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Dom Mauro Montagnolli

“A criação está gemendo como em dores de parto” (Rm 8,22).

Queremos acompanhar os passos que estão sendo dados para a concretização do projeto Intermodal. Manifestamos nossa grande preocupação com um projeto de tal envergadura e que está sendo visto como algo já aprovado pelo poder público estadual e municipal.

Muitos questionamentos estão sendo feitos e até agora não foram devidamente esclarecidos. Qual a vantagem para a população local com este projeto? Qual o impacto ambiental que causará com os prejuízos para a fauna e a flora da região afetada? Quais as garantias de que esse projeto não vai trazer mais prejuízos e danos à região do que efetivamente os ganhos para a população: melhoria de vida, trabalho, desenvolvimento sustentável?

No Brasil, muitos projetos desse tipo têm trazido graves conseqüências tanto para as pessoas que residem na região afetada quanto para o meio ambiente, deixando um rastro de problemas para a vida da população, aumentando assim a dívida social.

É preciso levar em conta, igualmente, as considerações técnicas feitas por cientistas, o que as leis brasileiras prescrevem e as ponderações de movimentos sociais.

Queremos para a nossa região o verdadeiro desenvolvimento que respeita a vida humana e o meio ambiente; que tenha a participação efetiva das pessoas na discussão e decisão dos projetos; e garanta benefícios para elas e não só para os empreendedores.

Lamentamos que órgãos governamentais, entidades e pessoas que se dizem de acordo com esses parâmetros, os neguem na prática. Não se pode apoiar projetos que ameaçam a vida dos habitantes da região e agridem, desrespeitam e destroem o meio ambiente.

Chamamos a atenção para o que afirma a Campanha da Fraternidade Ecumênica 2010: “Os processos de desenvolvimento econômico deveriam implicar em uma redistribuição de benefícios, mas deveria haver também uma partilha do poder entre os diversos atores sociais; precisariam ser ouvidos e levados em conta na hora das decisões. Mas visivelmente o país não chegou a isso e não é possível assistir passivamente à privação de direitos tão importantes” (Cf. Texto base nºs 57-58).

É grave a situação. Precisamos sensibilizar a população e esperamos que as autoridades tomem as devidas providências a fim de que não tenha início a execução do projeto antes de proporcionar reais oportunidades para que as populações implicadas possam debatê-lo, apresentar suas propostas e tenham suas considerações respeitadas.

Somos solidários ao povo que está lutando pelo respeito à sua vida e aos seus direitos e às pessoas que põem em risco a sua vida ao se colocar ao lado dos pobres que clamam: “Deus do universo, volta-te, olha do céu e vê, visita esta vinha, protege a cepa que tua mão direita plantou” (Sl 80,15-16).

Dom Mauro Montagnoli CSS é bispo da Igreja Católica de Ilhéus.

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Audiência em Ilhéus acontece no centro de convenções (Fotos José Nazal).

As obras de construção da ferrovia Oeste-Leste devem começar em maio e foram aceleradas as audiências públicas para debater o investimento de R$ 4 bilhões. Nesta noite, acontece a audiência de Ilhéus, no centro de convenções Luís Eduardo Magalhães.

Caravanas de Itagibá, Uruçuca e Brumado e comunidades do interior da Terra de Gabriela lotam um dos auditórios do centro. Um grupo ligado a ambientalistas vestiu camisa preta para manifestar-se contra a construção do Porto Sul, na região norte de Ilhéus.

A ferrovia Oeste-Leste faz parte do Complexo Intermodal Porto Sul, um conjunto de investimentos que prevê construção de porto, aeroporto e ferrovia. A estrutura logística será utilizada para escoamento da produção agropecuária, indústria e de minérios da Bahia e de estados da região centro-oeste do País.

A audiência no sul da Bahia atraiu o superintendente do Ibama no estado, Célio Costa Pinto, e representantes da Valec Engenharia (Josias Cardoso) e da Oikos (Victor Belia).

Representantes do Ibama, Valec e Aikos participam de audiência.
Na audiência da ferrovia, protesto contra o Porto Sul.
Na audiência da ferrovia, protesto contra o Porto Sul.
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Que o projeto do Complexo Intermodal Porto Sul é polêmico, todos concordam. Mas há um fato gritante que mostra muitos mais daquilo que somos enquanto região, desarticulados, desinteressados. Apenas 16 dos 36 órgãos e entidades nos níveis federais, estaduais e municipais estão presentes na terceira reunião da comissão de avaliação ambiental do projeto de R$ 4,5 bilhões.

O complexo intermodal implicará na construção de porto, aeroporto, rodovia e área para armazenagem de minério. A reunião começou logo cedo e haverá um intervalo ao meio-dia, recomeçando às 14h.

Por enquanto, as ausências mais importantes notadas na reunião de hoje são as dos representantes do Ibama, Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual,  Associação de Turismo de Ilhéus (Atil), Uesc, CDL e prefeituras de Itabuna, Itacaré e Itajuípe.

O Ministério Público Federal faltou a todas as três reuniões realizadas até aqui. A Atil é aquela entidade que tem como presidente um dos mais combativos opositores ao Complexo Porto Sul, o hoteleiro Luigi Massa.

Dos 16 que hoje participam da reunião, encontram-se no auditório da Associação Comercial de Ilhéus, quase a metade veio de Brasília, como João Urbano (Secretaria Especial de Portos), e de Salvador – Beth Wagner (IMA), Ana Cordeiro (IMA), Álvaro Britto (Casa Civil), Eduardo Mattedi (Sema), Antonio Lacerda (Seinp), Denisson Oliveira (Seinfra).
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O Porto Sul tem importância estratégica para o desenvolvimento sócio-econômico da região. Pelo visto, estamos bem (mal) representados…
Reunião estratégica esvaziada: apenas 16 dos 36 representantes.
Reunião estratégica esvaziada: apenas 16 dos 36 representantes em comissão ambiental.
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Em sua palestra na Faculdade de Ilhéus, ontem à noite, o ex-governador Paulo Souto classificou o projeto intermodal Porto Sul (porto, ferrovia e aeroporto) como “a opção de desenvolvimento para o sul da Bahia”.

“Confesso que não conheço os detalhes do projeto. Mas o que se fala é que será um grande investimento na região. Só devemos esperar que seja instalado com o menor impacto possível ao meio ambiente”. Após a declaração, um ouvinte deu um pequeno discurso e explanou os detalhes que Paulo Souto dizia não conhecer.

Entre os participantes, um pequeno murmúrio não passou desapercebido: ‘se ele quer ser governador, e não conhece o que vem a ser o Porto Sul, jogou por terra toda a sua palestra, que falava sobre as perspectivas de futuro para a Bahia’, descontou um ouvinte.

Em tempo: entre as ‘representações’ que compuseram a plateia, destaque para uma parte de alunos da faculdade e para as muitas comitivas de democratas e simpatizantes da região, a exemplo de Itabuna, Ilhéus, Una, Canavieiras, Itajuípe entre outras.

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Estande revoluciona exposição de projeto na Expofenita.
Estande revoluciona exposição de projeto na Expofenita.

Uma das principais atrações de ontem na Expofenita, em Itabuna, foi um moderno estande com projeções visuais simultâneas da Secretaria Estadual de Indústria, Comércio e Mineração.

A visitação foi recorde. A curiosidade é a exibição de um filme onde o governo apresenta detalhes do Projeto Intermodal Porto Sul exibido em 360 graus.

A visualização é itinerante. O visitante vai percorrendo o estande e acompanhando a exibição do filme por todo o seu trajeto até a porta de saída. É como se estivesse integrado a uma tela de cinema. Esta é a primeira vez que o projeto audiovisual é apresentado no interior e vale a pena ser visto por quem for à feira no decorrer da semana.

O filme que está sendo apresentado em Itabuna é inédito e foi escrito por um profissional sul-baiano: o jornalista Maurício Maron, que também assina o roteiro.