual, esta nova era está causando impacto em todos os setores. E com o aumento da inclusão digital em todo o mundo, os consumidores estão se tornando mais conscientes do uso da internet. Mas o que é exatamente a IA e como ela pode ser usada para o bem em nosso mundo atual?

Vivemos em uma era de inteligência e realidade virtual. Então devemos também estar conscientes deste impacto em nossa capacidade de compreender a tecnologia. Embora muitas tecnologias existam há muito tempo, há uma nova aceleração em seu uso que ameaça alterar o equilíbrio entre o digital e o tradicional.

Inteligência artificial é um termo amplo, que cobre uma variedade de diferentes tecnologias e soluções de software que visam tornar as pessoas mais cognitivas. Entretanto, a IA é agora usada em situações muito diferentes do que era há alguns anos atrás. Hoje, temos aplicativos de produção de imagens para redes sociais, mas também assistentes digitais usados para gerenciar grandes conjuntos de dados, como em programas de tráfego de veículos, numa busca constante de atualizar os algoritmos e melhorar a experiência do usuário.

O USO DA IA NA POLÍTICA BRASILEIRA

Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou, em sessão administrativa virtual, a criação da Assessoria de Inteligência Artificial em sua estrutura orgânica. A nova unidade, vinculada à Presidência, tem como principal objetivo desenvolver novas soluções em inteligência artificial, aplicadas à prestação jurisdicional da Corte.

A INTELIGÊNCIA NA INDÚSTRIA BRASILEIRA

As empresas estão acelerando o ritmo de seus investimentos nesta tecnologia, e há boas notícias à medida em que a demanda por uma tomada de decisão mais eficaz aumenta, em consequência, também cresce a concorrência.

O mercado brasileiro é o lar de algumas das mentes mais brilhantes do mundo, e é também o lar de uma indústria que tem crescido de forma constante nas últimas décadas. Muitas empresas melhoraram o atendimento ao cliente usando a mesma tecnologia.

O Brasil está entre as dez maiores economias da América Latina em termos de produção manufatureira. Possui uma das mais avançadas fábricas de metalurgia do mundo e o governo está alimentando uma nova era de robótica e pesquisa de inteligência artificial.

Com o 5G e a adoção da Internet das Coisas (IoT), além de grandes dados, acelerou o ritmo de mudanças para o setor tecnológico brasileiro. Há uma necessidade de transformar nossa indústria para o digital o mais rápido possível. Muito tem sido alcançado nos últimos anos, mas temos muito a fazer. Temos que aproveitar os benefícios da transformação digital.

OS PERIGOS DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

No entanto, com grandes poderes vêm grandes responsabilidades. Devido ao seu uso crescente, a IA também é uma das principais ameaças na guerra moderna. Novos softwares e satélites sugerem que em breve veremos uma nova onda de uso da IA neste campo, o que pode levar a concepções errôneas num combate.

O que é real e ‘quem é quem’, no mundo virtual? Problemas como este começaram a aparecer. Em um estudo realizado no ano passado, foi possível observar que as IAs estão produzindo rostos humanos extremamente confiáveis, além da sua capacidade de editar fotos publicadas nas redes sociais, podendo deixar a pessoa em qualquer situação.

Por fim, ainda não compreendemos o potencial total da IA, mas já sabemos que o impacto em todos os setores é extremamente grande. Ao tempo em que extingue empregos, geram novas oportunidades e um novo mundo. Seja real ou virtual.

Andreyver Lima é jornalista com certificado de Comunicação na Era Digital (FGV) e do curso Política Cidadã: opinião pública, eleições, grupos de interesse e a mídia (Harvard).

Réveillon na Praia da Costa, em Canavieiras || Foto Walmir Rosário/Arquivo
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Cá pra nós, não sei qual o defeito de minhas vestes, que além de não atrair o vil metal aos meus bolsos, ainda me deixam desprovidos dos valorosos reais, haja vista os altos preços cobrados nessas festas.

Walmir Rosário

Todo fim de ano me embaraço com o dilema da escolha da roupa que vestirei no Réveillon, seja num evento externo, que merece uma apresentação de razoável para cima, ou em casa, quando não chega a tanto, mas nem por isso tampouco. Pra começo de conversa, não sou daqueles que sabe a combinação ideal das peças de roupas, como os desenhos verticais e horizontais, as cores dissonantes, e por aí afora.

É sempre assim! Por mais que tente, não consigo me conscientizar suficientemente sobre a harmonia de cores e tons, muito menos as mais apropriadas para cada ocasião. É uma lástima! Mas nem me incomodo, embora não possa dizer o mesmo em relação ao que pensa a minha mulher, sempre a dar pitacos sobre o caimento e as disparidades. Não adianta, não consigo fazer essas aulas entrarem em minha cabeça.

Se hoje incorro, constantemente, nos mesmos erros, com um guarda-roupas pra lá de sóbrio, imaginem no século passado, a partir das décadas de 1960/70 e mais um pouco, com as roupas extravagantes que ditavam a moda. Ainda lembro das camisas estampadas, nas quais as cores fortes formavam desenhos de caracóis e outras figuras fractais, bastantes chamativas.

As calças bocas de sino do mais legítimo brim americano índigo, das marcas Levi’s, Lee, ou as nacionais, mais modestas, a exemplo da far-west da Alpargatas, Topeka ou Calhambeque. Sempre mudávamos o visual usando as calças coloridas, imitando os grandes artistas do Rock internacional ou da Jovem Guarda brasileira. Uma noitada ou uma domingueira nos clubes mereciam trajes escolhidos com esmero.

Com o tempo, os ditadores internacionais da moda entraram num clima de relax e nos fizeram mudar o guarda-roupa, com tons mais amenos, no máximo, tons sobre tons, o que perdura até hoje, guardadas as devidas proporções. Mas então volto a me complicar com as vestimentas para o dia e para a noite, os eventos sóbrios e os alegres, os complementos como os blêizeres.

Confesso que acho muito complicado se apresentar nesses eventos do dia a dia, quanto mais nos temáticos. E o pior de tudo é ser visto por um colunista social desafeto de redação ou de outros imbróglios corriqueiros. No dia seguinte estará estampada na página assinada pelo dito cujo, com as comparações maldosas sobre o meu modo brega de me vestir numa apresentação da sociedade. Ninguém merece!

Juro, pelo que há de mais sagrado neste mundo e além, que essa preocupação não é coisa de minha cabeça, pois garanto que existe há décadas e foi até cantada nos anos 50 do século passado em diante. Ainda lembro do grande cantor Miltinho, que interpretava sambas e boleros, muitos dos quais de Noel Rosa, entre eles, Com que roupa, de sucesso garantido em todo o Brasil.

Na voz estridente, porém afinada e modulada, Miltinho cantava e encantava. “…Pois esta vida não está sopa/ E eu pergunto: Com que roupa?/ Com que roupa que eu vou/ Pro samba que você me convidou?/ Com que roupa que eu vou/ Pro samba que você me convidou?”. E olhe que o excelente compositor Noel Rosa se vestia nos trinques: terno e gravata borboleta, isso para frequentar os cafés e cabarés cariocas.

Como se não bastasse, em 1967, o cantor e compositor Wilson Simonal, no seu álbum Alegria, Alegria, trouxe a canção Vesti azul, garantindo que se deu bem ao aceitar o conselho de um broto para que vestisse azul: “Dizendo que eu devia vestir azul/ Que azul é cor do céu e seu olhar também/ Então o seu pedido me incentivou/. Vesti Azul!/ (Popopopó!)/ Minha sorte então mudou/ (Popopopopó!).

Do meu singelo conhecimento, não posso garantir o que disse Simonal, mas o certo é que azul é a cor mais utilizada no mundo, mas nem por isso é a cor predileta das festas de Réveillon. Pelo que tenho visto, se vestir de branco pode trazer a paz por um ano inteiro, já os trajes nas cores dourada e amarela é batata! Garante muito dinheiro no bolso, além de paz de espírito no ano seguinte.

Cá pra nós, não sei qual o defeito de minhas vestes, que além de não atrair o vil metal aos meus bolsos, ainda me deixam desprovidos dos valorosos reais, haja vista os altos preços cobrados nessas festas. Daí que já decidi ficar em casa na passagem de 2022 para 2023, num evento bastante módico, com comes e bebes relativos ao meu baixo poder aquisitivo, mas com promessas de melhoras no ano vindouro.

Se tento economizar nas comidas e bebidas, minha mulher já decretou: “Com roupa usada, nem pensar!” e receitou minha passada numa boa loja para organizar meus trajes, dignos de um promissor Réveillon. Na lista, camisa, bermuda, meias e tênis novos, nas cores amarela, branca e azul, respectivamente. Pelo que li num site de modos e etiqueta de comportamento, não basta simplesmente seguir os manuais, mas, sobretudo, ter fé, confiança, pensar positivo.

No ano que vem informo se funcionou.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

O jornalista Cláudio Rodrigues fala da sua relação com a sul-baiana Itabuna || Foto Arquivo Pessoal
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Quando eu tivesse com meus vinte e poucos anos, eu queria desembarcar novamente em Itabuna, me apaixonar por essa cidade e sua gente. E, se eu nascesse de novo e pudesse escolher, escolheria viver tudo isso novamente.

 

Cláudio Rodrigues || aclaudiors@gmail.com

E assim se passaram três décadas.

Quando desembarquei no Terminal Rodoviário de Itabuna, no dia 30 de dezembro de 1992, acompanhado da amiga/irmã e futura comadre Madalena de Jesus, estávamos iniciando uma aventura nas Terras do Sem Fim, sob o comando do mestre José Carlos Teixeira.

O desafio era modernizar a Comunicação Social do governo do então prefeito Geraldo Simões. Meu projeto pessoal era ficar seis meses na cidade-mãe de Amado Jorge.

Logo na chegada, descobri que havia uma colônia feirense enraizada em Itabuna composta pelo professor Tustão Andrade, o designer Paulo Fumaça e o saudoso gerente-comercial do Correio da Bahia para a região Sul, Robson Nascimento. Descobri que feirense e mato são quase iguais, pois brota em todo canto.

Eis que o tempo foi passando, o ciclo de amigos no governo – nos veículos de comunicação e fora desses meios – foi aumentando e a gente se apegando a essa terra. A cada 15 dias, pegava a BR-101 rumo a Feira, a fim de encontrar a então amada namorada.

Depois de fazer algumas contas, chegamos à conclusão de que era melhor juntar as escovas e constituir família. Pense numa escolha acertada!

Posso assegurar que essa água mágica do Cachoeira (fornecida pela Emasa), o vento que sopra na gente e a areia do chão de Itabuna são como visgo da jaca e a nódoa de caju: colam na gente e não saem de jeito algum.

Itabuna me possibilitou constituir uma bela família. Mas, não foi só isso. Essa terra encantadora também me deu alguns amigos-irmãos, a exemplo de Luiz Conceição e Daniel Thame (hoje meus compadres), Ramiro e Ricardo Aquino, Devinho Samuel, Lula Viana, Jackson Primo, Ricardinho Ribeiro, Reinaldo Jovita, Josiel e Norma Nunes, Fernand Milcent, Heitor Abijaude e César Sena.

Além desses irmãos, vieram uma legião de amigos aos quais amo e prezo. A exemplo do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, que nesse mês completaria 110 anos de nascimento, posso afirmar que sou um catingueiro feliz.

Se eu nascesse de novo, queria ser o mesmo Cláudio. Se eu nascesse de novo e pudesse escolher, mais do que eu sou não queria ser. Eu queria nascer em Feira de Santana, a Terra de Lucas. Eu queria ser filho de dona Peu, neto de Adelino e Silvina, marido de Maria Martha, pai de Héctor, Heitor e Antônio Neto, e genro de Inês Borges e Antônio Mendes.

Quando eu tivesse com meus vinte e poucos anos, eu queria desembarcar novamente em Itabuna, me apaixonar por essa cidade e sua gente. E, se eu nascesse de novo e pudesse escolher, escolheria viver tudo isso novamente.

Cláudio Rodrigues é jornalista e assessor de Comunicação da Emasa.

Rosivaldo diz que município poderá solicitar conferência, caso seja confirmada a redução populacional
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Então, vamos começar usando como fio condutor o congraçamento desse momento de encerramento do ano. Façamos isso a partir da nossa casa e família.

 

Rosivaldo Pinheiro | rpmvida@yahoo.com.br

Estamos encerrando mais um ano. Celebrando o Natal e o Ano Novo. Dois mil e vinte e dois nos aproximou da vida novamente. Com a cobertura vacinal, aos poucos, fomos voltando à rotina, mas, inevitavelmente, temos que exercer protocolos e cuidados, porque temos entre nós a presença do vírus da covid e as suas mutações, além de outras ameaças em permanente circulação.

Todos esses fatores de risco estão ligados ao nosso estilo de vida.

O planeta, há muito, exige mudança no comportamento humano e as consequências estão largamente registradas: enchentes, secas, queimadas, deslizamentos de encostas, novos vírus etc. Todas essas consequências exigem imediata reflexão e urgem por melhores hábitos e consumo consciente.

E o que, então, devemos celebrar nesse período em que as nossas sensibilidades estão mais afloradas?

Respondo: a vida!

Termos sobrevivido à covid e às demais circunstâncias adversas é motivo para celebração e agradecimentos.

Quase sempre, na celeridade dos dias, a gente não tem a percepção do alcance dessa graça e do quão fomos protegidos. Escapamos da estatística da morte por covid e de outras fatalidades. Sobrevivemos ao descaso, às questões básicas de saúde coletiva e da ciência, de políticas públicas que ajudassem as famílias naquele momento de grande desilusão e incertezas.

Um período que levaremos tempo pra superamos, e que não deixará de permanecer vivo em nossas memórias. Um momento em que a sensibilidade, fraternidade, solidariedade e respeito à ciência eram artigos de luxo, e estavam fora da pauta de algumas autoridades com maior responsabilidade nesse nível de governança. Um tempo para ser absorvido pedagogicamente e que crie em nós consciência para jamais praticarmos novamente.

Que esse período sirva apenas de referência de como não devemos aceitar a naturalidade com que as milhares de vidas ceifadas por esse período de ignorância foram tratadas.

Vamos esperançar! Sabendo-se que a cada novo dia estamos vivendo um dia a menos, e justamente por isso devemos valorizar cada minuto sobrevivido e vivido, e termos a gratidão necessária e a devida noção da construção do por vir para a nossa longevidade e das futuras gerações.

No próximo ano, iniciaremos um novo ciclo de governança, e na esperança de que tenhamos a recuperação da unidade na sociedade brasileira. Que o sentimento de ódio seja retirado das prateleiras emocionais e que o amor seja celebrado sem medida. Esse esforço é pra já. Então, vamos começar usando como fio condutor o congraçamento desse momento de encerramento do ano. Façamos isso a partir da nossa casa e família. É por essas ações que podemos exercer a comunhão entre irmãos e fortalecer o valor de nação. Que a paz possa alcançar os nossos corações.

Rosivaldo Pinheiro é economista e especialista em Planejamento de Cidades (Uesc).

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Não nos esqueçamos que Jesus Cristo nasceu numa manjedoura e se tornou rico de amor e bondade. Eternamente, Viva o Natal!

 

Walmir Rosário

O mundo cristão comemora ao final de cada ano o nascimento de Jesus Cristo. Neste período as pessoas se transformam e os corações transbordam felicidade, bondade e esperança, e porque não dizer caridade. Bom, esse é o sentimento interno que sente cada pessoa, cada família, cada grupo, cada sociedade. Mesmo que não sejam católicos, melhor dizendo, cristãos, esse sentimento aflora, desabrocha.

Mas como nem tudo é perfeito – ou, pelo menos, unânime –, alguns grupos sociais não têm esse mesmo sentimento, pois algumas das muitas denominações de religiões cristãs simplesmente desconhecem o calendário, como dizem eles, forjado pela Igreja Católica. Já entre agnósticos e ateus, o Natal é visto por muitos como um tempo de comemoração entre família, apenas por tradição. E as festividades atravessam os anos, milênios.

Seria muito bom que o sentimento natalino se perpetuasse per omnia saecula saeculorum. Bom mesmo seria que se estendesse por todos os dias do ano, propiciando uma sociedade mais justa, mais humana. Sim, pois cada ser humano que vem ao mundo tem direito a ser feliz em sua plenitude. Nada mais justo, embora a felicidade tenha que ser sonhada, buscada por cada um de nós.

Penso que a felicidade é encarada de forma diferente por cada um de nós, com nossos desejos particulares, sejam eles espirituais, materiais. As escalas também são distintas, haja vista os sentimentos e desejos individuais. E já que estamos falando da natividade de Jesus Cristo, podemos citar um ditado corrente na boca do povo: “O pouco com Deus é muito e o muito sem Deus é nada”.

Há, ainda, os que tentam desclassificar o Natal pelo consumismo, alardeando que a data foi transformada numa festa das vendas, desvirtuada do sentido espiritual pela ganância do mercado. Penso que esta é outra falácia, pois, por mais modesto que seja o ser humano, ter o poder de compra é uma realidade do mundo em que vivemos, desde que o consumo seja equilibrado às posses de cada pessoa.

Ora, pra que trabalhamos? Para termos uma vida decente, oferecendo aos nossos o bem-estar. Comer bem, morar bem, ter direito ao lazer, fazem parte de nossos hábitos de vida desde nossa infância. Nada melhor do que chegar ao fim do ano e poder utilizar o nosso salário, incluindo, aí, o décimo terceiro, para nos presentear com uma roupa nova, bens duráveis para casa, uma ceia diferente.

O mundo em que vivemos pode ser simples ou complicado, a depender do que queremos. As facilidades são criadas por nós, bem como as dificuldades. Elas estão inseridas em nossas cabeças, guardadas em nossos corações, nas ações do nosso dia a dia. Nós somos arquitetos do nosso modo de ser, planejando e privilegiando o fazer dos desejos e aspirações. O resultado depende da sabedoria acumulada por cada um.

No dia a dia temos que saber vislumbrar as armadilhas e saber desmontá-las com sabedoria. Nada mais simples e didático do que viver de acordo com o que somos, o que podemos. Já dizia o evangelista Mateus: “A cada dia sua agonia”. Num conceito mais simplório, as dificuldades existem e devem ser superadas, cada uma por vez, pois novas certamente virão e deverão ser combatidas a seu tempo.

Melhor seria que o espírito natalino extrapolasse o fim de cada ano, ultrapassasse as confraternizações com os amigos e colegas, as comemorações de nossas casas, a Missa do Galo na Igreja Católica, os cultos nas demais igrejas. Que esse sentimento perdure em nossos corações, fazendo dele ações de graças cotidianas e rotineiras. Não é preciso gastar o escasso dinheiro para isso, para tanto, bastam gestos de amor e carinho.

Vivamos em paz com nós mesmos, que tudo será mais fácil e descomplicado com nossos semelhantes. Se respeitarmos o espírito natalino, poderemos fazer com que ele contagie nossos semelhantes, como um fermento que provoque o crescimento da bondade que temos em nós e nem sempre nos damos conta que ela existe e que poderá ser multiplicada através de gestos singelos.

Não nos esqueçamos que Jesus Cristo nasceu numa manjedoura e se tornou rico de amor e bondade. Eternamente, Viva o Natal!

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

Rosivaldo diz que município poderá solicitar conferência, caso seja confirmada a redução populacional
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A bola foi tocada e, na primeira passada, irritado, o marcador provocado tentou me tirar do lance para não ser zoado. Acertou um chute por trás, direto no tendão que, por mais de cinco décadas, nunca havia sido alcançado.

 

Rosivaldo Pinheiro || rpmvida@yahoo.com.br

Hoje, compartilho com vocês a minha volta ao gramado, numa terça-feira à noite, num baba disputado. No meu pensamento, 12 anos depois de ter parado, estava de volta a uma rotina que imaginei ter cessado.

Parei de jogar aos 42 anos, um recorde se a CBF tivesse registrado. Bom, agora aos 54, os cabelos brancos já são logo notados, trazendo com eles um apelido colado, alguém diz, sonoramente: “olha o coroa do lado”.

A minha volta era resultado do clima da copa e do incentivo da turma do trabalho. Além dessas duas verdades, o desejo de pisar pra jogar numa das areninhas que viraram febre, fruto da parceria da gestão municipal com a gestão do estado. Todas essas coisinhas me passavam energia e me deixavam empolgado.

Pronto, a hora chegou e, com tudo novo, a reestreia enfim tinha chegado. Calma! Explico o tudo novo falado, antes que alguém questione querendo ser engraçado: os itens esportivos (materiais de trabalho) – chuteira, caneleira, meião, short, camisa, bola e gramado e o cinquentão aqui ainda conservado.

O jogo começou, a bola correu de canto a canto, e eu passeava por conhecer os atalhos. Usava da sabedoria e tocava de lado, deixando a turma mais nova correr até ficar cansada. Eles têm mais afinco, afinal, estou com 54 e logo mais 55.

Os lances aconteciam, o pensamento estava em dia, as jogadas saíam mesmo que o físico não atendesse plenamente o drible e o lance idealizados.

Terminei a primeira partida. Suado, meio extenuado. Por um momento pensei: por hoje, estou realizado.

Saí um pouco, 15 minutos depois já me achei recuperado, e pedi pra ser novamente escalado. O ‘Rosi’ fominha já estava atualizado.

Voltei, a essa altura achando tudo engraçado. Na sequência vos conto porque acabei engessado. Já antecipo o final antes que alguém se intrometa e mude a verdade dos fatos.

Pedi a bola, falei em tom de provocação: “joga em mim, não estou marcado!”. Olhei de relance e vi o marcador com a expressão de zangado. A bola foi tocada e, na primeira passada, irritado, o marcador provocado tentou me tirar do lance para não ser zoado. Acertou um chute por trás, direto no tendão que, por mais de cinco décadas, nunca havia sido alcançado.

Ainda tentei caminhar, mas só me restou deitar, de imediato gritar e me contorcer no chão, e escutar a zoação: caiu sozinho, tropeçou nas próprias pernas e outras contrariedades. Mas sempre tem a turma que presta solidariedade. Resumo do lance: amparado para fora do campo de jogo, o atleta foi transportado e o jogo continuado.

Saí dali com uma imaginação: era apenas um machucado. Ao chegar em casa, olhei e percebi que o pé, o tornozelo e a panturrilha estavam todos inchados. Esperei por uma semana para estar recuperado. Sem melhora e aconselhado, fui ao médico que, ao examinar o local, disse: “Tem jeito não. Rompimento de tendão, mas vamos fazer uma imagem pra compreender a extensão”.

Logo após o raio-X, manteve a impressão e pediu ultrassom para ter certeza da tomada de decisão. Procedimento feito e ele novamente, com especial atenção, disse: “você fará cirurgia de tendão, uns dias com limitação, depois, fisioterapia e estará na ativa pra contar a ocorrência de um atleta cinquentão”.

Aqui, encerro a narrativa do retorno do atleta bem-humorado, que com graça provocou o marcador e terminou engessado. Por fim, essa história teve dor, mas eu conto com humor porque sei que não vale a pena guardar nenhum rancor. Já com a página virada, assisti à Seleção, que também foi eliminada. Assim é a vida, e seguimos a nossa jornada.

Vou ficando por aqui. Até o próximo texto, a próxima copa e a próxima jogada. Um abraço, cambada.

Rosivaldo Pinheiro, atleta cinquentão, é economista e especialista em Planejamento de Cidades.

Piaba, primeiro em pé, à esquerda, era de família pródiga em craques do futebol
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Piaba foi convocado para a Seleção de Itabuna e já em 1961 terminou o Campeonato Intermunicipal como bicampeão. Daí não saiu mais até a conquista do hexacampeonato

 

 

Walmir Rosário 

Custo a acreditar que o craque já nasce feito, embora tenha minhas dúvidas sempre me vem à mente a história de determinados jogadores de futebol do passado, que já apareceram “arrepiando” nos campinhos de baba, tanto faz na zona rural ou na cidade. É certo que, por mais modesto que tenha sido, sempre atuava um “jogador técnico” nos diversos times de futebol por esse Brasil afora.

No caso em questão, me refiro a Piaba, um itajuipense baixinho que “sobrava” nas zagas e meio campo dos times pelos quais passou, e tinha lugar assegurado na Seleção de Itabuna amadora, a hexacampeã baiana. E Piaba fazia parte de uma família pródiga em craques, com os irmãos Almir, Abel, Aloísio, Luiz e Ariston, jogadores importantes nos clubes de Itajuípe, Buerarema, Ibicaraí, Ilhéus e Itabuna.

Batizado Antônio Avelino dos Santos, nasceu em Itajuípe em 26 de outubro de 1935 e o apelido Piaba veio do seu comportamento e estilo de jogo, pela forma esguia, escorregadia, serelepe de tomar a bola e se desvencilhar dos adversários. Assim que saiu da fazenda Independência, onde foi criado e veio residir em Itajuípe, começou a aprender o ofício de alfaiate com o mestre Boca-rica, o mesmo que lhe deu o apelido.

E foi o Boca-rica – um mestre de alfaiataria de renome – que apadrinhou Piaba em sua famosa oficina e nos campos de futebol, atuando pelo Independente, Internacional e o lendário Bahia de Itajuípe. Com o tempo, Boca-rica se muda para Ibicaraí, e não abre mão do seu aprendiz de alfaiate e promessa de craque. Na nova cidade, Piaba dá um show de bola e se torna revelação.

No Independente de Itajuípe, de Litinho (Wanderlito Barbosa), chamava a atenção a atuação de duas famílias, que praticamente completavam o time inteiro. Eram Piaba e os cinco irmãos, além do próprio Litinho e seu irmão Bel. Esse era um pequeno exemplo da quantidade de craques itajuipenses que jogavam em sua cidade, além de Itabuna, Ilhéus e até em Salvador, a capital do estado.

Mas Piaba dá saudade de casa e retorna a Itajuípe, passando a jogar no lendário Bahia. Considerado um dos maiores craques, é também convocado para a Seleção de Itajuípe. E não era por menos, pois o Bahia chegou a ser considerado o time do século da região cacaueira. Com o crescimento de Piaba no futebol passou a ser cobiçado pelos grandes clubes das cidades de Itabuna e Ilhéus.

E o Flamengo de Ilhéus, de Gildásio Almeida, foi mais rápido e conseguiu fechar contrato com Piaba, levando o craque para a cidade rival de Itabuna. O goleiro Antônio Pires, do Bahia de Itajuípe e do Janízaros, ainda lembra que o dirigente do Fluminense de Itabuna, Frederico Midlej, e o itajuipense Hemetério Moreira, diretor do Janízaros, disputaram a vinda de Piaba para Itabuna, queda de braço vencida pelo Fluminense. Posteriormente, Piaba se transfere para o Janízaros, como queria o amigo Hemetério Moreira.

Em Itabuna, como era praxe entre os jogadores de Itajuípe, Piaba chega pra ficar, encantando pelo seu futebol sério e decisivo, despertando a atenção de outros clubes. O atleta itajuipense também jogou pelo Flamengo, sagrando-se campeão em 1963, com o timaço formado por Luiz Carlos, Abiezer, Zé David, Leto, Péricles, e Piaba; Gagé, Maneca, Tertu, Tombinho e Luiz Carlos II.

Apesar de sua pequena estatura – 1,66 metro de altura – Piaba tinha disposição para cabecear e bolas altas não eram problema. Possuía uma grande impulsão, sendo constantemente comparado ao seu companheiro de seleção, Ronaldo Dantas, outro baixinho do futebol que não se amedrontava com adversários mais altos. Piaba e Ronaldo se revezavam nos jogos da seleção.

Piaba foi convocado para a Seleção de Itabuna e já em 1961 terminou o Campeonato Intermunicipal como bicampeão. Daí não saiu mais até a conquista do hexacampeonato, em janeiro de 1966, embora o certame seja relativo a 1965. Na seleção de Itabuna foi decisivo na conquista do Hexacampeonato baiano e sua figura em cima do carro do Corpo de Bombeiros com o rosto enfaixado chamou a atenção.

Na partida final, Piaba levou um pontapé no rosto, aplicado num choque com o jogador Meruca, que até hoje gera controvérsias se foi um simples encontrão ou premeditado para tirar o craque de campo, pois seu substituto estava contundido. Meruca foi o mesmo jogador que não conseguiu evitar a cabeçada de Pinga e que resultou no gol da vitória da Seleção de Itabuna e no hexacampeonato.

A chegada da Seleção itabunense que acabara de conquistar o Hexacampeonato Baiano de Futebol amador em Itabuna foi uma verdadeira apoteose, numa comemoração sem precedentes. Na chegada foi realizada uma carreata com os jogadores desfilando em cima do carro de bombeiros, cedido pela Prefeitura de Itabuna. A imagem mais marcante era a de Piaba com o rosto inchado e coberto com gases e faixas, contrastando com a alegria estampada na fisionomia dos jogadores e da torcida.

Piaba foi um dos poucos jogadores a atuar pelas seleções de Itajuípe, Ilhéus e Itabuna, além do Galícia, de Salvador. Devido a alguns problemas de saúde, Piaba retorna a Itajuípe, sua terra natal. Até atingir os 30 anos de idade, o atleta não bebia nem fumava. Porém, o laudo médico apontou o uso do cigarro como a causa de sua morte, em 15 de julho de 1997.

Piaba morreu triste, no hospital, sem conseguir ver os seus companheiros de sucesso no futebol.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

 

Antônio Fagundes e Wagner Moura em cena de "Deus é brasileiro"
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Hoje está tudo tão exposto, tão mecânico e “ostentação caça-likes” que perdeu parte do encanto.

 

Manuela Berbert || manuelaberbert@yahoo.com.br

Se você acha que esse texto é sobre política, sinto muito te desapontar, mas ele não é. Ou talvez seja! Tá tudo tão intimamente conectado que, por vezes, a gente até duvida! Ou não! Mas o fato é que ontem à noite, Bruna Dantas, uma amiga virtual de longas datas, hoje gerente de Produção, Inovação e Conteúdo da LC Barreto Produções, postou uma foto com Antônio Fagundes, ambos rumo à última gravação do filme Deus Ainda é Brasileiro.

As gravações estão acontecendo aqui no Nordeste, em Alagoas, e eu já vinha acompanhando umas coisinhas através dos posts de Bruneca, como é carinhosamente chamada a amiga dos primórdios da internet. É corriqueira a frase que chegamos “por aqui” quando tudo era mato, e ajudamos a desbravar.

Lembro, com saudades, do tempo em que pontos, virgulas e muita imaginação faziam parte do cotidiano das blogguers (Bruna era uma delas), que narravam suas rotinas e aguçavam a imaginação dos leitores. Hoje está tudo tão exposto, tão mecânico e “ostentação caça-likes” que perdeu parte do encanto. E eu escrevo esse texto no lugar de fala de quem tem as redes como ambiente profissional e também como seguidora/telespectadora/leitora de alguns.

A imagem de Fagundes – que virou Fafá nas gravações do novo longa! Ahhh, o Nordeste! – caminhando e sorrindo, rumo ao set de gravação, mexeu comigo. O filme é uma espécie de continuação de Deus é Brasileiro, estrelado por ele e Wagner Moura há alguns anos. Foi um grande sucesso, como vinha sendo o cinema nacional e do nada, ploft, ladeira abaixo também. Não em qualidade, mas em quantidade, talvez. Em incentivo, em movimento, especialmente com a extinção do Ministério da Cultura. Com a reimplantação dele (e eu nem sei se é correto usar essa palavra para descrevê-lo), a cantora, atriz e ativista social Margareth Menezes assume. A minha vontade foi de sentar naquele barquinho famoso do filme, onde “Deus” (vivido por Antônio Fagundes) reflete sobre a vida, e perguntar: “Mas, e aí, Deus ainda é brasileiro?! A gente vai voltar a sorrir?!”.

Manuela Berbert é publicitária.

Julio Gomes escreve sobre intolerância política e religião || Fotomontagem Jornal da USP
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Se fomos expulsos de algum local de culto, de forma explícita ou sutilmente, oremos por aqueles que assim fizeram e procuremos outro local mais adequado para vivenciar nossa religiosidade.

Julio Gomes

Estas eleições disputadas em 2022 foram diferentes de tudo quanto já se viu no Brasil e deixaram marcas profundas na sociedade brasileira e em cada família, nas empresas, nas amizades e até mesmo nos meios religiosos, que também sofreram com a agressividade e a radicalidade presentes na disputa, de onde ninguém saiu ileso.

Falando especificamente do exercício religioso e de suas instituições, encontramos relatos de inúmeras pessoas que simplesmente deixaram de frequentar a igreja ou local de culto, ou o espaço litúrgico onde exercia sua religiosidade, fosse este ou aquele.

Mais frequentes ainda são as notícias de afastamentos internos entre pessoas de uma mesma religião, a ponto de não quererem mais trabalhar juntas nem mesmo se relacionarem, como amigos ou como simples companheiros de um mesmo ideal.

Esses fatos merecem uma reflexão mais aprofundada.

Alguns argumentam que não toleram mais olhar para companheiros de fé, sobretudo cristãos, sabendo que estes desejam para as outras pessoas a prisão por motivos políticos, a tortura, a morte, a mais dura repressão ditatorial. Que desejam que trabalhadores percam seus direitos. Que indígenas e negros não tenham nenhum tipo de política pública de compensação voltada para si. Que a polícia mate, como ação fundamental e primária, e que as pessoas sejam reduzidas em seus direitos humanos.

Outros dizem que não querem de forma alguma se relacionar com pessoas que defendem o aborto, que destroem a família por meio de suas ideologias, que pregam a desordem e o comunismo, que aceitam o casamento entre pessoas do mesmo sexo, que normalizam o uso das drogas e que pregam a desordem sexual, moral e a destruição de toda a ordem social.

Com isso, cavou-se um fosso profundo em muitas instituições religiosas, templos evangélicos, igrejas católicas, centros espíritas, sendo tal atitude, algumas vezes, tristemente incentivada pelos próprios diretores destas instituições.

Não desejo entrar aqui no mérito do que cada um pensa do ponto de vista estritamente político. Não menosprezo nem retiro a enorme importância desta discussão, que é, sim, necessária. Mas desejo prosseguir sob outro ponto de vista.

É fundamental que as pessoas não se afastem de Deus nem de sua religiosidade, aconteça o que possa acontecer, tomem os outros as decisões que tomarem. Nossa relação com Deus é personalíssima e íntima, não deve passar pelo crivo social de ninguém, embora o exercício litúrgico, frequentemente, seja coletivo.

Sobretudo se somos cristãos, cabe exercermos a disciplina e a tolerância, a humildade de sabermos que, mesmo com todas as nossas convicções, não somos donos absolutos da verdade. Cabe vermos que todos somos humanos e cheios de erros, falhas, equívocos, e que, sem fé e compreensão mútuas, sem tolerância e sem amor ao próximo, não iremos a lugar algum.

E se, por acaso, fomos expulsos de algum templo, igreja ou local de culto, de forma explícita ou mais sutilmente, oremos por aqueles que assim fizeram e procuremos outro local mais adequado para vivenciar nossa religiosidade, pois inaceitável mesmo é que nos afastemos de Deus, do exercício da fé e das boas obras. Isso, nunca!

Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela Uesc.

Seleção Brasileira de 1970, com botafoguenses e tricampeã
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Minha convicção foi formada logo após uma reunião no Bar do Everaldo, em Itabuna, patrocinada pelos jornalistas botafoguenses Cláudio da Luz, Raimundo Nogueira e Joel Filho, com o apoio de um vascaíno, quando ficou vaticinado que copa do mundo sem jogador do Botafogo é eliminação na certa. E não deu outra…

 

Walmir Rosário

E não é que os desavisados choram a copa perdida? Pra mim não foi nenhuma novidade os brasileiros retornarem sem o caneco na mão, sem som de reco-recos, tamborins, atabaques e o samba atravessado na voz dos jogadores canarinhos. Vamos pular essa parte, pois não dá para chamar essa equipe juntada no continente europeu de canarinho, pois acredito que seja uma ofensa aos jogadores passados.

No meu conceito, copa do mundo é para quem sabe jogar! Para isso se faz necessário escolher os melhores e não apenas os apadrinhados de alguns despachantes de luxo que administram carreiras. Do goleiro ao ponta-esquerda, passando pelos reservas têm que ter um bom pedigree, curriculum vitae de fazer inveja aos estrangeiros de Europa, mas, para tanto, temos que escolher um técnico que saiba das coisas.

Além do que falei, faltou um componente essencial para vencer uma copa do mundo: a convocação dos jogadores do Botafogo, desconhecidos do tal técnico, observador do jogos dos torneios europeus, para onde viaja para vê-los em ação. Tudo isso ganhando polpudas diárias, recebidas em euros, moeda forte do velho continente, e não em reais pelos estados brasileiros.

Pois perdeu tempo e dinheiro, sem falar no título, voltando mais cedo para casa (quase todos para os países europeus, onde moram), como um país qualquer, sem tradição nesse bravo e tinhoso esporte bretão. Por falar em bretão, também deixaram o Catar a Inglaterra, inventora do futebol, Portugal. Permanecem a implacável Croácia, que despachou o Brasil após um jogo apático e uma desastrada cobrança de pênaltis, França, Marrocos e Argentina.

E por falar em penalidades máximas, não posso deixar de me ater a um breve comentário sobre os pecados cometidos pelos jogadores brasileiros. E não me venham com a velha teoria de Neném Prancha, de que a responsabilidade de bater um pênalti é tanta, que deveria se cobrado pelo presidente do clube, no caso em questão, a Confederação Brasileira de Futebol, a carcomida CBF.

Os tempos são outros e quem se dedica a jogar futebol – e ganhar muito dinheiro – tem que saber batê-los, chutando com perfeição, dentro dos três paus e fora do alcance do goleiro, pois alguns também treinam como pegá-los. De Zico pra cá, caiu por terra o conceito de Neném Prancha, já que os que desejavam se tornar craques perfeitos treinavam por horas, depois do coletivo, a cobrança de faltas e penalidades máximas.

Pelo que ouvi dizer, o nosso goleiro não é afeito a defender penalidades e nossos cobradores não tem lá essas intimidades todas em batê-las com perfeição, marcando os gols necessários para vencer a partida. Mesmo sendo uruguaio, convoco aqui o botafoguense “Loco Abreu” com suas cavadinhas, daquelas que desmoralizavam dezenas de goleiros, por mais preparados que fossem.

Confesso que não sou um técnico em futebol, mas na condição de brasileiro me acho no dever e no direito de – se não analisar – pelo menos expressar minha indignação por esse  selecionado, pálido, desanimado, xoxo, que foi ao Catar desesperançar o povo brasileiro. Pelo que soube, essa derrota para a Croácia provocou muito choro e desespero nas criancinhas brasileiras, muitas delas que deixaram de ir à escola para ver o jogo na TV.

À noite, num bar em que me encontrava, a discussão não poderia de ser outra: os vizinhos de mesa estavam inconsoláveis com a indecorosa proposta, feita sem qualquer pudor pelo narrador global Galvão Bueno, que defendia nos consolarmos passando a torcer pela Argentina, como se nunca tivesse ouvido o saudoso Nélson Rodrigues falar sobre a “pátria de chuteiras”, para expressar nossa apaixonada relação com a Seleção Brasileira de futebol.

Esse murro na cara do brasileiro, aplicado por Galvão Bueno, nos remete ao conceito, também criado por Nélson Rodrigues: o famoso “complexo de vira-lata”, nos colocando em inferioridade frente aos hermanos argentinos. Jamais! Pelo que diziam meus vizinhos de mesa, a singela pretensão do aposentável narrador, era apenas e tão somente que o público brasileiro não desligasse seus aparelhos de TV, seguindo-o até o final da copa.

Bons tempos aqueles em que não se decretava feriado nas repartições públicas em dias de jogos da seleção brasileira. Longe disso, veriam os jogos os verdadeiros torcedores, aqueles que amavam o futebol praticado pelos craques canarinhos. Não éramos “obrigados” a dar audiência aos meios de comunicação detentores dos direitos das transmissões esportivas da copa do mundo.

Pois é, não vou mentir para vosmecês e confesso que cheguei a assistir algumas partidas de seleções estrangeiras, mas não me animaram aquele esquema de passes atrasados da linha de ataque até o goleiro, como se a finalidade de um jogo de futebol não fosse a marcação dos gols. Futebol é pra quem sabe jogar, driblar os adversários, dar lançamentos precisos, invadir a área adversária, fazer vibrar os torcedores com o gol.

Desde antes já tinha definido minha ausência na audiência televisiva, até pela plena certeza que a seleção brasileira daria com os burros n’água, ou nas areias do deserto. E a minha convicção foi formada logo após uma reunião no Bar do Everaldo, em Itabuna, patrocinada pelos jornalistas botafoguenses Cláudio da Luz, Raimundo Nogueira e Joel Filho, com o apoio de um vascaíno, quando ficou vaticinado que copa do mundo sem jogador do Botafogo é eliminação na certa. E não deu outra…

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

Jurimar, Walter Maron, Walmir Rosário e o professor Dourado, na posse de Lopes no Sinjorba
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Assim que me viu, abriu um largo sorriso e disse que nunca esperou assumir o cargo de prefeito de Itabuna, até por não ser afeito às questões políticas.

Walmir Rosário 

Nos anos 1986/87/88 eu trabalhava na Divisão de Comunicação da Ceplac, a conceituada Dicom, que passava por uma das suas muitas crises, com o orçamento sempre contingenciado, apesar do descobrimento da vassoura de bruxa no Sul da Bahia. Sem recursos, reduziu o horário de expediente para meio turno, o que facilitou nosso segundo emprego em assessorias e veículos de comunicação de Itabuna.

Eu dividia meu trabalho entre a Ceplac e a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Itabuna, quando fui procurado por um amigo e colega ceplaqueano, o engenheiro agrônomo Jurimar Rebouças Dantas, para uma conversa. É que ele tinha sido convidado, pela segunda vez, para assumir a Secretaria Municipal da Agricultura e queria informações para decidir se aceitaria o cargo.

Nossa conversa foi bem positiva e disse que o cargo seria talhado para ele e, se não se acostumasse com o comportamento político, voltaria à função de extensionista, sem qualquer prejuízo. Analisou tudo com serenidade e me respondeu com sinceridade: “É, já fui convidado para o cargo pela segunda vez e, caso não aceite, daqui pra frente não serei convidado nem para participar de enterros”.

Tomou posse e se tornou secretário da Agricultura. Rígido no trabalho, todos os dias conversávamos sobre a melhor maneira de agir, fazendo com que tivesse jogo de cintura. Com isso, ganhou notoriedade como bom executivo e, em seguida, ganha nova oportunidade com a saída do secretário da Administração, Cláudio Macedo, assumindo interinamente esta secretaria. E foi ficando na interinidade enquanto o prefeito Ubaldo Dantas conversava com os grupos políticos sobre um profissional competente para assumir a administração da prefeitura.

Nisso, Ubaldo Dantas viaja para a Alemanha a convite de um organismo internacional, para participar de um evento com prefeitos de vários estados do Brasil. A Câmara concede a licença para a viagem e o vice-prefeito Jairo Muniz assume, mais uma vez, o cargo de prefeito. Aproveitando a viagem à Europa, Ubaldo resolve visitar outros países vizinhos, a exemplo da França, onde permaneceu mais dias.

Retorna a Itabuna e recebe um novo convite de evento internacional. Desta vez, no Uruguai, para debater sobre o uso da água, esgoto, saneamento básico e resíduos sólidos. De pronto aceitou, formalizou a licença para a viagem e aí acontece o inesperado. Seu vice-prefeito não poderia assumir, pois era candidato declarado a prefeito de Itabuna, criando um sério imbróglio.

Não teria problema, bastava transmitir o cargo ao presidente da Câmara, o professor Everaldo Cardoso. Quem disse? Ele era candidato à reeleição e se desculpou, dizendo que não estaria bem de saúde. Seguindo a Lei Orgânica de Itabuna, bastaria convocar o vice-presidente da Câmara Municipal. Nova encrenca. O vereador Filemon Brandão, também candidato, apresentou um atestado de saúde e se eximiu de assumir a Prefeitura.

Foi um Deus nos acuda e o primeiro escalão passou a analisar leis antigas e precedentes. Dona Naomi Mangabeira e outros funcionários já tinham assumido a Prefeitura quando não existia a figura de vice-prefeito. Então, ventilou-se dar o cargo a José Conrado, já de certa idade, desistiram; o secretário mais velho, Laércio Pinho Lima, do Planejamento, se encontrava em viagem.

Após tantas idas e vindas, o secretariado chega a consenso e resolve indicar o secretário da Administração para assumir o cargo de prefeito interino. Um simples telefonema traz Jurimar Rebouças Dantas de volta de casa para a Prefeitura. Ainda assustado com tudo que lhe passaram, assina o livro de posse, acertam os primeiros passos e retorna para casa. Nisso, continuamos a comemoração.

Às 7 da manhã, quando cheguei à Prefeitura para pegar uns documentos, Garrinchinha, o ascensorista, me informa: “Dr. Jurimar, o novo prefeito, já está lá no gabinete”. Chego ao quinto andar, pego os documentos em minha sala, caminho mais uns 20 metros e abro a porta do gabinete do prefeito. Lá estava Jurimar, atentamente conferindo documentos que precisavam assinaturas.

Assim que me viu, abriu um largo sorriso e disse que nunca esperou assumir o cargo de prefeito de Itabuna, até por não ser afeito às questões políticas. Lembrei-lhe quando conversamos sobre a possibilidade de ele aceitar o cargo de secretário da Agricultura e sua rápida ascensão, responsável por duas secretarias e agora, ainda por cima, prefeito interino. Para não perder a embocadura, falou:

“Quando o cavalo passa selado, temos que montar, do contrário, nunca mais”.

Walmir Rosário é radialista, jornalista e advogado.

Rosivaldo diz que município poderá solicitar conferência, caso seja confirmada a redução populacional
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O clamor dessa gente doente tem contato com a irracionalidade e a irresponsabilidade do atual presidente, de parte de lideranças evangélicas, de segmentos da imprensa e de algumas instituições.

Rosivaldo Pinheiro || rpmvida@yahoo.com.br

Vivemos tempos difíceis, todos sabemos. Parte desse cenário foi iniciado em 2014, no pós-reeleição de Dilma. A expressiva votação de Aécio Neves foi o elemento encorajador, e os desdobramentos desse fato culminaram com o impeachment da presidente reeleita. Esse ambiente vem se deteriorando com maior intensidade desde 2016, no pós-golpe, tendo uma nova dose de aumento com a eleição do atual presidente, em 2018, e seu ápice com a derrota do mesmo, em 2022, em segundo turno, numa eleição em que Lula sagrou-se vencedor com 50,83% do votos válidos e assumirá o destino da nação pela terceira vez.

O resultado dessa última disputa escancarou de vez as facetas mais horrendas de parcela da população brasileira, notadamente dos que têm maior identidade com o que representa a diretriz do que pregou o presidente nesses últimos quatro anos. Vejamos que até o verde e amarelo e a bandeira nacional colocados nos veículos, casas e erroneamente usados em frente a quartéis estão sendo evitados, em plena Copa, para não haver equívoco de leitura no posicionamento político entre a torcida pela Seleção e os descontentes com o resultado eleitoral. Estes, em pleno Estado de Direito, imaginam ter prerrogativa de solicitar que o Exército interfira no direito de escolha do eleitor através do voto, condição necessária do regime democrático, produzindo cenas toscas que nos envergonham mundo afora.

O clamor dessa gente doente tem contato com a irracionalidade e a irresponsabilidade do atual presidente, de parte de lideranças evangélicas, de segmentos da imprensa e de algumas instituições, membros do Poder Judiciário e de parte significativa das polícias Rodoviária Federal e Militares. Vivemos um momento que podemos classificar como Estado de lambanças.

Inimaginável até outro dia observar essa gente, que se diz decente, invadir espaços, perseguir opositores nas ruas, em arenas esportivas, aeroportos e outros espaços, bloquear estradas, ofender e interferir no ir e vir das pessoas. Criando um caos, simplesmente por não terem vencido a disputa eleitoral.

A insensibilidade humana e a falta de espírito democrático do presidente derrotado são elementos norteadores desse dissabor comportamental das pessoas que se acham acima da lei, que têm comportamento de seita e vivem num universo próprio e paralelo, impróprio, portanto, para a convivência social e ao contraditório.

O rastilho de ódio faz surgir e alimenta os gatilhos emocionais e os das armas: ambos mortais. Não dá mais para aceitarmos esse estado de coisa. A nação precisa seguir o curso Constitucional, assim como seguiu diante do impedimento da presidente Dilma, da posse de Temer, da prisão de Lula e da vitória de Bolsonaro em 2018. Mesmo sabendo que Dilma e Lula sofreram pela quebra das regras do Estado democrático de Direito, seus apoiadores não tentaram tocar fogo no país, como pregara um líder evangélico no propósito de reagir às vozes ecoadas pelas urnas no último 30 de outubro. Essa gente precisa saber que não estamos vivendo um estado de barbárie, então não se pode mais aceitar as atuais ocorrências dos que se acham no direito de atentar contra os princípios constitucionais.

Rosivaldo Pinheiro é comunicador, economista e especialista em Planejamento de Cidades (Uesc).

Bruce Lee abriu horizonte cultural sobre o oriente, segundo Julio Gomes
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Podemos encontrar na vivacidade de Bruce Lee se não uma explicação, um precedente que nos mostrou que o mundo oriental existe de fato e exige seu lugar.

Julio Gomes

É muito interessante como algumas pessoas, através de seu trabalho e com o uso correto de seu talento, conseguem mudar aspectos importantes da cultura, da economia, da política, do esporte, de determinados setores da vida, transformando-os profundamente.

Bruce Lee, ator, diretor de cinema e artista marcial como lutador de kung fu, foi um desses que, embora pareça predestinado a fazê-lo, é, sobretudo, exemplo de dedicação, de foco, de entrega aos seus objetivos e da mais admirável persistência.

Filho de pais que pertenciam à rica e conceituada Ópera Chinesa e que se encontravam em turnê se apresentando nos Estados Unidos quando ele nasceu, Bruce soube aproveitar a boa condição econômica e social de seus pais para estudar, crescer e trabalhar de modo exemplar, embora na juventude tivesse um temperamento brigão e bastante inquieto.

Quem é um pouco mais velho, certamente, se lembra de seus célebres filmes (Operação Dragão e outros) que fizeram com que, pela primeira vez, produções cinematográficas vindas do oriente estourassem nas bilheterias ocidentais e caíssem no gosto do grande público, se tornando sucessos mundiais.

Se não o criou, Bruce Lee consolidou, na década de 1970, um novo gênero de filmes: de Artes Marciais, onde víamos as mais incríveis lutas que aconteciam a partir de uma cultura totalmente estranha à nossa, exótica, rica de detalhes, cheia de valores próprios, que encantava pela energia, movimento e vivacidade, sobretudo em seus filmes.

Com Bruce Lee, descobrimos que a China e o mundo oriental existiam de verdade. Através dele, a cultura do oriente penetrou em nosso cotidiano nas academias de lutas, na forma jovial e inovadora de se vestir, no modo como eles interagiam com nosso mundo, de igual para igual. Aqui no Brasil, naquela época, até nas músicas de Caetano Veloso e nas marchinhas de Carnaval o tema esteve presente, mesmo que na forma lúdica típica dos brasileiros.

Passamos a ter um novo olhar sobre os homens e mulheres orientais, que passaram a ser vistos como belos, vigorosos, cheios de iniciativa e valores próprios, quebrando inteiramente a visão estereotipada que deles tínhamos anteriormente, como pessoas fracas, desprovidas de beleza e inteiramente submissas. Não! Bruce era todo energia, movimento e paixão.

Para os que não sabem, Bruce Lee, infelizmente, nos deixou muito cedo, no ano de 1973, com apenas 32 anos, vítima de uma morte não muito bem esclarecida e que, por isso mesmo, causa polêmica até hoje.

Entretanto, sua obra projetou a China para o mundo e mostrou que o Oriente é muito mais do que um território a ser conquistado, submetido e dividido entre os povos brancos do ocidente.

Se hoje vemos o Japão se posicionar entra as principais nações do mundo e a China disputar o primeiro lugar na economia mundial com os Estados Unidos, podemos encontrar na vivacidade de Bruce Lee se não uma explicação, um precedente que nos mostrou que o mundo oriental existe de fato, e que exige o seu lugar no mundo atual.

Julio Cezar de Oliveira Gomes é graduado em História e em Direito pela Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc).

Advogado Joaquim Júnio explica a tramitação de uma ação de pensão alimentícia
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A legislação brasileira ampara aqueles que ainda não atingiram independência econômica e necessitam da ajuda de sua família.

 

Joaquim Júnio Quintino || jjsq1505@hotmail.com

É bastante comum conhecermos alguém que ajuizou ação de alimentos para seu (sua) filho(a), evidenciando que é um assunto muito corriqueiro na sociedade. Mas, como se desenvolve esse tipo de ação judicial?

A pensão alimentícia visa suprir a necessidade de quem recebe os alimentos, chamado de alimentado (a), dentro das condições do alimentante, aquele que paga a pensão alimentícia.

Para que o alimentado venha a receber a pensão é necessário que comprove não ter meios para prover o seu sustento, deixando claro que para menores de 18 (dezoito) anos de idade ou portadores de necessidades especiais essa necessidade de receber pensão já é presumida, não sendo necessário maiores provas para comprovar.

Com relação ao valor a se receber a título de pensão alimentícia, deve-se levar em consideração as necessidades de quem vai receber. Investiga-se, por exemplo, quanto em média é o gasto mensal com educação, alimentação, vestuário, calçado e despesa médica, dentre outras.

Feito isso, cabe agora o enquadrar o valor na possibilidade de quem vai pagar, garantindo assim que ele não venha passar privações. Isso ocorre porque existe uma balança “invisível” para buscar equilibrar o sustento das partes, sem prejudicar o outro.

Citemos como exemplo um filho menor de idade, estudante, que, através de sua representante legal, solicita que o genitor pague pensão alimentícia. Esse genitor é solteiro, possui casa própria, apenas 01 filho e emprego fixo, recebendo mensalmente 1 salário mínimo legal vigente. Esse pai poderá vir a pagar até o valor de 30% do seu rendimento mensal, pois assim não irá passar por privações e irá ajudar no sustento do filho.

A legislação brasileira ampara aqueles que ainda não atingiram independência econômica e necessitam da ajuda de sua família. Cabe ressaltar que a forma consensual é a melhor maneira de resolver a questão em conflito, observando sempre o melhor interesse para o (a) filho (a).

Joaquim Júnio Santos Quintino é advogado atuante nas áreas cível, trabalhista e previdenciário.